O sistema fiscal angolano é constituído por um conjunto de normas jurídicas, quer consagradas constitucionalmente, quer esparsas em Códigos e outra Legislação avulsa sobre a matéria tributária, das quais se destacam as seguintes: Código Geral Tributário, Decreto-Lei nº 10/99, de 29 de Outubro Aprova o Código de Imposto sobre o Rendimento do Trabalho, Lei nº 8/99, de 10 de Setembro Código do Imposto Industrial, Código do Imposto Sobre a Aplicação de Capitais, Registo Geral do Contribuintes (Decreto nº 29/92, de Julho), Lei nº 10/03, de 25 de Abril Unidade de Correcção Fiscal derroga o artigo 2º da Lei nº 12/96, de 24 de Maio, Regulamento do Imposto de Consumo, Imposto Sobre Importação (Decreto nº 17/90, de 4 de Agosto), Isenções e Alterações ao Imposto sobre a Importação (decreto-lei nº 17/94, de 24 de Agosto) Regime Fiscal para a Indústria Mineira (decreto-lei nº B/96 de 31 de Maio) e Regime Aduaneiro para a Indústria Mineira (Decreto nº 12-B/96, de 24 de Maio), Lei nº 9/99, de 01 de Outubro aprova a extensão do Imposto de Consumo aos serviços de Telecomunicações, de Hotelaria, de Turismo e similares e de funcionamento de Água e Electricidade. Princípios gerais (Na Lei Constitucional) O sistema fiscal visa a satisfação das necessidades económicas, sociais e administrativas do Estado e uma repartição justa dos rendimentos e da riqueza, Os impostos só podem ser criados e extintos por lei, que determina a sua incidência, taxas, benefícios fiscais e garantias dos contribuintes (Art. 14) Princípio da função económica e social do fisco e Princípio da legalidade. Todos os cidadãos são iguais perante a lei e gozam dos mesmos direitos e estão sujeitos aos mesmos deveres, sem distinção da sua cor, raça, etnia, sexo, lugar de nascimento, religião, ideologia, grau de instrução, condição económica ou social (Art. 18º) Principio da não discriminação e da igualdade dos cidadãos perante a lei. A definição do sistema fiscal e a criação de impostos é da competência da Assembleia Nacional, podendo, igualmente, ser do Governo desde que autorizado por lei passada por aquela (Arts. 90º e 91º). Os deputados e os grupos parlamentares não podem apresentar projectos de lei que envolvam, no ano económico em curso, aumento das despesas ou diminuição das receitas do 1 / 6
Estado fixadas no orçamento (Art. 93º) Princípio da estabilidade do fisco. (No Código Geral Tributário) Serão obrigatoriamente determinadas por lei a incidência, as isenções e as taxas de cada imposto, bem como as formas processuais de atacar a ilegalidade dos actos tributários (Art. 1º). As leis fiscais só dispõem para o futuro e nos termos regulados na lei geral. (Art. 5º) Princípios da legalidade e da não retroactividade da lei fiscal. Constituem garantias gerais dos contribuintes: Não pagar impostos que não tenham sido estabelecidos de harmonia com a Constituição Política; Não ser a mesma matéria tributada mais de uma vez, em relação ao mesmo imposto; Poder recorrer da fixação da matéria colectável feita por comissões quando tenha havido preterição de formalidades legais; Poder reclamar contra a liquidação dos impostos; Poder ser informado sobre a sua concreta situação fiscal (Art. 6º). Só em caso de superior interesse público poderá a Lei conceder isenções de impostos, reduções das respectivas taxas ou outros benefícios ficais (Art. 7º). Estão isentos de tributação em qualquer imposto sobre o rendimento e sobre o património: O Estado e quaisquer dos serviços, estabelecimentos e organizações, ainda que personalizados; As instituições públicas de previdência e segurança social; Os partidos políticos, sindicatos, associações de classe e instituições religiosas legalmente constituídas (Art. 8º). Não sendo paga qualquer das prestações ou a totalidade do imposto, no mês do vencimento, correm imediatamente juros de mora (Art. 49º). Os juros de mora são calculados à taxa de 2,5% ao mês e vencem-se no dia um de cada mês, contando-se por inteiro o mês em que se efectua a cobrança. Não são exigidos juros de mora vencidos há mais de cinco anos, nem juros de juros, mesmo vencidos (Art. 50º). 2 / 6
Constitui infracção todo o acto ilícito e culposo declarado punível pelas leis fiscais (66º). As infracções fiscais serão punidas com multa, independentemente das penas acessórias especialmente previstas na lei. Se, porém, qualquer funcionário público, no exercício das suas funções, praticar uma infracção fiscal, incorrerá apenas em responsabilidade penal prevista noutras Leis (Art. 71º). Extinguem a responsabilidade por infracções fiscais: O pagamento, voluntário ou coercivo, das multas; A prescrição do procedimento judicial ou da pena; A amnistia; A morte do infractor (Art. 87º). Só poderá ser levantado auto de transgressão, para aplicação das multas cominadas nas leis fiscais, dento de cinco anos contados da data em que a infracção foi cometida. Se o auto de transgressão estiver parado durante cinco anos, ficará extinto o procedimento para a aplicação da multa (Art. 88º). PRINCIPAIS IMPOSTOS São praticados dentro do sistema fiscal angolano vários tipos de impostos, incidentes sobre os agentes económicos: IMPOSTO INDUSTRIAL O imposto industrial impende sobre os lucros resultantes do exercício de uma qualquer actividade económica devidamente registada, de natureza comercial ou industrial, ocasional ou permanente. O respectivo código define a natureza comercial ou industrial da actividade económica. O ano fiscal deste imposto coincide com o ano civil. 3 / 6
Estão sujeitos ao pagamento do imposto industrial todas as pessoas singulares ou colectivas, nacionais ou estrangeiras, com domicílio, sede ou direcção efectiva em Angola. Os contribuintes sujeitos a este imposto estão classificados em três grupos: Grupo A, cujo âmbito de incidência são os lucros efectivamente obtidos pelos contribuintes e determinados através da sua contabilidade; Grupo B, com tributação sobre os lucros presumivelmente obtidos pelos contribuintes sujeitos a este imposto; Grupo C, que abrange os lucros que normalmente os contribuintes deveriam ter obtido no exercício da actividade económica regulada pelo imposto. Estão consideradas especificamente no Código do Imposto Industrial determinadas isenções ao seu pagamento. Mas para além destas, o Ministro das Finanças pode conceder isenção do pagamento de imposto industrial: por um período de 3 a 5 anos aos rendimentos derivados da instalação de novas actividades industriais e aos rendimentos provenientes da actividade económica localizada em zonas consideradas de interesse ao fomento do desenvolvimento económico nacional; a totalidade ou parte dos lucros gerados pelo exercício ocasional de actividades económicas, com o fim de angariar meios de apoio a obras de carácter assistencialista ou de beneficiência. As actividades hoteleira e de ensino privado podem, igualmente, beneficiar de isenções do imposto industrial. A taxa do imposto industrial é de 35%. Aos rendimentos provenientes de actividades exclusivamente agrícolas, silvícolas e pecuárias o valor da taxa é de 20%. Estão previstas reduções destas taxas mediante autorização do Ministro das Finanças. IMPOSTO SOBRE OS RENDIMENTOS DO TRABALHO A incidência deste imposto abrange os rendimentos obtidos, quer por conta de outrem, quer por conta própria, expressos em dinheiro ou espécie. Os rendimentos do trabalho incluem as remunerações percebidas a título de ordenados, vencimentos, salários, honorários, avenças, 4 / 6
gratificações, subsídios, prémios, comissões, participações, senhas de presença, emolumentos, participações em multas, custas e outras remunerações acessórias. Estão previstas no respectivo código determinadas isenções ao pagamento deste imposto, como, por exemplo, as incidentes sobre as remunerações do pessoal diplomático acreditado no país e desde que haja reciprocidade de tratamento, do pessoal ao serviço de organizações internacionais, etc. O mesmo se aplica às remunerações auferidas por deficientes físicos, mutilados de guerra e outros inválidos. IMPOSTO SOBRE A APLICAÇÃO DE CAPITAIS Este imposto incide sobre os rendimentos provenientes da aplicação de capitais e é devido pelos titulares dos respectivos rendimentos. O imposto sobre a aplicação de capitais divide-se em duas secções: - Na secção A estão integrados os juros de capitais mutuados, os rendimentos derivados de contratos de abertura de crédito e os rendimentos originados pelo deferimento no tempo de uma prestação ou mora de pagamento; a taxa incidente sobre estes rendimentos é de 15%, estando contempladas no respectivo código determinadas situações de isenção do pagamento desta taxa. - Na secção B estão considerados os lucros, seja qual for a sua natureza, espécie ou designação atribuídos aos sócios das sociedades comerciais ou civis sob a forma comercial, as importâncias atribuídas aos sócios das sociedades cooperativas, os juros das obrigações, os juros de suprimentos ou de outros abonos feitos pelos sócios às sociedades, as royalties, etc. A taxa geral é de 15%, valor que pode ser reduzido a 10% para alguns dos rendimentos de capitais referidos. IMPOSTO SOBRE O CONSUMO Este imposto incide sobre a produção e importação de mercadorias, independentemente da sua origem. São devedores deste imposto as pessoas singulares ou colectivas que pratiquem operações de produção, fabrico ou transformação de bens, que procedam à importação de bens, que consumam água ou energia e utilizem serviços de telecomunicações e de hotelaria. 5 / 6
Fora do âmbito deste imposto estão os produtos agrícolas e pecuários não transformados. Estão previstas determinadas isenções. IMPOSTO DE SELO Tem uma ampla base de incidência. Em alguns casos o imposto é aplicado através de um valor fixo e noutras circunstâncias por intermédio de uma taxa que varia entre 0,05% e 25%. IMPOSTO PREDIAL URBANO É um imposto sobre o património e que incide sobre os rendimentos de todos os prédios urbanos, arrendados ou não arrendados, situados em território nacional. Os rendimentos sobre os quais o imposto incide são equivalentes às rendas auferidas pelos prédios arrendados e ao valor da renda equivalente à utilidade que dos prédios urbanos se retirar no caso do não arrendamento. Para além das isenções de carácter geral consagradas no código geral tributário, estão previstos dois grandes grupos de isenções que são objecto de tratamento autónomo. IMPOSTO SOBRE AS SUCESSÕES E DOAÇÕES E SISA O imposto sobre as sucessões e doações é devido pela transmissão gratuita de propriedade, imobiliária ou mobiliária. A sisa é devida pela transmissão de património imobiliário a título oneroso. As taxas variam de 20% a 30%, estando sob regime de isenções as transmissões cujo valor se situar abaixo dos limites estabelecidos na lei. {backbutton} 6 / 6