A REFORMA TRIBUTÁRIA EM ANGOLA
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- Ricardo Nicholas Silva Ximenes
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1 A REFORMA TRIBUTÁRIA EM ANGOLA As Principais Linhas de Orientação
2 ÍNDICE 1. O PERT: Missão e Objectivos 2. O Sistema Fiscal Angolano 2.1. A Tributação dos Rendimentos 2.2. A Tributação do Património 2.3. A Tributação do Consumo 3. As Principais Alterações Legislativas 3.1. Alterações já introduzidas 3.2. Alterações em Projecto 4. Conclusões 2
3 1.O PERT: Missão e Objectivos O PERT é o Projecto Executivo para a Reforma Tributária, criado sob dependência directa do PR através da aprovação do D.P. n.º 155/10, de 28 de Julho; Trata-se de um organismo público, especializado e temporário, criado para um período de 5 anos, cuja principal missão consiste em: Propor novas fórmulas para tributar, de modo eficaz e justo, o rendimento, a despesa e o património; Propor a reforma ou ajustamentos necessários aos impostos sobre o rendimento do trabalho, industrial, de selo, de consumo, e sisa; Promover a conclusão e aprovação do Código Geral Tributário, do Código de Processo Tributário e do Código das execuções Fiscais*; * O Decreto Legislativo Presidencial n.º 2/11, de 9 de Junho, aprova o Regime Simplificado de Execuções Fiscais. 3
4 1.O PERT: Missão e Objectivos Propor a reforma, a revisão ou os ajustamentos necessários às taxas e contribuições especiais; Elaborar projectos de leis reguladoras para o domínio parafiscal; Promover a harmonização entre os projectos legislativos, de natureza substantiva ou adjectiva, que venham a ser aprovados; Elaborar o projecto de lei sobre o regime jurídico das receitas locais. Os objectivos políticos fundamentais que estão na base da reforma fiscal consistem em reduzir a dependência do petróleo, em estimular o investimento, em acautelar preocupações de justiça social e em articular a descentralização financeira. 4
5 2. O SISTEMA FISCAL ANGOLANO O Sistema Fiscal Angolano compreende três categorias: Tributação dos Rendimentos: Tributação do Património: Tributação do Consumo: Regimes Tributários Especiais: Imposto sobre os Rendimentos do Trabalho; Imposto Industrial; Imposto sobre a Aplicação de Capitais; Imposto Predial Urbano; Sisa; Imposto sobre Sucessões e Doações. Imposto de Consumo; Imposto de Selo; Direitos Alfandegários. Tributação da Actividade Petrolífera; Tributação da Actividade Geológica e Mineira. 5
6 3.1. Alterações já Introduzidas Tributação de Rendimentos: Imposto sobre a Aplicação de Capitais (Decreto Legislativo Presidencial n.º 5/11, de 30 de Dezembro) ; Tributação do Património: Imposto Predial Urbano (Lei n.º 18/11 de 21 de Abril); Tributação do Consumo: Imposto de Consumo e Imposto de Selo (Decreto Legislativo Presidencial n.º 7/11 e Decreto Legislativo Presidencial n.º 6/11, ambos de 30 de Dezembro de 2011). 6
7 3.1. Alterações já Introduzidas Tributação de Rendimentos: Imposto sobre a Aplicação de Capitais (Decreto Legislativo Presidencial n.º 5/11, de 30 de Dezembro) : Incidência: o IAC incide sobre os rendimentos resultantes da simples aplicação de capitais e divide-se em secção A e secção B; Secção A: juros de capitais mutuados; rendimentos provenientes dos contratos de abertura de créditos e os rendimentos originados pelo deferimento no tempo de uma prestação/mora no pagamento; Territorialidade: os rendimentos devem ser produzidos em Angola ou atribuídos a pessoas singulares ou colectivas, nacionais ou estrangeiras, que tenham em Angola, residência, sede, direcção efectiva ou estabelecimento estável. 7
8 3.1. Alterações já Introduzidas Tributação de Rendimentos: Imposto sobre a Aplicação de Capitais (Decreto Legislativo Presidencial n.º 5/11, de 30 de Dezembro): Secção B: compreende dividendos, juros de obrigações, de suprimentos, royalties, depósitos à ordem e à prazo, juros de bilhetes do tesouro, juros dos títulos do Banco Central, quaisquer ganhos decorrentes da alienação de participações sociais e outros rendimentos não compreendidos na Secção A (maior alargamento da base tributária). Territorialidade: os rendimentos devem ser pagos por uma pessoa singular ou colectiva com domicílio, sede ou direcção efectiva em Angola; ou devem ser postos à disposição através de um estabelecimento estável em Angola; ou devem ter sido recebidos por pessoas singulares ou colectivas com domicílio, sede ou direcção efectiva em Angola ou devem ser atribuídos a um estabelecimento estável em território angolano. 8
9 3.1. Alterações já Introduzidas Tributação de Rendimentos: Imposto sobre a Aplicação de Capitais (Decreto Legislativo Presidencial n.º 5/11, de 30 de Dezembro): Isenções: Secção A: os rendimentos das instituições financeiras e das cooperativas, quando sujeitas a imposto industrial ainda que dele isentos; os juros das vendas a crédito de comerciantes, bem como o juro de qualquer compensação da mora no pagamento do respectivo preço e os juros dos empréstimos sobre apólices de seguros de vida; Secção B: os lucros distribuídos por uma entidade com sede ou direcção efectiva em Angola, no caso em que a entidade beneficiária seja uma pessoa colectiva ou a ela equiparada com sede ou direcção efectiva em Angola sujeita a imposto industrial, que detenha no capital social da entidade que distribui os lucros, uma participação de 25% por um período superior a um ano à distribuição dos lucros. Estão ainda isentos os juros de instrumentos que se destinem a fomentar a poupança, desde que não excedam os KZS ,00, e os juros das contas-poupança habitação. 9
10 3.1. Alterações já Introduzidas Tributação de Rendimentos: Imposto sobre a Aplicação de Capitais (Decreto Legislativo Presidencial n.º 5/11, de 30 de Dezembro): Taxas: Secção A: 15%. Secção B: Regra geral é de 10%. Conforme os casos, pode ser de 5% ou de 15%. Liquidação e Pagamento: Secção A: o imposto deve ser liquidado pelos titulares do rendimento, salvo quando não residirem em Angola, caso em que o imposto deverá ser liquidado pelos respectivos devedores. O pagamento do imposto deverá ser feito até ao último dia do mês seguinte àquele a que diz respeito; Secção B: o imposto será liquidado pela entidade a quem incumbe o pagamento, por retenção na fonte, na grande maioria dos casos. Nos restantes, a liquidação compete aos titulares do correspondente rendimento. O pagamento do imposto deverá ser feito até ao último dia do mês seguinte àquele a que diz respeito. 10
11 3.1. Alterações já Introduzidas Tributação do Património: Imposto Predial Urbano (Lei n.º 18/11 de 21 de Abril); Incidência: prédios urbanos arrendados (valor da respectiva renda) e não arrendados (valor patrimonial do imóvel); Matéria Colectável: Prédios urbanos arrendados: rendas efectivamente recebidas, líquidas de 40%; Prédios urbanos não arrendados: valor patrimonial do prédio. Taxas: Prédios urbanos arrendados: 25%. Todavia, esta taxa recai apenas sobre os 60% do valor da renda, pelo que a taxa efectiva é em rigor de 15%; Prédios urbanos não arrendados: 0% para prédios de valor patrimonial até Kzs 5 milhões e 0.5% sobre o excesso de prédios que excedam aquele valor. 11
12 3.1. Alterações já Introduzidas Tributação do Património: Imposto Predial Urbano, Sisa, Sucessões e Doações (Lei n.º 18/11 e Lei n.º 16/11, ambas de 21 de Abril); Liquidação: Regra geral: o sujeito passivo do imposto é o proprietário do imóvel; Se o prédio for arrendado ou se o arrendatário for uma entidade que disponha ou deva dispor de contabilidade organizada: o IPU é liquidado por retenção na fonte. 12
13 3.1. Alterações já Introduzidas Tributação do Consumo: Imposto de Consumo e Imposto de Selo (Decreto Legislativo Presidencial n.º 7/11 e Decreto Legislativo Presidencial n.º 6/11, ambos de 30 de Dezembro de 2011). Imposto de Consumo Incidência: Objectiva: alargou-se o âmbito de incidência do imposto a diversas prestações de serviços, até então não tributáveis em sede de IC; Subjectiva: nas operações de consumo de água e energia, serviços de telecomunicações, hotelaria e actividades conexas, passa a ser sujeito passivo o fornecedor do bem ou serviço. Taxas: entre 5 e 10%. Base tributável: preço pago pelo consumidor. Liquidação: no acto de processamento das facturas ou documentos equivalentes. 13
14 3.1. Alterações já Introduzidas Tributação do Consumo: Imposto de Consumo e Imposto de Selo (Decreto Legislativo Presidencial n.º 7/11 e Decreto Legislativo Presidencial n.º 6/11, ambos de 30 de Dezembro de 2011). Imposto de Selo Incidência: Objectiva: contratos, documentos, títulos, livros, papéis e outros factos previstos na Tabela do Imposto de Selo; Subjectiva: Notários, Conservadores do Registo Civil, entidades concedentes de crédito e de garantias, locadoras, arrendatário e subarrendatário, os segurados, os empregadores, etc. Quem suporta o encargo: titular do interesse económico. Responsabilidade Tributária: são solidariamente responsáveis com o sujeito passivo que tenha colaborado na omissão de liquidação e pagamento do imposto. 14
15 3.1. Alterações já Introduzidas Tributação do Consumo: Imposto de Consumo e Imposto de Selo (Decreto Legislativo Presidencial n.º 7/11 e Decreto Legislativo Presidencial n.º 6/11, ambos de 30 de Dezembro de 2011). Imposto de Selo Territorialidade: o IS só se aplica a factos e operações ocorridos em território nacional. São ainda tributadas em território nacional algumas operações realizadas no estrangeiro. Taxas: as que constam da Tabela do Imposto de Selo; Garantias: o contribuinte pode, no prazo de 1 ano, proceder à compensação e anulação do imposto pago indevidamente. 15
16 3.1. Alterações já Introduzidas Tributação do Consumo: Imposto de Consumo e Imposto de Selo (Decreto Legislativo Presidencial n.º 7/11 e Decreto Legislativo Presidencial n.º 6/11, ambos de 30 de Dezembro de 2011). Imposto de Selo Fiscalização: obrigação de apresentação anual de uma declaração discriminativa do imposto liquidado. 16
17 3.1. Alterações em Projecto Imposto Industrial; Imposto sobre os Rendimentos do Trabalho; Estatuto dos Grandes Contribuintes; Código Geral Tributário; Código de Processo Tributário. 17
18 3.1. Alterações em Projecto Imposto Industrial: Incidência: É eliminada a incidência subjectiva sobre as pessoas singulares, passando estas a estar sujeitas ao pagamento de IRT; Instituto de Supervisão de Seguros, o Instituto de Supervisão de Jogos, o BNA e as sociedades cuja actividade consista na gestão de uma carteira de imóveis; Serviços acidentais* - pessoas colectivas que tenham sede ou direcção efectiva no estrangeiro, sem estabelecimento estável no país. Grupos de Tributação: A e B. * É criado no Código do Imposto Industrial, um regime específico aplicável aos serviços de natureza acidental. 18
19 3.1. Alterações em Projecto Imposto Industrial: Matéria colectável: Grupo A: rendimentos provenientes de títulos da dívida pública, custos ou perdas (não) deductíveis, amortizações e reintegrações. Grupo B: lucros efectiva ou presumivelmente obtidos pelos contribuintes. Serviços acidentais: presume-se constituída pelo valor global do serviço prestado. Taxas: 30%. Liquidações provisórias: venda de bens, no sector bancário e segurador e sobre prestações de serviços. 19
20 3.1. Alterações em Projecto Imposto sobre os Rendimentos do Trabalho: Sujeitos passivos: Grupo A: trabalhadores por conta de outrem. Grupo B: trabalhadores por conta própria e titulares de cargos de gerência e administração de sociedades; Grupo C: actividades industriais e comerciais (corresponde ao actual grupo C do CII). Matéria colectável: Grupo A e B: por dedução de despesas. No grupo B, sempre que o sujeito passivo não tenha contabilidade organizada, presume-se que as despesas ascendem 30% dos rendimentos brutos obtidos. Grupo C: se a matéria colectável derivar de actos de comércio com outras pessoas singulares presume-se que as despesas ascendem 30% dos lucros obtidos; se a matéria colectável derivar de actos de comércio com pessoas colectivas constituirá a totalidade da quantia paga. 20
21 3.1. Alterações em Projecto Imposto sobre os Rendimentos do Trabalho: Taxas: Grupo A: a taxa depende do salário auferido; Grupo B: regra geral, 20%. Se a matéria colectável tiver sido apurada pela Administração Fiscal, a taxa é de 25%; Grupo C: matéria colectável presumida 35%; se a matéria colectável derivar de actos de comércio com pessoas colectivas, 20% ou 25%, dependendo se tiver sido ou não determinada pela Administração Fiscal. 21
22 3.1. Alterações em Projecto Estatuto dos Grandes Contribuintes: Regime totalmente novo; Objectivo: conferir tratamento diferenciado aos contribuintes que representam um peso significativo das receitas fiscais; A lista dos grandes contribuintes é publicada mediante Despacho do Ministro das Finanças; Regimes especiais: a tributação de grupos de sociedades e de preços de transferência. 22
23 3.1. Alterações em Projecto Código Geral Tributário e Código de Processo Tributário: As normas em vigor revelam-se completamente obsoletas e desfasadas da realidade económica angolana; A aprovação dos diplomas em referência surge da necessidade de compatibilização das normas aprovadas e/ou a aprovar às restantes normas que regulam o sistema fiscal. 23
24 4. CONCLUSÕES Modernização do Sistema Fiscal; Menor Dependência das Receitas Petrolíferas; Mais Garantias e Meios de Defesa para os Contribuintes; Maior Controlo e Supervisão por parte da Administração Tributária. 24
25 FBL ADVOGADOS RUA DOS ENGANOS, N.º 1, 7º ANDAR, LUANDA 25
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