Profa. Alicia Ruiz Olalde

Documentos relacionados
O Comércio Internacional e seus porquês

O Comércio Internacional e seus porquês

Negócios Internacionais-Lozano

FUNDAMENTOS TEÓRICOS DAS TROCAS INTERNACIONAIS

COMÉRCIO E INVESTIMENTO INTERNACIONAIS PROF. MARTA LEMME

Potências marítimas: Novas (burguesia) Antigas (nobreza) Portugal Espanha Holanda Inglaterra França

GESTÃO DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS. Prof. Walfredo Ferreira

COMÉRCIO E INVESTIMENTO INTERNACIONAIS PROF. MARTA LEMME 2º SEMESTRE 2011

ECONOMIA. Macroeconomia. Economia Internacional Parte 02. Prof. Alex Mendes

Reforço das economias nacionais e tentativas de controlo do comércio. Jorge Penim de Freitas

VANTAGEM ABSOLUTA VANTAGEM COMPARATIVA HECKSCHER-OHLIM Smith, Ricardo e HO...

POLÍTICAS COMERCIAIS. Nesta aula, o professor analisa as questões e o conteúdo da prova aplicada no concurso da Receita Federal do Brasil.

Mercantilismo. Prof. Nilton Ururahy

MERCANTILISMO. A política econômica dos Estados Modernos. Prof.: Mercedes Danza Lires Greco

R O C H A. O processo de desenvolvimento do Capitalismo

NEGÓCIOS INTERNACIONAIS

Declínio do feudalismo:

Comércio internacional: Determinantes. Reinaldo Gonçalves

Comércio internacional. Reinaldo Gonçalves Prof. Titular IE-UFRJ

Consequência. Contexto. Motivo. Mercantilismo. Dificuldades. Inovações. Viagens MAPA 01 MAPA 02 MAPA 03. Exercício

O Desenvolvimento do sistema socioeconômico. As fases do capitalismo

DIVISÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO E FASES DO CAPITALISMO

Comércio internacional. Reinaldo Gonçalves Prof. Titular IE-UFRJ

Preparatório EsPCEx História Geral. Aula 5 O mercantilismo

AS ORIGENS DO SUBDESENVOLVIMENTO

Comércio Internacional Auditor Fiscal da RFB

9 Ano Lista de Exercícios

Comércio e Desenvolvimento. Economia Internacional e Teoria do Desenvolvimento Econômico.

Estágio-Docência em Economia Internacional. Carlos Henrique Machado Simão

Comércio em Smith e Ricardo

INTERDEPENDÊNCIA E GANHOS DE COMÉRCIO

Introdução à Microeconomia

PROFESSOR: ADRIANO RAMALHO DISCIPLINA: GEOGRAFIA CONTEÚDO: FASES DO CAPITALISMO TEMA GERADOR: ARTE NA ESCOLA

INTERDEPENDÊNCIA E GANHOS DE COMÉRCIO

Conceito de Comércio exterior

Mercantilismo significou a transição entre o modo de produção feudal e o modo de produção capitalista. Acumulação de capital provocada pelo

ATIVIDADES ONLINE 8º ANO

Teoria do Comércio em Ricardo. Capítulo VII dos Princípios

PROGRAMAÇÃO FISCAL E FINANCEIRA

ATIVIDADES ONLINE 8º ANO

GLOBALIZAÇÃO. Professora: Rê Disciplina de Atualidades


TÓPICOS DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

Módulo 3 Setor 171. Sistema capitalista Prof. Lucas Guide 3º ano EM

ABSOLUTISMO E MERCANTILISMO. Profª Viviane Jordão

A FORMAÇÃO DO CAPITALISMO E SUAS FASES MÓDULO 02

Interdependência e Ganhos de Troca

4 - A EUROPA NOS SÉC.S XVII E XVIII SOCIEDADE, PODER E DINÂMICAS COLONIAIS 3. TRIUNFO DOS ESTADOS E DINÂMICAS ECONÓMICAS NOS SÉCULOS XVII E XVIII

Apresentação do Professor e da Disciplina. Revisor Textual: Nome do Revisor Revisão Textual: Profa. Esp. Márcia Ota

COMÉRCIO E INVESTIMENTO INTERNACIONAIS PROF. MARTA LEMME 2º SEMESTRE 2012

Macroeconomia. Fundamentos 1. O Mercado e o Estado. Francisco Lima. 2º ano 1º semestre 2013/2014 Licenciatura em Engenharia e Gestão Industrial

3-O conceito associado à especialização de cada país na produção de alguns produtos e aquisição dos restantes ao Resto do Mundo intitula-se...

Formação da Economia Global

É a base do desenvolvimento econômico mundial. Ocorre quando há transformação em algum bem, acabado ou semiacabado;

TRABALHO E SISTEMAS DE ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Mercado incomum do sul

UNIVERSIDADE DOS AÇORES DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E GESTÃO Economia Internacional I

Introdução à Economia. - Modelos Econômicos - Ganhos de Comércio

COMÉRCIO E INVESTIMENTO INTERNACIONAIS PROF. MARTA LEMME 1º SEMESTRE 2014

A Primeira Revolução Industrial XVIII

O DESENVOLVIMENT O DO CAPITALISMO AS DIFERENTES ETAPAS DO CAPITALISMO E O CONTEXTO GEOGRÁFICO MUNDIAL

07 - MERCANTILISMO E EXPANSÃO MARÍTIMA

EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ECONOMICO

COMÉRCIO E INVESTIMENTO INTERNACIONAIS PROF. MARTA LEMME

[01 E 02 DE SETEMBRO] AULA 5. CAPITALISMO E IMPERIALISMO: A ESTRATIFICAÇÃO DA PERIFERIA

SISTEMAS ECONÔMICOS. Capitalista Socialista Misto

Paulo Tumasz Junior. I e II Revolução Industrial

Marco Antonio Sandoval de Vasconcellos Apresentação elaborada por: Roberto Name Ribeiro Francisco Carlos B. dos Santos

COMÉRCIO E INVESTIMENTO INTERNACIONAIS PROF. MARTA LEMME 2º SEMESTRE 2011

A GLOBALIZAÇÃO. Esse processo se torna mais forte a partir de 1989 com o fim do socialismo na URSS.

Desenvolvimento Econômico Desenvolvimento Segundo os Economistas Clássicos.

A Modernidade e o Liberalismo Clássico. Profs. Benedito Silva Neto e Ivann Carlos Lago Teorias e experiências comparadas de desenvolvimento PPPG DPP

Políticas Comerciais. Prof. Thális Andrade

REVISÃO I Prof. Fernando.

REGIMES CAMBIAIS LEITURA OBRIGATÓRIA

Comércio Internacional. Aula 1

AULA 2 TEORIA CLÁSSICA DO COMÉRCIO INTERNACIONAL. Mercantilismo, Teoria das Vantagens Absolutas Sílvia Helena G. de Miranda. LES 596 Agosto/2015

Macroeconomia. Fundamentos 1. O Mercado e o Estado. Francisco Lima. 2º ano 1º semestre 2012/2013 Licenciatura em Engenharia e Gestão Industrial

Módulo 5 A Construção da Ciência Econômica

Brasil: Exportações em 2000

AULA 08. O Sistema Colonial

Relações Econômicas Brasil-China: Oportunidades de Investimentos na Indústria Brasileira

Aula 5 Tópico 5 - Economias de Escala, Concorrência Imperfeita e Comércio Internacional (parte 2):

Processo de Desenvolvimento do Capitalismo

O que é produção do espaço?

Os negócios internacionais referem-se ao desempenho de atividades de comércio e investimento por empresas, 1 através das fronteiras entre países.

2º Reinado ( ) A MODERNIZAÇÃO CONSERVADORA. Prof. Maria Auxiliadora

Se não houvesse escassez de recursos, não haveria necessidade de estudarmos questões como...:

Economias de escala e concorrência imperfeita

Unidade III ECONOMIA E MERCADO. Prof. Rodrigo Marchesin

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ DEPARTAMENTO DE ECONOMIA

BRASIL PORTUGUÊS PERÍODO PRÉ COLONIAL PERÍODO COLONIAL PROF. DE HISTÓRIA TÁCIUS FERNANDES BLOG:

OS DOIS BRASIS QUAL A ORIGEM DO SUBDESENVOLVIMENTO DO BRASIL? PENSAMENTO DETERMINISTA

FASES DO CAPITALISMO, REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS E A GLOBALIZAÇÃO PROFº CLAUDIO FRANCISCO GALDINO GEOGRAFIA

Objetivo da aula: Origens da ciência econômica. A Economia Política e sua critica (aula 1 Adam Smith)

09/02/2014. Prévia. Vantagem comparativa e custo de oportunidade. Introdução

Exposição e Análise dos Motivadores à Industrialização Brasileira

ECONOMIA INTERNACIONAL Introdução

A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E O LIBERALISMO ECONÔMICO

Testes Intermédios 2018/2019

Transcrição:

Profa. Alicia Ruiz Olalde

Comércio Internacional O conjunto de relações comerciais estabelecidas pelos países entre si, por meio das quais buscam satisfazer suas necessidades.

Por que os países comerciam entre si? As teorias buscam demonstrar o porquê da existência do comércio e quais seus benefícios reais e custos para o crescimento econômico.

Por que os países comerciam entre si? Diferenças nos fatores de produção (terra, trabalho, capital). Terra: disponibilidade, qualidade, recursos naturais. Trabalho: produtividade da mão de obra. Capital: prédios, maquinário, dinheiro. Economias de escala.

Teoria do Comércio Internacional Clássicas Neoclássicas Novas Teorias

Expansão comercial europeia A partir do século XIII os mercadores italianos disputam o poder econômico e político no Mediterrâneo. Surge o seguro marítimo e os grandes banqueiros. Os navegantes portugueses no século XV abriram novas rotas para a expansão comercial. Por volta de 1.500 a demanda por bens asiáticos era muito grande na Europa e os preços alcançados compensavam os riscos de obtê-los.

Expansão comercial europeia A rota comercial do Atlântico transformou-se na mola propulsora do desenvolvimento capitalista. Os comerciantes e banqueiros italianos, alemães e flamengos financiaram a expansão ultramarina. Criaram-se feitorias que centralizavam a coleta da produção regional. Interessava comprar pelo preço mais baixo e vender pelo preço maior possível na praças europeias.

Mercantilismo (1.500-1.750) Conjunto de práticas e ideias adotadas pelos governos absolutistas europeus que contribuíram para a consolidação dos estados nacionais para Portugal, França, Espanha e Inglaterra. Não existe propriamente uma teoria mercantilista do comércio internacional, nem mesmo o termo mercantilismo era utilizado. Predomina a ideia de que com o crescimento do comércio o Estado terá mais riquezas e, portanto, mais poder. O país devia ter superávit na balança comercial.

Mercantilismo Precisava arrecadar o máximo possível de ouro e prata, pois a moeda estava atrelada ao estoque de ouro e prata. Isso gerou falta de liquidez porque para aumentar a oferta de moeda tinha que ter superávit comercial ou descobrir uma nova jazida de ouro ou prata. Os ganhos eram obtidos pela movimentação das mercadorias e as riqueza das nações pelos metais que possuíam. Rivalidade entre potencias europeias (século XVI e XVII). Na visão dos mercantilistas, o comércio era um jogo de soma 0: um ganha e outro perde.

Mercantilismo Colonialismo: a colônia só poderia produzir aquilo que interessava à metrópole. A função das regiões colonizadas era servir ao enriquecimento da metrópole. A atividade manufatureira era normalmente proibida. As colônias são fonte da matérias primas e metais preciosos e podem servir como mercado para as manufaturas da metrópole.

Teorias Clássicas ECONOMIA CLÁSSICA (séculos XVIII e XIX) (Adam Smith 1776, David Ricardo, 1810-1815) Teoria do valor-trabalho Liberalismo econômico Divisão do trabalho: cooperação entre agentes Comércio internacional: 1) teoria da vantagem absoluta (Smith) 2) teoria da vantagem comparativa (Ricardo)

Liberalismo econômico O conceito de liberalismo surgiu como uma repulsa à intervenção do Estado na atividade econômica caraterística do período mercantilista. A base do liberalismo reside na iniciativa individual. O liberalismo promove a divisão internacional do trabalho. Isto se traduziria em maior produtividade e custos globais mais baixos, proporcionando um bem estar social superior.

Liberalismo econômico Se um país estrangeiro estiver em condições de nos fornecer uma mercadoria a um preço mais barato do que a mercadoria fabricada por nós mesmos, é melhor comprá-la com uma parcela da produção de nossa atividade, empregada de forma que possamos auferir alguma vantagem (SMITH, 1983:380).

Liberalismo econômico Cada país deve procurar sua verdadeira vocação econômica em função dos seus fatores de produção, seus agentes econômicos e a maneira como estes transformam tais fatores de produção em produtos e serviços. A divisão do trabalho possibilita o aprimoramento das forças produtivas, reforçada pelo libre comércio entre países.

Teorias clássicas do comércio internacional Adam Smith Teoria da vantagem absoluta: Cada país vai se especializar na produção de um bem em que possui maior eficiência (bens que possa produzir ao menor custo). David Ricardo Teoria da vantagem comparativa: parte da ideia da necessidade de equilíbrio comercial entre países. Os países devem produzir o que tem maior vantagem absoluta ou menos desvantagem comparativa.

Teoria das vantagens absolutas Com a especialização supostamente os dois países saem ganhando porque aumenta a produção total e, portanto, o acesso da população dos dois países a mais bens e serviços.

Críticas Não explica o comércio entre dois países quando um deles é mais eficiente na produção de todos os bens em questão. Custos determinados apenas pela mão de obra.

Teoria das Vantagens Comparativas Criada por David Ricardo. Aperfeiçoou a teorias das vantagens absolutas. Se baseia na deficiência de um país na produção de determinado bem. O país vai se especializar nos bens que ele produza de maneira mais eficiente e comprar os bens que ele produza relativamente de maneira mais ineficiente.

Teoria das Vantagens Comparativas Os países para produzir determinado bem devem considerar os custos de oportunidade: quanto estão deixando de produzir de outros bens ( a oferta do fator trabalho é limitada). Custo de oportunidade: toda escolha implica uma renúncia. Os países se especializam nos produtos que possuem menor custo de oportunidade.

VANTAGEM ABSOLUTA (produção / mês) País A País B Açúcar 3.000 1.000 Tecido 2.500 4.000 Especializando País A País B Total Açúcar 36.000 0 36.000 Tecido 0 48.000 48.000

VANTAGEM COMPARATIVA (produção / mês) País A País B Couro 4.000 5.000 Aço 2.500 7.000 País A País B Total Couro 24.000 30.000 54.000 Aço 15.000 42.000 57.000 País A País B Total Cuoro 48.000 0 48.000 Aço 0 84.000 84.000

Críticas à Teoria das Vantagens Comparativas Nível de especialização alto. Os pressupostos da teoria só se realizam quando o comércio se dá entre países de grau compatível de desenvolvimento A especialização em produções primárias retardou o desenvolvimento industrial dos países menos desenvolvidos A teoria considera apenas a produtividade do fator trabalho. Não reconhece importância da dotação de fatores de produção. Não leva em conta economias de escala.

Teoria da deterioração dos Termos de Troca CEPAL: Raúl Prebisch, 1950. Termos de intercâmbio ou índice de relações de troca: R = Px Pm Px = índice de preços de exportação Pm = índice de preços de importação

Teoria da deterioração dos Termos de Troca Ponto de partida : evidência empírica (dados estatísticos de comércio exterior) de forte queda dos termos de troca dos bens primários entre 1870 e 1947 Aumento mais pronunciado da produtividade na indústria do que na produção primária dos países periféricos deveria conduzir a um resultado inverso segundo a teoria econômica

Teoria da deterioração dos Termos de Troca A demanda de bens primários se desenvolve em geral com relativa lentidão, entanto a demanda de importações industriais tende a crescer rapidamente - aumento da demanda de sintéticos - aumento da produção primária dos países desenvolvidos Diferença entre os poderes de negociação dos trabalhadores dos países centrais e periféricos determina menores salários na periferia

Livre-comércio Redução de preços internos de produtos e insumos Variedade de bens para o consumo Especialização em produtos com vantagens comparativas Ganhos de competitividade em estes produtos Aumento do emprego nos setores competitivos Eliminação de distorções de preços Acesso a linhas de investimento e financiamento internacionais Protecionismo Proteção à indústria nascente Proteção contra comércio desleal Preservação do emprego doméstico Proteção a setores estratégicos Evita dependência de produção de outros países (ex: soberania alimentar) Poder de barganha em negociações internacionais Controle do Balanço de Pagamentos

Teorias Neoclássicas Todas as teorias clássicas são baseadas na concorrência perfeita. Os neoclássicos levam em consideração outros fatores, além do trabalho. Os países vão se especializar no fator de produção abundante no seu território. Os detentores dos fatores de produção abundantes vão ganhar mais com o comércio internacional. Os fatores de produção possuem mobilidade.

Novas Teorias do Comércio Internacional Existência de concorrência imperfeita e economias de escala. A empresa pode reduzir sua margem de lucro, mas ganhar na quantidade vendida devido às economias de escala. Discriminação internacional de preços (dumping) Admite comércio intra-indústria. Explica comércio entre dois países mesmo quando possuam idêntica dotação de fatores de produção. As vantagens comparativas são relativas à demanda e não à oferta (potencialidade do mercado de consumir)

Novas Teorias do Comércio Internacional Quanto mais semelhantes os países (nível de renda), maior será o intercâmbio (demanda será semelhante: o carro produzido em Brasil vai ter maior aceitação na Argentina que nos EUA). Teoria do Ciclo do Produto: muitos produtos começam a ser desenvolvidos nos países avançados (intensivos em tecnologia), mas quando estão já desenvolvidos passam a ser fabricados onde o trabalho é mais barato (virou algo padronizado, linha de montagem). Papel da inovação e das economias de escala no fluxo comercial.