CARACTERIZAÇÃO DE ADOLESCENTES NO PRÉ-NATAL E PUERPÉRIO ATENDIDAS NA ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE DE FOZ DO IGUAÇU Barile Antonia Magguettss (Apresentadora) 1, Adriana Zilly (Colaboradora) 2, Marieta Fernandes Santos (Orientadora) 3 Curso de Enfermagem 1 (barile_mgs@hotmail.com); Curso de Enfermagem 2 (aazilly@hotmail.com); Curso de Enfermagem 3 (marieta_fs@yahoo.com.br). Palavras-chave: Adolescência, Gravidez, Enfermagem. Introdução A adolescência é um período de transição entre a infância e a idade adulta, considerando o indivíduo que se encontra na idade dos 10 aos 19 anos, conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS). E é o período onde ocorrem importantes transformações no organismo incluindo mudanças no aparelho genital e no desenvolvimento psicosociocultural, o que cria um grupo vulnerável à saúde e às questões sociais (SANTOS, 2002; CARVALHO, 2004). A gravidez torna-se um dos principais agravos à saúde na adolescência, pois é nesse período em que há a busca frequente ao relacionamento interpessoal, entre esses grupos, resultando nas primeiras experiências de contatos sexuais. Nas últimas décadas, observa-se que a puberdade vem apresentando-se de forma precoce, comparada aos anos anteriores, resultando a iniciação da atividade sexual mais cedo. Neste contexto, podese avaliar que os riscos em que este sujeito está inserido são maiores para uma gravidez não planejada e indesejada na adolescência. As causas mais citadas, por meio da não adoção ou uso errôneo dos métodos contraceptivos resumem-se na falta de informação dos métodos contraceptivos e de prevenção (SPINDOLA; SILVA, 2009). Contudo, a gravidez não é um fenômeno recente e pode ser explicado por diferentes causas. Tradicionalmente era associado à pobreza, entretanto outros aspectos são levados em conta. Além dos fatores econômicos que inclui a pobreza, o crescimento populacional de adolescentes e a baixa escolaridade, encontramos a diminuição média da idade para menarca e o início da atividade sexual precoce aliada à falta de informação sobre meios contraceptivos e à deficiência de programas de apoio ao adolescente (CERQUEIRA-SANTOS et al, 2010). A gestação nesta fase oferece diversos riscos ao desenvolvimento tanto para a adolescente gestante quanto para o bebê, sendo eles, obstétricos, psicológicos e ou sociais. Neste momento da vida a gravidez destaca-se como um problema de saúde pública devido ao elevado risco de
morbimortalidade materna e infantil. A incidência de aborto espontâneo, parto prematuro, aumento de cesárea, ruptura dos tecidos da vagina durante o parto, desproporção feto-pélvica, dificuldades na amamentação e depressão geram riscos, devido a imaturidade física, funcional e emocional na adolescência. Ainda pode levar a dificuldade da mãe em estabelecer relações afetivas com o seu filho, baixa autoestima e despreparo no cuidado da criança (MOCCELLIN et al, 2010). Ao mesmo tempo, ocorre entre as adolescentes a interrupção da escolaridade e da formação profissional o que significa ter que rever seus projetos de vida ou cancelamento de planos futuros, reduzindo as oportunidades de qualificação profissional, dificuldades de inserção no mercado de trabalho o que perpetua a tendência à pobreza, a instabilidade conjugal e o preconceito social. Já o recém-nascido, pode apresentar baixo peso ao nascer além de ter um risco aumentado de óbito devido à desnutrição e problemas infecciosos no primeiro ano de vida (CARNIEL et al, 2006). As famílias, cada vez mais, protegem as mães adolescentes e seus filhos, para que não mudem totalmente o seu estilo de vida e continuem trabalhando ou estudando. No entanto, essa proteção nem sempre ocorre, pois está relacionada a diferentes fatores, tais como os costumes familiares e os valores morais da sociedade onde acontece a gravidez, as dificuldades econômicas, sociais, familiares e a aceitação da gravidez pela jovem, entre outros (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). Assim, o aumento da gravidez nessa fase da vida vem preocupando não só o setor saúde, como outros setores que trabalham com adolescentes, pois as repercussões de uma gravidez em idades precoces, e se desprotegida, podem proporcionar um atraso no desenvolvimento destas adolescentes (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). Objetivos Descrever o perfil sociodemográfico e epidemiológico de gestantes e mães adolescentes delineando as características desta população específica atendidas na atenção básica de saúde, identificando a predominância de idade, nível de escolaridade, média de idade para menarca e inicio da atividade sexual. Materiais e métodos Trata-se de uma pesquisa descritiva, exploratória com abordagem quantitativa. Os dados foram coletados por meio da aplicação de um questionário para gestantes e puérperas adolescentes com idade entre 10 a 19 anos atendidas no pré-natal, puerpério ou em visitas domiciliares residentes na região do distrito leste do município de Foz do Iguaçu. Os questionários contêm informações relacionadas à identificação da pessoa, moradia, escolaridade, dados ginecológicos e obstétricos. Conforme consta na legislação de pesquisa com seres humanos foi utilizado o Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), entregue individualmente, durante a aplicação do questionário. Além disso, conforme as normas da Resolução 196/96, o presente estudo foi submetido à análise do Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Estatual do Oeste do Paraná/UNIOESTE, sendo aprovado sob número 433/2011 CEP. Resultados e Discussão Foram realizados 24 entrevistas com gestantes e puérperas adolescentes, o que compreende 29,07% da população residentes na região do Distrito Leste do município de Foz do Iguaçu. A faixa etária inclui adolescentes entre 14 e 19 anos de idade, com uma distribuição de 1 de 14 anos (4,2%), 2 de 16 anos (), 8 de 17 anos (33,3%), 3 de 18 anos (12,5%) e 10 de 19 anos(41,7%) como mostra na figura 1. A média de idade foi de 17,8 anos. Em relação ao nível de escolaridade, onde podemos visualizar na figura 2, observou-se que 37,5% das adolescentes tinham o ensino fundamental completo, com idades que oscilavam entra 16 e 18 anos; 20,8 % tinham o ensino fundamental incompleto; 12,5% concluirão o ensino médio e 29,2% das entrevistadas não tinham concluído o ensino médio. Portanto, a maioria apresentava baixa escolaridade, considerando que nesta faixa etária (15-17 anos) deveriam estar cursando ou ter concluído o ensino médio. 29,2% 37,5% 12,5% 20,8% Ensino Fundamental Completo Ensino Fundamental Incompleto Ensino Médio Completo Ensino Médio Incompleto Figura 1- Distribuição das gestantes e mães adolescentes conforme idade. Figura 2- Distribuição das gestantes e mães adolescentes conforme escolaridade. Conforme Adamo (2000) apud Ximenes Neto (2007), os matrimônios prematuros são, frequentemente, oriundos de relações pré-conjugais. A dificuldade para resolver os vínculos de dependência da família podem levar os jovens a alcançar uma pseudo-independência, ou seja, uma falsa independência, substituindo os laços com os pais pela dependência afetiva do casal. Pode-se observar essa falsa independência na figura 3, onde 45,8% das adolescentes dizem morar com o marido, 25,0% moram com os pais e 29,2% moram com os pais e marido na mesma residência.
Mora com os pais Mora com o marido Mora com pais e marido 29,2% 25,0% 45,8% Figura 3- Distribuição das gestantes e mães adolescentes conforme moradia A menarca é a primeira menstruação sendo o limite entre a infância e a fase adulta, período em que se inicia o ciclo reprodutivo da mulher. A maioria das adolescentes, neste estudo, teve sua menarca entre 12 anos (37,5%) e 14 anos (20,8%). Ao analisar a Figura 4, observa-se um aumento significativo de adolescentes que tiveram sua menarca com 11 anos (16,7%). Mantiveram-se na faixa as idades de 10 e 13 anos () e 15 e 16 anos (4,2%). Na sexarca ocorre a primeira relação sexual, sabemos que quanto mais cedo se inicia a atividade sexual mais suscetível esta adolescente estará para engravidar. O risco de uma gravidez indesejada é maior devido ao desconhecimento ou uso errôneo de métodos contraceptivos e práticas preventivas. A idade mais prevalente neste estudo para a sexarca ocorreu aos 15 anos (33,3%), já entre as demais idades pode-se observar um os seguintes dados entre os anos: 13 e 14 anos (16,7%); 12, 16 e 17 anos () e 11 e 18 anos (4,2%). Conforme demostrado na figura 5. 4,2%4,2% 20,8% 16,7% 37,5% 10 anos 11 anos 12 anos 13 anos 14 anos 15 anos 16 anos 4,2% 4,2% 11 anos 33,3% 16,7% 16,7% 12 anos 13 anos 14 anos 15 anos 16 anos 17 anos 18 anos Figura 4- Distribuição das gestantes e mães adolescentes conforme menarca. Figura 5- Distribuição das gestantes e mães adolescentes conforme sexarca.
Considerações Finais O estudo nos permite aproximar desta problemática - gravidez na adolescência. Considera-se essa temática um problema de saúde pública emergente e um fator importante para conhecer os impactos causados pela gravidez na adolescência no município de Foz do Iguaçu. Como acadêmica do Curso de Enfermagem neste município, conhecer as múltiplas causas da gravidez na adolescência, as deficiências das políticas públicas locais e a necessidade de novas formulações de práticas assistenciais aos adolescentes torna-se um desafio. Os fatores levantados exigem maior atenção dos governantes locais e medidas preventivas no que se refere à gravidez precoce devem ser implantadas com o objetivo de promover a saúde do adolescente e colaborar para o desenvolvimento e melhores perspectivas de vida do adolescente e sua família. Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Pré-natal e Puerpério: atenção qualificada e humanizada-manual técnico. Brasília: Ministério da Saúde. 2006, p. 163. CARNIEL, E.F.; ZANOLLI, M.L.; ALMEIDA, C.A.A.; MORCILLO, A.M. Características das mães adolescentes e de seus recém-nascidos e fatores de risco para gravidez na adolescência em Campinas. SP, Brasil. Revista Bras. Saúde Matern. Infant., Recife, 6(4) p: 419-426, out./dez. 2006. CARVALHO, G.M. Enfermagem em Ginecologia. Edição revista e ampliada. São Paulo: E.P.U, 2004. CERQUEIRA-SANTOS, E.; PALUDO, S.S.; SCHIRÒ, E.D.B.D.; KOLLER, S.H. Gravidez na adolescência: análise contextual de risco e proteção. Psicologia em Estudo. Maringá, v. 15, n. 1, P. 73-85, jan./mar. 2010. MOCCELLIN, A.S.; COSTA, L.R.; TOLEDO, A.M.; DRIUSSO, P. Efetividade das ações voltadas à diminuição da gravidez não-planejada na adolescência: revisão da literatura. Revista Bras. Saúde Matern. Infant., Recife, 10(4) p: 407-416, out./ dez. 2010. SANTOS, M.F; VALLE, E. R. M do. O sentido de existir de adolescentes que se percebem obesas. Ciência, Cuidado e Saúde. v.1; n.1, 1º. Sem., 2002. SPINDOLA, T.; SILVA, L.F.F. Perfil epidemiológico de adolescentes no prénatal. Esc Anna Nery- Rev. Enferm., 13(1) p: 99-107, jan./mar. 2009. XIMENES NETO, F.G.X.; DIAS, M.S.A; et al. Gravidez na adolescência: motivos de percepções de adolescentes. Rev Bras Enferm. Brasília, 60(3) p:279-285, maio/jun. 2007.