SALÁRIO MÍNIMO REGIONAL DO RS

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Transcrição:

SALÁRIO MÍNIMO REGIONAL DO RS Conforme Art. 7º, inc. IV da Constituição Federal de 1988, o Salário Mínimo deve atender as necessidades básicas do trabalhador e de sua família, como moradia, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social. Segundo o DIEESE esse valor, em março de 2016, deveria ser de R$ 3.725,01, isto é, mais de 4 vezes o atual valor de R$ 880. Em julho de 2000, FHC cria lei complementar federal número 103, que autoriza os estados e o DF a instituir pisos salariais regionais. No RS, o MR foi adotado no ano de 2001, com o valor equivalente a 1,28 salários mínimos.

FUNÇÕES DO MÍNIMO REGIONAL O SMR é um importante instrumento de distribuição de renda, impulsionador do consumo local e da geração de emprego. Um redutor da desigualdade da estrutura salarial e empregos de baixos salários, tendo como principal objetivo proteger os trabalhadores que estão na base da hierarquia salarial no Estado, como mulheres, jovens, trabalhadores no setor agrícola, domésticos e representados por entidades sindicais mais frágeis.

ASPECTOS RELEVANTES DO MR NA ECONOMIA - Emprego doméstico O isolamento do trabalho doméstico em famílias, muitas vezes em condições precárias de trabalho, limitam a sua capacidade de negociação coletiva para lograr melhores salários. No Rio Grande do Sul o trabalho doméstico representa 11,1% do emprego total, o que correspondia em 2013, segundo a PNAD (IBGE) a 389,9 mil empregos.

ASPECTOS RELEVANTES DO MR NA ECONOMIA - Baliza os salários de ingresso no mercado de trabalho O MR funciona como balizador do salário de ingresso no mercado de trabalho e é a remuneração mais comum entre os trabalhadores admitidos numa determinada categoria profissional.

ASPECTOS RELEVANTES DO MR NA ECONOMIA - inibição da rotatividade Uma das características do mercado de trabalho brasileiro e gaúcho é a prática da rotatividade. A elevação de um salário base, que alcança os trabalhadores menos qualificados, aproxima os valores dos rendimentos dos já empregados em relação aos dos seus possíveis substitutos, desestimulando a rotatividade. A rotatividade no setor do comércio ultrapassa 60%. Os novos trabalhadores contratados recebem em média 8,5% a menos do que recebiam os que foram demitidos.

ASPECTOS RELEVANTES DO MR NA ECONOMIA - Equalização e dinamização regional Do ponto de vista das diferenças entre as regiões do estado, o Mínimo Regional exerce um papel equalizador. O processo de valorização do piso estimula o circuito econômico de áreas que contam com grande número de indivíduos que dependem do piso. Junto com outras medidas de estímulo à dinamização econômica desses mercados, a elevação do Piso Regional pode impulsionar não só o nível de bem estar das populações aí residentes, mas também o crescimento e a diversificação da economia local.

O MR como um sistema de negociação setorial O Brasil, ao contrário de outros países, não tem um sistema de Conselhos de Salários tripartites, onde se estabelecem salários mínimos por setores de atividade ou contratos nacionais articulados. O Piso Regional funciona como um sistema de negociação setorial.

Principais argumentos levantados contra o MR Custo do trabalho; Aumento da informalidade; Aumento da taxa de desemprego; Incapacidade das micro e pequenas empresas em absorverem o MR;

ESSES ARGUMENTOS NÃO SE SUSTENTAM! Crescimento do emprego formal e queda da informalidade no Rio Grande do Sul Segundo o IBGE, em 2013, o RS possuía 147 mil empresas do comércio e empregava 745 mil pessoas. Segundo a pesquisa, o montante de salários, retiradas e outras remunerações, representavam apenas 5,7% do valor da receita bruta do setor. Em 2012, foi de 5,5%.

Entre 2002 a 2014, segundo a RAIS, o estoque de trabalhadores formais no RS cresceu 53,4%, passando de 2.027.416 trabalhadores com carteira assinada em 2002 para 3.109.179 em 2014, um acréscimo de 1.081.763 trabalhadores formais no período. Fonte: RAIS, Ministério do Trabalho e Emprego Elaboração: DIEESE RS

Ao mesmo tempo, segundo PNAD/IBGE, o numero de trabalhadores sem carteira assinada registrou queda de 7%, passando de 708.052 em 2001 para 658.298 em 2013, redução de 49.754 empregados sem carteira de trabalho assinada. Fonte: PNAD 2001 e 2013 (IBGE) Elaboração: DIEESE RS

Taxa de desemprego, crescimento do emprego e rendimento dos que pertencem ao grupo dos 25% mais pobres Conforme podemos ver, no período de 2001 a 2015 (dados até agosto) na Região Metropolitana de Porto Alegre a taxa de desemprego passou de 14,9% em 2001 para 7,2% em 2015. Nesse período o emprego com carteira assinada aumentou 52,3% e o rendimento médio real dos assalariados que pertencem ao grupo dos 25% mais pobres cresceu 56,7%.

A contratação nas micro e pequenas empresas Segundo o Ministério do Trabalho, nos primeiros oito meses de 2015, as microempresas do setor industrial (até 19 empregados) foram as únicas que tiveram saldo positivo (998 vagas), as outras empresas de maior porte apresentaram reduções do número de trabalhadores. Saldo do Emprego Formal e Salário Médio de Admissão na Indústria conforme tamanho do estabelecimento Rio Grande do Sul - Janeiro a Agosto de 2015 Tamanho da Empresa Saldo da Movimentação Salário Médio de Admissão R$ Até 19 (Microempresa) 998 1180,31 De 20 a 99 (Pequena Empresa) -5.354 1163,91 De 100 a 249-4.509 1196,70 De 250 a 499-3.005 1200,94 De 500 a 999-391 1196,34 1000 ou mais -5.208 1194,96 Total -17.469 1183,68

A contratação nas micro e pequenas empresas No comércio, as microempresas (até 9 empregados) apresentaram saldo positivo de contratações com 1.654 novos postos de trabalhos e o salário de admissão (R$ 1073,23) foi maior que as empresas de médio e grande porte, com exceção das empresas com 1000 ou mais empregados. Saldo do Emprego Formal e Salário Médio de Admissão no Comércio conforme tamanho do estabelecimento Rio Grande do Sul - Janeiro a Agosto de 2015 Tamanho da Empresa Saldo da Movimentação Salário Médio de Admissão R$ Até 9 (Microempresa) 1.654 1073,23 De 10 a 49 (Pequena Empresa) -12.683 1045,28 De 50 a 99-2.470 1026,47 De 100 a 249-2.101 1026,57 De 250 a 499-868 1016,88 De 500 a 999 291 1029,61 1000 ou mais -274 1712,75 Total -16.467 1054,33

Era de ouro do varejo IBV: o volume médio das vendas do comércio cresceu 8% ao ano entre 2000 e 2012, caiu para 4% em 2014 O varejo brasileiro viveu sua Década de Ouro no período de 2004 a 2013 com a expansão do consumo e do mercado em todas as regiões brasileiras, que fez com que crescesse sua participação no PIB de 18,8 para 25,8%. O setor cresceu rapidamente graças a fatores que não poderão se repetir. O principal foi a incorporação de mais de 40 milhões de brasileiros ao mercado de consumo. Esse processo, agora, está concluído. (Marcos Gouvêa de Souza, um dos principais consultores do setor)

Era de ouro do varejo

A BRUTAL TRANSFERÊNCIA DE RENDA PARA O SETOR FINANCEIRO Analisando o Orçamento Geral da União de 2014, o governo federal gastou R$ 978 bilhões com juros e amortizações da dívida pública, o que representou 45,11% de todo o orçamento efetivamente executado no ano ou 17,7% do PIB. Essa quantia corresponde a 12 vezes o que foi destinado à educação, 11 vezes aos gastos com saúde, ou mais que o dobro dos gastos com a Previdência Social.

Encruzilhada histórica: Aliança excludente x união produtiva Fortalecer o sistema financeiro e excluir os trabalhadores é um caminho sem futuro, que representa um retrocesso trabalhista secular e o sepultamento do ciclo de ouro do comércio, restringindo o mercado consumidor a menos de 1/3 da população, como nos anos 80 e 90. Isso significa o retorno das falências em série e da invasão de estrangeiros sobre os negócios locais. Mas, há a possibilidade de aliança dos setores produtivos, visando o longo prazo e a nação brasileira. Nela, o investimento é fundamental, como o são os direitos trabalhistas conquistados em condições de produtividade bem inferiores às atuais.

Obrigado!