Gestação na adolescência: qualidade do pré-natal e fatores sociais Vasconcellos, Marcus Jose do Amaral Docente do curso de graduação em Medicina; Pereira, Natália de Souza, discente do curso de Graduação em Medicina Palavras-chave: gravidez na adolescência, pré-natal, fatores sociais,qualidade prénatal; INTRODUÇÃO A gravidez da adolescente é apresentada como problema a ser enfrentado com o suporte familiar. As famílias preocupam-se e mobilizam-se para resolver as adversidades. Além do choque pela notícia, impotência quanto à prevenção da gravidez, conformismo, alegria e melhora no relacionamento familiar pela chegada do bebê, evidenciou-se a frustração devido à interrupção/mudança no projeto de vida familiar em relação à adolescente sem um relacionamento estável com o pai da criança. Considerase que, ao se valorizar a perspectiva dos familiares sobre a gestação na adolescência, o cuidado profissional à adolescente grávida e à família pode se dar em parceria e sintonia com o contexto familiar e social, facilitando o enfrentamento de conflitos e reconhecendo a família como sujeito ativo nesse processo ( 1 ). A adolescência é a fase de transição entre a infância e a idade adulta, quando o desenvolvimento da sexualidade reveste-se de fundamental importância para o crescimento do indivíduo em direção à sua identidade adulta, determinando sua autoestima, relações afetivas e inserção na estrutura social. Modificações no padrão de comportamento dos adolescentes, no exercício de sua sexualidade exigem atenção cuidadosa por parte dos profissionais devido a suas repercussões, entre elas a gravidez precoce ( 2 ). Uma abordagem que não deve ser esquecida é o aspecto emocional da adolescente. Pereira et al. ( 7 ) em maternidade da cidade do Rio de Janeiro, publicaram em 2010 o acompanhamento de 120 gestantes adolescentes, e encontraram a incidência de 14,2% de depressão entre elas. Os principais fatores associados a este quadro psicológico estavam: história de depressão, sangramento anômalo, hospitalização durante a gestação, acidente grave com a gestante, e maus tratos durante a vida. OBJETIVO PRINCIPAL
2 Criar um documento a ser entregue à gestante adolescente, com a finalidade de orientá-la melhor no seu pré-natal OBJETIVOS ESPECÍFICOS Determinar a incidência de intercorrências sociais que acontecem na gestação de adolescentes. Pesquisar a qualidade do pré-natal realizado na cidade, visando atender estas necessidades sociais, além das questões clínicas. MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa, sob forma de coorte prospectivo, foi realizada na Maternidade do Hospital de Clínicas Costantino Ottaviano com aplicação de questionário epidemiológico em puérperas antes de sua alta ( ANEXO 1 ). A coleta de dados foi feita por vários observadores durante este período, alunos de graduação em Medicina da UNIFESO, sob a supervisão do responsável pelo projeto, e só se iniciou após aprovação do CEP ( ANEXO 3 ). Entre 18 de fevereiro de 2013 e 03 de fevereiro de 2016, em vários períodos de tempo não contínuos, após assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, foram entrevistadas pacientes que deram a luz a recém-natos vivos ou mortos com idade gestacional acima de 26 semanas e que tinham menos de 19 anos completos. Esta idade será obtida do cartão de pré-natal. Como grupo controle foram entrevistadas as duas puérperas seguintes ao caso de gestação na adolescência, mas com idade mínima de 19 anos, estabelecendo assim a relação 2 para 1. A análise estatística iniciou com a utilização do qui-quadrado, pois trata-se de um estudo de associação com utilização de variáveis categóricas. A significância estatística será aceita para valores de p< 0.05. RESULTADOS Foram entrevistadas 361 pacientes, sendo que 126 receberam o diagnóstico de gestantes adolescentes ( =/< 19 anos ), enquanto, seguindo a metodologia do projeto, as demais foram 235 puérperas que estavam com 19 ou mais anos. Todas estas pacientes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido ( ANEXO 2 ). A TABELA 3 analisa as questões sociais abordadas nos dois grupos, lançando mão da proposta estatística prevista.
3 TABELA 3 Comparação dos dados sociais das 361 pacientes, divididas em dois grupos (não adolescentes e adolescentes) através do teste do qui-quadrado. Dado social >/= 19 anos ( 235 pacientes ) < 19 anos ( 126 pacientes ) Quiquadrado Gravidez planejada 167 Qui = 69,28 68 94 P< 000,1 Longo deslocamento para atividades 94 145 90 Qui = 6,31 P< 00,1 Trabalho fora de casa 103 11 1 115 Renda familiar > 1 SM 136 23 99 103 Vive bem com companheiro 105 50 35 31 Vive bem com sua família 130 75 10 6 Sua gravidez foi aceita pela família 133 7 60 21 Qui = 20,30 P< 0,001
4 Apoio financeiro do parceiro/família 19 1 121 19 Você já sofreu agressão familiar 16 27 Qui = 15,71 124 54 P< 0,01 A diferença foi aceita como significativa quando p< 0.05 na tabela do Qui-quadrado. Os resultados da TABELA 3 permitem afirmar que as gestantes adolescentes têm planejam menos suas gestações, têm um deslocamento grande diário, a gestação foi menos aceita pela família e são vítimas mais freqüentes de violência familiar quando grávidas A TABELA 4 enfoca a qualidade do pré-natal feito com as adolescentes nos diversos serviços de assistência na cidade de Teresópolis. Podemos observar que a qualidade do pré-natal é totalmente semelhante nos dois grupos de pacientes. TABELA 4 Comparação de dados que revelam a qualidade do pré-natal das 361 pacientes, divididas em dois grupos (não adolescentes e adolescentes) através do teste do qui-quadrado. Dado do pré-natal >/= 19 anos ( 235 pacientes ) < 19 anos ( 126 pacientes ) Quiquadrado Qualidade do pré-natal OTIMO 135 78 RUIM 100 48 Toque vaginal sempre 75 53 65 28 Pesagem em todas as consultas 140 81
5 0 0 Pressão arterial sempre 140 81 0 0 Orientações sobre parto 87 68 53 13 Orientações amamentação 108 63 18 A diferença foi aceita como significativa quando p< 0.05 na tabela do Qui-quadrado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1 - Silva L, Tonete VLP. A gravidez na adolescência sob a perspectiva dos familiares: compartilhando projetos de vida e cuidado. Rev Latino-am Enfermagem. 2006;4(2):199-206. 2 Vidal AS, Samico IC, Frias PG, Hartz ZMA. Estudo exploratório de custos e conseqüências do pré-natal no Programa Saúde da Família. Rev Saúde Pública.2011; 45(3). 3 - Ferreira RA, Ferriani MGC, Mello DF, Carvalho IP, Cano MA, Oliveira LA. Análise espacial da vulnerabilidade social da gravidez na adolescência. Cad Saude Publica.2012;28(2): 313-3. 4 Santos KA. Gravidez na adolescência em contexto: entendendo intenções reprodutivas em uma favela brasileira. Cad Saude Publica.2012;28(4): 655-664.