RODADA GRATUITA PREPARATÓRIO PARA O CONCURSO DA ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO (ADVOGADO DA UNIÃO) 08/09/2014



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Transcrição:

RODADA GRATUITA CEI-AGU PREPARATÓRIO PARA O CONCURSO DA ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO (ADVOGADO DA UNIÃO) 08/09/2014 Círculo de Estudos pela Internet www.cursocei.com Página - 1

CORPO DOCENTE SADI TOLFO JUNIOR. Mediador de Direito Constitucional e Administrativo e coordenador do CEI AGU. Advogado da União, lotado em Brasília (concurso de 2012/2013). Especialista em Direito Público. Graduado em Direito pela Universidade Federal de Santa Maria/RS. Assistente da Coordenação-Geral de Assuntos Estratégicos da Consultoria Jurídica do Ministério da Integração Nacional. CAROLINA BLUM. Mediadora de Direito Econômico, Financeiro e Empresarial e coordenadora do CEI AGU. Advogada. Graduada em Direito pela Universidade de Passo Fundo/RS. Pós graduando em Direito Empresarial. Aprovada nos concursos de Procurador do Banco Central (10º lugar concurso 2013/2014) e Procurador Federal (2013/2014). CAMILLO PIANA. Mediador de Direito Processual Civil e Tributário. Procurador da Fazenda Nacional, lotado em Canoas RS (concurso 2012/2013). Graduado em Direito pela Universidade de Passo Fundo/RS (2011/2012). Aprovado também nos concursos de Advogado da Caixa Econômica Federal (2012), Procurador e Assessor Jurídico do Município de Novo Hamburgo/RS (2012). PAULO HENRIQUE LOPES DE LIMA. Mediador de Direito Penal, Processual Penal e Ambiental. Advogado. Graduado em Direito pelo Centro Universitário UNIEURO. Exerceu o cargo de Assessor de Procurador Regional da Repúbica de 2008 a 2010. Pós graduando em Direito Ambiental. Aprovado nos concursos de Procurador Federal (2013/2014) e Procurador do Estado da Bahia (2013/2014). VINÍCIUS DE AZEVEDO FONSECA. Mediador de Direito Civil, Internacional Público e Internacional Privado. Advogado da União, lotado na Procuradoria da União no Estado de Mato Grosso, onde atua no grupo de patrimônio público e probidade administrativa. Membro do Grupo Permanente de Atuação Proativa da Procuradoria-Geral da União. Integrante da Comissão Executiva da Escola da AGU no Estado de Mato Grosso. Bacharel em Direito pela Universidade de Caxias do Sul, com extensão universitária em Direito Internacional Público, Direito Internacional Privado e Direito Comunitário pela Universidade de Coimbra. Aprovado nos concursos para Advogado da União 2012/2013 (3 lugar) e Procurador do Estado do Rio Grande do Sul 2011/2012 (8 lugar). JOÃO EULÁLIO DE PÁDUA FILHO. Mediador de Direito do Trabalho, Direito Processual do Trabalho e Seguridade Social. Advogado da União, lotado em Manaus (concurso 2012/2013). Foi Procurador do Estado de São Paulo (concurso 2012/2013). Graduado em Direito pela Universidade Federal do Piauí. Pós-Graduado em Direito Público pela Universidade Federal do Piauí, em convênio com a Escola Superior da Magistratura do Piauí ESMEPI. Pós-Graduado em Direito Privado pela Universidade Federal do Piauí, em convênio com a Escola Superior da Magistratura do Piauí ESMEPI. COORDENAÇÃO CEI CAIO PAIVA - caio.paiva@cursocei.com Defensor Público Federal, titular do 2º Ofício Criminal da DPU/Manaus, unidade em que é Chefe-Substituto. Membro do GT Grupo de Trabalho da DPU sobre presos. Especialista em Ciências Criminais. Exerceu o cargo de assessor de juiz de direito (2010-2013). Fundador do CEI. Editor do site www.oprocesso.com. Página - 2

INSTRUÇÕES GERAIS: Seja bem vindo à RODADA GRATUITA do Curso CEI-AGU. O curso é composto por seis mediadores, que estarão à disposição dos alunos durante os quatro meses de curso. Nesse período, os alunos terão acesso a mais de 440 (quatrocentas e quarenta) questões objetivas comentadas, todas inéditas e cuidadosamente elaboradas pelos mediadores, de forma a promover o melhor aproveitamento possível do curso. Faculta-se ao aluno submeter, a cada rodada, suas respostas às questões dissertativas e parecer/ peça ou dissertação para correção individualizada pelos mediadores. Aproveite essa rodada gratuita e conheça o funcionamento do Curso CEI-AGU. Tendo interesse em submetê-la à correção individualizada, basta enviá-la, em formato word (.doc), para o e-mail do respectivo mediador, indicado junto ao enunciado da questão. Bolsa: Conforme anunciado na ocasião do lançamento do curso, os autores dos três melhores pareceres serão contemplados com uma bolsa de estudos integral do Curso CEI-AGU. Atenção: o envio das respostas para correção individualizada deverá ocorrer até o dia 13/09 (sábado). Posteriormente, será divulgada uma ata (prevista para dia 19/09) contendo as melhores respostas e os gabaritos comentados, bem como a indicação dos três alunos contemplados com a bolsa de estudos. Mapeamento da banca e resumo de jurisprudência: ao final deste material, o aluno irá encontrar o mapeamento da banca da disciplina de Direito Administrativo e um resumo da jurisprudência do STJ/ STF com decisões importantes acerca do tema improbidade administrativa, verificado no mapeamento como sendo de grande incidência nas provas de Advogado da União. O mapeamento completo, com todas as disciplinas, será disponibilizado no dia 10/10; os demais resumos, no decorrer das próximas rodadas, também iniciando no dia 10/10 (data de início do curso). SADI TOLFO JUNIOR Coordenador do CEI AGU CAROLINA BLUM Coordenadora do CEI AGU Estarei sempre à disposição para dúvidas e questionamentos. CAIO PAIVA Coordenador Geral do CEI E-mail: caio.paiva@cursocei.com Página - 3

SUMÁRIO QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO...5 QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO...9 DIREITO ADMINISTRATIVO...9 DIREITO CONSTITUCIONAL...11 DIREITO FINANCEIRO...17 DIREITO ECONÔMICO...19 DIREITO TRIBUTÁRIO...20 DIREITO AMBIENTAL...23 DIREITO CIVIL...26 DIREITO PROCESSUAL CIVIL...29 DIREITO EMPRESARIAL...33 DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO...36 DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO...37 DIREITO PENAL...39 DIREITO PROCESSUAL PENAL...40 DIREITO DO TRABALHO...41 DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO...43 DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL...45 QUESTÕES DISSERTATIVAS...48 GRUPO 1 - DIREITO ADMINISTRATIVO...48 GRUPO 2 - DIREITO PROCESSUAL CIVIL...48 GRUPO 3 - DIREITO PENAL...49 GRUPO 1 - DIREITO FINANCEIRO...50 PARECER...50 MAPEAMENTO DA BANCA CESPE...51 COMPILADO DE JURISPRUDÊNCIA STJ/STF...57 Página - 4

QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO Treine os seus conhecimentos e depois, a frente, confira o seu desempenho lendo os comentários dos mediadores sobre os enunciados. GRUPO 1: Direito Administrativo, Direito Constitucional, Direito Financeiro e Econômico, Direito Tributário e Direito Ambiental. DIREITO ADMINISTRATIVO 1. Segundo a teoria da representação, adotada no sistema jurídico brasileiro, a pessoa jurídica manifesta sua vontade por meio dos órgãos, partes integrantes da própria estrutura da pessoa jurídica. 2. De acordo com a jurisprudência do STF, é inconstitucional decisão do Presidente da República que, embora reconhecendo a prescrição da pretensão punitiva de infração disciplinar praticada por determinado agente, determine a anotação dos fatos apurados em assentamento funcional. DIREITO CONSTITUCIONAL 3. O STJ já entendeu como imperiosa a aplicabilidade do direito ao esquecimento no cenário interno, com base não só na principiologia decorrente dos direitos fundamentais e da dignidade da pessoa humana, mas também diretamente do direito positivo infraconstitucional. Assim, como aplicação do direito citado, pode-se exigir que, na divulgação de reportagem sobre um crime ocorrido no passado, não se faça sequer vinculação ao nome ou à imagem do indivíduo acusado à época dos fatos, mas posteriormente absolvido do crime, ainda que a reportagem relate os fatos ocorridos de forma fidedigna. 4. Pelo princípio da parcelaridade, não pode o Presidente da República vetar determinado projeto de lei, expurgando do texto legal apenas uma palavra ou expressão. DIREITO FINANCEIRO 5. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, ao examinar pedido de concessão de medida cautelar em controle concentrado de constitucionalidade da Lei Complementar n.º 101 (ADI 2238), entendeu que o comando inserto no Art. 163 da Constituição Federal pode ser atendido por meio de mais de uma lei complementar. DIREITO ECONÔMICO 6. Conforme jurisprudência do STF, a regulamentação, por parte do Estado, da política de preços de bens e serviços, é incompatível com a atual Constituição Federal, por violar, dentre outros, o fundamento da livre iniciativa e o princípio da livre concorrência. DIREITO TRIBUTÁRIO 7. Na hipótese em que um particular locatário de imóvel público estiver inadimplente com os respectivos aluguéis, o rito a ser observado, em linhas gerais, para a cobrança judicial dos valores, pelo ente público, é aquele disciplinado na Lei de Execuções Fiscais (Lei nº 6.830/80). Página - 5

8. A imunidade das instituições privadas de ensino quanto aos impostos incidentes sobre seu patrimônio, renda ou serviços, deve ser observada mesmo quando a entidade educacional funcionar sem a respectiva autorização do Poder Público, dada a densidade do direito fundamental à educação. DIREITO AMBIENTAL 9. Em decorrência da competência legislativa concorrente entre a União, os Estados e o Distrito Federal para legislar sobre a defesa dos recursos naturais e a proteção do meio ambiente, é possível que decreto estadual disponha sobre a vedação ao abastecimento de prédio por meio de poço ou manancial próprio, em local dotado de rede pública, bem como sobre a obrigatoriedade de conexão do usuário à rede pública de água. 10. A defesa e preservação do meio ambiente é dever do Poder Público e de toda a coletividade, sendo atribuição do Sistema Único de Saúde colaborar com a sua proteção. GRUPO 2: Direito Civil, Direito Processual Civil, Direito Empresarial, Direito Internacional Público e Direito Internacional Privado. DIREITO CIVIL 11. A função social da posse, que pode ser considerada substitutivo da função social da propriedade, serve como complemento ao exame da melhor posse, para fins de deferimento dos interditos possessórios. É dizer, em um conflito possessório, a função social da posse não possui caráter absoluto para a resolução do problema, mas deve ser complementada a outros parâmetros, como a antiguidade e a qualidade do justo título, a efetiva existência da relação material com a coisa e sua intensidade. 12. A desapropriação judicial privada indireta ou por posse-trabalho, sobre a qual versa o art. 1.228, parágrafos 4º e 5º, do Código Civil, tem fundamento na função social da posse e aplicase apenas a casos que envolvam extensas áreas de terras, sendo, pois, inaplicável a pequenas propriedades imóveis, sendo que, em qualquer caso, o pagamento da indenização devida ao proprietário caberá aos possuidores, os quais, mesmo antes do pagamento do preço, poderão transferir a propriedade do imóvel para os seus nomes, através do registro da respectiva sentença na serventia competente. DIREITO PROCESSUAL CIVIL Acerca da exceptio declinatori quanti, segundo a jurisprudência do STJ, julgue os itens abaixo: 13. Na impugnação ao cumprimento de sentença (art. 475-L, do CPC), é indispensável que o executado/impugnante, quando alegue excesso de execução, aponte com exatidão as incorreções encontradas nos cálculos apresentados pelo credor. Não o fazendo de plano, cabe ao juiz então intimar o executado, na pessoa de seu advogado, para que emende a inicial da impugnação, sob pena de indeferimento do incidente. 14. O ônus advindo da ausência de impugnação específica e indicação do valor devido nos termos acima expostos não se aplica quando for ré, em processo de execução, a União ou entidade Página - 6

autárquica federal. DIREITO EMPRESARIAL 15. José exerce atividade empresarial individualmente à margem do registro junto ao órgão competente. A irregularidade decorrente da falta de registro não tem o condão de descaracterizar sua condição de empresário. Porém, em razão dessa circunstância, é correto afirmar que, diante de uma situação de crise, José não poderá requerer nem recuperação judicial, nem a sua falência. 16. No que se refere à forma de transferência ou circulação dos títulos de crédito, é correto afirmar que: (i) os títulos ao portador circulam por mera tradição; (ii) os títulos nominais à ordem circulam mediante endosso seguido de tradição; (iii) os títulos nominais não à ordem circulam mediante cessão civil seguida de tradição; e, por fim, (iv) os títulos nominativos circulam mediante termo, em registro do emitente, ou por meio de endosso em preto. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 17. De acordo com o Protocolo de Olivos, instrumento que disciplina o sistema de solução de controvérsias entre os Estados componentes do Mercosul, os conflitos existentes entre Estados Partes do Mercosul podem também ser submetidos a outros esquemas de solução de controvérsias, como o da Organização Mundial do Comércio, à escolha do país demandante, não havendo também qualquer vedação à possibilidade de um mesmo caso definido ser conhecido e julgado por mais de um sistema de resolução de conflitos simultaneamente. DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 18. De acordo com o entendimento do STF, o anterior deferimento de extradição a um Estado estrangeiro não prejudica pedido de extradição por fatos diversos realizado por outro Estado, mas garante preferência ao primeiro Estado requerente na entrega do extraditando. GRUPO 3: Direito Penal, Direito Processual Penal, Direito do Trabalho, Direito Processual do Trabalho e Direito da Seguridade Social. DIREITO PENAL 19. Embora a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal não tenha firmado um posicionamento definitivo a respeito do tema, admite-se, atualmente, a combinação de leis penais para beneficiar o réu em processo criminal. DIREITO PROCESSUAL PENAL 20. Segundo o atual entendimento dos tribunais superiores, nos crimes societários não é indispensável a descrição minuciosa e individualizada na denúncia das condutas de cada acusado, mas o órgão acusatório deve demonstrar o vínculo mínimo entre o denunciado e a empreitada criminosa a ele imputada, sob pena de afronta aos princípios do contraditório e da ampla defesa. DIREITO DO TRABALHO 21. Ao se equiparar à Fazenda Pública, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos não se Página - 7

submete à multa constante no artigo 477, 8º, da CLT, que sanciona o empregador que não pagar as parcelas rescisórias do contrato de trabalho até o primeiro dia útil imediato ao término do contrato quando houver aviso prévio. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 22. Semelhantemente ao que ocorre, segundo o STJ, no Processo Civil, no Processo do Trabalho, não cabe a interposição de recurso de revista do acórdão que julgou a remessa necessária, não tendo ocorrido a interposição de recurso ordinário voluntário, salvo se a decisão agrava a situação processual do ente público. DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL 23. O tempo de serviço em atividade rural realizada por trabalhador com idade inferior a 14 anos, ainda que não vinculado ao Regime Geral de Previdência Social, pode ser averbado e utilizado para o fim de obtenção de benefício previdenciário. 24. Segundo o Superior Tribunal de Justiça, é descabida a litisdenunciação da entidade pública patrocinadora de plano de previdência fechada complementar no caso de litígio envolvendo participantes e a entidade de previdência privada em que se discuta a revisão de benefício previdenciário. Página - 8

QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO GRUPO 1: Direito Administrativo, Direito Constitucional, Direito Financeiro e Econômico, Direito Tributário e Direito Ambiental. MEDIADOR: SADI TOLFO JUNIOR DIREITO ADMINISTRATIVO 1. Segundo a teoria da representação, adotada no sistema jurídico brasileiro, a pessoa jurídica manifesta sua vontade por meio dos órgãos, partes integrantes da própria estrutura da pessoa jurídica. COMENTÁRIO Primeiramente, ressaltamos que a questão traz em seu bojo um dos temas mais cobrados nas provas de Advogado da União, referente aos órgãos públicos. Com exceção da prova aplicada em 2009 (AGU.2008), todas as outras trouxeram questão envolvendo a teoria do órgão ou outras diferentes classificações. Por isso, indispensável que se estude esse tema, em vista da grande probabilidade de que venha a ser cobrado na sua prova. Ao longo do curso, traremos informações sobre quais são os temas mais cobrados nas últimas provas, para que fiquem alerta nos estudos. Passando à análise da questão, observa-se que ela mistura conceitos acerca das diferentes teorias sobre a natureza jurídica da relação entre o Estado e os agentes por meio dos quais atua. Aliás, analisando as provas do CESPE, se nota que essa é uma prática recorrente da banca, a fim de confundir o candidato. Por isso, é preciso estar seguro nos conceitos, a fim de que não se percam pontos importantes na prova. Existem três principais teorias que buscam explicar a natureza jurídica da relação entre o Estado e os agentes por meio dos quais atua. A primeira delas é a teoria do mandato, segundo a qual a relação entre o Estado e seus agentes públicos baseia-se no contrato de mandato (instituto de direito privado). Considerando que pelo mandato o mandante outorga poderes ao mandatário para que execute atos em seu nome, nesse caso o agente público seria mandatário da pessoa jurídica, agindo em nome desta. Como crítica a essa teoria, ressalta-se a impossibilidade lógica de o Estado, que não possui vontade própria, outorgar um mandato. Já a teoria da representação defende uma equiparação do agente público ao representante das pessoas incapazes. Neste caso, a relação entre o Estado e seus agentes acontece da mesma forma que na tutela e curatela, agindo o agente público como uma espécie de tutor ou curador do Estado. Maria Sylvia Di Pietro cita como principais críticas a esta teoria: a) Equiparar a pessoa jurídica ao incapaz. b) Implicar a ideia de que o Estado confere representantes a si mesmo. Página - 9

c) Quando o representante ultrapassasse os poderes da representação o Estado não responderia por esses atos perante terceiros prejudicados. Por fim, a teoria do órgão, cunhada pelo jurista alemão Otto Gierke, adotada pela doutrina e jurisprudência, tem como principal característica o princípio da imputação volitiva. Segundo a teoria, o Estado manifesta sua vontade por meio dos órgãos, partes integrantes da própria estrutura da pessoa jurídica, de forma que, quando os agentes que atuam nos órgãos manifestam sua vontade, tem-se que esta foi manifestada pelo próprio Estado. Vistos os conceitos, constata-se que, embora parte do enunciado da questão esteja correto, já que a pessoa jurídica manifesta sua vontade por meio dos órgãos, partes integrantes da própria estrutura da pessoa jurídica, este conceito não se amolda à teoria da representação, mas à teoria do órgão. De outro norte, a teoria adotada pela doutrina e jurisprudência para explicar a natureza jurídica da relação entre o Estado e os agentes por meio dos quais atua, como visto, é a teoria do órgão, e não a da representação. Por estes dois motivos, a questão deve ser considerada ERRADA. GABARITO: ERRADO 2. De acordo com a jurisprudência do STF, é inconstitucional decisão do Presidente da República que, embora reconhecendo a prescrição da pretensão punitiva de infração disciplinar praticada por determinado agente, determine a anotação dos fatos apurados em assentamento funcional. COMENTÁRIO A questão envolve o conhecimento de recente decisão do STF. Na ocasião, um servidor impetrou mandado de segurança contra ato do Presidente da República, tendo em vista que, após regular tramitação de processo disciplinar, foi-lhe aplicada pena de suspensão, determinando-se a inscrição dos fatos em seus assentamentos funcionais. Após ter sido reconhecida a extinção da punibilidade pela prescrição, e tendo a autoridade anulado a penalidade imposta, mesmo assim foi mantida a anotação da infração nos assentamentos funcionais, com base no artigo 170 da Lei 8.112/1990. Esse dispositivo estabelece que extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade julgadora determinará o registro do fato nos assentamentos individuais do servidor. Ao julgar o mandado de segurança citado, o STF declarou, incidentalmente a inconstitucionalidade do dispositivo. No entender do Tribunal, em virtude do reconhecimento da extinção da punibilidade pela prescrição, obstar-se-ia a imposição de punição administrativo-disciplinar, tendo em conta que a pretensão punitiva da Administração estaria comprometida de modo direto e imediato. Afirmou que a anotação dessa ocorrência em ficha funcional violaria o princípio da presunção de inocência. Eis abaixo trecho do informativo divulgado pelo STF acerca do assunto: Página - 10

Art. 170 da Lei 8.112/1990: registro de infração prescrita e presunção de inocência: O art. 170 da Lei 8.112/1990 ( Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade julgadora determinará o registro do fato nos assentamentos individuais do servidor ) é inconstitucional. Essa a conclusão do Plenário ao conceder mandado de segurança para cassar decisão do Presidente da República que, embora reconhecendo a prescrição da pretensão punitiva de infração disciplinar praticada pelo impetrante, determinara a anotação dos fatos apurados em assentamento funcional. O Tribunal asseverou que, em virtude do reconhecimento da extinção da punibilidade pela prescrição, obstar-se-ia a imposição de punição administrativo-disciplinar, tendo em conta que a pretensão punitiva da Administração estaria comprometida de modo direto e imediato. Assim, afirmou que a anotação dessa ocorrência em ficha funcional violaria o princípio da presunção de inocência. Em consequência, a Corte, por maioria, declarou a inconstitucionalidade incidental do art. 170 da Lei 8.112/1990. O Ministro Dias Toffoli (relator) aduziu que o mencionado dispositivo remontaria prática surgida, em especial, na Formulação 36 do extinto Departamento de Administração do Serviço Público - DASP ( Se a prescrição for posterior à instauração do inquérito, deve-se registrar nos assentamentos do funcionário a prática da infração apenda ). O Ministro Luiz Fux salientou que o registro, em si, seria uma punição, que acarretaria efeitos deletérios na carreira do servidor, em ofensa também ao princípio da razoabilidade. O Ministro Marco Aurélio realçou, de igual forma, que o aludido artigo discreparia da Constituição sob o ângulo da razoabilidade. Por sua vez, o Ministro Ricardo Lewandowski acrescentou que o preceito em questão atentaria contra a imagem funcional do servidor. Vencido o Ministro Teori Zavascki, que não reputava o art. 170 da Lei 8.112/1990 inconstitucional. Consignava que a incompatibilidade dependeria da interpretação conferida ao dispositivo. Aduzia não conflitar com a Constituição o entendimento de que se trataria de documentação de um fato, ou seja, de que o servidor respondera a um processo e que a ele não fora aplicada pena em razão da prescrição (MS 23262/DF / i-743). Sendo assim, o enunciado deve ser considerado CERTO. GABARITO: CERTO MEDIADOR: SADI TOLFO JUNIOR DIREITO CONSTITUCIONAL 3. O STJ já entendeu como imperiosa a aplicabilidade do direito ao esquecimento no cenário interno, com base não só na principiologia decorrente dos direitos fundamentais e da dignidade da pessoa humana, mas também diretamente do direito positivo infraconstitucional. Assim, como aplicação do direito citado, pode-se exigir que, na divulgação de reportagem sobre um crime ocorrido no passado, não se faça sequer vinculação ao nome ou à imagem do indivíduo acusado Página - 11

à época dos fatos, mas posteriormente absolvido do crime, ainda que a reportagem relate os fatos ocorridos de forma fidedigna. COMENTÁRIO Podemos entender como direito ao esquecimento aquele conferido a determinado indivíduo de impedir que um acontecimento passado, ainda que verídico, venha a ser exposto ao público, causando-lhe abalos pessoais. Há, no caso, verdadeiro conflito entre direitos fundamentais. De um lado, os direitos à intimidade e à dignidade da pessoa humana (art. 5º, X, e art. 1º, III). De outro, o direito à informação (art. 5º, XIV). Na hermenêutica constitucional, seguindo a ideia de unidade da Constituição, o princípio da concordância prática ou harmonização exige que os bens tutelados constitucionalmente coexistam de forma pacífica. Assim, em caso de colisão entre direito fundamentais, impede-se que haja sacrifício de um em relação aos demais, impondo-se a fixação de limites e condicionantes recíprocos, de forma a conseguir uma concordância entre os bens. No caso, o direito ao esquecimento harmoniza o conflito entre os direitos postos, possibilitando uma convivência pacífica entre ambos. Se de um lado garante-se o direito à informação, possibilitando-se a vinculação de notícia sobre um crime pretérito, de outro, preserva-se o direito à intimidade e à dignidade daquele indivíduo absolvido do fato, cuja vinculação ao seu nome e imagem podem lhe remontar a sofrimentos e transtornos passados. Na doutrina nacional o tema ganhou maior campo com a publicação do enunciado nº 531 da VI Jornada de Direito Civil: A tutela da dignidade da pessoa humana na sociedade da informação inclui o direito ao esquecimento. Aliás, quando a questão se refere também ao direito positivo infraconstitucional, lembrase que o Código Civil tutela o direito à intimidade no seu Capítulo II. Recentemente, o STJ discutiu a aplicabilidade do direito ao esquecimento em duas decisões: REsp 1334097/ RJ e REsp 1335153/RJ. Na primeira delas, o autor postulou reparação pela vinculação de seu nome em programa televisivo sobre a chacina da Candelária, ocorrida em 23 de julho de 1993, no Rio de Janeiro. Acusado de coautoria à época dos fatos, o autor fora absolvido ao fim do processo. Mesmo tendo recusado pedido de entrevista feito pela emissora, esta o citou na transmissão. Analisando o caso concreto, observou o relator que, a despeito de a chacina ter se tornado um fato histórico, a transmissão poderia ter sido veiculada pela emissora de forma fidedigna, sem que para isso a imagem e o nome do autor precisassem ser expostos em rede nacional. Nem a liberdade de imprensa seria tolhida, nem a honra do autor seria maculada, caso se ocultassem o nome e a fisionomia do recorrido, ponderação de valores que, no caso, seria a melhor solução ao conflito. No entender do Tribunal, a veiculação não consentida do nome e da imagem do indiciado à época dos crimes, absolvido posteriormente, ainda que consista na publicação fidedigna de fato histórico, reacende Página - 12

a desconfiança e o ódio da sociedade, ferindo a paz, o anonimato e a privacidade. Assim, aplicou o direito ao esquecimento como faceta da proteção da dignidade humana. Nas palavras do Tribunal: É que a historicidade de determinados crimes por vezes é edificada à custa de vários desvios de legalidade, por isso não deve constituir óbice em si intransponível ao reconhecimento de direitos como o vindicado nos presentes autos. Na verdade, a permissão ampla e irrestrita a que um crime e as pessoas nele envolvidas sejam retratados indefinidamente no tempo - a pretexto da historicidade do fato - pode significar permissão de um segundo abuso à dignidade humana, simplesmente porque o primeiro já fora cometido no passado. Por isso, nesses casos, o reconhecimento do direito ao esquecimento pode significar um corretivo - tardio, mas possível - das vicissitudes do passado, seja de inquéritos policiais ou processos judiciais pirotécnicos e injustos, seja da exploração populista da mídia. É importante atentar para a ressalva feita pelo STJ na aplicabilidade do direito ao esquecimento: ressalvam-se do direito ao esquecimento os fatos genuinamente históricos - historicidade essa que deve ser analisada em concreto -, cujo interesse público e social deve sobreviver à passagem do tempo, desde que a narrativa desvinculada dos envolvidos se fizer impraticável. Nesse contexto, no segundo julgado que citamos anteriormente, o Tribunal rechaçou pedido de indenização de irmãos de vítima assassinada em 1958 (Aida Curi), que teve seu nome veiculado em programa televisivo noticiando o crime. De um lado, o Tribunal reconheceu a aplicação do direito ao esquecimento também sob a perspectiva das vítimas do crime: As vítimas de crimes e seus familiares têm direito ao esquecimento - se assim desejarem -, direito esse consistente em não se submeterem a desnecessárias lembranças de fatos passados que lhes causaram, por si, inesquecíveis feridas. Caso contrário, chegar-se-ia à antipática e desumana solução de reconhecer esse direito ao ofensor (que está relacionado com sua ressocialização) e retirá-lo dos ofendidos, permitindo que os canais de informação se enriqueçam mediante a indefinida exploração das desgraças privadas pelas quais passaram. De outro, rechaçou sua aplicabilidade nos fatos genuinamente históricos, cujo interesse público e social deve sobreviver à passagem do tempo, desde que a narrativa desvinculada dos envolvidos se fizer impraticável: Não obstante isso, assim como o direito ao esquecimento do ofensor - condenado e já penalizado - deve ser ponderado pela questão da historicidade do fato narrado, assim também o direito dos ofendidos deve observar esse mesmo parâmetro. Em um crime de repercussão nacional, a vítima - por torpeza do destino - frequentemente Página - 13

se torna elemento indissociável do delito, circunstância que, na generalidade das vezes, inviabiliza a narrativa do crime caso se pretenda omitir a figura do ofendido. 5. Com efeito, o direito ao esquecimento que ora se reconhece para todos, ofensor e ofendidos, não alcança o caso dos autos, em que se reviveu, décadas depois do crime, acontecimento que entrou para o domínio público, de modo que se tornaria impraticável a atividade da imprensa para o desiderato de retratar o caso Aida Curi, sem Aida Curi. Observadas estas considerações, o enunciado da questão deve ser considerado CERTO. Nesse ponto, atentamos para possíveis armadilhas na redação do enunciado. Observem que a questão trata da aplicação do direito ao esquecimento de forma genérica, sem mencionar a ressalva feita pelo STJ ( fatos genuinamente históricos, cujo interesse público e social deve sobreviver à passagem do tempo, desde que a narrativa desvinculada dos envolvidos se fizer impraticável ). Imaginemos que a segunda parte do enunciado trouxesse a seguinte afirmação: (...) Assim, como aplicação do direito citado, pode-se exigir que, na vinculação de reportagem que noticie fato histórico, cujo interesse público e social deve sobreviver à passagem do tempo, mesmo que a narrativa desvinculada do envolvido se fizer impraticável, não se faça sequer vinculação ao nome ou à imagem do indivíduo acusado à época dos fatos, mas posteriormente absolvido do crime, ainda que a reportagem relate os fatos ocorridos de forma fidedigna. Nesse caso, por se amoldar à exceção citada pelo Tribunal, a proposição deve ser considera ERRADA. Por fim, ressaltamos que o tema, além de atual, guarda identificação com o perfil de questões elaboradas pelo CESPE (organizador dos concursos de Advogado da União), razão pela qual pode ser objeto de questionamento na prova. Aliás, este ano o tema já foi cobrado pela referida banca no concurso para o cargo de Juiz do TJ/DFT: Acerca da prescrição e da proteção jurídica à intimidade, assinale a opção correta. a) A tutela da dignidade da pessoa humana na sociedade da informação inclui o direito ao esquecimento. b) O interesse público na divulgação de casos judiciais sempre deverá prevalecer sobre a privacidade ou intimidade dos envolvidos. c) A exibição não autorizada de imagem de vítima de crime amplamente noticiado à época dos fatos, ainda que uma única vez, gera, por si só, direito de compensação por danos morais aos seus familiares. d) À pretensão de cobrança de cotas condominiais aplica-se a regra geral da prescrição decenal, contada a partir do vencimento de cada parcela, conforme disposto no vigente Código Civil. Página - 14

e) A veracidade de uma notícia confere a ela inquestionável licitude, razão pela qual não há qualquer obstáculo à sua divulgação, dado o direito à informação e à liberdade de imprensa. No caso, o item a foi considerado correto pela banca. Portanto, deve-se ter especial atenção quanto ao tema aqui tratado. GABARITO: CERTO 4. Pelo princípio da parcelaridade, não pode o Presidente da República vetar determinado projeto de lei, expurgando do texto legal apenas uma palavra ou expressão. COMENTÁRIO O primeiro aspecto a ser observado é o de que, ao citar o Presidente da República, a questão está se referindo ao processo legislativo no âmbito federal (que, segundo o STF, deve ser observado pelos Estados e Municípios, em razão do Princípio da Simetria). Pois bem. O erro da questão está em vincular o princípio da parcelaridade (aplicado no controle concentrado de constitucionalidade, efetivado de forma abstrata) ao controle preventivo realizado pelo Chefe do Poder Executivo, ao vetar projeto de lei por entendê-lo contrário à Constituição Federal. Ocorre o controle concentrado de constitucionalidade, de forma abstrata, na esfera federal, quando o órgão de cúpula do poder judiciário (STF) analisa a inconstitucionalidade da lei pela via principal, como objeto autônomo, exclusivo, e principal da causa. Nesses casos, o controle é regido pelo princípio da parcelaridade. De acordo com o princípio, pode o STF julgar e declarar inconstitucional apenas parte do texto legal conflitante com a Constituição, mantendo em vigor a parcela que com ela for compatível, desde que autônoma em relação à parte declarada inconstitucional. Nesse sentido, na ADI nº 1.127-8, que visava declarar inconstitucionais dispositivos da Lei nº 8.906/1994 (Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil), ao analisar a constitucionalidade do 2º do art. 7º, o Tribunal declarou inconstitucional apenas parte da expressão do texto do dispositivo: O Tribunal, examinando os dispositivos impugnados na Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994: a) por unanimidade, em relação ao inciso I do artigo 1º, julgou prejudicada a alegação de inconstitucionalidade relativamente à expressão juizados especiais, e, por maioria, quanto à expressão qualquer, julgou procedente a ação direta, vencidos os Senhores Ministros Relator e Carlos Britto; b) por unanimidade, julgou improcedente a ação direta, quanto ao 3º do artigo 2º, nos termos do voto do Relator; c) por maioria, julgou parcialmente procedente a ação para declarar a inconstitucionalidade da expressão ou desacato, contida no 2º do artigo 7º, vencidos os Senhores Ministros Relator e Ricardo Lewandowski; Página - 15

d) por unanimidade, julgou improcedente a ação direta, quanto ao inciso II do artigo 7º, nos termos do voto do Relator; e) por unanimidade, julgou improcedente a ação direta, quanto ao inciso IV do artigo 7º, nos termos do voto do Relator; f) por maioria, entendeu não estar prejudicada a ação relativamente ao inciso V do artigo 7º, vencidos os Senhores Ministros Joaquim Barbosa e Cezar Peluso. No mérito, também por maioria, declarou a inconstitucionalidade da expressão assim reconhecidas pela OAB, vencidos os Senhores Ministros Relator, Eros Grau e Carlos Britto; g) por maioria, declarou a inconstitucionalidade relativamente ao inciso IX do artigo 7º, vencidos os Senhores Ministros Relator e Sepúlveda Pertence; h) por unanimidade, julgou improcedente a ação direta quanto ao 3º do artigo 7º; i) por votação majoritária, deu pela procedência parcial da ação para declarar a inconstitucionalidade da expressão e controle, contida no 4º do artigo 7º, vencidos os Senhores Ministros Relator, Ricardo Lewandowski, Carlos Britto e Sepúlveda Pertence, sendo que este último também declarava a inconstitucionalidade da expressão e presídios, no que foi acompanhado pelo Senhor Ministro Celso de Mello; j) por maioria, julgou parcialmente procedente a ação, quanto ao inciso II do artigo 28, para excluir apenas os juízes eleitorais e seus suplentes, vencido o Senhor Ministro Marco Aurélio; k) e, por votação majoritária, quanto ao artigo 50, julgou parcialmente procedente a ação para, sem redução de texto, dar interpretação conforme ao dispositivo, de modo a fazer compreender a palavra requisitar como dependente de motivação, compatibilização com as finalidades da lei e atendimento de custos desta requisição. Ficam ressalvados, desde já, os documentos cobertos por sigilo. Vencidos os Senhores Ministros Relator, Eros Grau, Carlos Britto e Sepúlveda Pertence. Votou a Presidente, Ministra Ellen Gracie. Redigirá o acórdão o Senhor Ministro Ricardo Lewandowski. Falaram, pelo Ministério Público Federal, o Dr. Antônio Fernando Barros e Silva de Souza, Procurador-Geral da República, requerente, Associação dos Magistrados Brasileiros-AMB, o Dr. Sérgio Bermudes e, pelo interessado, Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, o Dr. José Guilherme Vilela. Plenário, 17.05.2006. Ainda que a parte final do enunciado esteja correta, já que, no controle preventivo realizado pelo Presidente da República, o veto só poderá abranger texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea, ela não corresponde ao princípio da parcelaridade, aplicado no âmbito do STF ao controle concentrado de constitucionalidade na forma abstrata. Se a expressão pelo princípio da parcelaridade fosse suprimida do enunciado, ele estaria correto. Entretanto, por vincular o princípio à segunda parte da redação, com a qual não guarda correspondência, o enunciado deve ser tido como ERRADO. Por fim, ainda que o princípio da parcelaridade possibilite ao STF declarar inconstitucional apenas parte do texto legal (como uma palavra, tal como no exemplo dado), alertamos que a supressão não pode Página - 16

implicar em inversão do sentido originalmente previsto no texto. A parte suprimida deve ser autônoma em relação à parte declarada inconstitucional. A título ilustrativo, colacionamos o artigo 6º do Estatuto da OAB acima citado: Art. 6º Não há hierarquia nem subordinação entre advogados, magistrados e membros do Ministério Público, devendo todos tratar-se com consideração e respeito recíprocos. Neste cenário, no julgamento de eventual ADI em face do dispositivo, não poderia o STF declarar inconstitucional a expressão Não, pela ausência de autonomia da palavra em relação ao restante do texto. Nesse caso, o Tribunal acabaria invertendo o sentido original da redação, agindo como legislador. GABARITO: ERRADO MEDIADOR: CAROLINA BLUM DIREITO FINANCEIRO 5. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, ao examinar pedido de concessão de medida cautelar em controle concentrado de constitucionalidade da Lei Complementar n.º 101 (ADI 2238), entendeu que o comando inserto no Art. 163 da Constituição Federal pode ser atendido por meio de mais de uma lei complementar. COMENTÁRIO O art. 163 da CF estabelece, em seus incisos, a reserva de lei complementar para tratar dos seguintes assuntos: I - finanças públicas; II - dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais entidades controladas pelo Poder Público; III - concessão de garantias pelas entidades públicas; IV - emissão e resgate de títulos da dívida pública; V - fiscalização financeira da administração pública direta e indireta; VI - operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; VII - compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União, resguardadas as características e condições operacionais plenas das voltadas ao desenvolvimento regional. O que o STF entendeu, ao julgar pedido de concessão de medida cautelar na ADI 2238, é que essas matérias acima referidas não precisam constar todas de uma única lei complementar, mormente porque são assuntos diversos. Grande parte dessas matérias acima citadas foi disciplinada na Lei Complementar n.º 101, a Lei de Responsabilidade Fiscal (como dívida pública externa e interna, por exemplo). Já as operações de câmbio, por exemplo, foram tratadas, embora não de forma exaustiva, na Lei n.º 4.595/64 (que tem status de lei complementar). Há algum problema nisso? Segundo o STF, não. Veja trecho da ementa da ADI 2238: Página - 17

EMENTA: CONSTITUCIONAL. MEDIDA CAUTELAR EM AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI COMPLEMENTAR Nº 101, DE 04 DE MAIO DE 2000 (LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL). MEDIDA PROVISÓRIA Nº 1.980-22/2000.Lei Complementar nº 101/2000. [...] IV - Por abranger assuntos de natureza diversa, pode-se regulamentar o art. 163 da Constituição por meio de mais de uma lei complementar. [...] (Trecho da emenda da ADI 2238-MC, com julgamento em 09.08.2007). Ao consultar o inteiro teor do acórdão, fica evidente que o precedente utilizado como reforço à impugnação (o STF havia decidido que o Sistema Financeiro Nacional deveria ser disciplinado por uma única lei complementar) não seria aplicável ao caso, eis que: Acontece, porém, que no precedente citado, foi afirmada a necessidade de tratamento global do Sistema Financeiro Nacional, com observância, em conjunto, de todas as normas do caput, dos incisos e dos parágrafos do art. 192 da CF, hipótese que não se confunde com a do art. 163, que dispõe sobre finanças públicas, capítulo sob o qual estão disciplinadas figuras diversas, como orçamento, dívida pública, concessão de garantias, fiscalização de instituições financeiras, operações de câmbio e desenvolvimento regional, as quais, como se percebe, não configuram um corpo único, insuscetível de ser regulamentado em partes. A respeito da normatização do Direito Financeiro, é importante lembrar que temos, hoje, duas leis de extrema importância, quais sejam, a já citada Lei Complementar n.º 101, e a antiga lei n.º 4320/64, que foi recepcionada com status de lei complementar, e permanece em vigor (com algumas ressalvas que veremos no decorrer do curso). Note, ainda, que o art. 165, 9º, da CF, determina que cabe à lei complementar: I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual. II - estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta bem como condições para a instituição e funcionamento de fundos. Acerca da previsão constante do 9º do art. 165, alerta Sérgio Mendes (Administração Financeira e Orçamentária, pág. 31) que: Desde a Constituição de 1988 está prevista a edição de uma lei complementar sobre finanças públicas e até o presente momento ela não foi editada, logo, não existe um modelo legalmente constituído para a organização, metodologia e conteúdo dos planos plurianuais PPAs, leis de diretrizes orçamentárias LDOs e leis orçamentárias anuais LOAs. Assim, é ainda a Lei 4.320, recepcionada com status de lei complementar, que estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para Página - 18

elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios do Distrito Federal. [...] A Lei Complementar 101, de 4 de maio de 2000, conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, com amparo no Capítulo II do Título IV [...] porém ela não é ainda a aguardada Lei Complementar que disciplinará todo o art. 169 [...]. Aplicando o entendimento exarado pelo STF no julgamento acima, nada impediria que os incisos do 9º do art. 169 fossem regulamentados por mais de uma lei complementar, eis que também tratam de questões diversas (contudo, não há manifestação do STF nesse sentido). Assim, podemos concluir que, em direito financeiro, há reserva de lei complementar para tratar de diversos assuntos (inclusive mediante a edição de mais de uma lei complementar), mas não há, ainda, uma sistematização da matéria, nos moldes em que desejou o constituinte. Alguns temas são tratados na LRF, outros estão na Lei n.º 4.320/64, bem como em diplomas esparsos, e outros sequer foram tratados (na esfera federal, os prazos do ciclo orçamentário ainda são regidos pelo ADCT). Sobre a ADI 2238, que inspirou essa questão, ressalto ser de conhecimento obrigatório para os concursos em que é cobrada a disciplina de Direito Financeiro, em razão dos vários entendimentos nela manifestados. Ainda que tenham sido exarados em sede de liminar, não houve, até o presente momento, nem o julgamento definitivo da ADI, nem a modificação desses entendimentos, motivo pelo qual devem ser considerados como parâmetro de estudo até o presente momento. GABARITO: CERTO MEDIADOR: CAROLINA BLUM DIREITO ECONÔMICO 6. Conforme jurisprudência do STF, a regulamentação, por parte do Estado, da política de preços de bens e serviços, é incompatível com a atual Constituição Federal, por violar, dentre outros, o fundamento da livre iniciativa e o princípio da livre concorrência. COMENTÁRIO Em primeiro lugar, importa salientar que, ao regulamentar a política de preços de bens e serviços, estará o Estado exercendo uma modalidade de intervenção indireta na economia, a intervenção indireta por direção. A intervenção por direção encontra fundamento, dentre outros, no 4º do art. 173 da Constituição, segundo o qual a lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros. Assim, tendo em vista razões de interesse público (como a repressão do abuso do poder econômico), o Estado pode (e deve!) agir (veja, a Constituição diz que o Estado reprimirá), e o instrumento adequado para essa ação é a lei, conforme consta da própria Constituição. Nesse sentido, em uma verdadeira ponderação de valores, já se manifestou o STF, ao resolver questão de ordem na ADI 319, julgada em março de 2003. Essa decisão, Página - 19

apesar de antiga, continua caindo nas provas. Pela relevância, vale a pena colacionar a ementa: Em face da atual constituição, para conciliar o fundamento da livre iniciativa e do princípio da livre concorrência com os da defesa do consumidor e da redução das desigualdades sociais, em conformidade com os ditames da justiça social, pode o Estado, por via legislativa, regular a política de preços de bens e de serviços, abusivo que é o poder econômico que visa ao aumento arbitrário dos lucros. (ADI 319-QO, Rel. Min. Moreira Alves, julgamento em 3-3-93, Plenário, DJ de 30-4-1993.). Notem que o STF, como mencionado acima, se valeu, no caso, da ponderação de valores, técnica comumente utilizada por aquela Corte (ver, nesse sentido, a ADPF 101) para resolver conflitos entre princípios de mesma hierarquia no caso, todos de estatura constitucional e reveladores de diretrizes da ordem econômica brasileira. GABARITO: ERRADO MEDIADOR: CAMILLO PIANA DIREITO TRIBUTÁRIO 7. Na hipótese em que um particular locatário de imóvel público estiver inadimplente com os respectivos aluguéis, o rito a ser observado, em linhas gerais, para a cobrança judicial dos valores, pelo ente público, é aquele disciplinado na Lei de Execuções Fiscais (Lei nº 6.830/80). COMENTÁRIO A questão aborda a importante distinção que é feita entre os créditos tributários e não tributários e as implicações daí decorrentes, sobretudo no que diz respeito ao respectivo procedimento judicial para a cobrança dos mesmos. A Lei nº 6.830/80 é a lei específica que disciplina o rito procedimental para a cobrança judicial da dívida ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e respectivas autarquias (art. 1º, LEF). Compõem a dívida ativa tanto os créditos públicos de natureza tributária como os de natureza não tributária, conforme a exegese extraída do art. 2º, e respectivo 1º, da Lei nº 6.830/80, bem como do disposto no art. 39 da Lei nº 4.320/64, verbis: Art. 2º - Constitui Dívida Ativa da Fazenda Pública aquela definida como tributária ou não tributária na Lei n.º 4.320, de 17 de março de 1964, com as alterações posteriores, que estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. 1º - Qualquer valor, cuja cobrança seja atribuída por lei às entidades de que trata o artigo 1º, será considerado Dívida Ativa da Fazenda Pública. Página - 20