AULA Nº 4. Neste tópico começamos a falar dos aspectos quantitativos da coleta, uma vez

Documentos relacionados
GENÉTICA DE POPULAÇÕES

GENÉTICA DE POPULAÇÕES

Melhoramento de Espécies Alógamas. Melhoramento de Espécies Alógamas 06/06/2017 INTRODUÇÃO

Melhoramento de Espécies Alógamas

Aula 9: Genética de Populações

Melhoramento de Alógamas

LGN 313 Melhoramento Genético Tema 10 Estrutura genética e equilíbrio das populações

GENÉTICA DE POPULAÇÕES

5.1 Estratégias de regeneração. Para populações autógamas constituídas de misturas de linhas puras, sem

GENÉTICA DE POPULAÇÃO

GENÉTICA. unesp. Curso: Agronomia Docente: João Antonio da Costa Andrade. Disciplina: Agronomia

31/10/2011. Sibele Borsuk. Supondo que o número de indivíduos em uma

Sibele Borsuk

Seleção Natural. A grande originalidade de Darwin foi a proposta de seleção natural -> essencialmente ligada à demografia de populações.

GENÉTICA DE POPULAÇÕES. Prof. Piassa

M E L H O R A M E N T O D E A L Ó G A M A S M E L H O R A M E N T O G E N É T I C O V E G E T A L

O MODELO DE HARDY-WEINBERG

Genética de populações

Universidade Estadual do Rio Grande do Sul Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental Biologia Aplicada Aula 7

Genética de Populações. Ricardo L. R. de Souza Depto de Genética - UFPR

Genética de Populações. Ricardo L. R. de Souza Depto de Genética - UFPR

Aula 5 Melhoramento de Espécies Alógamas

CONSTITUIÇÃO GENÉTICA DAS POPULAÇÕES

LGN 313 Melhoramento Genético

BIO-103 Biologia evolutiva

MELHORAMENTO DE PLANTAS ALÓGAMAS

Tamanho populacional 31/08/2010. Evolução Estocasticidade (Acaso) e Determinismo (Seleção natural) Relação entre o Censo (N) e tamanho efetivo (Ne)

Aula 4 Sistemas Reprodutivos das Plantas Cultivadas e suas Relações com o Melhoramento

Assuntos a serem abordados nesta aula:

μ = σ 2 g = 50.1 ApoE e colesterol em uma população canadense ε ε ε Genóti po Freq. H-W

Sistemas de Acasalamento. Acasalamento ao acaso. Acasalamento ao acaso. O ciclo de vida de uma população. Pressupostos de Hardy Weinberg.

Diversidade genética de populações (princípios e

Genética de Populações e Evolução

Deriva genética. Bio Diogo Meyer. Departamento de Genética e Biologia Evolutiva Universidade de São Paulo. Ridley

ECOLOGIA II RELATÓRIO 1-2ªPARTE. Trabalho realizado por:

Evolução Estocasticidade (Acaso) e Determinismo (Seleção natural)

GENÉTICA. unesp. Curso: Agronomia Docente: João Antonio da Costa Andrade. Disciplina: Agronomia

Forças evolutivas. Definição de Evolução. Deriva Genética. Desvios de Hardy-Weinberg

Evolução Estocasticidade (Acaso) e Determinismo (Seleção natural)

MATRÍCULA: EXERCÍCIOS SOBRE GENÉTICA DE POPULAÇÕES

CURSO DE MEDICINA EXERCÍCIOS GENÉTICA DE POPULAÇÕES

Genética Quantitativa Genética de Populações

LGN 313 Melhoramento Genético

Evolução Estocasticidade (Acaso) e Determinismo (Seleção natural)

Genética de Populações Equilíbrio de Hardy-Weinberg

18/04/2017. relações Melhoramento melhoramento. Exemplos. Por possuírem diferentes estruturas. genéticas, existem diferentes métodos para

ZAB1304 Genética Básica e Biologia Molecular. Prof. Dr. José Bento Sterman Ferraz Aula preparada do Dra. Fernanda Marcondes de Rezende

Curso de Licenciatura em Biologia Evolução Biológica

SUBESTRUTURA POPULACIONAL E FLUXO GÊNICO

GENÉTICA DE POPULAÇÕES

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ Setor de Ciências Biológicas Departamento de Genética BG403 - GENÉTICA ANIMAL. Lista de Exercícios

Genética de Populações. Prof. Anderson Moreira

Bio. Monitor: Sarah Elis

Quantitativos + Qualitativos 17/03/2016. Variabilidade Genética Como surgem as variações genéticas? Mutações! Controle Genética e Herdabilidade

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ Setor de Ciências Biológicas Departamento de Genética BG403 - GENÉTICA ANIMAL. Respostas da lista de exercícios

Por quê? Variação ambiental Poligenes. Variação ambiental Poligenes. Normas de Reação. Fenótipo é qualquer característica mensurável.

Variação ambiental Poligenes

Deriva genética, tamanho efetivo populacional e teoria neutra

AULA Nº5. Brown & Marshall (1995), trabalhando com distribuição binomial e série

Aula 9: Genética Quantitativa I

Ecologia II. Maio de Trabalhos efectuado por: Joana Alves, nº

GENÉTICA QUANTITATIVA I. Herança Mendeliana x herança poligênica. Interações gênicas (alélicas) Ação aditiva Ação dominante Ação sobredominante

1

Teste de Hipóteses em Genética. Professora Lupe Furtado Alle

MELHORAMENTO DE PLANTAS. 1. Teoria das Linhas Puras 2. Seleção em Plantas Autógamas

8) Reprodução em plantas de espécies tropicais e implicações na seleção de matrizes

Teste de Hipóteses em Genética. Professora Lupe Furtado Alle

LGN 313 Melhoramento Genético

2

2

LGN 313 Melhoramento Genético

AU08. Genética de Populações. Lorena Carolina Peña. Doutoranda PPG-GEN

Genética de Populações Prof.ª Daniela Fiori Gradia Laboratório de Citogenética Humana e Oncogenética

As bases evolutivas da Saúde Pública Teoria da evolução

LGN GENÉTICA. Aula 2 - Genética da Transmissão I. Antonio Augusto Franco Garcia Filipe Inácio Matias Marianella F. Quezada Macchiavello

CAMPUS DE BOTUCATU PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA FLORESTAL PLANO DE ENSINO IDENTIFICAÇÃO DA DISCIPLINA

Aula 2: Genética da Transmissão I

Bio. Monitor: Sarah Elis

GENÉTICA QUANTITATIVA. Herança Mendeliana x herança poligênica. Ação aditiva Ação dominante Ação sobredominante

Exercícios Genética e Evolução Curso: Tecnológicos Campus Palotina

Mapas de Ligação e de. Marcadores Moleculares a Programas de Melhoramento

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS NATURAIS E EXATAS CCNE DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA DISCIPLINA DE GENÉTICA AGRONOMIA

BioApoio FREQUÊNCIA ALÉLICA ANOS

Seleção Natural. Fundamentos de Ecologia e Modelagem Ambiental Aplicados à Conservação da Biodiversidade

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA LUIZ DE QUEIROZ DEPARTAMENTO DE GENÉTICA LGN0313 Melhoramento genético. Recursos genéticos

12/06/2016. Seleção Recorrente. Seleção dos genótipos superiores. População. Seleção Recorrente. Seleção. Populações Alógamas. Seleção Recorrente

A teoria sintética da evolução

Genética de Populações. Profa Angelica B. W. Boldt

UNIVERSIDADE TÉCNICA DE MOÇAMBIQUE ÁREA DE FORMAÇÃO EM CIÊNCIAS TECNOLÓLGICAS Disciplina: Ecologia e Diversidade Biológica

Disciplina: Genética Geral (LGN 0218) 10ª semana

BIOLOGIA. Hereditariedade e diversidade da vida. Introdução à genética 1ª e 2ª leis de Mendel. Professor: Alex Santos

7 Melhoramento de Espécies Autógamas

Aula 10: Genética Quantitativa II

Deriva genética, tamanho efetivo populacional e teoria neutra

Aula 7 Melhoramento de Espécies Autógamas

Evolução Estocasticidade (Acaso) e Determinismo (Seleção natural)

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA LUIZ DE QUEIROZ DEPARTAMENTO DE GENÉTICA LGN0313 Melhoramento genético. Recursos genéticos

Transcrição:

AULA Nº 4 Neste tópico começamos a falar dos aspectos quantitativos da coleta, uma vez que até aqui tratamos dos aspectos qualitativos. Para tanto teremos que apreender alguns conceitos de genética de população. A genética de população é o estudo quantitativo da distribuição e da quantificação da variação genética nas populações e a dinâmica da alteração das freqüências genéticas. A genética de populações aplicada às espécies silvestres tem como objetivo garantir que as espécies silvestres tenham um conjunto gênico bastante variável para que possa sobreviver mesmo sob pressão de seleção natural maior que a plasticidade fenotipica, pois do contrário a extinção é inevitável (Frankel, 1983). Geneticamente os organismos são estruturados do seguinte modo: Gene genótipo populações espécies Esse conhecimento é essencial para se ter medidas quantitativas da hierarquia da diversidade genética. A descrição da estrutura genética da população e da sua dinâmica é baseada na freqüência alélica e genotípica em amostras de populações com características simples herdadas segundo o modelo Mendeliano. Para este estudo o ideal é trabalhar com o conceito de alelo neutro, que foi discutido por Kimura e Crow (1964) para características sem vantagens comparativas de tal forma que tais características estariam protegidas da ação da seleção natural e do homem. 16

As estimativas da freqüência alélica de um loco a partir do conhecimento das freqüências genotípicas é baseada no princípio do equilíbrio de Hardy Weinberg. Este principio estabelece que para populações grandes com acasalamentos ao acaso as freqüências alélicas e genotípicas permanecem constantes geração após geração na ausência de mutação, migração e seleção natural. Para que possamos visualizar este principio vejamos a seguinte ilustração: Em uma população natural com freqüência alélica A = p e a = q, tem-se os seguintes genótipos: AA, Aa e aa. Desta forma são possíveis os seguintes acasalamentos: Acasalamentos Freqüência de Descendência acalamento AA Aa aa AA x AA P 2 P2 AA x Aa 2PQ PQ PQ AA x aa 2PR 2PR Aa x Aa Q 2 ¼ Q 2 ½ Q 2 ¼ Q 2 Aa x aa 2QR QR QR Aa x aa R 2 R 2 Freqüência genotípica: AA = P Aa = Q Aa = R. 17

A freqüência de AA na descendência será: P 2 + PQ + ¼ Q 2, que pode ser escrito da seguinte forma: (P + ½ Q) 2 assim: (p 2 + pq) 2 (p 2 + p(1-p)) 2 (p 2 + p p 2 ) 2 (p 2 + p p 2 ) 2 (p) 2 = p 2 A freqüência de Aa, na geração seguinte será: PQ + 2PR + ½ Q 2 + QR, que pode ser escrito assim: 2(P + Q/2) (R + Q/2) assim pode ser desenvolvido como: 2( p 2 + pq)(q 2 + pq) 2(p 2 + p(1-p)) (q 2 + q(1-q)) 2(p 2 + p p 2 ) (q 2 + q q 2 ) 2(p 2 + p p 2 ) (q 2 + q q 2 ) 2(p)(q) = 2pq A freqüência de aa na geração seguinte será: ¼ Q 2 + QR + R 2, que pode ser escrito da seguinte (R + 1/2Q) 2 (q 2 + pq) 2 (q 2 + q(1-q)) 2 (q 2 + q q 2 ) 2 (q 2 + q q 2 ) 2 (q) 2 = q 2 18

Entretanto quando se trata de amostras para Banco de germoplasma na verdade trata-se de amostras genéticas das populações, ou seja trabalha-se com populações finitas, para que tal amostragem tenha sucesso absoluto o ideal é que na amostra tivéssemos a mesma freqüência alélica da população total. Como estatisticamente tal acontecimento é pouco provável, estima-se que toda a amostragem feita para bancos de germoplasma tenha um certo efeito de deriva ou fragmentação populacional. Fatores perturbadores do equilíbrio de Hardy Weinberg: _ Efeito fundador: A freqüência gênica da amostra dependerá da freqüência alélica inicial da amostra que é chamada de efeito fundador. Tamanho efetivo populacional : Além do efeito fundador as variações no potencial reprodutivo dos genitores também afetam a freqüência gênica da geração subsequente, que é chamado de tamanho efetivo populacional, que pode ser entendido da seguinte maneira: Tamanho efetivo populacional, designado Ne, refere-se ao número de plantas geneticamente diferentes que compõe uma amostra e que efetivamente participam para a formação da próxima geração. Neste sentido Vencovsky (1986) desenvolveu, a partir da expressão original de Crow & Kimura, expressões matemáticas que relacionam o tamanho físico da coleta com o tamanho efetivo populacional para coletas de plantas alógamas. Casos de plantas alógamas: a) Coleta de amostras sem controle gamético: quando se colhe diferentes números de sementes por planta: 19

Ne = n n-1 + 1 4F em que : n = número total de sementes; F = número de genitoras dos quais as sementes foram retiradas. Dar o exemplo de ter colhido 100 sementes de 20 plantas. b) Coleta de amostras com controle dos gametas femininos: Ne = n n + 3 4F 4 Tomando-se n = 100 sementes e F igual a 20, portanto com cinco sementes por plantas, tem-se Ne = 50. Para alógamas, milho defini-se que o tamanho ideal para reduzir os feitos da deriva seria que o Ne = 200. Desta forma pede-se para calcular o tamanho físico das amostras para que tenhamos Ne igual a 200. Caso de plantas de que se reproduzem por autofecundação Neste caso o Ne = 1. Pois a população descende de uma única planta. Desta forma deve-se colher sementes em número igual do maior número de plantas genitoras para compor uma amostra. Caso de plantas dioicas Ne = 4FM (F + M) F= número de plantas masculinas; 20

M = número de plantas masculinas. Caso de plantas propagação vegetativa Para uma conjunto de C clones tem-se Ne= C, desde que estes clones sejam não aparentados. Se por outro lado estes C clones vierem de P plantas mães o tamanho efetivo será p. 21