SEGUNDA CÂMARA CÍVEL

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ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores GILBERTO LEME (Presidente), MORAIS PUCCI E CLAUDIO HAMILTON.

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Vistos, relatados e discutidos estes autos da Apelação Cível nº , em que figuram como apelante

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A assinatura do autor por ANA LUCIA LOURENCO:7865 é inválida

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ACÓRDÃO. São Paulo, 12 de abril de Salles Rossi Relator Assinatura Eletrônica

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores CLAUDIO GODOY (Presidente sem voto), AUGUSTO REZENDE E RUI CASCALDI.

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Classificação regimental: 1

I - Trata-se de apelação cível interposta contra sentença (ref. mov. 28.1) prolatada em ação de transcrição de assento de casamento, autos nº

SP ULIANE RODRIGUES MILANESI DE MAGALHAES CHAVES : SP EDSON RICARDO PONTES. : SP GLAUCIA GUEVARA MATIELLI RODRIGUES e outro

Transcrição:

SEGUNDA CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO Nº 0137919-82.2007.8.19.0001 Apelante 1: ELIZABETH AMATO MARTINS Apelante 2: FUNDO ÚNICO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RIOPREVIDÊNCIA Apelada: ELIANE COUTINHO LOPES Origem: Juízo de Direito da 14 a Vara de Fazenda Pública ACÓRDÃO APELAÇÃO. Ação ordinária. Pensão de servidor estadual falecido em 1996. Ex-esposa que pleiteia à autarquia previdenciária a metade daquela que é paga à companheira, que vivia em união estável com o servidor quando do óbito. Ação aforada em 2007. Embora houvesse renunciado a alimentos quando da separação, em 1988, convertida em divórcio em 1994, a autora veio a pedi-los, após, em ação própria, cujo pleito foi julgado improcedente em 1995, afastada a presença do binômio necessidadepossibilidade. O direito à pensão previdenciária não é imprescritível, nem se aplicam, no caso, os verbetes sumulares invocados. Prescrição que se impõe pronunciar. Recursos a que se dá provimento. Vistos, relatados e discutidos estes autos da apelação nº 0137919-82.2007.8.19.0001, originários do Juízo de Direito da 14 a Vara de Fazenda Pública da Comarca da Capital, em que figuram, como apelante 1, ELIZABETH AMATO MARTINS, como apelante 2, o FUNDO ÚNICO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RIOPREVIDÊNCIA, e, como apelada, ELIANE COUTINHO LOPES, os Desembargadores que compõem a Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro ACORDAM, por unanimidade, dar provimento aos recursos, nos termos do voto do relator. Rio de Janeiro, 24 de fevereiro de 2010. Des. Jessé Torres Relator

SEGUNDA CÂMARA CÍVEL Apelação nº 0137919-82.2007.8.19.0001 VOTO Relatório a fls. 349. A sentença acolheu o pleito da aqui apelada e condenou o RIOPREVIDÊNCIA a pagar-lhe metade da pensão deixada por servidor estadual falecido em 1996, de quem estava divorciada desde 1994, e que ora é destinada integralmente à companheira com quem o servidor compartilhava união estável quando do óbito, o que desafiou recursos de apelação interpostos por esta e pela autarquia previdenciária. Ambas argúem a prescrição, ao que a autora, em contrarrazões, sustenta a imprescritibilidade, argumentando que a sentença bem observou a diretriz do verbete 336, da Súmula do STJ, e a norma do art. 1.695, do vigente Código Civil. Com razão as recorrentes, bem assim o parecer ministerial de fls. 343-347. Parta-se do verbete 443, da Súmula do Supremo Tribunal Federal, para o qual a prescrição das prestações anteriores ao período previsto em lei não ocorre, quando não tiver sido negado, antes daquele prazo, o próprio direito reclamando, ou a situação jurídica de que dele resulta. No caso, veja-se que a autora, embora houvesse renunciado aos alimentos quando da separação, em 1988, veio a postulá-los para si o varão já os prestava aos três filhos do casal após o divórcio, ocorrido em 1994, mediante ação própria, cujo pedido foi afinal julgado improcedente em 1995. Não, apenas, como interpretou a sentença, porque o servidor estivesse gravemente enfermo e não pudesse pagá-los, mas, também, porque a autora deles não comprovou a necessidade. Tais os fundamentos da sentença então prolatada, verbis:

... os alimentos são devidos a quem deles necessita. A autora trabalha como auxiliar de escritório, conforme consta da inicial, não informou os seus ganhos e suas necessidades. Além disso o documento de fls. 48 revela que, após a separação do casal, a autora foi beneficiada com o usufruto vitalício sobre o imóvel da rua da Palmeiras, nº 32, onde reside, o que indubitavelmente melhorou sua situação financeira. Por outro lado, o réu, conforme se verifica no documento de fls. 34, é portador de grave doença que requer tratamento adequado e diminui sua capacidade de trabalho e já bem pensionando aos três filhos do casal, nada justificando assumir a obrigação de prestar alimentos a sua ex-esposa. Finalmente, deve ser destacado que a autora denunciou aos alimentos, por ocasião da separação judicial, não tendo direito a vir pleiteá-los anos após. Assim, não tendo ocorrido qualquer causa que justifique a alteração do acordo livremente firmado, e tendo a autora renunciado ao direito de perceber alimentos, não pode prosperar o pedido inicial (fls. 39-40). O falecimento do servidor sobreveio no ano seguinte ao desse julgado, que já negara o direito da ex-mulher a alimentos. E a presente ação, dirigida ao RIOPREVIDÊNCIA, somente foi ajuizada em 2007, ou seja, doze anos depois da improcedência do pleito deduzido na ação de modificação de cláusula, e onze anos após o óbito do servidor, que constituíra relação estável com a primeira apelante, sua beneficiária perante a autarquia ré, por isto que somente a esta é paga a pensão previdenciária. O termo inicial do prazo extintivo deve coincidir, ao que proclama o consagrado princípio da actio nata, com a data em que o titular do direito tido por lesionado toma ciência da lesão. No caso, desde, pelo menos, o título judicial que lhe negou o direito à pensão alimentar, em 1995, tinha ciência a autora da precariedade de seu suposto direito a habilitar-se à pensão previdenciária, cujos requisitos, estabelecidos na legislação estadual, desatendia, à vista dos fundamentos que lastrearam o julgamento de improcedência do pedido formulado na ação de modificação de cláusula. Como evidenciam as razões recursais do RIOPREVIDÊNCIA, a Lei estadual nº 285/79, em texto vigente à época do óbito do servidor,

estabelecia, em seu art. 29, 6º, que O cônjuge, o companheiro ou a companheira perdem o direito à pensão: I no caso do cônjuge, especificamente, se estiver separado judicialmente ou divorciado por ocasião do falecimento do segurado, sem que lhe tenha sido assegurado judicialmente prestação de alimentos ou outro auxílio... (fls. 311-312). As Súmulas 159, do antigo TRF, e 336, do STJ, invocadas em abono da tese autoral, não se aplicam ao caso. A primeira se refere à divisão de pensão previdenciária entre a esposa e a companheira, atendidos os requisitos exigidos ; curial que nem a ex-mulher divorciada se equipara à esposa, nem os requisitos legais se mostravam passíveis de atendimento, como supra demonstrado. A segunda diretriz pretoriana alude ao direito à pensão previdenciária por morte do ex-marido, comprovada a necessidade econômica superveniente ; por evidente que a sentença proferida em 1995 fundamentou a improcedência na inexistência do binômio necessidade-possibilidade, ou seja, tampouco a ex-mulher comprovara a necessidade da pensão, vale dizer, dependência econômica superveniente, devendo averbar-se que tal verificação judicial ocorreu sete anos depois da separação (1988), dado que a mulher renunciara a alimentos próprios, estabelecidos estes apenas em benefício dos filhos do casal. O mesmo se diga em relação à regra do art. 1.695 do vigente Código Civil, genérica quanto ao dever de alimentos, desde que à vista do comprovado binômio necessidade-possibilidade, ausente, aqui, por decisão judicial, e, depois do óbito, definitivamente afastado pela falta de seu segundo termo, qual seja o da possibilidade do prestador, que não se transmite à autarquia previdenciária. Se, nada obstante tais e tantos óbices, a autora pretendesse submeter ao RIOPREVIDÊNCIA pedido de habilitação à cota-parte da pensão deferida à companheira do falecido servidor, teria de fazê-lo antes de esgotar-se o quinquênio prescricional. A tese da imprescritibilidade do direito a alimentos é sustentável entre credor e devedor, mas não para a constituição de relação previdenciária. É que todo direito contra a Fazenda Pública prescreve em cinco anos, seja qual for a sua natureza, tal como proclama o art. 1º do vetusto e ainda vigente Decreto-lei nº 20.910/32, o que abrange

as pessoas jurídicas de direito público, como soem ser as autarquias (Decreto-lei nº 4.497/42, art. 2º). Os verbetes 443, da Súmula do STF, e 85, da Súmula do STJ, não socorrem o pleito autoral porque não se cuida de prestações de trato sucessivo, que fossem devidas pela previdência à ex-mulher divorciada do falecido servidor, recusando-se a entidade pública a assim reconhecer. Tal é a premissa daqueles entendimentos sumulados. Nestes autos, não postula a autora diferenças de valores devidos, mas a própria habilitação à percepção da pensão, vale dizer, almeja constituir relação jurídica onde relação jurídica alguma existe. Por isto que não se trata de parcelas cujo vencimento, a cada mês, renovasse o prazo prescricional. O que pereceu, nos onze anos de inação da autora, entre a morte do servidor, em 1996, e o aforamento desta demanda, em 2007, não foram prestações de trato sucessivo, mas o próprio fundo do direito que a autora supunha pudesse ter, de vir a ser reconhecido o direito à pensão previdenciária. Eis os motivos de votar por que se dê provimento aos recursos, para que, reformada a sentença, se pronuncie a prescrição e se julgue extinto o processo com cognição meritória, nos termos do art. 269, IV, do CPC, e invertidos os encargos da sucumbência, observado o disposto no art. 12 da Lei nº 1.060/50, posto ser a autora beneficiária da gratuidade. Rio de Janeiro, 24 de fevereiro de 2010. Des. Jessé Torres Relator

SEGUNDA CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO Nº 0137919-82.2007.8.19.0001 Apelante 1: ELIZABETH AMATO MARTINS Apelante 2: FUNDO ÚNICO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RIOPREVIDÊNCIA Apelada: ELIANE COUTINHO LOPES Origem: Juízo de Direito da 14 a Vara de Fazenda Pública RELATÓRIO A sentença de fls. 260-263 julgou procedente o pedido para condenar o primeiro réu, RIOPREVIDÊNCIA, a pagar à autora pensão por morte, observada a sua cota-parte, em virtude do pensionamento da segunda ré como companheira, a estes impondo os ônus da sucumbência. Ambos os réus interpuseram recursos de apelação, tempestivos e recebidos no duplo efeito (fls. 327). Querem a reforma do julgado, para que se extinga o processo pela prescrição ou, acaso superada a objeção meritória, seja o pleito julgado improcedente, posto não preencher a autora os requisitos legais para habilitar-se à pretendida pensão. As contrarrazões de fls. 320-324 e 329-334 prestigiam a decisão monocrática. O Ministério Público opinou, em ambos os graus, pelo provimento dos recursos, entendendo configurada a prescrição (fls. 338 e 343-347). É o relatório. À douta revisão. Rio de Janeiro, 28 de janeiro de 2010.

Des. Jessé Torres Relator Certificado por DES. JESSE TORRES A cópia impressa deste documento poderá ser conferida com o original eletrônico no endereço www.tjrj.jus.br. Data: 25/02/2010 15:00:16Local Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro - Processo: 0137919-82.2007.8.19.0001 - Tot. Pag.: 7