Assédio Sexual nas empresas

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Transcrição:

Entenda o Assédio Sexual nas empresas Por Karla Fernanda A. de Olivera Advogada da área Trabalhista

Segundo a Organização Internacional do Trabalho, em todo o mundo, 52% das mulheres economicamente ativas já sofreram assédio sexual no ambiente de trabalho. No Brasil, em 2015, o site Vagas.com enviou um questionário para 70 mil profissionais de sua base de dados, sendo que foram avaliados os que tinham atualizado seu currículo nos últimos seis meses, bem como os que tinham tido ao menos um emprego em seu histórico. 47,3% dos profissionais já foram vitimas de assédio moral no ambiente de trabalho 9,7% declararam que já foram vitimas de assédio sexual. Os resultados mostram ainda que, enquanto o assédio moral foi relatado em proporções semelhantes por homens (48%) e mulheres (52%), o sexual é quatro vezes mais comum entre mulheres. 80% das pessoas que disseram ter sido vítimas de abuso são do sexo feminino.

O que e Assedio Sexual? O assédio sexual é o constrangimento de um empregado subordinado, às cantadas ou insinuações de um assediador (superior hierárquico), cujo objetivo consiste em obter vantagens ou favorecimentos sexuais através da concessão de uma promoção ou aumento de salário. Em resumo pode-se afirmar que o assédio sexual se caracteriza pelos seguintes requisitos: Presença do assediado (vítima) e do assediador (agente agressor), conduta sexual, repetição da conduta e rejeição da vítima. Vale esclarecer que o assédio sexual não se confunde com o galanteio, visto que o ultimo é retratado através de um mero elogio que não possui objetivo de ofender ou até mesmo constranger a vitima. Se o suposto assediado ceder aos convites exaustivos do assediador, ainda que por uma única vez, desde que haja provas de tal fato, ocorre a desconfiguração do assédio sexual. O Código Penal prevê para esse tipo de crime a pena de detenção de 01 (um) a 02 (dois) anos.

O que e Assedio Sexual? O empregado (assediador), assim como a empresa, poderão ser condenados no âmbito trabalhista ao pagamento de indenização proveniente de dano moral. Se houver afastamento decorrente de algum transtorno físico ou psicológico desenvolvido pelo assediado, desde que fique configurado o nexo, tanto o assediador como a empresa poderão ser condenados ao pagamento do importe despendido pelo INSS durante o período em que permanecer a incapacidade do assediado. Lembramos ainda, que a vítima poderá denunciar a empresa para aos órgãos de fiscalização como o Ministério Público do Trabalho, bem com ao sindicato responsável pela categoria.

Caracterizacao do Assedio Sexual. Uso de bilhetes ou palavras impróprias ao ambiente de trabalho. Piadas ou brincadeiras consideradas machistas. Comentários constrangedores sobre a figura feminina ou masculina. Fotos de homens ou mulheres nuas. Convites indecentes Para ser considerado assédio sexual é sempre necessária a presença do assediado (vítima), e do assediador (agente agressor), conduta sexual, repetição da conduta e rejeição da vítima.

Decisoes Judiciais Segundo a Desembargadora Ivani Contini Bramante, a necessidade de obtenção de lucro não se sobrepõe ao direito a honra, a intimidade e a dignidade da pessoa humana, sendo que caberá à empresa manter um ambiente de trabalho saudável e isento, de forma consequente, de terror psicológico, bem como de condutas abusivas que objetivam afetar a estrutura física e psicológica do empregado, através de situações humilhantes e vexatórias. No caso em tela o reclamante conseguiu, através de provas robustas, comprovar a ocorrência de assedio moral e sexual, sendo que ao longo da prestação de serviços o mesmo foi tratado pelo preposto da empresa com certa tirania. Diante dos fatos e provas apresentadas, a magistrada reconheceu a impossibilidade na prestação de serviço, fato esse que autorizou o reconhecimento da rescisão indireta, bem como o pagamento de indenização decorrente de assédio moral e sexual. ( TRT, 2º região, RO 20160236902, rel. Ivani Continni Bramante, 4º T, D.J.E 29/04/2016) Para o Desembargador Davi Furtado Meirelle, a vítima demonstrou através de mensagens recebidas via celular, as insistentes investidas proferidas pelo sócio da empresa, cujo comportamento visava, sobremaneira, Intimidar e constranger a empregada tanto dentro como fora do ambiente de trabalho. Para o referido juiz houve a confissão dos fatos apresentados pela reclamante, quando a empresa, devidamente citada não compareceu na audiência. O referido magistrado reafirmou o entendimento de que as relações de emprego deverão se pautar no respeito reciproco, cabendo a empresa possibilitar ao empregado os meios necessários para a execução normal da prestação de serviço, respeitando a honra, liberdade, dignidade, integridade física e pessoal. ( TRT 2º região, RO 20160170391, rel. Davi Furtado Meirelles, 14ª T, D.J.E. 08/04/2016)

Decisoes Judiciais Para o Desembargador Marcos César Amador Alves, a empresa não poderá, em hipótese alguma, obrigar seus empregados a vestirem roupas sensuais para atrair clientes, ou para satisfazer os anseios dos superiores hierárquicos. Tal fato constitui violação a dignidade da pessoa humana, o que enseja, direito a indenização. (TRT 2ª região, RO 20150892696, rel. Marcos César Amador Alves, 8ª T, D.J.E. 14.10.2015) Para a desembargadora Maria Isabel Cueva Moraes, a empresa não poderá ser condenada ao pagamento de indenização, pois a reclamante não conseguiu demonstrar, através de provas testemunhais e documentais que houve assédio sexual, bem como constrangimento ou humilhação. (TRT 2ª região, RO 20150866806, rel. Maria Isabel Cueva Moraes, 4ª T, D.J.E. 09.10.2015) Para o relator Eduardo de Azevedo Silva, o assédio sexual consiste na conduta abusiva e agressiva praticada pelo empregador ao subordinado, cujo objeto consiste em obter favores sexuais, através de ameaças explícitas ou veladas. Apesar da referida conduta ser punível na esfera penal, o referido magistrado afirmou que o ato também é passível de causar graves constrangimentos e humilhações a empregada, situação essa que enseja dano moral ( TRT 2ª região, RO 20150457302, rel, Eduardo de Azevedo Silva, 11ª T, D.J.E 02.06.2015)

Prevencao Confira algumas medidas preventivas: A empresa poderá ministrar palestras ou elaborar informativos para a conscientização dos empregados sobre o conceito, bem como as possíveis punições cabíveis tanto na esfera administrativa como judicial, se for constatada a ocorrência de assédio sexual. É válido alertar que a empregadora poderá aplicar a dispensa por justa causa, bem como pleitear o ressarcimento do valor despendido, quer seja com o tratamento ou indenização da vítima de assédio sexual. Poderá ser criado um canal de denúncia para que as vítimas possam ter a liberdade de denunciar.

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