HAMLET Introdução ao tema William Shakespeare conseguiu como poucos transitar entre gêneros literários tão diferentes, como a comédia, a tragédia e os sonetos. Em geral, foi no teatro que ele deu vida às suas surpreendentes histórias, criando personagens de grande complexidade e discutindo assuntos intrínsecos a qualquer tempo e sociedade. Hamlet é uma das peças mais importantes da obra de Shakespeare, tendo sido traduzida para diversos idiomas e representada em quase todo o mundo. A adaptadora Telma Guimarães Castro Andrade nasceu em Marília (SP), mas mora em Campinas (SP) há quase vinte anos. É autora de mais de cem obras dedicadas ao público infantil e juvenil, sem contar os livros paradidáticos de inglês e religião. Em 1989 recebeu da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) o título de melhor autora em literatura infantil. Publicou pela Scipione vários livros, como Tião Carga Pesada, Tem gente, O canário, o gato e o cuco, Não acredito em branco, Agenda poética, Para viver um grande amor, Momento de decisão e O estranho mundo dos higeus, além das adaptações Robin Hood (Reencontro infantil) e Tristão e Isolda (Reencontro literatura). O autor William Shakespeare nasceu na Inglaterra, em 1564, e é considerado um dos maiores nomes da literatura universal. Produziu 36 peças, 154 sonetos e dois poemas narrativos, que foram traduzidos para diversos idiomas em todo o mundo.
Um dos gêneros em que mais se destacou foi o teatro, para o qual escreveu diversas peças históricas, tragédias e comédias, povoadas por personagens cheios de vida, tais como os que encontramos na vida real. Shakespeare também adaptou diversos textos da Antiguidade greco-romana, que, graças à sua inteligência e criatividade, transformaram-se em peças amplamente conhecidas. Algumas de suas obras mais importantes são Romeu e Julieta, Otelo, Hamlet, Rei Lear, Macbeth e Sonho de uma noite de verão, até hoje cultuadas no mundo inteiro e adaptadas também para cinema e televisão. Shakespeare morreu em 1616, aos 52 anos. O contexto William Shakespeare viveu e produziu sua obra durante o Renascimento. No teatro inglês, esse período foi classificado como elizabetano e se caracterizou pela variedade temática, pela mistura de elementos sérios e cômicos e pela quebra das unidades aristotélicas de tempo, lugar e ação. Isso significa que, em vez de seguir uma linearidade para contar suas histórias, o dramaturgo saltava de um ambiente a outro e caminhava livremente pelo tempo, o que iniciou o desenvolvimento da narrativa rumo à linguagem cinematográfica que conhecemos hoje. Toda a obra shakespeareana foi produzida no contexto que se seguiu à Reforma religiosa, momento em que muitos dos valores até então aceitos estavam sendo reavaliados. Determinados temas, que durante a Idade Média não podiam ser questionados em hipótese alguma, passaram a ser discutidos pela sociedade e retratados pelo dramaturgo em suas peças de teatro. A construção de personagens contraditórios, o uso da metalinguagem, a referência freqüente aos textos clássicos e, em muitos casos, a utilização da
violência fazem dos textos de Shakespeare obras universais, apesar dos cinco séculos que nos separam da sua criação. A obra Hamlet, príncipe da Dinamarca, atormentado pela morte de seu pai e pelo casamento de sua mãe com seu tio Cláudio, irmão do falecido rei, decide fingir que está louco. A tristeza e a amargura o impedem de agir com ponderação. Após receber a visita do fantasma do pai, o jovem confirma suas suspeitas e, obcecado por vingança, envolve-se em uma série de conflitos que culmina na morte de toda a família real. Escrita entre 1600 e 1602, esta peça se destaca pela profundidade psicológica dos personagens e pela maneira brilhante como discute o luto, a loucura, a justiça e as disputas pelo poder. Sugestões de atividades As seqüências didáticas sugeridas podem ser reformuladas de acordo com os objetivos pedagógicos visados e as competências que serão desenvolvidas pelos alunos. É fundamental que as atividades realizadas estejam vinculadas às metas do currículo escolar organizado pela instituição de ensino. Cada uma das propostas de trabalho apresentadas possui objetivos didáticos específicos, mas todas pretendem envolver os jovens leitores em novas relações com o universo da literatura. 1. As impressões e expressões de Hamlet Os personagens de Hamlet, envolvidos por ódio, dor e loucura, já inspiraram muitos artistas. Os conflitos vividos pelos personagens dessa tragédia evocam sentimentos e sensações que podem enriquecer a compreensão da obra.
As imagens de Hamlet Objetivo didático: Registrar impressões da história por meio de desenhos ou pinturas. 1ª Etapa: Cada aluno, após escolher o personagem ou a cena que mais lhe marcou na história, realizará uma série de três desenhos ou pinturas. Seria interessante conferir um título a cada trabalho. 2 ª Etapa: Expor os trabalhos dos alunos, observando e analisando coletivamente as diferentes expressões e impressões que surgiram com a leitura da obra. 2. As faces de Hamlet Hamlet é misterioso e surpreendente. A amargura do príncipe e o desejo de vingança nos impedem de diferenciar a loucura da lucidez. Hamlet aproxima o leitor da fragilidade humana. Temos diante de nós um herói? Um assassino? Um louco? Um justiceiro? Mais importante do que julgar Hamlet é compreendê-lo, isto é, aproximar-se de sua tristeza, seus temores e sua busca pela verdade. Criando com Shakespeare Objetivo didático: Elaboração de um texto que envolva o aluno na construção e na caracterização de um personagem do universo shakespeareano. 1ª Etapa: Estimular os alunos a observar a caracterização do personagem Hamlet. Quem era Hamlet? O que podemos dizer sobre ele? Quais passagens da história nos permitem conhecer o modo de ser do príncipe? Sugerir aos alunos que
elaborem um texto que descreva o príncipe Hamlet, levando em consideração suas características físicas e emocionais. 2ª Etapa: Considerando os aspectos da personalidade do príncipe (identificados na primeira produção), propor aos alunos a redação de uma carta escrita por Hamlet, antes do duelo com Laertes, endereçada ao povo da Dinamarca. 3. Já houve algo de podre no reino da Dinamarca A história de Hamlet se passa na Dinamarca, no início do século XVII. Embora as características que fazem dessa obra um clássico sejam atemporais, a ação está inserida num tempo e num espaço. Ao familiarizar-se com o contexto histórico da criação da obra, o aluno pode compreendê-la de outro modo. Descobrindo a Dinamarca do século XVII Objetivo didático: Analisar as características da Dinamarca, no início do século XVII, a partir de elementos encontrados na história. 1ª Etapa: Questionar os alunos sobre o lugar onde se passa a história de Hamlet. De que país se trata? Qual o tipo de governo que existia? Quais eram os meios de transporte e comunicação? O que mais se pode dizer sobre a vida na Dinamarca no início do século XVII? 2ª Etapa: Propor uma pesquisa em jornais, revistas ou internet sobre alguma questão atual da Dinamarca, de preferência que se relacione com a história lida. 3ª Etapa: Propor aos alunos que imaginem e reescrevam a história de Hamlet adaptado para o Brasil do século XXI. Para isso, além de pensar no ambiente em
que se passará a história, será preciso modificar certas características dos personagens (não existem príncipes no Brasil, por exemplo). 4. Vingança e justiça A vingança não é somente um tema presente nas tragédias, ela existe em situações do dia-a-dia. Muitas vezes associada à sensação de injustiça, a vingança pode ser percebida como uma forma legítima de solucionar um problema. Uma reflexão sobre o tema ajudará os alunos a tomarem consciência das implicações de uma ação vingativa. A vingança é um prato que se come frio, mas às vezes cai mal... Objetivo didático: Discutir a vingança como um meio de resolução de conflitos. 1ª Etapa: Pedir aos alunos que evoquem o que lhes vem à cabeça quando escutam a palavra vingança. Interrogá-los sobre o que acham da vingança como meio de fazer justiça. Registrar os depoimentos. 2ª Etapa: Propor a redação de um texto sobre o tema vingança. Seria interessante ler e discutir as produções dos alunos em sala de aula.