1 ATITUDE POSTURAL E IDADE MOTORA NA MUCOVISCIDOSE * Haudrelise Barros Buss 1 Fernando Mendes Massignam 2 RESUMO O estudo realizado teve como objetivo detectar qual atitude postural e idade motora em uma criança mucoviscidótica com ausência de hipersecreção, e verificar quais resultados podem ser obtidos com a intervenção fisioterápica. Esta análise foi realizada no período de agosto/setembro de 2002, em uma criança de 6 anos, sendo esta, submetida a avaliações pré e pós-tratamento fisioterápico domiciliar. Podê-se concluir que apesar da ausência de hipersecretividade apresentava alterações posturais, e que a fisioterapia pode ser utilizada não somente como amenizadora dos desvios já instalados, mas também como método preventivo diante da postura característica de um indivíduo mucoviscidótico. ABSTRACT The accomplished study had as objective to detect, which corporal attitude and motive age in a child carrier of cystic fibrossis with absence of secretion absence, and to verify which resulted they can be obtained with the intervention physiotherapyc. This analysis was accomplished in the period of August to * Artigo apresentado ao curso de Fisioterapia como requisito para conclusão de curso. 1 Autora: Acadêmica do Curso de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina 2 Orientador: Professor de Pneumologia e Cardiologia do Curso de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina
September of 2002, in a 6 year-old child, being this, submitted to evaluations before and powder-treatment physiotherapyc at home. It is ended that presented corporal alterations in spite of the secretion absence, and that the physiotherapy can be used not only to already decrease the deviations installed, but also as preventive method before the an individual's carrier of cystic fibrossis characteristic posture. 2 INTRODUÇÃO A criança está em constante desenvolvimento, com isto esta mais vulnerável a posturas inadequadas e conseqüentemente a desvios posturais, podendo apresentar quadros de dor e deformidades. Os hábitos de postura são adquiridos devido a fatores ambientais, como nas atividades diárias e repetitivas, como sentar em um sofá, ao carregar objetos ou então, resultante de fatores como um trauma músculoesquelético ou doença, onde o indivíduo assume uma postura viciosa em função da situação da qual se encontra (RASCH; BURKE, 1977). Já a criança mucoviscidótica, inclui a sua situação, maior suscetibilidade a alterações músculoesquelética provenientes do desconforto compensatório do déficit causado pela doença. Conforme Irwvin e Tcklin (1994, p. 427) o alinhamento postural freqüentemente é alterado por uma doença respiratória subjacente. Do encurtamento e perda de força dos músculos respiratórios que acompanham as doenças pulmonares, associadas a modificação do volume pulmonar, resultam as deformidades torácicas e uma modificação global da postura do tronco (LIMA, 2002). A criança em questão, embora portadora de fibrose cística, não apresenta hipersecretividade, sendo esta uma expressiva característica.
3 Perante isto, surgiu a questão de qual atitude postural e perfil motor específico na criança mucoviscidótica, e que resultados podem ser obtidos com a intervenção da fisioterapia?. A importância deste estudo está em demonstrar a atuação da fisioterapia nas alterações posturais da criança mucoviscidótica, a fim de ser um método preventivo de desvios característicos. METODOLOGIA DO ESTUDO Este estudo é caracterizado como sendo um estudo de caso do tipo exploratório com pré e pós-teste sem grupo controle. Para realização das avaliações, foram utilizados como material: o Manual da Avaliação Motora (Rosa Neto, 2002) juntamente a materiais auxiliares como lápis, tesoura, papel, cordão, entre outros; uma máquina fotográfica digital para registro das posições da criança para serem comparadas e analisadas posteriormente; uma ficha de avaliação postural, um simetrógrafo para detectar as assimetrias posturais. Em 30 de agosto de 2002, foi realizada a avaliação pré-intervenção fisioterápica, e diante das alterações detectadas, foi dado como seqüência a aplicação de uma plano de tratamento domiciliar com base na cinesioterapia postural e respiratória, utilizando atividades lúdicas a fim de despertar o interesse da criança. Incluído no plano de tratamento elaborado especificamente para a criança em questão, foi aplicado: alongamento e relaxamento das musculaturas encurtadas, fortalecimento abdominal, exercícios com respiração diafragmática, e exercícios aeróbicos.
4 As sessões eram realizadas 5 vezes por semana, no período de 3 a 30 de setembro de 2002, tinham duração de 90 a 120 minutos A avaliação pós-tratamento fisioterápico foi realizada após 20 sessões utilizando o mesmo método de avaliação anterior. Sendo que a idade motora não houve necessidade de reavaliação devido ter apresentado-se dentro dos padrões de normalidade. Conforme Rosa Neto (2002, p. 115) o fato de avaliar o desenvolvimento motor da criança previne as dificuldades de aprendizagem escolar, e proporciona a possibilidade de ser elaborado um programa de intervenção e reeducação motora ou psicomotora. Com intuito de oferecer uma melhor validade do estudo e maior controle das variáveis que pudessem interferir no momento da avaliação e intervenção fisioterapêutica, foi controlados os seguintes aspectos: horário de avaliações(período matutino) e aplicação do tratamento (período vespertino), ambiente calmo e privado, local das coletas de dados (Clínica Escola de Fisioterapia da UNISUL) e atendimento (no domicílio da criança), instrumentos e procedimentos utilizados foram os mesmos no pré e pós-intervenção fisioterapêutica, posição corporal diante do simetrógrafo(ortostática: anterior, posterior e de perfil direito), vestimenta (um biquíni) e estado geral da criança (clinicamente estável). ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
5 Obtidos os resultados, foram analisados qualitativamente, sendo também realizada a análise comparativa das avaliações pré e pós-intervenção fisioterapêutica, através dos registros fotográficos. Os resultados foram obtidos através de parâmetros já citados anteriormente. Irwvin e Tecklin (1994, p. 427) afirmam que deve-se fazer uma avaliação postural em todo paciente respiratório, especialmente em uma criança em crescimento. Quanto a avaliação da atitude postural, pode ser detectada visivelmente: _ Na posição ortostática antero-posterior pré-intervenção fisioterápica pode ser observada: rotação interna de joelhos, ombro esquerdo mais elevado, triângulo de Tales acentuado no lado esquerdo, flexão lateral da cervical. Bienfait (1995, p. 93) afirma que o ombro mais alto indica retração dos músculos trapézio superior e elevador da escápula. Na comparação das fotos registradas pré e pós-aplicação de fisioterapia, pode ser vista a diminuição da acentuação do triângulo de Tales a esquerda, maior alinhamento dos ombros; maior proximidade da cabeça em relação a linha média. _ Na posição ortostática lateral direita foi detectado na avaliação postural pré-intervenção fisioterápica: hiperlordose lombar, abdômen proeminente, lordose da região cervical, anteversão pélvica, protrusão de ombros. Pós-intervenção fisioterápica pode ser visto: melhora visivelmente significativa da hiperlordose, diminuindo a curvatura; menor proeminência abdominal, melhora em relação a lordose cervical e protrusão de ombro, que mostrava-se acentuada na avaliação pré-intervenção fisioterápica. Quanto a anteversão pélvica, não pode ser obtida visivelmente uma melhora.
6 _ Na posição ortostática posterior-anterior na avaliação pré-intervenção fisioterápica pode ser observado: elevação de ombro esquerdo, triângulo de Tales acentuado a esquerda, rotação interna de joelhos, flexão lateral da cervical. Não apresentou positividade no teste da escoliose e gibosidade. Na comparação das fotos registradas pré e pós-intervenção fisioterápica, puderam ser verificadas: uma melhora visível quanto o alinhamento dos ombros, maior proximidade da cabeça em relação à linha média, menor acentuação do triângulo de Tales a esquerda. Quanto à idade motora, não houve necessidade de reavaliar pelo fato de ter apresentado perfil motor de acordo com a idade cronológica. CONCLUSÃO Perante o estudo desenvolvido com uma criança mucoviscidótica de 6 anos e 7 meses de idade, tendo como base os resultados obtidos na reavaliação postural; pode se concluir que com o tratamento fisioterápico elaborado para esta, proporcionou melhora visível em relação a sua atitude postural. Tendo como objetivo deste trabalho detectar possíveis desvios e alteração no desenvolvimento motor, bem como aplicar um tratamento específico a tais verificações; pode ser visto que realmente, apesar de apresentar ausência de hipersecretividade, a criança apresentava assimetrias na sua atitude postural, já seu desenvolvimento motor encontrava-se dentro dos padrões de normalidade. Como conclusão deste estudo pode se ter a comprovação de que a fisioterapia proporcionou visivelmente uma melhora significativa da atitude postural
detectada na avaliação pré-intervenção fisioterápica, podendo ser utilizada como forma de prevenção nas possíveis deformidades decorrentes desta doença. 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BIENFAIT, M. Os desequilíbrios estáticos: fisiologia, patologia e tratamento fisioterápico. 3. ed. São Paulo: Summus, 1995. IRWVIN, S.; TECKLIN, J. S. Fisioterapia cardiopulmonar. 2. ed. São Paulo: Manole, 1994. LIMA, M. A. RTA Método Reequilíbrio Toraco-Abdominal. Disponível em: <http://rtaonline.com.br>. Acesso em: 11 ago. 2002. RASCH, P. J.; BURKE, R. K. Cinesiologia e anatomia aplicada. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1977. ROSA NETO, F. Manual de avaliação motora. Porto Alegre: Artmed, 2002. 138 p.