Carlos Hasenbalg Discriminação e desigualdades raciais no Brasil, Rio de Janeiro, ed. Graal,1979.
racismo passa a ser conceito corrente para referir-se às s sociedades coloniais e pos- coloniais Hoetink 1973: 49 Cada sociedade multi- racial é racista no sentido de que a pertinência a um grupo sócios cio-racial prevalece sobre a realização na atribuição de posição social apud Hasenbalg 1979:66 Ele [Hoetink]] mostrou convincentemente que todas as sociedades multi-raciais da área mais ampla do Caribe são racistas na medida em que princípios pios raciais de seleção social operam em todas elas apesar das pretenções nacionais de ordens raciais harmoniosas ou democráticas
Racismo estrutural Nas palavras de Stanislav Andreski: : "Uma vez que uma superposição bem definida de raças as passa a existir, cria-se uma situação em que é bastante racional para seus beneficiários tentar perpetuá-la la.. Assim, independente do conteúdo irracional das crenças e ideologia raciais, as práticas racistas podem ser racionais em termos da preservação da estrutura de privilégio e dominação dos brancos. Hasenbalg 1979:76
Sobre a persistência do passado (a) a discriminação e preconceito raciais não são mantidos intactos após s a abolição mas, pelo contrário, rio, adquirem novos significados e funções dentro das novas estruturas e (b) as práticas racistas do grupo dominante branco que perpetuam a subordinação dos negros não são meros arcaísmos do passado, mas estão funcionalmente relacionadas aos benefícios materiais e simbólicos que o grupo branco obtém m da desqualificação competitiva dos não brancos. (85)
Classe e raça exploração e opressão: A A raça, a, como atributo socialmente elaborado, está relacionada principalmente ao aspecto subordinado da reprodução das classes sociais, isto é,, a reprodução (formação qualificação - submissão) e distribuição dos agentes. Portanto, as minorias raciais não estão fora da estrutura de classes das sociedades multirraciais em que as relações de produção capitalista - ou quaisquer outras relações de produção no caso - são dominantes. Outrossim, o racismo, como construção ideológica incorporada em e realizada através s de um conjunto de práticas materiais de discriminação racial, é o determinante primário rio da posição dos nâo-brancos nas relações de produção e distribuição. ão. (114)
Discriminação sem preconceito Como se verá,, se o racismo (bem como o sexismo) ) torna-se parte da estrutura objetiva das relações políticas e ideológicas capitalistas, então a reprodução de uma divisão racial (e sexual) do trabalho pode ser explicada sem apelar para o preconceito e elementos subjetivos. (114)
Discriminação e desigualdades raciais A A desigualdade de oportunidades é manifesta e cristaliza-se se em desigualdades sociais ao longo de linhas raciais, sugerindo a existência de discriminação contra os não-brancos. Contudo, o conceito de discriminação apresenta alguns problemas. De acordo com H. Blalock,, esse conceito estimula a confusão entre o processo e o produto, isto é,, entre o processo de discriminação e o resultado desse processo. As mensurações da discriminação são com freqüência, na realidade, mensurações de desigualdade. Por essa razão, o uso de medidas indiretas de discriminação exige não apenas conhecimentos das propriedades matemáticas ticas das medidas utilizadas, mais também m uma teoria de causação social. (167)
Explicação das desigualdades pelo ponto de partida (a) Primeiro, o modelo do escravo transformado em homem livre em 1888, usado para explicar a situação social do negro e do mulato após s a abolição, não leva em consideração que uma maioria da população não-branca tinha experiência prévia de liberdade.. De fato, à época da abolição, os escravos constituíam uma minoria no total da população de cor. 164
Assim, a explicação da situação social do negro e do mulato após s a abolição em termos da mudança a abrupta da condição de escravo para a de homem livre, tende a ocultar a concentração de desvantagens sociais no grupo de não-brancos livres durante o regime escravista, e a continuidade da sua subordinação social após s 1888. (165)
(b) "A maioria desses imigrantes não possuía a habilidades ou qualificações especiais, nem dispunha de quaisquer recursos econômicos ou educacionais particulares. Nesse sentido, os pontos de partida das populações imigrante e não-branca eram bastante semelhantes. (169)
Especificidades das relações raciais no Brasil: A A repetida afirmação de que "não temos problema racial no Brasil", é não apenas uma questão de orgulho nacional, como parece também m ter sido suficientemente efetiva para conter as esparsas manifestações de inconformismo racial. Nenhuma ideologia racista elaborada ou formas de organização branca para lidar com uma "ameaça a negra" são distinguíveis." (224)
Os trabalhadores negros foram deslocados por imigrantes não apenas nas plantações de café mas também m nos centros urbanos que estavam numa fase de rápido r desenvolvimento econômico e industrialização. Negros e mulatos foram assim excluídos dos setores de emprego mais dinâmicos e limitados a situações de desemprego ou empregos em serviços não- qualificados. O fato crucial, no entanto, é que o deslocamento da força a de trabalho não- branca não resultou da pressão organizada da classe trabalhadora branca - que politicamente não tinha voz dentro da moldura oligárquica da Primeira República - mas antes das iniciativas, preconceitos e preferências dos plantadores e empresários rios urbanos.
Transformismo: (a) "As principais implicações do contínuo nuo de cor são que: (a) como regra geral, as oportunidades diferenciais de mobilidade social ascendente estão ligadas a diferentes matizes de cor; (b) parte dos membros mais claros e ambiciosos da população não-branca pode ser absorvida nos níveis n médio m e eventualmente superior do sistema branco, sem constituir uma ameaça a ao monopólio de propriedade, poder e prestígio da classe dominante branca." (234)
(b) Por um lado, como Blalock e Degler corretamente acentuam, o contínuo nuo de cor tende a drenar a liderança a potencial dos negros. Por outro lado, a distância social entre a elite de cor e a massa de negros, mais o engajamento da maioria dos negros em esforços os que visam simplesmente a assegurar a sobrevivência, tornam difícil a uma liderança a em potencial encontrar um público p para movimentos de demanda organizados. Em termos do marxismo, a maioria dos negros está mais próxima do lumpenproletariado que do proletariado. (237)
No último capítulo, Carlos Hasenbalg apresenta sua explicação relativa ao que chama de "subordinação aquiescente dos negros". É esta, a meu ver, a temática tica interpretativa mais rica do livro. Pela primeira vez, de forma nítida, n vejo ressaltada a falta de sérios sismas entre os grupos dominantes como parte da explicação de porque os movimentos de rebeldia das classes subordinadas têm seus impulsos amortecidos. O fato mesmo de que nunca houve no Brasil nada comparável à Guerra de Secessão é suficientemente forte para indicar que o sistema misto de acomodação e de repressão funciona como mecanismo básico b de subordinação aquiescente. A aquiescência é mais um reflexo de um padrão geral de acomodação de interesses entre os grupos dominantes, do que uma dimensão própria pria do comportamento dos dominados, mas não deixa de circunscrever um espaço o de cooptação que termina por atingi-los. los. FHC na Apresentação, p. 14-15 15
Desigualdades raciais A questão: As desigualdades socioeconômicas entre brancos e negros podem ser explicadas pela cor ou raça? 1. Raça como variável vel independente. O que é raça? a? 2. As diferenças entre pretos e pardos.. A categoria política negro. 3. Existe uma válvula de escape do mulato? 4. As desigualdades podem ser atribuídas ao passado? 5. As desigualdades podem ser atribuídas à classe social? 6. As desigualdades tendem a desaparecer com o avanço o da sociedade industrial, moderna ou competitiva?
Diferenças entre brancos e não brancos PNAD 1976 variáveis brancos n-brancos diferença escolaridade 4,5 2,9 1,6 score ocupacional 14,8 10,6 4,2 renda 3394 1615 1779