O ENSINO DA FLAUTA DOCE NAS AULAS DE MÚSICA NA ESCOLA Mônica Marques Resumo O presente trabalho tem por objetivo relatar a experiência em sala de aula como educadora musical. Relato aqui os desafios encontrados em sala de aula frente a uma turma de crianças do 3º ano do Ensino Fundamental de uma escola particular. Apresento nesse relato as reflexões importantes sobre a atuação do educador musical em sala de aula perante um conteúdo que é hoje obrigatório seu aprendizado, segundo a lei 11.769/2008 (estabelece a obrigatoriedade do ensino de música nas escolas de educação básica). As aulas ministradas fazem parte da experiência como professora de música ao longo do ano de 2012. As aulas ocorrem semanalmente com os alunos em horário específico oferecido pela escola, sendo uma aula de 50 minutos. A aula de música tem como objetivo oferecer aos alunos uma experiência com a aprendizagem da Flauta Doce, sendo esta um instrumento introdutório e obrigatório pela instituição, na educação musical dos alunos. Palavras chave: Educação Musical, Flauta Doce, Estágio, Professor. 1 Introdução O presente trabalho tem por objetivo relatar a experiência com as aulas práticas durante o ano de 2012 como educadora musical. As aulas ocorrem semanalmente com os alunos do 3º ano do ensino fundamental I (Colégio Objetivo de Maringá), no período vespertino incluído na matriz curricular de suas aulas habituais. O ensino da Flauta Doce tem por objetivo oferecer aos alunos uma experiência com a aprendizagem da mesma, sendo um instrumento introdutório na educação musical dos alunos, promovendo assim, a prática musical por meio de atividades de composição, execução e apreciação, proporcionando o desenvolvimento criativo em um processo contínuo de aprendizagem do instrumento, e ainda; compreender e vivenciar os parâmetros do
som (timbre, intensidade, altura e duração), conhecer os princípios básicos de leitura e escrita musical e leitura convencional e não convencional da partitura. A flauta doce é um instrumento que tem uma vocação natural para a musicalização. Seu som é suave e de fácil emissão. A digitação segue uma lógica simples e natural proporcionando resultado consistente num curto período além de ser um instrumento de baixo custo, acessível a grande parte da população. O desafio das aulas será o trabalho com um grupo de 30 crianças, que exigirá do educador um grande esforço, como também, organização e disciplina tanto por parte dele, como dos alunos, para que as aulas aconteçam de um modo que todos tenham seus objetivos alcançados. Mesmo o ensino deste instrumento sendo obrigatório na escola em questão, gosto de trabalhar com ele por acreditar que é um instrumento melódico de fácil acesso e possibilita um aprendizado de certa maneira rápido e agradável, proporcionando aos alunos a aprendizagem de um instrumento musical, com um repertório popular, utilizando cantigas conhecidas. Oferecer conhecimentos básicos de música por meio do ensino da flauta doce através de aulas coletivas e audições musicais, bem como a aplicação de técnicas de postura e concentração, favorecendo o domínio deste instrumento. Segundo Joly, o trabalho em grupo auxilia o desenvolvimento da personalidade, o respeito com o próximo, o desenvolvimento da organização, disciplina, pontualidade, sensibilidade e criatividade (Joly, 1997, p. 10). 2 A Experiência Pedagógica Escolhi o ensino da Flauta por ser um instrumento didático e por sua praticidade. Levando em consideração que cada aluno chega à aula com um conhecimento musical do senso comum, ou seja, experimentaram música de alguma maneira. Sempre procurei
conversar com os alunos buscando interagir e saber deles quais conhecimentos tem com relação à música. Em minha experiência prática entendo que as aulas são sempre uma preocupação por parte do professor, pois o mesmo precisa estar preparado para ministrar sua aula. A aula de Música já traz em seu nome um anseio grande perante o que os alunos terão diante dessa disciplina, gerando uma expectativa de como será a aula, se o professor é legal, se terão brincadeiras, se aprenderão a ler música, a escrever. Sempre vem à tona as dúvidas: o conteúdo planejado para a aula vai dar certo?; será que os alunos estão realmente interessados na aula?; estão conseguindo aprender o conteúdo planejado? Estas dúvidas sempre nos norteiam, principalmente quando o educador tem consciência de sua função como professor, tem responsabilidade com seu conteúdo a ser ministrado, com o processo de ensino/aprendizagem. Como afirma Snyders (1994 apud SMOLE, 2000, p.145) [...] o desenvolver um sentido musical é ter uma oportunidade fascinante de comunicar-se com o mundo de modo qualitativamente diferente. A importância da comunicação com o ambiente externo é fundamental para o desenvolvimento da aptidão e percepção dos sons e de seu aprendizado, pois o elemento musical não se prende ao indivíduo, mas sim a vários elementos e a um grupo. A educação musical visa desenvolver integralmente o educando do que, necessariamente ensinar um instrumento musical. Para uma educação musical melhor fundamentada e elaborada, surgiram no cenário pedagógico musical, vários músicos e educadores que, através de práticas pedagógicas inovadoras, lançam as bases de toda a educação musical moderna. Um deles é Shinichi Suzuki, que, inspirado na observação da maneira como as crianças aprendem a falar a língua materna, fez desta observação uma adaptação para o ensino da música e criou um revolucionário método de ensino que é o Método Suzuki.
A metodologia utilizada para as aulas de Flauta doce será a da imitação, como propõe o método Suzuki. No início, o estudo deverá ser informal, isto é, voltando-se a atenção para a forma da flauta, os orifícios, o bocal, o modo de segurá-la, os cuidados com ela e o modo de assoprar corretamente. A despeito do rigor dos princípios, o método Suzuki está baseado, paradoxalmente, na aprendizagem informal da língua-mãe (Fonterrada, p. 156). A prática da flauta doce deve causar prazer, para o bom aprendizado do estudante. O ambiente ideal para isso inclui amor, bons exemplos, elogios, e um determinado tempo de estudo, de acordo com o desenvolvimento do aluno. Ou seja, o ambiente musical adequado, conduzido por mestres experientes, levará o aluno a dominar o instrumento e adquirir grande habilidade para a música, com a mesma facilidade com que domina a língua materna. Na filosofia Suzuki o talento não é um acaso de nascimento, mas fruto do ambiente em que o homem vive. Começar dando às crianças o prazer de brincar com um brinquedo, deixando o espírito de divertimento levá-las pelo caminho certo (Suzuki, 1994, p.88, citado por Fonterrada, 2003, p. 161). As músicas que serão estudadas devem ser segundo o método Suzuki antes de tudo ouvidas pelos alunos, para que ao executá-las, saibam reconhecer a sua melodia, a sua harmonia e o seu ritmo. O método se desenvolve naturalmente através da repetição: aprender a tocar música ouvindo música; e utiliza a educação musical para enriquecer e melhorar a vida de seus estudantes. Ele é direcionado a crianças e consiste basicamente em brincadeiras, para que elas se divirtam enquanto aprendem. A observação visual e auditiva de modelos é preferida à explicação verbal. Depois que a criança já adquiriu as habilidades mais básicas no instrumento é que se introduz, de forma criativa e adequada à idade e maturidade de cada um, a teoria musical e a leitura. O objetivo é capacitar a criança a tocar com fluência a cada nível de
adiantamento, de forma que ela vai gostar de tocar para ela mesma e também para os outros. É necessário ter uma boa sonoridade desde o início, executar as pequenas peças fáceis de modo musical, evitando-se a repetição fria ou sem expressão. Nas aulas, após a audição da música o professor deve demonstrar na prática a maneira correta de ser tocada, servindo de exemplo para os alunos. As aulas semanais deverão sempre seguir uma ordem gradativa de evolução, sendo necessária a cada aula uma breve recapitulação do conteúdo anterior, e logo em seguida a proposta de um novo desafio para o próximo estudo da semana. As aulas em grupo oferecem a oportunidade das relações interpessoais, em que um aluno pode aprender não só com o professor, mas também com os colegas de sua turma. A afetividade que o método propõe entre professor e aluno e entre aluno e aluno, ajuda tanto no aprendizado, quanto no incentivo. O encaminhamento metodológico deu-se por meio de diferentes recursos tais como: copos, para músicas com exercícios rítmicos, por exemplo, vela para trabalhar o controle de ar alguns exercícios de imitação utilizando o corpo dentro de um repertório sugerido, utilizar partes do instrumento como recurso percussivo, entre outros. As atividades musicais foram estruturadas em quatro propostas: apreciação, percepção, execução e criação musical de acordo com o método (T)EC(L)A de Swanwick. Segundo o autor: a aprendizagem musical acontece por meio de um engajamento multifacetado: solfejando, praticando, escutando os outros (Swanwick 1994, p.7). Por meio destas aulas, espero contribuir na ampliação do conhecimento musical dos alunos, trabalhando com eles a música em grupo. A proposta do trabalho em grupo permite uma melhor interação entre os alunos, proporcionando o crescimento do grupo a partir da troca de experiências musicais.
3 Considerações Finais Hoje vejo a importância da experiência, da prática em sala de aula, pois, a cada dia que passa a sociedade exige cada vez mais de nós professores em busca de uma educação de qualidade. A Música vem sendo alvo de olhares e apontamentos, já que, enquanto um recurso educativo pode possibilitar ao docente trabalhar de forma interdisciplinar, estimulando as habilidades mentais, o desenvolvimento dos alunos e a aprendizagem de conceitos. Questiono sempre minha ação frente à turma pensando se o que foi planejado vai funcionar, se é o melhor para eles. Não faço a disciplina de Estágio supervisionado II, entretanto, participo das aulas teóricas tendo a possibilidade de avaliar minhas ações e de conhecer as dos meus colegas de turma, possibilitando a aquisição de novos conhecimentos referente à área de nossa atuação. A Música permite a construção de uma prática pedagógica diferenciada que prime pela produção do conhecimento e a aquisição de uma aprendizagem significativa (SMOLE; DINIZ, 2002). De acordo com Pimenta e Lima (2004), a aplicação teórica e prática, são objetivos do estágio. Sabe-se que teoria e pratica não podem ser separadas. Procurando que aconteça a interinfluência entre a teoria e a prática, a avaliação é o grande instrumento possibilitador desta ação, pois por meio desta podemos integrar o ensino-aprendizagem a um conjunto de ações, cujo objetivo é o ajuste e a orientação da intervenção pedagógica, para que o aluno aprenda da melhor forma, buscando obter informações sobre o que foi aprendido e a reflexão contínua do professor sobre sua prática educativa, permitindo ao aluno tomar consciência de seus avanços, dificuldades e possibilidades. Para mim, enquanto educador, o estágio II tem sido de grande valia, pois é um espaço em que tenho a oportunidade de explicitar minha prática, tudo aquilo que tenho vivenciado em sala de aula como educadora musical. Encaro o trabalho com a turma de flauta
doce, crianças entre 8 anos, como um desafio, pois estão sempre em constante transformação. Referências Bibliográficas HENTSCHKE, Liane 2003. Ensino de Música: propostas para pensar e agir em sala de aula. Sâo Paulo, São Paulo: Moderna. JOLY, Ilza Zenker Leme 1997. O coral infantil. São Paulo, São Paulo: In: SESC Canto Canção Cantoria, p.10. MATEIRO, Teresa; SOUZA, Jusamara 2006. Práticas de Ensinar Música: legislação, planejamento,observação, registro, orientação, espaços, formação. Rio Grande do Sul, Porto Alegre: Sulina. PIMENTA, Selama Garrido; LIMA, Maria Socorro L. 2004. Estágio e Docência. São Paulo, São Paulo,Cortez. SOUZA, Jusamara 2002. A experiência musical cotidiana e a pedagogia. In: SOUZA, Jusamara (org). 2002. Música, Cotidiano e Educação. Rio Grande do Sul, Porto Alegre: UFRGS. SWANWICK, Keith 2003. Ensinando Música Musicalmente. São Paulo, São Paulo: Moderna. SMOLE, Kátia Cristina Stocco; DINIZ, Maria Ignez. Comunicação em Matemática: instrumento de ensino e aprendizagem. Disponível em: <www.mathema.com.br/reflexões /comunicação_mat.html>. Acesso em: Julho 2012. FONTERRADA, Mariza Trench de Oliveira. De Tramas e Fios ZAGONEL, Bernadete. Métodos ativos de educação musical. MASCARENHAS, Mário. Minha Doce Flauta Doce. São Paulo: Irmãos Vitale,1997.