A EXPOSIÇÃO ORAL NA SALA DE AULA

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Transcrição:

A EXPOSIÇÃO ORAL NA SALA DE AULA Ana Paula Tosta Teixeira (Letras UEL) Roberta Maria Garcia Blasque (Letras UEL) Célia Dias dos Santos (UEL) Palavras-chave: exposição oral, ensino, gênero textual O interesse pelo tema exposição oral surgiu das observações e questionamentos durante os estágios em língua portuguesa realizados nos anos de 2007 e 2008 em escolas de ensino fundamental e médio da rede pública de Londrina. A preocupação em se estudar gêneros textuais no Brasil tem se expandido desde o início da década de 1990. Meurer abordou a dimensão crítica do estudo de gêneros textuais (2002). Lopes-Rossi tratou do desenvolvimento de habilidades de leitura e de produção de textos a partir de gêneros discursivos (2002). Para Marcuschi (2006 p.23) a reflexão sobre gênero textual é hoje tão relevante quanto necessária, tendo em vista ser ele tão antigo como a linguagem, já que vem essencialmente envolto em linguagem. A exposição oral deve ser tratada como objeto de ensino de expressão oral, conhecida também nas escolas como seminário, termo freqüentemente utilizado. Em alguns casos a exposição vem de uma longa tradição e é constantemente praticada, sem que, muitas vezes, o trabalho didático tenha sido efetuado e sem que a construção da linguagem expositiva seja objeto de atividades de sala de aula. Assim, a exposição permanece como uma atividade tradicional. Uma pesquisa feita com os professores de 6ª série da Suíça francófona 1 mostra que: 51% dos professores recorrem a seminários 1 As idéias aqui desenvolvidas são baseadas nos trabalhos de Dolz, Joaquim e Bernard Schneuwly. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas. Mercado de Letras, 2004.

freqüentemente e que a exposição oral figura como a 5ª entre 21 atividades propostas precedida somente pelas: -Atividades de leitura em voz alta 70% -Compreensão oral de narrativa 68% -Compreensão de instruções e de manuais de utilização 65% Além disso, a exposição é a atividade mais freqüentemente mencionada por esses mesmos professores, quando se lhes pergunta, dentre as atividades propostas, as três que lhes parecem mais úteis para desenvolver o domínio da oralidade. Percebe-se que a exposição representa um importante instrumento de transmissão de diferentes conteúdos. A exploração de fontes diversificadas de informação, a seleção das informações em função do tema e da finalidade visada e a elaboração de um esquema destinado a sustentar a apresentação oral constituem um primeiro nível de intervenção didática ligado ao conteúdo. Do ponto de vista comunicativo, a exposição permite construir e exercer o papel de especialista, e este gênero caracteriza-se por seu caráter monologal, necessitando, por parte do expositor, de um trabalho importante de planejamento, de antecipação e de consideração do auditório. Ao citar as características gerais do gênero pode-se dizer, segundo Dolz, Schneuwly et alli (2004), que a exposição é um discurso que se realiza numa situação de comunicação específica chamada de bipolar, unindo o orador ou expositor e seu auditório, assim, a exposição pode ser qualificada como um espaço-tempo de produção onde o enunciador vai ao encontro do destinatário, através de uma ação de linguagem que veicula um conteúdo referencial. Mas, se esses dois atores encontram-se reunidos nessa troca comunicativa particular que é a exposição, a assimetria de seus respectivos conhecimentos sobre o tema da exposição os separam: um representa o especialista, o outro, se caracteriza como alguém disposto a aprender algo. Então, por meio de seu discurso, o enunciador tende a reduzir a assimetria inicial de conhecimentos; no

decorrer de sua ação de linguagem, este considera o destinatário, o que imagina que ele já saiba, suas expectativas e seus interesses. É necessário conceituar exposição oral para que fique claro seus propósitos e sua estrutura, como deve ser elaborada. Para DOLZ e SCHNEUWLY et alli (2004 p.218), a exposição oral é considerada: um gênero textual público, relativamente formal e específico, no qual um expositor especialista dirige-se a um auditório, de maneira estruturada, para lhe transmitir informações, descrever-lhe ou lhe explicar alguma coisa. É importante ressaltar que a exposição constitui uma estrutura convencionalizada de aprendizagem tanto para o expositor como para o auditório, na qual um aluno, de certa maneira, assume o lugar do professor e experimenta esse mecanismo singular e único. Por isso é essencial, já que força o expositor a interrogar-se sobre a organização e a transmissão do conteúdo e conhecimento. O papel do expositor-especialista é o de transmitir um conteúdo, informar e esclarecer o ouvinte sobre um determinado tema, levando em conta o que esses já sabem, assim como suas expectativas em relação ao tema. Deve também, ao longo de sua exposição, avaliar a novidade e a dificuldade daquilo que expõe permanecendo atento aos sinais que lhe são enviados pelo auditório, e na medida do necessário reformular o modo de se expressar. Sobre a organização interna da exposição, é exigido primeiramente a triagem das informações, a reorganização dos elementos retidos e a hierarquização, ou seja, a divisão das idéias principais das secundárias. Em seguida a exposição pode ser organizada em partes e subpartes como: uma fase de abertura, uma fase de introdução ao tema, a apresentação do plano da exposição, o desenvolvimento e o encadeamento dos diferentes temas, uma fase de recapitulação e síntese, a conclusão e o encerramento.

O trabalho didático sobre o gênero exposição deve fornecer ao aluno um repertório de forma que permitam construir operações lingüísticas específicas a esse gênero de texto. No caso da exposição, pode-se citar as seguintes operações: coesão temática, que assegura a articulação das diferentes partes temáticas; sinalização do texto, que distingue, no interior das séries temáticas, as idéias principais das secundárias; introdução de exemplos para ilustrar e esclarecer o discurso e assegurar uma boa recepção do discurso pelo destinatário; reformulações a fim de esclarecer termos difíceis ou novos. O modelo didático que permite o domínio da exposição oral constitui um objeto de ensino complexo que solicita um grande número de conhecimentos práticos. A importância da exposição, em todos os aspectos, contribui para definir o domínio do gênero e deve ser trabalhada várias vezes durante a escolaridade nas suas diversas variações para que tudo seja distribuído nas diversas variações do gênero e nas diferentes séries. Para estruturar uma exposição é preciso ensinar aos alunos um planejamento coerente e explícito. Já na introdução, ensina-se aos alunos o que eles devem e não dever dizer, e esses devem selecionar em uma lista os elementos que lhes parecem mais importantes para começar a exposição. Para articular as diferentes partes de uma apresentação oral, marca-se claramente cada parte do desenvolvimento do conteúdo e essa atividade permite uma tomada de consciência do papel desempenhado por esses marcadores. Para a preparação e compreensão do conteúdo necessita-se que ele seja estudado e abordado de forma que fique bem claro, eficaz e estimulante. A exposição deverá ser ordenada em partes e subpartes, que permitam distinguir as fases sucessivas de sua construção interna. Numa perspectiva de ensino, podem-se distinguir as seguintes partes: a) Uma fase de abertura, na qual o expositor toma contato com o auditório, saúda-o. É o momento em que o expositor se define como um especialista que se dirige a seus ouvintes. Muitas vezes, ela é em

parte assegurada por uma terceira pessoa que serve de mediadora entre os atores principais. b) Uma fase de introdução ao tema, um momento de entrada no discurso. Etapa de apresentação fornece ao orador a oportunidade de legitimar as razões de suas escolhas e do ponto de vista adotado. Esse primeiro contato do expositor com o público deve mobilizar a atenção e a curiosidade dos ouvintes. c) A apresentação do plano da exposição. Esta fase cumpre a função de explicitar, tanto para o auditório quanto para o expositor, as operações de planejamento em jogo, esclarecendo, ao mesmo tempo, sobre o produto e sobre o procedimento. d) O desenvolvimento e o encadeamento dos diferentes temas. O número deve corresponder ao que foi anunciado no plano. e) Uma fase de recapitulação e síntese, importante porque permite retomar os principais pontos da exposição e porque constitui uma fase de transição entre a exposição propriamente dita e a conclusão. f) A conclusão, que transmite uma mensagem final. Pode também submeter aos ouvintes um novo problema, desencadeado pela exposição, ou, ainda, dar início a um debate. g) O encerramento. A exposição encerra-se numa última etapa que é simétrica à abertura, comportando agradecimentos ao auditório. Esta última fase também caracteriza-se por sua configuração interacional, pois nela intervêm muitas vezes a pessoa mediadora, o público etc. Para avaliar as exposições orais deve-se avaliar os problemas ligados a operações de linguagem tais como: a gestão do conteúdo informativo, sua estruturação adequada/coerente, e problemas relativos à consideração das características da interação social ou do contexto situacional. Um modo para resolver o problema da avaliação da apresentação oral é avaliar a contribuição pessoal de casa aluno, referente a um subtema desenvolvido num fragmento de exposição, para uma avaliação somatória é importante que esses critérios correspondam ao que foi objeto de ensino na seqüência ou aos objetivos didáticos relativos

ao domínio dos conhecimentos e dos conhecimentos práticos de linguagem específicos ao gênero trabalhado. A exposição permite aos alunos introduzirem-se num discurso monologal de uma certa complexidade. Pode ser produzida espontaneamente em situação, porém baseada num trabalho feito anteriormente sobre o conteúdo e numa preparação na forma da linguagem. A exposição acaba por completar o trabalho que envolve situações mais interativas como a entrevista ou o debate. Para trabalhar a exposição em sala de aula é preciso ensinar os alunos a planejar sua exposição de maneira coerente e explícita. Trata-se de sensibilizá-los para a diversidade dos marcadores de articulação que asseguram a inteligibilidade da mensagem, sustentando a coesão das estruturas do texto e a coerência temática, enriquecendo seu repertório lingüístico em termos de expressões de estruturação úteis para a exposição. Nas séries iniciais, para trabalhar a introdução, inicia-se fazendo com que os alunos escutem o início de uma exposição, oferecendo-lhe um guia de escuta contendo informações que o expositor diz ou não, e pedindo-lhes que assinalem o que ele realmente diz. Essa etapa deveria permitir aos alunos que percebessem que uma introdução visa, ao mesmo tempo, chamar a atenção do auditório e definir claramente o tema que será tratado. Uma forma de trabalhar a estruturação com os alunos seria pedirlhes que ordenassem cronologicamente as fórmulas de estruturação que lhes foram apresentadas desordenadamente. Outra forma é o trabalho com a preparação e a compreensão do conteúdo, refletindo sobre a maneira como o conteúdo poderia ser abordado de maneira eficaz e estimulante; primeiramente, no primário, todos os alunos trabalham sobre um mesmo conteúdo a partir do mesmo material, para aprender a tomar notas e produzir uma pequena exposição; no secundário, o procedimento começa pela apresentação da situação, trabalho em grupos, visando uma apropriação em partes do conteúdo, conduzido sem atividade didática sobre o gênero e finalizado por apresentações inicias que, mesmo que

fossem indicativas das necessidades de linguagem dos alunos, deveriam apresentar uma certa substância. A partir daí, seria possível trabalhar mais especificamente o gênero exposição, sobre um tema único, considerando-se que uma parte do trabalho sobre o conteúdo já tinha sido efetuada. Por último, retomada do conteúdo pelo grupo para preparar uma exposição em função das aprendizagens efetuadas. Nos dois casos, tanto no primário quanto no ensino secundário, há interação entre momentos dedicados ao trabalho sobre a forma da linguagem e momentos dedicados à pesquisa de documentação para se tornar especialista em relação aos outros alunos que formam o auditório. Por fim, é necessário expor os principais objetivos que permitem o acesso a um domínio da exposição oral, da seguinte maneira: - Tomada de consciência da situação de comunicação de uma exposição; de sua dimensão comunicativa que leva e conta o a finalidade, o destinatário etc. - Exploração das fontes de informação, utilização de documentos como gráficos, transparências, gravações etc. - Uma boa estruturação da exposição, hierarquização das idéias e planejamento. - Desenvolvimento das capacidades de exemplificação, ilustração e explicação. - Uso da reformulação a fim de esclarecer termos difíceis ou novos. - Desenvolvimento das capacidades de explicitar a estruturação da exposição, solicitada, por exemplo, no momento da apresentação do plano. - Tomada de consciência da importância da voz, do olhar e da atitude corporal, conforme já assinalou Lopes-Rossi (2002: p.26): todos os gêneros do discurso têm características típicas que incluem, entre outras, formas de linguagem adequadas e, especificamente no caso de gêneros orais, comportamento físico adequado.

- Preparação e oralização das notas. Conclui-se que a exposição oral não é um gênero de fácil ou de difícil uso, mas sim um método diferente de trabalho e avaliação que acaba por complementar outras atividades, exigindo preparação e planejamento antecipado, seguindo todos os critérios para que a apresentação seja proveitosa e clara para o expositor e seu ouvinte, pois assim ambos adquirem conhecimento e mais conceitos sobre o tema tratado.

Referências Bibliográficas DOLZ, Joaquim e SCHNEUWLY, Bernard (orgs.). Gêneros orais e escritos na escola. Campinas. Mercado de Letras, 2004. LOPES-ROSSI, Maria Aparecida Garcia (org.). Gêneros discursivos no ensino de leitura e produção de textos. Taubaté-SP: Cabral Editora e Livraria Universitária, 2002. MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros Textuais: configuração, dinamicidade e circulação. In: Gêneros Textuais: reflexões e ensino. Acei Mário Karwoski, Beatriz Gaydeczka, Karim Siebeneicher Brito (orgs.). 2.ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2006. MEURER, José Luiz, Désirée Motta-Roth (orgs.). Gêneros textuais e práticas discursivas: subsídios para o ensino da linguagem. Bauru, São Paulo: EDUSC, 2002.