ttk mii Poder Judiciário Tribunal de Justiça da Paraíba Gabinete do Des. JORGE RleE-1R0 NÓBREGA

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Transcrição:

ttk Poder Judiciário Tribunal de Justiça da Paraíba Gabinete do Des. JORGE RleE-1R0 NÓBREGA mii ACÓRDÃO EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N. 200.2005.066.816-5/001 RELATOR : Des. JORGE RIBEIRO NÓBREGA. EMBARGANTE : 614 TVP João Pessoa S/A. ADVOGADOS : Heitor Cabral da Silva e outros. 1111 EMBARGADO : Município de João Pessoa, representado por seu Prefeito Constitucional. ADVOGADOS : Yuri Aragão. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO'. - Rediscussão da matéria já enfrentada no julgado - Via eleita inadequada - Obscuridade e omissão alegadas Inexistência - Manutenção do decisum Embargos Declaratórios - Rejeitados. Os embargos de declaração têm por finalidade o esclarecimento de ponto omisso, obscuro ou contraditório no julgado, e não se prestam para rediscussão de matéria já enfrentada na decisão. Diante da inexistência de contradição ou omissão no acórdão impugnado, aliado ao fato de pretender a embargante a reforma de matéria já discutida e decidida, a rejeição dos embargos declaratórios é medida que se impõe. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Embargos de Declaração, em que figuram como partes as acima nominadas. Acordam, em Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, na conformidade do voto do relator e da súmula de julgamento de fls. 169, por votação unânime, REJEITAR OS EMBARGOS." /IP

e RELATÓRIO 2 Tratam-se de embargos declaratórios com efeitos infringentes opostos pela 614 TVP João Pessoa S/A, que entendeu haver ocorrido omissão e obscuridade no julgamento da Apelação Cível n 200.2005.066816-5/001, sendo embargado Município de João Pessoa, representado por seu Prefeito Constitucional. Alega a embargante, que a decisão recorrida foi omissa e obscura ao contrariar preceito constitucional e jurisprudencial, sob -alegação de que, "sem uma análise detalhada da natureza de cada um dos serviços prestados pela empresa embargante quais sejam, mudança de endereço, mudança de pacote, quota de instalação, serviços de instalação de ponto adicional, mudança de ponto, serviços de reconexão e locação de fibra ótica". Por fim, postulou pelo acolhimento dos embargos, para reformar o decisum. Devidamente intimado, o embargado apresentou suas contra-razões, pugnando pela manutenção da decisão(fls. 163/165). É o relatório, sucinto. VOTO: O Exmo. Des. JORGE RIBEIRO NÓBREGA (relator) A insurgência da embargante não prospera. O Acórdão embargado encontra-se suficientemente fundamentado. O que a embargante pretende na verdade é rever toda matérià, ou no mínimo, protelar o feito. Observe-se, por exemplo, que a fundamentação do acórdão teve como paradigma uma decisão em caso idêntico do STJ. De todo modo, o acórdão apresenta a seguinte ementa: "TRIBUTÁRIO - ISS - TV A CABO ou TVs POR ASSINATURA - NATUREZA DOS SERVIÇOS PRESTADOS - MU-DANÇA DE ENDEREÇO - MUDANÇA DE PACOTE(quantidade de canais à disposição do cliente) - QUOTA DE INSTALAÇÃO - SERVIÇOS DE INSTALAÇÃO DE PONTO ADICIONAL - MUDANÇA DE PONTO(no interior das dependências do cliente) - SERVIÇOS DE RECONEXÃO(religação do cliente à rede) - LOCAÇÃO DE FIBRA ÓTICA - LOCAÇÃO DE BENS MÓVEIS - INOCORRÊNCIA - HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA - LISTA DE SERVIÇOS - LEI N 116/03 - ROL TAXATIVO MAS COM INTERPRETAÇÃO AMPLA E ANALÓGICA - PROVIMENTO DO RECURSO. "1)Segundo a Lei 8.977/95 e o Decreto 2.206/97, o serviço de TV a cabo é o serviço de telecomunicações que consiste na distribuição de sinais de vídeo e/ou áudio, a assinantes, mediante transporte por meios físicos. 2. Incluem-se nesses serviços os de "interação necessária à OS"

escolha da programação e outros usos pertinentes ao serviço, que inclui a aquisição de programas pagos individualmente", a qual deve ser compreendida como sendo todo "processo de troca de sinalização, informação ou comando entre o terminal do assinante e o cabeçal", o qual ocorre eletronicamente, por meio do sistema de envio de sinais de áudio e/ou vídeo, sem que haja a necessidade de intervenção direta ou pessoal de interlocutores contratádos pela empresa prestadora, externa ao sistema. 3. A jurisprudência desta corte pacificou entendimento no sentido de não incidir o ICMS sobre o serviço de habilitação do telefone móvel celular. 4. A uniformização deu-se a partir da interpretação do disposto no art. 2, III, da LC 87/96, o qual só contempla o ICMS sobre os serviços de comunicação stricto sensu, não sendo possível, pela tipicidade fechada do direito tributário, estender-se aos serviços meramente acessórios ou preparatórios à comunicação. 5. Aplicação analógica da jurisprudência relativa ao serviço de habilitação do telefone móvel celular à hipótese dos autos, que também envolve a prestação de serviços acessórios ou preparatórios ao de comunicação via TV a cabo. 6. Incidência do ISS sobre os serviços de assistência técnica, de adesão, de instalação de equipamentos e de ponto extra, mudança na seleção de canais e habilitação de decodificador, nos termos do item 21 da lista de serviços anexa ao DL 406/68. "a interação necessária à escolha da programação e outros usos pertinentes ao serviço, que inclui a aquisição de programas pagos individualmente", deve ser compreendida como sendo todo "processo de troca de sinalização, informação ou comando entre o terminal do assinante e o cabeçal", que ocorre eletronicamente, por 110 meio do sistema de envio de sinais de áudio e/ou vídeo, sem haja a necessidade de intervenção direta ou pessoal de interlocutores contratados pela empresa prestadora, externa ao sistema. Assim, qualquer serviço que exija a interferência física ou remota (via contato telefônico ou via e-mail, por exemplo) de empregados da prestadora que se dê fora do sistema de distribuição de sinais de vídeo e/ou áudio, a assinantes, mediante transporte por meios físicos, não deve ser enquadrado no conceito de serviço de TV a Cabo, não sendo, portanto, serviço de telecomunicação strictu sensu". No corpo do acórdão tem-se o seguinte: O fato não merece maiores lucubrações, senão vejamos. 3

4 Gira a questão em torno da natureza dos serviços prestados pela empresa. São eles: 1)MUDANÇA DE ENDEREÇO; 2)MUDANÇA DE PACOTE(quantidade de canais à disposição do cliente); 3)QUOTA DE INSTALAÇÃÕ;_ 4)SERVIÇOS DE INSTALAÇÃO DE PONTO ADICIONAL; 5)MUDANÇA DE PONTO(no interior das dependências do cliente); 6)SERVIÇOS DE RECONEXÃO(religação do cliente à rede) e; 7)LOCAÇÃO DE FIBRA ÓTICA. Por outro lado, resta-nos saber se tais atividades constituem, ou não, locação de bens móveis ou se é prestação de serviços. Para efeitos tributários, 'serviço consiste no desempenho de uma atividade humana em benefício de outrem. Serviços de qualquer natureza, de acordo com o sistema tributário nacional, traduzem prestação de atividade a terceiro, em regime de direito privado, com caráter econômico' (Leonora Ferraro). O renomado doutrinador Hugo de Brito Machado, in Curso de Direito Tributário, Ed. Malheiros, 13a edição, p. 80, leciona que: 111 Se a Constituição referiu-se a um instituto, conceito ou forma de Direito privado para definir ou limitar as competências tributárias, obviamente esse elemento não pode ser alterado pela lei. Se a Constituição fala de mercadoria a definir a competência dos Estados para instituir e cobrar o ICMS, o conceito de mercadoria há de ser o existente no Direito Comercial. Admitir-se que o legislador pudesse modificá-lo seria permitir ao legislador alterar a própria Constituição Federal, modificando as competências tributárias ali definidas." E ainda: "Admitir que a lei ordinária redefina conceitos utilizados por qualquer norma da Constituição é admitir que a lei modifique a Constituição. É certo que a lei pode, e deve, reduzir a vaguidade das normas da Constituição, mas, em face da supremacia constitucional, não pode modificar o significado destas." Em síntese, há de prevalecer a definição de cada instituto, e somente a prestação de seái os, envolvido na via rf,fr."

5 direta o esforço humano, é fato gerador do tributo em comento(issqn). Prevalece a ordem natural das coisas cuja força surge insuplantável; prevalecem as balizas constitucionais e legais, a conferirem segurança às relações Estado-contribuinte; prevalece, alfim, a organicidade do próprio Direito, sem a qual tudo será possível no agasalho de interesse do Estado, embora não enquadráveis como primári9s. Ora, em se tratando de locação de bens móveis, não há dúvida, os próprios acórdãos mencionados pela autora dissecam o assunto e não deixam dúvidas, NÃO INCIDE ISSQN em tais operações(stf-re 116/121-SP; STJ-REsp n 615.161-PB), caso contrário, teremos a incidência do ISSQN. No caso em descortino, não restam dúvidas, os serviços elencados não se enquadram na definição de locação de bens móveis e sim prestação de serviços, e o faço levando-se em consideração a jurisprudência do STJ, que em caso idêntico, assim se manifestou: "TRIBUTÁRIO ICMS E ISS TV A CABO SERVIÇOS DE ADESÃO, DE HABILITAÇÃO, DE INSTALAÇÃO DE PONTO EXTRA, DE MUDANÇA DE SELEÇÃO DE CANAIS, DE INSTALAÇÃO DE EQUIPAMENTO E DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA NÃO-INCLUSÃO NO. CONCEITO DE SERVIÇO DE TELECOMUNICAÇÕES PREVISTO NA LEI 8.977/95 INCIDÊNCIA DO ISS 1. Segundo a Lei 8.977/95 e o Decreto 2.206/97, o serviço de TV a cabo é o serviço de telecomunicações que consiste na distribuição de sinais de vídeo e/ou áudio, a assinantes, mediante transporte por meios físicos. 2. Incluem-se nesses serviços os de "interação necessária à escolha da programação e outros usos pertinentes ao serviço, que inclui a aquisição de programas pagos individualmente", a qual deve ser compreendida como sendo todo "processo de troca de sinalização, informação ou comando entre o terminal do assinante e o cabeçal", o qual ocorre eletronicamente, por meio do sistema de envio de sinais de áudio e/ou vídeo, sem que haja a necessidade de intervenção direta ou pessoal de interlocutores contratados pela empresa prestadora, externa ao sistema. 3. A jurisprudência desta corte pacificou entendimento no sentido de não incidir o ICMS sobre o serviço de habilitação do telefone móvel celular. 4. A uniformização deu-se a partir da interpretação do disposto no art. 2, III, da LC 87196, o qual só contempla o ICMS sobre os serviços de comunicação stricto sensu, não sendo possível, pela tipicidade fechada do direito tributário, estender-se aos serviços meramente acessórios ou preparatórios à comunicação. 5. Aplicação analógica da jurisprudência relativa ao serviço de habilitação do telefone móvel cel lar à hi pótese dos

autos, que também envolve a prestação de serviços acessórios ou preparatórios ao de comunicação via TV a cabo. 6. Incidência do ISS sobre os serviços de assistência técnica, de adesão, de instalação de equipamentos e de ponto extra, mudança na seleção de canais e habilitação de decodificador, nos termos do item 21 da lista de serviços anexa ao DL 406/68. 7. Recurso Especial da fazenda munippal parcialmente conhecido e, no mérito, provido. 8: Recurso Especial da empresa conhecido e provido". (STJ RESP 200401767676 (710774 MG) 2a T. Rel a Min. Eliana Calmon DJU 06.03.2006 p. 00332 - Recorrente: Net Belo Horizonte Ltda. Advogado: Marcelo Braga Rios e Outros. Recorrente: Município de Belo Horizonte. Procurador: Adriana Maria de Barros Fattini e Outros. Recorrido: Estado de Minas Gerais. Procurador: Gleide Lara Meirelles Santana e Outros). Colhe-se do voto condutor, o seguinte: "A EXMA. SRA. MINISTRA ELIANA CALMON (Relator): ( ) O tema que temos para julgamento diz respeito a questionamento quanto à nãgs-incidência do imposto estadual - ICMS -, mas do tributo municipal - ISS - sobre os seguintes serviços prestados por empresa do ramo de TV a Cabo, em relação a cada qual corresponde uma contraprestação pecuniária por ela exigida: 6 1111 a) taxa de adesão, correspondente ao compromisso assumido em garantia do acesso ao serviços de TV a Cabo; (alegação constante do recurso da FAZENDA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE) b) taxa de habilitação do equipamento decodificador, correspondente ao processo realizado, de forma remota, da própria sede da empresa, no equipamento que se comunica com o aparelho instalado na residência ou estabelecimento do cliente e permite o início do acesso aos canais; (alegação constante do recurso da FAZENDA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE) c) taxa de instalação de ponto extra, para a disponibilização da programação em pontos adicionais para recepção dos sinais em mais de um aparelho de TV; (alegação constante do recurso da FAZENDA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE) d) taxa de mudança de seleção de canais: valor pago para alteração dos canais inicialmente selecionados pelo

usuário (com "up/down grade"); (alegação constante do recurso da FAZENDA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE) e) taxa de instalação de equipamentos: havendo necessidade de natureza técnica ou mediante solicitação do assinante, a empresa procede à instalação de equipamentos conversores ou decodificadores na residência ou estabelecimento do cliente, cobrando pela visita do técnico; (alem-ação constante dos recursos da FAZENDA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE e da NET BELO HORIZONTE LTDA.) f) taxa de assistência técnica: abrange diversos serviços especializados prestados de forma auxiliar ao cliente, tais como: transferência de cidade, reconexão, troca de equipamento/controle remoto danificado, visita extra, desliqamento/reliqação, transferência de titularidadez mudança de ponto dentro da residência/estabelecimento, reparo de instalação, visita improdutiva, reconexão em virtude de mudança de endereço, visita especial e instalação de ponto adicional Vírtua. (alegação constante dos recursos da FAZENDA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE e da NET BELO HORIZONTE LTDA.) 7 As operadoras de TV a Cabo prestam serviço de comunicação, propriamente dito, de transmissão de sinal de imagens e/ou áudio por via satélite ou por via de cabos. A Lei 8.977, de 6/11/95, ao dispor sobre o Serviço de TV a Cabo, estabeleceu: Art. 2 O Serviço de TV a Cabo é o serviço de telecomunicações que consiste na distribuição de sinais de vídeo e/ou áudio, a assinantes, mediante transporte por meios físicos. Parágrafo único. Incluem-se neste serviço a interação necessária à escolha de programação e outras aplicações pertinentes ao serviço, cujas condições serão definidas por regulamento do Poder Executivo. Ao regulamentar a Lei 8.977/95, assim estabeleceu o Decreto 2.206, de 14 de abril de 1997: Art 2 O Serviço de TV a Cabo é o serviço de telecomunicações, não aberto a correspondência pública, que consiste na distribuição de sinais de vídeo e/ou áudio a assinantes, mediante transporte por meios físicos. '11110A

1 Os sinais referidos neste artigo compreendem programas de vídeo e/ou áudio similares aos oferecidos por emissoras de radiodifusão, bem como de conteúdo especializado e que atendam a interesses específicos, contendo informações meteorológicas, bancárias, financeiras, culturais, de preços e outras que possam ser oferecidas aos assinantes do Serviço. Incluem-se neste Serviço a interação necessária à escolha da programação e outros usos pertinente ao Serviço, tais como aquisição de programas pagos individualmente, tanto em horário previamente programado pela operadora como em horário escolhido pelo assinante. Aplicações não compreendidas neste parágrafo constituem outros serviços de telecomunicações, podendo ser prestados, mediante outorga específica, em conformidade com a regulamentação aplicável. 2 Como interação deve ser compreendido todo processo de troca de sinalização, informação ou comando entre o terminal do assinante e o cabeçal. (grifo nosso) Da análise dos seis serviços questionados no presente recurso especial, verifico que nenhum deles se enquadra nos conceitos fornecidos pela Lei 8.977/95 e pelo Decreto 2.206/97, para que sela considerado incluído no serviço de TV a Cabo. 8 40 Isso porque, segundo o mencionado decreto, a "interação necessária à escolha da programação e outros usos pertinentes ao serviço, que inclui a aquisição de programas pagos individualmente", deve ser compreendida como sendo todo "processo de troca de sinalização, informação ou comando entre o terminal do assinante e o cabeçal", que ocorre eletronicamente, por meio do sistema de envio de sinais de áudio e/ou vídeo, sem haja a necessidade de intervenção direta ou pessoal de interlocutores contratados pela empresa prestadora, externa ao sistema. Assim, qualquer serviço que exija a interferência física ou remota (via contato telefônico ou via e-mail, por exemplo) de empregados da prestadora que se dê fora do sistema de distribuição de sinais de vídeo e/ou áudio, a assinantes, mediante transporte por meios físicos, não deve ser enquadrado no conceito de serviço de TV a Cabo, não sendo, portanto, serviço de telecomunicação strictu sensu. (--) Posteriormente esta Segunda Turma, pelo voto do Ministro Castro Meira, no Recurso Ordinário em Mandado de Segurança 11.024/RO, entendeu a habilitação do

telefone móvel celular amolda-se no conceito de serviço de telecomunicação, ditada pelo artigo 60 e 1 da Lei Geral das Telecomunicações - Lei 9.472/97, de modo a estar compatibilizada com o disposto no artigo 2, inciso III, da Lei Complementar 87/96. Dai a conclusão: incide o ICMS sobre a habilitação de telefone móvel celular. Esse julgamento deu-se em 07 de agosto de 2003. Todos os componentes da Turma i, -presentes, acompanharam o relator, estando ausente apenas o Ministro Peçanha Martins. (--.) Entretanto, a Lei 87/96 fez incidir o ICMS apenas sobre os serviços de comunicação, em cujo conceito se insiram os de telecomunicações, o que resulta na só incidência sobre os serviços de comunicação stricto sensu, o que não permite, pela tipicidade fechada do direito tributário, estende-lo a serviços de preparação como é o serviço de habilitação. Em conclusão, deixou de existir a hipótese de incidência constante da cláusula primeira do Convênio 69/98, porque os serviços ali mencionados são apenas meios de viabilidade de acesso aos serviços de comunicação. Portanto, restou afirmado pelo STJ, em interpretação ao art. 2, III, da LC 87/96, que a lei só contempla o ICMS sobre os serviços de comunicação strictu sensu, não sendo possível, pela tipicidade fechada do direito tributário, estender-se a outros serviços meramente acessórios ou preparatórios àqueles. Tal interpretação pode e deve se estender, por analogia, à hipótese dos autos, uma vez que aos serviços prestados pelas operadoras de TV a Cabo - sobre os quais incide o ICMS - agregam-se outros serviços acessórios, como os de assistência técnica, de adesão, de instalação de equipamentos, mudança na seleção de canais, habilitação de codificador e de ponto extra, que não se confundem com os de telecomunicação propriamente dito e sobre os quais deve incidir o imposto municipal - ISS, na forma do Decreto-lei 406/68, item 21 da Lista de Serviços - "Assistência Técnica"." No mesmo sentido temos: TRIBUTÁRIO. ICMS. TELEVISÃO A CABO. LEI COMPLEMENTAR 87/96, ART. 2, II. LEI 8.977/95, ARTS. 2 E 5. INCIDÊNCIA. TAXA DE ADESÃO. NÃO-INCIDÊNCIA. 1. O art. 2, III, da Lei Complementar 87/96 dispõe que o ICMS incide sobre "(...) III - pre :es onerosas de n'a 9

serviços de comunicação; por qualquer meio, inclusive a geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a retransmissão, a repetição e a ampliação de comunicação de qualquer natureza". 2. O serviço de TV a cabo consiste, por expressa disposição normativa (Lei 8.977/95, artigos 2 e 5 ), em serviço de comunicação (da espécie de "telecomunicação"), prestado por operadora, que, utilizando um conjunto de equipamentos, instalações e redes, de sua propriedade ou não, viabiliza a recepção, o processamento, a geração e a distribuição aos assinantes de programação e de sinais próprios ou de terceiros. A prestação onerosa desse serviço caracteriza hipótese de incidência do ICMS. 10 111" 1111 3. Apreciando a questão relativa à legitimidade da cobrança do ICMS sobre o procedimento de habilitação de telefonia móvel celular, ambas as Turmas integrantes da 1 a Seção firmaram entendimento no sentido da inexigibilidade do tributo, à consideração de que a atividade de habilitação não se incluía na descrição de serviço de telecomunicação constante do art. 2, III, da Lei Complementar 87196, por corresponder a "procedimento tipicamente protocolar, (...) cuja finalidade prende-se ao aspecto preparatório e estrutural da prestação do serviço", serviços "meramente acessórios ou preparatórios à comunicação propriamente dita", "meios de viabilidade ou de acesso aos serviços de comunicação" (RESP 402.047/MG, 1 a Turma, Min. Humberto Gomes de Barros, DJ de 09.12.2003 e do EDcl no AgRg no RESP 330.130/DF, 2a Turma, Min. Castro Meira, DJ de 16.11.2004). 4. Adotando-se a linha de orientação traçada nesses julgados, e diante do caráter igualmente acessório ou preparatório à prestação do serviço de telecomunicação propriamente dito de que se revestem as atividades remuneradas pela taxa de adesão da televisão a cabo, deve ser reconhecida a inexigibilidade do ICMS sobre esses valores. 5. Recursos especiais a que se nega provimento. (REsp 418.594/PR, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 17.02.2005, DJ 21.03.2005 p. 218) Pela redação do item 31, do Anexo I, da LC 02/91, o ISSQN incidirá sobre: serviços técnicos em edificações, eletrônica, eletrotécnica, mecânica, telecomunicações e congêneres. Ora, conforme bem dito no voto da Ministra, se os serviços não estão inseridos n conceito de telecomunicações propriamente dit. - po isso sobre eles 411n

não pode incidir o ICMS, concluímos que deve incidir o ISSQN, salvo se inerente e indispensável para a atividade principal de telecomunicação. Ademais, a autora não se preocupou em informar nos autos se os serviços elencados são tributados pelo ICMS, o que ensejaria a bitributação, vedada pela CF. - Feitas estas considerá 'Oes, DOU PROVIMENTO AOS RECURSOS, julgo improcedente ambas as ações, tornando sem efeito a liminar concedida na cautelar, liberando os numerários depositados na conta judicial em favor do Município de João Pessoa". De acordo com o art. 535 e incs., do Código de Processo Civil, os Embargos de Declaração só são cabíveis quando o Acórdão for eivado de obscuridade, contradição ou omissão. Pois bem. Não pode ser considerada omissa a matéria que deveria ter sido tratada à vista das circunstâncias, constou do texto da decisão. Também não há contradição, pois a decisão cameral é coerente e lógica com os próprios pressupostos, extraídos todos das regras processuais aplicáveis. Por fim, não se percebe no Acórdão qualquer obscuridade, dentro dos limites da matéria apreciada, inclusive com transcrição de decisão do STJ em caso idêntico. Outrossim, não está obrigado o acórdão a fazer detalhamento do julgamento para satisfazer a vontade da parte, conforme já decidiu o Superior Tribunal de Justiça, em aresto a seguir colacionado: "Os embargos prestam-se a esclarecer, se existentes, dúvidas, omissões ou contradições no julgado. Não para que se adeqüe a decisão ao entendimento do embargante".1.40 Ocorre que da análise da fundamentação dos Embargos Declaratórios propostos pela embargante, colhe-se-, após uma interpretação lógico-sistemática, que toda a defesa de seu recurso está fundamentada exatamente no ponto tratado e discutido no acórdão ora embargado. Portanto, não há qualquer omissão, obscuridade ou contradição na decisão embargada, não sendo possível o acolhimento dos presentes declaratórios. Ainda sobre o tema, o processualista Theotônio Negrão, in Código de Processo e Legislação processual em vigor, 32 a edição, à pág. 604, traz o seguinte julgado: "A nulidade do julgamento por omissão tem por pressuposto a necessidade de a Câmara pronunciar-se sobre o ponto. Se a fundamentação da conclusão a que chegou independe do enfrentamento 11 1 STJ, V' T., EDclagREsp 10270-DF, rel. Min. Pedro Acioli, j. 28.8.1991. DJU 23.9.1991, 13.067 Air fr. 0.101Ç Ar

I TI.,.. 12 Mais adiante, à pág. 605: dos dispositivos legais citados pela parte, inexiste omissão sanável através de embargos de declaração ".2 "É entendimento assente de nossa jurisprudência que o órgão judicial, para expressar a sua convicção, não precisa aduzir comentários sobre todos os argumentos levantados pelas partes. Sua fundamentação pode ser sucinta, pronunciando-s& ticerca do motivo, que, por si só, achou suficiente para a composição do litígio. "3 "O Juiz não está obrigado a responder todas as alegações das partes, quando já tenha encontrado motivo suficiente para fundar a decisão, nem se obriga a ater-se aos fundamentos indicados por elas e tampouco a responder um a um todos os seus argumentos. "4 Por sua vez, Nelson Nery Júnior, em Código de Processo Civil Comentado, 3a Edição, 1997, p. 784, transcreve o seguinte julgado: "Não se admite EDcl para reexame de ponto sobre o qual já houve pronunciamento no acórdão embargado."' Não se pode voltar, em sede de embargos de declaração, a questões já julgadas e óbices já superados, exceto, para sanar omissão, contradição ou dúvida no julgado, o que não é o caso dos autos. Com estas considerações, REJEITO OS EMBARGOS. É o meu voto. Presidiu o julgamento, com voto, o Luiz Silvio Ramalho Júnior. Dele participando, além do relator, o Exmo. Des. Jorge Ribeiro Nóbrega, o Exmo. Des. Abraham Lincoln da Cunha Ramos. Presente à sessão, a Exma. Dra. Maria Edligia Chaves Leite, Promotora de Justiça convocada.. Sala de Sessões da Egrégia Quarta âmara Cível do Tribunal de Justiça do atadodaparaiba,emffideoro.e007. AI, i. rio RG r IB '' IRO ),MIFGA - E,. TO - -, 2 STJ 4 turma, REsp 88.365-SP, rel. Min. Ruy Rosado, j. 14.5.96, não conheceram, v.u., DJU 17.6.96, p. 21.497. 3 STJ 1 Turma, AI 169.073 SP AgRg, rel. Min. José Delgado, J. 4.6.98, negaram provimento, v.u., DJU 17.8.98, p. 44. 4 RJTJESP 115/207. s STJ, 3* Seç., EdcIMS 301.803-DF, rel. Min. Adhemar Maciel, v.u., rj. 2.12.1993, DJU 21.2.1994, p.2090.

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