DIREITO CIVIL. PONTO 1: Teoria Geral do Direito Civil PONTO 2: Princípios éticos-juridicos PONTO 3: Personalidade Civil

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Transcrição:

1 PONTO 1: Teoria Geral do Direito Civil PONTO 2: Princípios éticos-juridicos PONTO 3: Personalidade Civil 1) Teoria Geral do Direito Civil Direito Público x Direito privado Critérios tradicionais de distinção: - natureza do interesse protegido (se o interesse for a respeito apenas das partes seria uma relação privada, se o interesse fosse na coletividade seria o direito público); - forma de relação jurídica: Podem ser de coordenação ou subordinação. Relação jurídica de coordenação significa que as pessoas estão em nível de igualdade/paridade. Seriam as relações privadas. Relação jurídica de subordinação é aquela em que um dos sujeitos se encontra numa posição de inferioridade em relação ao outro. Estas eram as situações que os particulares estabeleciam com o Estado. Essas relações ficariam a cargo do direito público. Situações atuais: - Insuficiência das distinções tradicionais (critérios tradicionais não são mais suficientes); - critérios não são absolutos (não há mais critério tão rigoroso separando o direito público e privado; - fim da dicotomia (entre os dois direitos há uma linha flexível, relação de complementariedade). Constitucionalização do direito civil/privado: - normas constitucionais incidindo sobre relações privadas; e - institutos típicos do direito privado elevados ao nível constitucional.

2 Incidiu a partir da Constituição de 1988, por ex: art. 226 1, CF direito de família regulado na CF. Também encontramos acerca da propriedade privada devendo cumprir sua função social (público se relacionando com o privado). Da mesma forma, no CC, o contrato vincula-se a sua função social (o público se relacionando com o privado). O sistema jurídico é a reunião de diversos elementos articulados em si, formando uma unidade dotada de um sentido, de uma compreensão. Esse sistema jurídico se subdivide em micro-sistemas. Nestes há estatutos próprios, legislação própria, doutrinas próprias, princípios próprios, jurisprudências próprias de cada micro-sistema. Ex: micro-sistema do direito ambiental, do consumidor, do direito de família, contratual, crimes econômicos, lei drogas, entre outros. O papel fundamental da CF porque ela dá unidade ao sistema. Ou seja, todos os micro-sistemas estão ligados à CF. Impede de serem autônomos o fato de estarem ligados à CF. Os princípios constitucionais são o fundamento do sistema, eles dão a unidade a CF. Ex: principio da dignidade da pessoa humana irradia para todas os micro-sistemas. As leis são critérios para solucionar os problemas. O fundamento são os princípios, os quais dão o fundamento material/axiológico do sistema, ou seja, são a base valorativa. 1 Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.

3 2) Princípios éticos-juridicos: Personalíssimo Ético (dignidade da pessoa humana): A dignidade da pessoa humana envolve uma ideia de relação (me relaciono com outra pessoa e reconheço o outro como um sujeito do direito, como a mim, portador de direitos). Ou seja, não posso querer fazer valer, apenas a minha vontade, liberdade, devo reconhecer que há outras pessoas com direitos. A partir dai, surge uma relação jurídica fundamental o respeito jurídico. Isso que distingue a pessoa (indica respeitar o outro nas relações concretas do cotidiano) do indivíduo (não reconhece o outro, apenas visa seu interesse e sua liberdade). Nascem dois jurídicos fundamentais dessa relação: solidariedade e da responsabilidade. A dignidade da pessoa humana é um valor que atinge a todos, pois se trata de um valor intrínseco da pessoa. A partir dessa consideração nascem os outros princípios. Autonomia Privada: Princípio importante para o direito civil. Caracteriza-se pelo poder que os particulares tem de regular das relações que participam. Poder jurídico do tutelado pelo direito de modificar, criar e extinguir as suas relações jurídicas. O particular criando regras para si. Trata-se de um espaço de liberdade para regular suas relações conforme sua vontade. Responsabilidade: Somos responsáveis pelos atos que autonomamente praticamos. Temos a situação em que temos o dever de colocar o ofendido como se não tivesse sofrido a lesão. Atualmente, também temos a responsabilidade objetiva do estado (complementariedade do público com o privado). Confiança: Elemento imaterial, espiritual. A confiança é o elemento que leva uma pessoa a estabelecer uma relação com outra pessoa. Todas as relações encontram-se na base o vinculo da confiança. Esse elemento nasce no outro sujeito. O outro cria uma expectativa que me leva a confiar nele.

4 Esse elemento é trazido para as relações jurídicas no sentido de poderemos exigir do outro a expectativa que ele gerou em mim e fez com que eu me relacionasse com ele. Boa fé: - subjetiva: diz respeito ao conhecimento de um sujeito previsto numa relação concreta especifica. Um sujeito tinha o conhecimento de estar lesando ou não a parte na relação jurídica (má-fé). Se ele sabia que aquela situação era contrária ao direito. - objetiva: estabelece um dever de agir que o sujeito tem de agir em conformidade com os padrões. Não importa a posição pessoal da pessoa, trata-se de uma regra exterior que a pessoa deve seguir. Funções da boa-fé: 1) interpretavia art. 113 2 : A relação contratual estabelecida deve ser através da lisura, respeito a lealdade, confiança que o direito veio a afirmar. 2) integrativa - art. 422 3 : Aspecto preliminar da relação contratual. O CC faz referência a boa-fé objetiva. É consolidado na doutrina e na jurisprudência, analisando que e o contrato é feito em uma série de etapas, há uma fase pré-contratual que é abrangida pelo art. 422, CC. Toda relação contratual já nasce com a boa-fé objetiva. Ou seja, criando deveres anexos as partes, por exemplo: dever de ser honesto, lealdade, correção, probidade, prestar informações. As relações contratuais em todas suas fases devem ter a lisura, honestidade vigente. 3) Limitativa art. 187: Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. 2 Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. 3 Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.

5 No exercício do meu direito devo respeitar as exigências de lisura, correição, honestidade que são limites ao direito dados pela boa-fé. Deve-se verificar dentro da finalidade do exercício do direito, quando ultrapasso os limites, exerço indevidamente um direito, tenho um ato ilícito. A doutrina majoritária menciona que o art. 187 prevê acerca do abuso de direito. a ilicitude em sentido amplo e em sentido estrito: sentido amplo ou lato sensu todo ato contrário ao direito. Ex: Ato inválido. sentido estrito ou stricto sensu - ilícito no sentido estrito. É a prevista no art. 186 do CC. Elementos desse ato: - ação humana (ação ou omissão); - culpa ( lato sensu que envolve o dolo e a negligência/imprudência/imperícia); - o dano (real - patrimonial ou moral, certo e atual Jurisprudência tem considerado os danos futuros também); - o nexo de causalidade. O ato ilícito pressupõe a imputabilidade (capaz de suportar a responsabilização). Obs: um dos elementos do ato ilícito é a culpa, porém, no caso do abuso de direito não há culpa, pois tem natureza objetiva. Assim, o abuso de direito é um ato ilícito sui generis - posição da doutrina majoritária. Por isso, alguns doutrinadores (posição minoritária) não consideram que o abuso de direito seja um ato ilícito, não previsto no art. 187, CC. Paridade. 3) Personalidade Civil: Toda pessoa é dotada de personalidade. É a aptidão reconhecida pela ordem jurídica a alguém para reconhecer direitos e obrigações qualidade intrínseca e inerente a qualquer pessoa conceito clássico.

6 É um conjunto de atributos da pessoa humana que também é tutelado pelo direito conceito mais atual. A personalidade civil começa (art. 2º 4, CC) do nascimento com vida. Também refere neste artigo a condição de nascituro e a proteção dos seus direitos. O nascituro pode ser objeto de reconhecimento voluntário de filiação, assim, como beneficiário de doação dos pais. A personalidade civil cessa com a morte. A morte pode ser em duas espécies: - morte real (atestado de óbito, corpo do sujeito indicando a causa mortis ). - morte presumida: decorre de duas outras situações: em razão da ausência (art. 6º, parte final, CC) ou sem a declaração de ausência (art. 7º, CC). Morte presumida: Art. 7º, CC Art. 7 o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. Inciso I, nos casos de catástrofes naturais ou acidentes aéreos. Casos em que se é impossível localizar o corpo da pessoa. Deve ser observado o prazo referido no parágrafo único do art. 7º, CC. A data e horário dessa morte serão fixados pelo magistrado em sua sentença. Art. 6 o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. A caracterização da ausência é fática: o sujeito desaparece e não manda notícias. Porém, a lei deve determinar a abertura da sucessão definitiva. 4 Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.

7 A preocupação do legislador foi com o patrimônio da pessoa e não com a pessoa do ausente, alegando que onde ele estiver continua sendo capaz. O problema é o patrimônio sem gerenciamento. Faz-se necessário nomear ausente, e a nomeação de curador do ausente (art. 25 5 ). Fazse um levantamento dos bens deixados pelo ausente. Após um ano da arrecadação dos bens do ausente, se faz a abertura da sucessão provisória. Dez anos após o transito em julgado dessa sentença que fez a abertura provisória dos bens do ausente, essa se converterá em definitiva. A partir desse momento, temos a morte presumida do ausente. A qualquer momento essa morte pode ser desfeita, basta que se supere a condição de ausência (ausente retorna ou manda noticias). Obs: efeitos do regresso ao ausente dependem do momento de sua regressão (art. 33 6 ou 39 7, CC). Conceito de capacidade: Distinção capacidade de direito (prevista art. 1º 8, CC, sinônimo de personalidade) e de fato/de exercício ou de agir (é a aptidão reconhecida pelo direito para o sujeito exercer, por si, os atos da vida civil. A personalidade pode ser medida, ou seja, posso graduar, há níveis, medidos através de uma régua (móvel). Há incapacidade absoluta (no nível zero) não pode praticar atos da vida 5 Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador. 6 Art. 33. O descendente, ascendente ou cônjuge que for sucessor provisório do ausente, fará seus todos os frutos e rendimentos dos bens que a este couberem; os outros sucessores, porém, deverão capitalizar metade desses frutos e rendimentos, segundo o disposto no art. 29, de acordo com o representante do Ministério Público, e prestar anualmente contas ao juiz competente. 7 Art. 39. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou algum de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os bens existentes no estado em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos bens alienados depois daquele tempo. 8 Art. 1º. Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.

8 civil. Há um nível intermediário que é dos relativamente incapazes (alguns atos da vida civil poderão praticar diretamente. Por ex: ser testemunha, fazer testamento). Ambos podem exercer seus direitos, porém, não por si, mas podem ser representados (incapacidade absoluta) ou assistidos (relativamente incapaz). E temos a capacidade absoluta alcançada com 18 anos. No tema capacidade deve-se definir ou caracterizar se a pessoa tem discernimento da sua vontade, do seu agir. Caso tenha, o sujeito é considerado capaz. Há uma presunção de capacidade. No caso do absolutamente incapaz se presume que ele não tem discernimento nenhum (zero). Assim, para protegê-lo não é dado nenhuma hipótese de praticar a vida civil. E há a fase intermediária, a pessoa tem um certo nível de discernimento, sendo relativamente incapaz. A incapacidade cessa quando termina a causa que a gerou. Nesse tipo de direito há uma confusão/identificação entre o titular do direito e o objeto. Ex: direito a honra, ao nome, imagem. Principais características dos direitos da personalidade: - Indisponíveis não é dado ao próprio titular do direito dispor desse direito. Há uma relativização dessa indisponibilidade, havendo situações em que não sendo absoluta: - quando a lei permitir (ex: quando o direito não disser respeito elemento ou a condição essencial de pessoa humana) ex: arremesso de anões; - quando houver um justificado interesse do próprio titular ou de terceiro (ex: transplante ou doação de órgãos, cirurgia); - ou quando o ato de disposição decorrer de prática socialmente aceita (ex: esportes radicais).

9 - Absolutos: os efeitos deles se irradiam perante todos erga omnes. - Extrapatrimoniais: o objetivo tutelado não é passível de quantificação econômica. Diferente do uso da imagem quanto ao aspecto econômico (ex: fotografia exposta na mídia). - Vitalícios: acompanham o sujeito desde o nascimento até a sua morte, sendo que alguns se projetam inclusive além de sua morte (parágrafo único 9, art. 12, CC). - Imprescritíveis: ninguém perde seu direito da personalidade pelo não uso. A qualquer tempo pode buscar a existência desse direito de personalidade. Não confundir com a prescrição diante da pretensão que a ofensa ao direito da personalidade pode gerar. 9 Art. 12, Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.