Pós Graduação em Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. Aula dia 20/02/2019. Sucessão.

Transcrição

1 Pós Graduação em Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. Aula dia 20/02/2019. Sucessão. Introdução. Conceito. Conjunto de normas que disciplinam a transferência do patrimônio de alguém, depois de sua morte aos herdeiros em virtude de lei ou testamento. 1 Herança é aquilo que vem em porcentagem, a título universal. Legado é um bem certo, especifico e determinado deixado para uma pessoa que não necessariamente faz parte da sucessão legitima. Espécies. Sucessão testamentária é a disposição de última vontade do testador (autor da herança) aos seus herdeiros, não necessário ser um herdeiro legítimo da ordem de vocação. Sucessão legítima hereditária, artigo CC. é aquela respeitada a ordem de vocação Sucessão a título universal ou porcentagem dos bens, sem especificar os bens. o bem não é determinado, deixa o todo 1 LOBÔ, Paulo. Disponível em: Acesso em 20 de fev. de

2 Sucessão a título singular detalhada. deixa um bem específico, de forma Transmissão da herança. A transmissão da herança se dá com a morte, princípio da Saisine, como determina o artigo CC: Art Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários. Abertura do inventário. Abertura do inventário é o ato pelo qual se formaliza a transferência da herança (propriedade), por ação de inventário ou arrolamento. Lugar da abertura do inventário. O código civil em seu artigo descreve como sendo o foro competente para abertura de inventário o último domicílio do de cujus, como segue: Art A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido. O código de processo civil é um pouco mais completo nas hipóteses de competência para propor a ação de inventário ou arrolamento, como segue: Art. 48. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro. Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é competente: I - o foro de situação dos bens imóveis; 2

3 II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes; III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio. Para fazer o inventário extrajudicial pode ser feito em qualquer cartório de notas do Brasil, não precisa seguir a regra de competência do artigo 48 do CPC. Representante no inventário. A massa dos bens deixado pelo de cujus precisa ser representada por uma pessoa, que será o inventariante. O inventariante representa o espólio do falecido e não o de cujus. Critérios para nomeação. Se o processo for consensual nomeia um dos herdeiros para ser o inventariante, contudo, se for litigioso tem uma ordem de nomeação como preceitua o artigo 617 do CPC: Art O juiz nomeará inventariante na seguinte ordem: I - o cônjuge ou companheiro sobrevivente, desde que estivesse convivendo com o outro ao tempo da morte deste; II - o herdeiro que se achar na posse e na administração do espólio, se não houver cônjuge ou companheiro sobrevivente ou se estes não puderem ser nomeados; III - qualquer herdeiro, quando nenhum deles estiver na posse e na administração do espólio; IV - o herdeiro menor, por seu representante legal; V - o testamenteiro, se lhe tiver sido confiada a administração do espólio ou se toda a herança estiver distribuída em legados; 3

4 VI - o cessionário do herdeiro ou do legatário; VII - o inventariante judicial, se houver; VIII - pessoa estranha idônea, quando não houver inventariante judicial. Parágrafo único. O inventariante, intimado da nomeação, prestará, dentro de 5 (cinco) dias, o compromisso de bem e fielmente desempenhar a função. O primeiro na ordem é o cônjuge ou convivente, indiferente do regime de bens do casamento; Não havendo cônjuge ou este não tiver interesse em ser inventariante, será o herdeiro que estiver na posse e administração do espólio; Qualquer herdeiro se não tiver os narrados acima, se tiver vários e mais de um se habilitar o juiz é quem decide; O herdeiro menor representado por sua mãe ou pai; O testamenteiro se houver testamento. Importante quando fizer testamento nomear o testamenteiro também como inventariante. Pessoa que comprou a cessão de direito do herdeiro; Inventariante judicial, é um funcionário público com esta função, em São Paulo não tem; Pessoa nomeada pelo juiz para ser inventariante, neste caso tem honorários. Em processo eletrônico não tem compromisso de bem e fielmente desempenhar sua função observado no parágrafo único do artigo 617 do CPC, só se for um processo com muito litigio o juiz chamaria ao foro para assinar. 4

5 Objeto. Os bens deixados pelo de cujus (herança) podendo ser bem móvel, imóvel, direito autoral. A herança é considerada bens imóveis enquanto não homologada a partilha, conforme preceitua o artigo 80 do CC. Após a partilha e homologação cada bem vira o que é da sua essência. Capacidade para receber a herança. Qualquer pessoa tem capacidade para receber herança, inclusive pessoa jurídica, resguardado o direito do nascituro. Primeiro se verifica se tem herdeiros vivos na época do falecimento do autor da herança, se tem nascituro, se tem herdeiros excluídos da sucessão (indignos e deserdados) e por fim renunciante da herança. A renúncia se dá sempre após a morte. Indignação quando houver homicídio, tentativa de homicídio ou calúnia contra o autor da herança. Art São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários: I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente; 5

6 II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro; III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade. Prazo decadencial de 4 anos, para um dos herdeiros propor a ação declaratória de indignidade contra o indigno, contudo, tem o Ministério Público legitimidade no caso de homicídio ou tentativa de homicídio. Os filhos do herdeiro declarado indigno recebem a herança por representação, desde que o herdeiro indigno já tenha filhos na época do óbito do autor da herança. O herdeiro declarado indigno não pode administrar o patrimônio decorrente da indignidade. Deserdação além dos casos citados no art (tentativa de homicídio e calúnia) se acrescenta abandono material com os pais enfermos mentais, injúria grave, ofensa física ou relações ilícitas com a madrasta, ou padrasto, o pai ou mãe deserda o filho/a. A deserdação é feita por testamento, pelo autor da herança (por parentes em linha reta, descendente e ascendente). O herdeiro deserdado é considerado morto e seus filhos recebem a herança por representação, contudo, é necessária ação declaratória por parte dos outros herdeiros, prazo de 4 anos da abertura do testamento. Art Além das causas mencionadas no art , autorizam a deserdação dos descendentes por seus ascendentes: I ofensa, física; II - injúria grave; III - relações ilícitas com a madrasta ou com o padrasto; 6

7 IV - desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade. No caso de homicídio não é possível fazer deserdação, assim como no caso de problemas mentais, já que não é possível fazer o testamento. Pressupostos para a transmissão da herança. Primeiro a morte do autor da herança; Que o de cujos tenha deixado bens; Sobrevivência do sucessor, o herdeiro tem que estar vivo; Fundamento jurídico, lei que fundamente a transmissão (artigos a CC e 610 e seguintes do CPC). Aceitação da herança pelos herdeiros. Aceitação da herança é a vontade do sucessor em receber a herança, uma vez aceita é irrevogável, sendo o ato jurídico pelo qual a pessoa chamada a suceder declara seu desejo de ser herdeiro e ter a herança, que pode ser de forma: Expressa de forma escrita. Tácita o herdeiro não se manifesta de forma escrita, mas começa agir de forma a demonstra que aceitou a herança, exemplo, toma posse do imóvel, pelo princípio da Saisine a aceitação no Brasil é tácita. Art A aceitação da herança, quando expressa, faz-se por declaração escrita; quando tácita, há de resultar tão-somente de atos próprios da qualidade de herdeiro. 1º Não exprimem aceitação de herança os atos oficiosos, como o funeral do finado, os meramente conservatórios, ou os de administração e guarda provisória. 7

8 2º Não importa igualmente aceitação a cessão gratuita, pura e simples, da herança, aos demais co-herdeiros. Presumida intimado o herdeiro para receber o bem e em vinte dias não se manifesta presume-se que aceitou a herança, artigo Direta está sendo recebida pelo próprio herdeiro. Indireta é recebida por alguém em nome do herdeiro, exemplo, credor, curador, tutor, representação herdeiro pré-morto. Bons estudos!!! Prof.ª. Adriana Duarrte. 8