Pós Graduação Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. Aula ministrada dia 16/05/2018. (Aula 23 de sucessão). Inventariante.

Transcrição

1 Pós Graduação Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. Aula ministrada dia 16/05/2018. (Aula 23 de sucessão). Inventariante. Destituição do inventariante. O inventariante pode ser destituído pelo juiz de ofício, a requerimento das partes ou do Ministério Público, se perder prazo para fazer as primeiras ou últimas declarações; se os bens do espólio forem deteriorados, dilapidados ou sofrerem danos por desídia do inventariante; se não der andamento regular ao processo de inventário; se não defender o espólio em ações em que for citado ou deixar de cobrar dívidas; deixar de prestar contas; sonegar bens do espólio. Quando for requerida a remoção do inventariante este terá o prazo de 15 dias para defender-se. A remoção será processada em apenso ao processo principal. O juiz pode fixar multa de até 3% do valor dos bens inventariados ao inventariante que não entregar imediatamente os bens para o novo inventariante constituído. Citações e impugnações. Só ocorre citação quando não há consenso (litigioso) ou o herdeiro não quer se manifestar e possuir patrono distinto. A fazenda pública deve ser intimada do inventário e o Ministério Público se tiver incapaz. No arrolamento não entra a fazenda pública, só no inventário. 1

2 A citação dos herdeiros e do cônjuge ou convivente será feita por AR (carta registrada), nos termos do art. 247 do CPC e deve ser acompanhada por cópia das primeiras declarações. Contudo, nas ações de família a citação deve ser pessoal para não configurar nulidade. Realizadas as citações as partes podem impugnar na declaração inicial erros, omissões e sonegação de bens; impugnar a nomeação do inventariante e contestar a qualidade de quem foi incluído como herdeiro. Sendo refutado a qualidade de herdeiro e não podendo ser provado apenas documentalmente o juiz remeterá as partes as vias ordinárias. Se no inventário pesar questão que demanda produção de prova que não documental, será as partes remetida as vias ordinárias, exemplo, o de cujus vivia em união estável de fato, neste caso há a necessidade de ser provada por ação ordinária, sendo o quinhão reservado até que seja julgada a ação ordinária. O inventariante deve informar o juiz o valor venal dos bens, apresentar certidões negativas, o artigo 629 delega esta função a Fazenda Pública, mas na pratica cabe ao inventariante. Avaliação e cálculo do imposto. Após o prazo de 15 dias de impugnação o juiz pode nomear perito para avaliar os bens do espólio se houver litígio. Em São Paulo o oficial de justiça não avalia o bem, ele faz a diligência e depois precisa ser feita a avaliação pelo perito. Se as partes concordarem e a fazenda pública também de forma expressa com os valores das primeiras declarações não se far-se-á a avaliação. As vistas que se refere o artigo 635 corresponde a processos físicos, onde as partes precisam ir até o cartório para ter acesso ao laudo de avaliação. 2

3 Após as últimas declarações têm as partes 15 dias para se manifestar, findado o prazo será calculado os impostos devidos. Em São Paulo tem multa quando ultrapassado 180 dias do óbito, neste caso, pedir para o juiz isentar da multa. Partilha. Primeira paga as dívidas e depois faz a partilha. O juiz pode por decisão fundamentada permitir que o herdeiro cujo o bem faça parte de sua cota exerça o direito de usar e fruir deste, cabendo ao herdeiro todos os ônus e bônus deste direito. Quando o de cujus deixar vários bens existe a possibilidade de fazer o inventário de um bem extrajudicialmente e os outros judicialmente, mas precisa informar o tabelião que tem mais bens a inventariar, porém, só está fazendo de um. Se for partilhar vários bens imóveis e não for deixar em condomínio buscar a maior igualdade possível quanto ao valor, natureza e qualidade. Se não for possível igualar o quinhão e os herdeiros não concordarem com o condomínio do bem, este será alienado judicialmente. Se tiver herdeiro nascituro ficará seu quinhão reservado com o inventariante até o nascimento. O inventariante apresenta o plano de partilha e o juiz manda para o partidor conferir se está tudo correto ou se precisa fazer correção. O partidor apresentada o esboço e as partes têm 15 dias para se manifestar a seu respeito. O auto de partilha precisa conter: o nome do autor da herança, do inventariante, do cônjuge ou companheiro, dos herdeiros, dos legatários e dos credores admitidos, além do ativo, passivo, do líquido partilhável e o valor de cada quinhão (fração, porcentagem e em reais). 3

4 Após o pagamento do ITCMD e a juntada de certidão negativa da fazenda o juiz julgará a partilha por sentença. Contudo, pode se requerer ao juiz que o pagamento do ITCMD seja feito quando for fazer o registro no cartório. No arrolamento é possível o juiz homologar a partilha sem pagamento do ITCMD. Após transitado em julgado a sentença requerer a expedição do formal de partilha no cartório da Vara, precisa pagar as custas novamente, em São Paulo é 10 UFESPs. Pode ser feito também no cartório de notas, porém, precisa de autorização do juiz e é um pouco mais caro. Formal de partilha é composto das seguintes peças: Termo de inventariante e título de herdeiros; Avaliação dos bens que constituíram o quinhão do herdeiro, se houver; Pagamento do quinhão hereditário Quitação dos impostos; Sentença, principalmente se for litigioso, se for acordo apresentar a homologação do acordo; Cópia da peça de abertura do inventário; Termo de inventariante ou nomeação de inventariante; As primeiras declarações; O esboço de partilha; O plano de partilha; As últimas declarações E por fim, o trânsito em julgado. O inventário não faz coisa julgada material, apenas formal. 4

5 A partilha pode ser anulada no prazo de 1 ano, quando ocorrer coação, dolo, erro essencial ou intervenção de incapaz. O prazo começa a contar de quando cessar a coação; erro e dolo do dia que o ato foi realizado, do incapaz quando cessar a incapacidade. Como a prescrição não ocorre contra menor impúbere, entende-se que o prazo da incapacidade conta quando o menor atingir 18 anos. Preterir herdeiro ocorre quando deixa de colocar algum herdeiro no inventário, exemplo, os avós morrem e tinha um filho pré-morto, que tinha filhos que herdam por representação. Quando ocorre de preterir algum herdeiro a partilha é rescindível e neste caso não tem prazo estabelecido pelo CPC, aplica-se a regra geral do artigo 205 do código civil, 10 anos. Será sempre judicial o inventário se tiver menor envolvido ou não houver consenso entre as partes. Os herdeiros, cônjuge e o inventariante que estiverem na posse dos bens da herança são obrigados a trazer ao processo de inventário os frutos que receberam desde a abertura da sucessão e terão direito ao reembolso das despesas uteis e necessárias, conforme estabelece o artigo do CC: Art Os herdeiros em posse dos bens da herança, o cônjuge sobrevivente e o inventariante são obrigados a trazer ao acervo os frutos que perceberam, desde a abertura da sucessão; têm direito ao reembolso das despesas necessárias e úteis que fizeram, e respondem pelo dano a que, por dolo ou culpa, deram causa. Bons Estudos!!! Prof.ª. Adriana Aparecida Duarte. 5