Filhos Especiais : cuidados e relações parentais na perspectiva de gênero

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Transcrição:

167 Filhos Especiais : cuidados e relações parentais na perspectiva de gênero V Mostra de Pesquisa da Pós- Graduação Apresentador: 1 Maria Aparecida Gomes de Almeida Nome do Orientador 1 :Fernanda Bittencourt Ribeiro FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS, PUCRS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS Resumo A pesquisa procura entender como se configuram as práticas cotidianas de zelo, sobrevivência e envolvimento masculino e feminino em relação a um filho (seja natural ou adotivo) que apresente necessidades especiais. Quando nos referimos a jovens ou crianças com necessidades especiais utilizamos a classificação de CAVICCHIA, in D Angelo (p.8, 1998): São crianças portadoras de quadros específicos de deficiência: autismo, mongolismo, lesão cerebral, deficiência auditiva ou visual... Atualmente, há uma forte preocupação entre educadores e especialistas em evitar o termo deficiente, substituindo-o pela expressão criança com necessidades educativas especiais, para se referir aos portadores de deficiências. Essa nomenclatura chama a atenção para as necessidades da criança portadora de disfunções ou dificuldades específicas que a impedem de aproveitar, de forma adequada, de uma educação comum. A escolha deste objeto levou em consideração a permanência na sociedade brasileira de um modelo tradicional de paternidade e maternidade convivendo com novas visões do que seja maternar e paternar atualmente, como afirma FREITAS(p.86,2008):...as conquistas do movimento feminista são facilmente observáveis com a inserção das mulheres em atividades antes reconhecidas como exclusivamente masculinas, bem como no espaço privado em que os homens compartilham com mulheres os cuidados com a casa e com os filhos. (...) A visão engessada da paternidade que impedia o homem de participar da vida doméstica passa a ser vista dentro de um contexto social que gerou modalidades diversas do ser pai, além de indicar o declínio do patriarcado e as mudanças nas relações parentais.

168 Com as mudanças dos papéis masculino e feminino as funções anteriormente destinadas ao pai de provento material e ocupação do espaço público e da mãe cuidadora, responsável pela educação dos filhos e filhas, ocupando o espaço doméstico, privado não correspondem mais ao contexto que vivemos. Maternidade e paternidade colocam-se sob novas óticas, onde funções de cuidado e atenção procuram ser compartilhadas. Com novas realidades sendo colocadas, novos conceitos emergem para tentar clarificar as novas relações, como lembra GROSSI,p 21, 2004: Hoje, parte da literatura que estuda a temática da família, da maternidade e da paternidade, trabalha com o conceito de parentalidade. Este conceito serve para explicar as mudanças ocorridas na família urbana contemporânea, famílias que cada vez mais estão adequadas ao modelo clássico de família nuclear com pai, mãe e filhos biológicos deste casal vivendo sob o mesmo teto. Em camadas médias urbanas, é muito comum termos hoje famílias recompostas, que são grupos familiares com filhos de diferentes uniões dos pais... nestas famílias recompostas, as crianças vão aprendendo a conviver com diferentes indivíduos adultos que cumprem o papel de pai ou de mãe, independentemente do vínculo biológico que tenham com elas. Como se trata de novos modelos de parentesco, ainda não existem termos consensuais para estes novos parentes. Outro fator que auxiliou na definição do objeto foi a observação empírica realizada em uma escola que atende crianças e jovens com necessidades especiais em contraposição a outra que atende alunos que não apresentam tais necessidades. Observamos que o envolvimento dos pais com relação aos cuidados cotidianos com os filhos(as) era bem menor do que o das mães, no geral, porém na escola para alunos(as) especiais essa diferença era muito maior. Foi esta circunstância que nos levou a interrogação de como estariam sendo vivenciadas as relações de parentalidade com crianças que apresentam necessidades e cuidados especiais, como pais e mães destes jovens percebem a função materna e paterna, se ocorreram mudanças no grupo familiar com a chegada de um bebê especial, quais as expectativas que se colocaram? Como se apresentam o envolvimento masculino e feminino em relação aos cuidados de um filho(a) com tais necessidades?

169 Assim temos como principal objetivo analisar as representações de maternidade e paternidade expressas por homens e mulheres cujos filhos apresentam necessidades especiais e identificar práticas de cuidado e modos de organização cotidianas para com os mesmos. Para o desenvolvimento do trabalho buscaremos contato com instituições que atuam com jovens com necessidades especiais como APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), SMED (Secretaria Municipal de Educação) que mantém escolas que atendem este público, ACM (Associação Cristã de Moços) que possui um projeto para desenvolvimento motor de jovens com deficiência. Através das instituições pretendemos chegar até as famílias destes alunos para a realização de entrevistas. A observação está prevista para situações de interação nas instituições, como festas ou atividades com a presença dos pais, ou, eventualmente, se o acesso for possível, no âmbito familiar. Consideramos importante ampliar a pesquisa para outros locais para abrirmos possibilidades de tecer outras redes e identificar diferenças conforme o modelo de família ou classe social. A proposta de estudo se justifica a partir da contribuição que possa vir a dar aos estudos de gênero associados as relações parentais com jovens que apresentam necessidades especiais, buscando a análise das representações de maternidade e paternidade. Este objeto possibilita-nos, também, a observação das divisões de tarefas nas famílias em que existam pessoas com as características descritas, oportunizandonos elementos de comparação com os parâmetros tradicionais de maternidade e paternidade com novas relações de gênero que se estabelecem no âmbito familiar, vislumbrando mudanças e permanências nas classificações dos papéis sexuais masculino e feminino, além de podermos realizar cruzamentos entre gênero e relações parentais na situação específica descrita. Destacamos, também, que o levantamento preliminar sobre o tema evidenciou lacunas em relação a abordagem pretendida por este estudo, o que reafirma nosso interesse.

170 PALAVRAS-CHAVE: família, parentalidade, maternidade, paternidade, representação, deficiência. METODOLOGIA: Para a construção do objeto e definição do problema de pesquisa iniciamos com um levantamento de artigos e livros através do Google Acadêmico, pesquisa múltipla na biblioteca da PUCRS e periódicos da CAPES. Através deste levantamento inicial, notamos que a temática era estudada não apenas pela Antropologia e Sociologia, mas pela Psicologia e a Enfermagem, levando-nos a delimitar qual o recorte teórico que destacaríamos. Consideramos que a pesquisa qualitativa é a que nos oferece melhores possibilidades de abordagem desta realidade, pois busca entender o contexto onde o fenômeno ocorre, permitindo a observação de vários elementos simultaneamente em um pequeno grupo, proporcionando um conhecimento aprofundado de um evento, possibilitando a explicação de comportamentos. Priorizaremos o trabalho de campo, a observação participante e entrevistas semi-estruturadas com os pais e mães de jovens com necessidades especiais. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA: BADINTER,E.Um é o outro, relações entre homens e mulheres.2ª ed.rio de Janeiro: Nova Fronteira.1993. BOURDIEU,Pierre. A dominação masculina. 5ª ed.rj: Bertrand Brasil, 2007. D ANGELO,Carlos.Crianças especiais: superando a diferença.bauru,sp: EDUSC,1998. FAVARO, Cleci.Mulher e família: um binômio (quase) inseparável.in: STREY, Marlene (org) Família e gênero.poa:edipurs,2007. FREITAS, Waglânia de M. F. Paternidade: responsabilidade social do homem no papel de provedor.revista de Saúde Pública,v.43(1)2009. GROSSI, Miriam Pillar. Masculinidades: uma revisão teórica.revista Antropologia em primeira mão.florianópolis,sc. V.75,2004.

171 LOURO, Guacira Lopes.Gênero, sexualidade e educação, uma perspectiva pós-estruturalista. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997. SCOTT,Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. In: Educação e realidade-v20,n.2. 1995. STREY, Marlene N. (org) Gênero e cultura: questões contemporâneas. POA, EDIPUCRS, 2004.