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Literatura CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE (1902-1987) Obras: Alguma Poesia, Brejo das Almas, Sentimento do Mundo, Rosa do Povo, Claro Enigma, Fazendeiro do Ar; Lição de Coisas, Boitempo I e II, As Impurezas do Branco, Discurso de Primavera, Corpo e Amar se aprende amando A poesia de Drummond se articula em torno dos seguintes temas: o passado o amor a solidão a solidariedade reflexões existenciais e metafísicas O passado O passado se presentifica na consciência que o evoca. Nós somos nós e a nossa memória. O poeta busca os seus mortos, a sua família, as suas raízes. Assim como em Confidência do itabirano: Alguns anos vivi em Itabira Principalmente nasci em Itabira Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro. Noventa por cento de ferro nas calçadas. Oitenta por cento de ferro nas almas (...) A vontade de amar, que me paralisa o trabalho Vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes. E o hábito de sofrer, que tanto me diverte, é doce herança itabirana. Tive ouro, tive gado, tive fazendas. Hoje sou funcionário público Itabira é apenas uma fotografia na parede Mas como dói! O amor Quando trata do amor, Drummond se faz inimitável graças à ironia, ou seja, a sua distância racional, que, apesar de tudo, se unifica com uma imensa efusão sentimental e com uma disponibilidade afetiva. Como em Quadrilha: João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém. João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história. 2

Literatura Prof. Ibirá Costa Homem do seu tempo Depois, o poeta descobre a solidariedade. O poeta se comove com a humanidade sofredora, seus ombros suportam as dores do universo, e assim, o seu coração não é maior que o mundo, é muito menor, como descobre em Sentimento do mundo e Rosa do povo: Não serei o poeta de um mundo caduco Também não cantarei o mundo futuro. Estou preso à vida e olho meus companheiros. Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças. Entre eles, considero a enorme realidade. O presente é tão grande, não nos afastemos. Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas. Solidão e desencanto Essa poesia explicitamente social acabaria cedendo lugar para uma poesia de solidão e corrosão de todos os valores, como em José: E agora, José? A festa acabou a luz apagou o povo sumiu a noite esfriou e agora, você? você que é sem nome que zomba dos outros, você que faz versos que ama, protesta? Está sem mulher, está sem discurso está sem carinho Já não pode beber, Já não pode fumar, cuspir já não pode a noite esfriou o dia não veio, o bonde não veio, o riso não veio, não veio a utopia e tudo acabou e tudo fugiu e tudo mofou www.enemquiz.com.br 3

A interrogação existencial e metafísica O questionamento existencial é a característica marcante de toda a poética drummondiana. Desde o seu primeiro poema, no primeiro livro, Poema das sete faces, já havia esta inquietação filosófica: Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Carlos, ser gauche na vida. (...) Mundo mundo vasto mundo se eu me chamasse Raimundo, seria uma rima, não seria uma solução. Mundo, mundo, vasto mundo mais vasto é o meu coração Gauche: errado, torto, desajeitado. O poeta não tem saídas, mas tampouco a vida apresenta soluções. Estamos diante de um escritor cético e desencantado. A ironia Em geral, estes temas são tratados com ironia. Nunca uma ironia cômica ou vulgar, antes uma ironia sutil, uma distância do poeta em relação à sua poesia. Mantém uma atitude de quase imperceptível humour- diante do que está escrevendo. Essa auto-ironia lhe dá uma consciência aguda de si mesmo e dos outros, e é um dos traços inconfundíveis de sua produção, como em Cidadezinha qualquer: Casas entre bananeiras Mulheres entre laranjeiras Pomar amor cantar Um homem vai devagar Um cachorro vai devagar Um burro vai devagar Devagar... as janelas olham Eta vida besta, meu Deus. A vida é feita de obstáculos, como no maravilhoso poema No meio do caminho: No meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra. Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas. Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho. 4 www.enemquiz.com.br

Literatura Prof. Ibirá Costa Bibliografia de Literatura BOSI, Alfredo História Concisa da Literatura Brasileira, 40.ª ed., S. Paulo, Cultrix, 2002. CANDIDO, Antonio Formação da Literatura Brasileira, 7.ª ed., 2 vols., Belo Horizonte / Rio de Janeiro, Itatiaia, 1993. CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira. Momentos decisivos. 10ª ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006. CARPEAUX, Otto Maria Pequena Bibliografia Crítica da Literatura Brasileira, nova ed., Rio de Janeiro, Ed. do Ouro, 1979. CASTRO, Sílvio História da Literatura Brasileira, 3 vols., Lisboa, Publicações Alfa, 1999. COUTINHO, Afrânio A Literatura no Brasil, 5ª ed.,6 vols., S. Paulo, Global, 1999. GONZAGA, Sergius Curso de Literatura Brasileira, 1ª ed, Porto Alegre, Leitura XXI, 2004. JUNQUEIRA, Ivan Escolas Literárias no Brasil, Rio de Janeiro, Academia Brasileira de Letras,2004. MOISÉS, Massaud História da Literatura Brasileira, 3 vols., S. Paulo, Cultrix, 2001. MOISÉS, Massaud A Literatura Brasileira Através dos Textos, 19.ª ed., S. Paulo, Cultrix, 1996. NICOLA, José de Painel da Literatura em Língua Portuguesa, 2ª ed, S. Paulo, Scipione, 2011. PICCHIO, Luciana Stegagno História da Literatura Brasileira, 2ª ed., Rio de Janeiro, Lacerda Editores, 2004. PROENÇA, Domício Estilos de Época na Literatura, 5.ª ed., S. Paulo, Ática, 1978. VERÍSSIMO, José História da Literatura Brasileira: de Bento Teixeira (1601) a Machado de Assis (1908), 7ª ed., Rio de Janeiro: Topbooks, 1998. Bibliografia de Música e Artes Plásticas ACQUARONE, Francisco. Mestres da Pintura no Brasil, Editora Paulo Azevedo, Rio de Janeiro, s/d. BARDI, Pietro Maria. História da Arte Brasileira, Editora Melhoramentos, São Paulo, 1975. CASTRO, Sílvio Rangel de. A Arte no Brasil: Pintura e Escultura, Leite Ribeiro, Rio de Janeiro, 1922. DAMASCENO, Athos. Artes Plásticas no Rio Grande do Sul, Editora Globo, Porto Alegre, 1971. SEVERIANO, Jairo Uma História da Música Popular Brasileira, 3ª Ed., Editora 34, 2013. www.enemquiz.com.br 5