AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL DE ATLETAS DE NATAÇÃO BRASILEIROS DE ALTO NÍVEL

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Transcrição:

AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL DE ATLETAS DE NATAÇÃO BRASILEIROS DE ALTO NÍVEL Emanuelle Sarkis Cioli 1 ; Danielle Bernardes-Amorim 2, 3, Arthur Paiva Neto 4,5 1 PIBIC/UNIVÁS; 2 UNIVÁS; 3, 5 UNINCOR; 4 USF/Bragança Paulista/SP RESUMO Este estudo teve como objetivo avaliar a composição corporal de atletas de natação de ambos os sexos, não só para conhecermos o percentual de gordura de cada um, mas para identificarmos uma média para a modalidade avaliada, criando referências na avaliação da composição corporal dos atletas de natação brasileiros. As coletas das dobras cutâneas foram realizadas com atletas de alto nível de ambos os sexos da categoria adulta de três clubes, Corinthians (São Paulo, SP); Minas Tênis Clube (Belo Horizonte, MG); e UNISANTA (Santos, SP). Os técnicos das respectivas equipes autorizaram o procedimento que foi realizado antes das sessões de treinamento. Após a coleta dos dados, calculou-se o percentual de gordura e realizou-se análise de variância e as médias dos grupos foram comparadas pelo teste Student-Newman-Kewls. As idades variaram de 17 a 21 anos e o percentual de gordura apresentou-se em valores menores para os rapazes como era de se esperar. Outro fato interessante foi que os melhores resultados estiveram para a equipe do Corinthians. São necessários, mais estudos para se afirmar quais as reais magnitudes destes dados. Porém, a partir de agora temos já como referência esses parâmetros que poderão auxiliar a se pensar melhor as estratégias de treinamento e controle ponderal para que os atletas de natação de alto nível conquistem melhores resultados. Palavras chave: Natação, composição corporal, performance. INTRODUÇÃO A natação é um esporte bastante popular e também se trata de um dos esportes que possui o conjunto de exercícios mais completo. Sua origem remonta, pelo menos, ao período das civilizações da antiguidade, como Grécia e Roma. Como modalidade esportiva de competição, a natação passou a desenvolver-se grandemente a partir do século XIX, com as primeiras competições da história sendo realizadas em Londres, com a utilização de seis raias, no ano de 1837. A partir desse momento, vários torneios passaram a ser organizados (SILVA, 1987). A natação foi incluída nos Jogos Olímpicos desde 1896, a primeira realização dos Jogos. A princípio só havia apenas uma modalidade, a de 100 metros de nado livre. Dessa época até os dias de hoje, muitas provas diversificadas de natação foram passando a ser incluídas nas Olimpíadas tais como os 400 metros de nado livre, provas de revezamento de atletas, 200 metros de nado de peito, prova dos 1.500 metros, etc. A participação olímpica feminina nas provas de natação foi inclusa a partir de 1912, nas modalidades de 100 metros de nado livre e revezamento de 4 X 100 metros de nado livre (SILVA, 1987). A natação é uma estrela desde 1896, com um crescimento acelerado no número de modalidades e mudanças no esporte. No início, os atletas nadavam em mares abertos ou mesmo em rios (rio Sena na França, em 1900) até que as primeiras piscinas foram construídas (1908). Estilos e distâncias determinam as modalidades na natação. Para ambos os sexos: 50, 100, 200 e 400 metros crawl; 100 e 200 metros costas, peito e borboleta; 200 e 400 metros medley (quatro estilos); e revezamentos 4 x 100m livre e medley. Restritos aos homens são os 1500m crawl e o revezamento 4 x 200m livre. Para mulheres, apenas os 800m de crawl. Até a regulamentação dos movimentos na água, alguns resultados curiosos aconteceram: atletas recordistas olímpicos nadaram com braçadas estilo golfinho ou submersos na prova de 200 metros peito. A modalidade específica para o nado submerso só foi disputada uma vez, em Paris no ano de 1900 (PLATONOV, 2003). Atualmente as pessoas começam cada vez mais cedo a praticar este esporte, crianças de 6 mêses de idade já podem iniciar na piscina, e cada vez mais escolas especializadas no ensino da natação são criadas, isso pela enorme divulgação dos benefícios que o esporte citado propicia ao seu praticante como melhora da composição corporal, melhora dos níveis de flexibilidade, melhora no 117

sistema cárdio-respiratório, melhora do condicionamento físico geral, melhora da disposição diária dentre outros fatores. Assistindo grandes progressos e muitas vezes incentivados pela família a continuar muitos acabam se desenvolvendo dentro da natação e preparando-se para serem atletas altamente competitivos e de alto nível. Em relação às características da composição corporal dos atletas, e nesse caso, atletas de alto rendimento em natação, são dados que podem municiar os treinadores, preparadores físicos e fisiologistas do exercício com informações relevantes quanto à qualidade do peso corporal destes. Também fornecem informações quanto às variações desta variável no decorrer de um processo de treinamento seja num determinado momento, seja durante toda uma temporada ou mesmo em toda sua vida atlética (BOUCHARD, 2003). Assim, segundo Guedes e Guedes (1998), o estudo das variáveis fisiológicas, biomecânicas e cineantropométricas, em especial o estudo da composição corporal, são essenciais como subsidio aos projetos de treinamento do desporto tanto no âmbito da preparação física como técnica ou tática. O estudo da composição corporal é o entendimento dos diversos componentes que formam o corpo, seja ele no nível atômico, molecular, celular ou tecidual (COSTA, 2001). Por meio deste conhecimento, podem-se estabelecer referências de objetivos a serem alcançados ou traçar curvas de normalidade, tanto para atletas ou casos específicos como para populações (KISS, 2003). O único método direto de avaliação da composição corporal é a dissecação de cadáveres. Sendo assim outras técnicas indiretas são realizadas em ambientes de campo e laboratoriais para obtenção de dados referentes ao peso corporal. Alguns sofisticados e caros como tomografia computadorizada, ressonância nuclear magnética e ativação de nêutrons. Outros bastante precisos e menos dispendiosos como a pesagem hidrostática, dobras cutâneas e absorciometria de dupla energia entre outros (HEYWARD, 2004). De acordo com o exposto, o objetivo do presente estudo foi avaliar a composição corporal pelo método de dobras cutâneas de atletas de natação de alto nível de ambos os sexos. DESCRIÇÃO METODOLÓGICA AMOSTRAS Para realização deste estudo foram avaliados 103 atletas de natação, de ambos os sexos, no ano de 2006, sendo considerados estes, atletas de elite (alto rendimento) da natação brasileira. Componentes das principais equipes do cenário da natação brasileira sendo elas a Unisanta (Santos- SP), Corinthians (São Paulo-SP) e Minas Tênis Clube (Belo Horizonte - MG). PROTOCOLOS UTILIZADOS Antes da coleta, o técnico esportivo de cada equipe assinou um Termo de Consentimento autorizando a utilização dos dados coletados na pesquisa. A coleta foi feita antes dos treinos em dias pré-determinados de acordo com a disponibilidade das equipes e a autorização dos técnicos; os atletas estavam trajando apenas sunga e ou (no caso das mulheres) sunkine. Foram feitas três coletas para cada variável, sendo considerado como resultado final a média das medidas. As medidas de dobras cutâneas foram realizadas sempre no hemicorpo direito e somente a autora do estudo realizou todas as medidas para que os resultados fossem fidedignos Foi observada a técnica descrita por Petroski (1999) para a padronização das medidas. Assim, em todas as coletas de dobras cutâneas, os pontos de referência anatômica foram marcados com um lápis dermográfico. Foram coletadas as seguintes dobras neste trabalho: Dobra cutânea subescapular: A coleta foi feita dois centímetros abaixo do ângulo inferior da escápula. O avaliado estava em pé, cotovelos estendidos e relaxados ao longo do corpo. O 118

avaliador posicionou-se atrás do avaliado e a dobra foi pinçada diagonalmente a partir da referência anatômica. Dobra cutânea triciptal: A dobra foi coletada na face posterior do braço, no ponto médio entre o processo acromial da escápula o processo do olecrano da ulna. O avaliado estava na mesma posição que na dobra cutânea subescapular. O avaliador posicionou-se atrás do avaliado e a dobra foi pinçada verticalmente. Dobra cutânea peitoral: Esta dobra foi medida no primeiro terço entre a linha axilar anterior e o mamilo. O avaliado estava de pé em posição ortostática. O avaliador posicionou-se ao lado direito do avaliado. A dobra foi pinçada diagonalmente de acordo com a referência anatômica. Dobra cutânea biciptal: Foi feita no ponto médio do braço, entre o processo acromial e o processo do olecrano. O avaliado estava em pé, cotovelos estendidos e relaxados e a mão em supinação. O avaliador posicionou-se em frente ao avaliado. A dobra foi pinçada verticalmente a partir da referência anatômica. Dobra cutânea média axilar: foi coletada no ponto em que coincide o nível da junção xifoesternal e a linha mediana axilar. O avaliado estava na posição ortostática, braço ligeiramente abduzido. O avaliador se colocou lateralmente junto ao avaliado. A dobra foi pinçada obliquamente acompanhando o sentido das costelas. Dobra cutânea supra-ilíaca: foi coletada na linha axilar média, acima da crista ilíaca. O avaliado ficou em posição ortostática com braços ao longo do corpo. O avaliador ficou situado lateralmente, junto ao avaliado. A prega foi feita diagonalmente seguindo a fissura do tecido, um centímetro acima da referência anatômica. Dobra cutânea abdominal: foi coletada a três centímetros da borda direita e um abaixo da cicatriz umbilical. O avaliado estava com as pernas afastadas e o peso distribuído nos membros inferiores. O avaliador posicionou-se em frente ao avaliado. Foi pinçada verticalmente com o abdome relaxado ao final da expiração. Dobra cutânea coxa medial: foi feita no ponto médio entre a dobra inguinal e a borda superior da patela. O avaliado estava em pé, com o joelho direito semi-flexionado e o peso corporal sobre o membro inferior esquerdo. O avaliador posicionou-se de frente para o avaliado. A dobra foi medida verticalmente na parte anterior da coxa. Dobra cutânea panturrilha medial: Para esta coleta a referência utilizada foi o ponto interno do maior perímetro da panturrilha. O avaliado estava sentado, quadril e joelho flexionados em um ângulo de 90 graus e com a planta do pé em contato com o solo. O avaliador posicionouse em frente ao avaliado. A dobra foi feita verticalmente na parte interna da perna. ANÁLISE DOS DADOS Após a coleta, os dados das dobras cutâneas foram utilizados para cálculo da densidade corporal e, em seguida, do percentual de gordura conforme protocolo de Jackson e Pollock (1978 citado por COSTA, 2001). Assim, para o cálculo da densidade corporal foram utilizadas sete das nove dobras cutâneas mensuradas (peitoral, média axilar, triciptal, subescapular, abdominal, supra ilíaca e coxa medial) nas seguintes fórmulas: Densidade Mulheres = 1,097- (0,00046971 x soma de sete dobras cutâneas) + (0,00000056 x soma de sete dobras cutâneas ao quadrado) - (0,00012828 x idade) Densidade Homens = 1,112 - (0,00043499 x soma de sete dobras cutâneas) + (0,00000055 x soma de sete dobras cutâneas ao quadrado) - (0,00028826 x idade) Em seguida, o percentual de gordura foi calculado utilizando-se da equação de SIRI (1961 citado por COSTA, 2001): (4,95 densidade) - 4,5 x 100. A estratégia de utilização dos índices de gordura regional foi a descrita por Silva Neto (1999), na qual o somatório das dobras subescapular, peitoral, abdominal e supra ilíaca representa a gordura regional do tronco (GRT) e o somatório das dobras cutâneas triciptal, biciptal, coxa medial e panturrilha medial representa a gordura regional dos membros (GRM). 119

Finalmente, os resultados obtidos para estas variáveis (soma das dobras cutâneas GRT, GRM e percentual de gordura) foram submetidos à análise de variância e as médias dos grupos, comparadas pelo teste Student-Newman-Kewls. DESCRIÇÃO DOS RESULTADOS Na tabela 1, podemos observar os resultados da avaliação de 103 atletas de natação de alto nível distribuídos entre os sexos masculino e feminino, contendo três equipes cada sexo. Pode-se verificar que não houve variação das idades para as equipes. Mas com relação as variáveis antropométricas, foram muitas as diferenças. Assim, a soma das dobras cutâneas das moças da equipe do Corinthians foi menor do que das moças das equipes Minas Tênis e Unisanta (&). Além disso, as moças da equipe do Corinthians apresentaram menor percentual de gordura que as moças da equipe Minas Tênis (&). Ouro dado importante é que as três equipes de rapazes apresentaram menores valores para soma das dobras cutâneas e para percentual de gordura que as três equipes de moças (#). Ainda, os rapazes das equipes Corinthians e Minas Tênis apresentaram menores valores de GRM (gordura da região dos membros) do que as três equipes de moças (#). Os rapazes das equipes Corinthians e Minas Tênis também apresentaram menores valores de soma das dobras cutâneas que os rapazes da equipe Unisanta (+) e menores valores de GRT (gordura da região do tronco) que as moças da equipe Minas Tênis ($). Já os rapazes da equipe Unisanta apresentaram maiores valores de GRM (gordura da região dos membros) que os rapazes da equipe Minas Tênis (º). Tabela 1 Idade e Composição corporal de atletas de natação de alto nível na categoria adulto. Os valores estão apresentados como média e desvio padrão da média. Soma das Percentual Sexo Equipe Idade GRT GRM nove dobras de gordura Feminino Masculino Corinthians (n=9) Minas tênis (n=16) Unisanta (n=19) Corinthians (n=11) Minas tênis (n=30) Unisanta (n=18) 18,20 1,2 17,52 1,3 21,05 2,3 20,10 2,1 19,54 2,4 20,69 2,5 98,2 30,5 38,40 11,6 119,89 54,78 36,7 & 21,9 113,52 47,82 17,5 & 8,9 51,60 19,0 55,26 12,8 55,62 7,9 16,00 3,8 19,73 5,1 & 18,54 2,3 68,50 32,50 29,40 6,80 30,1 #+ 13,8 $ 12,6 # 3,9 # 75,22 37,20 31,59 7,71 18,3 #+ 11,5 $ 7,4 # 2,4 # 84,83 38,78 20,7 # 10,7 Legenda: & P<0,05 comparando-se com as moças da equipe Corinthians; + P<0,05 comparando-se com os rapazes da equipe Unisanta; # P<0,05 comparando-se com todas as equipes femininas; $ P<0,05 comparando-se com as moças da equipe Minas Tênis; º P<0,05 comparando-se com os rapazes da equipe Minas Tênis 38,90 9,2º 9,02 2,7 # Com os dados obtidos podemos observar uma variância entre as composições corporais dos atletas dos três clubes, tanto em relação à idade quanto em relação ao sexo. 120

Analisando a composição corporal de um atleta podemos observar as alterações produzidas pelos programas de controle do peso corporal no organismo oferecendo valiosas informações quanto à eficiência de um treinamento ou possivelmente indicando reformulações em seus princípios. De acordo com a classificação de Pollock e Wilmore (1993), os rapazes encontraram-se entre bom e excelente, já as moças, estiveram entre bom, excelente e acima da média. Isto porque um dos grupos das moças (Minas Tênis) apresentou resultado diferenciado aos demais. Quando comparadas com as moças dos demais grupos, apesar de diferença não estatística, elas apresentaram maior quantidade de gordura regional do trono (GRT), enquanto que a gordura regional dos membros (GRM) esteve em valores similares. Assim, o resultado diferenciado para percentual de gordura foi obtido por essa maior quantidade gordura no tronco. Este dado é preocupante uma vez que a distribuição corporal do tecido adiposo implica em diferentes riscos para o desenvolvimento de alterações metabólicas. A gordura centralizada, mais em tronco, está claramente associada ao maior risco para diabetes, doenças cardio-vasculares e hipertensão arterial (DÂMASO, 2003). Segundo Guedes e Guedes (1998), as informações associadas à composição corporal tornamse de fundamental importância na orientação dos programas de controle do peso corporal na medida em que para acompanhamento mais criterioso quanto ao aconselhamento nutricional à prescrição de exercícios físicos, existe necessidade de se fracionar o peso corporal em seus diferentes componentes na tentativa de analisar, em detalhes, as adaptações ocorridas nas constituições de cada um desses componentes. Comparando os nadadores competitivos com os corredores competitivos de ambos os sexos em geral, os primeiros possuem níveis mais altos de gordura corporal que os corredores de longa distância. A especulação sugere que a água fria da piscina produz temperaturas centrais mais baixas que um exercício equivalente executado na terra. Uma temperatura central mais baixa pode prevenir a redução do apetite que costuma acompanhar o treinamento árduo em terra firme, apesar da demanda energética significativa do treinamento para natação (McARDLE; KATCH; KATCH, 2003). Existem evidências limitadas indicando uma ingesta energética diária semelhante para nadadores universitários (3.380 Kcal) e fundistas (3.460 Kcal), o que equilibra o dispêndio energético do treinamento. Em contrapartida, as nadadoras evidenciavam uma ingesta energética diária mais alta de 2.490 Kcal, enquanto as corredoras ingeriam em média 2.040 Kcal. Entretanto as nadadoras tinham um gasto energético que ultrapassava a ingesta energética, o que fazia com que houvesse um balanço energético levemente negativo. Assim um balanço energético positivo não explica os níveis de gordura corporal tipicamente mais altos em nadadores e nadadoras do que em corredores e corredoras (McARDLE; KATCH; KATCH, 2003). Possivelmente uma explicação alternativa sugere que a auto-seleção faz com que os indivíduos com níveis mais altos de gordura corporal venham a competir natação. A gordura corporal representa uma desvantagem para o custo energético e a tremorregulação durante o exercício com sustentação do peso corporal em terra, mas contribui muito para sua flutuação e talvez para a economia hidrodinâmica nos movimentos da natação em virtude das forças dinâmicas reduzidas. CONCLUSÃO De um modo geral, este estudo permitiu concluir que todos os rapazes apresentaram menores valores para soma das dobras cutâneas e para percentual de gordura que todas as moças. Sendo assim rapazes com menor quantidade de gordura corporal que as moças. Também permitiu concluir que todos os atletas de natação de alto nível analisados estiveram com valores de percentual de gordura adequados para a saúde corporal. No entanto, tanto entre as moças, como entre os rapazes, os melhores resultados estiveram para a equipe do Corinthians e os piores resultados foram para as moças da equipe Minas Tênis e rapazes da equipe Unisanta. Os nadadores como foi dito na discussão dos resultados geralmente tem um balanço energético levemente negativo, por isso a alimentação correta precedida muitas vezes de um acompanhamento nutricional é importantíssima na manutenção dos resultados das competições. 121

São necessários, maiores estudos para se afirmar quais as reais magnitudes destes dados. Será que a equipe do Corinthians tem se beneficiado destes resultados? Não sabemos. Porém, a partir de agora temos já como referência esses parâmetros, que até então eram desconhecidos. A partir deles e de novos estudos, poderemos pensar melhor as estratégias de montagem de treinamento e controle ponderal de atletas de natação de alto nível. REFERÊNCIAS BOUCHARD, C. Atividade física e obesidade. São Paulo: Manole, 2003 COSTA, R. F. Composição corporal: teoria e prática da avaliação. São Paulo: Manole, 2001. DÂMASO, Ana (Org). Obesidade. São Paulo: Medsi, 2003. GUEDES, D. P., GUEDES, J. E. R. P. Controle do peso corporal: composição corporal, atividade física e nutrição. Curitiba: Midiograf, 1998. HEYWARD, V. H. Avaliação Física e Prescrição de Exercícios: técnicas avançadas. 4ª edição. Porto alegre: Artmed, 2004. KISS, M. A. P. D. Esporte e exercício: avaliação e prescrição. São Paulo: Roco, 2003. MC ARDLE, W; KATCH, F.L.; KATCH, V.L. Fisiologia do exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. PETROSKI, E.L. Antropometria: técnicas e padronizações. Porto Alegre: Pallotti, 1999 PLATONOV, V. Teoria geral do treinamento desportivo olímpico. Porto Alegre: Artmed, 2003. POLLOCK, M. L.; WILMORE, J. H. Exercício na saúde e na doença. 2 ed. Rio de Janeiro: Medsi, 1993. SILVA, E. A.V. Pequena enciclopédia dos esportes: todos os esportes. Rio de Janeiro: Cátedra, 1987. TRITSCHLER, K. Medidas e avaliação em educação física de Barrow e McGuee. 5. ed. São Paulo: Manole, 2003. 122