ESTUDO SOBRE AS POSSÍVEIS CONSEQUÊNCIAS DO PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS DO FNPETI, JUNTO À ONU
I) HISTÓRICO: Estudos e deliberações da Coordinfância sobre o tema autorizações judiciais; Sistema de controle criado pelo Ministério do Trabalho através da RAIS, por meio do qual as empresas que informam dados de trabalhadores abaixo de idade permitida; Pedidos de providências formulados pelo MPT perante o CNMP e CNJ, não obstante dos resultados não serem os desejados; Resolução do CNMP, recomendando que o Membro do Ministério Público que se manifestar favoravelmente ao trabalho de crianças e adolescentes menores de 16(dezesseis) anos encaminhará, por meio eletrônico, no prazo de 05(cinco) dias, cópia do parecer, com a correta identificação dos autos do processo judicial, à Comissão para Aperfeiçoamento da Atuação do Ministério Público na Área da Infância e Juventude do CNMP;
Voto de Vista da Conselheira Morgana Richa, do CNJ, no pedido de providências formulado pelo MPT, no sentido de recomendar aos Tribunais de Justiça que adotem medidas que visem adequação das diretrizes pertinentes às atuações conjuntas consecutadas com o Ministério Público do Trabalho, objetivando, mormente, combater o trabalho infantil ; Repercussão do tema na mídia e mobilização dos órgãos e entidades após a divulgação dos dados da RAIS, apontando mais de 33 mil autorizações judiciais concedidas no período de 2005 a 2010; Debates e deliberações do Seminário Nacional sobre Trabalho Infantil, realizado no CNMP, no dia 22.08.2012; Redução do número de autorizações judiciais identificados pela RAIS de 2011, comparado com os anos anteriores;
Debates realizados no seminário sobre Trabalho Infantil,Aprendizagem e Justiça do Trabalho, realizado pelo TST, nos dias 9, 10 e 11 de outubro de 2012; Artigos publicados contra as autorizações judiciais para o trabalho de crianças e adolescentes; Resoluções de alguns Tribunais de Justiça, a exemplo do TJ-MA e do TJ-PE, recomendando a observância do Constituição Federal e do Estatuto da Criança e do Adolescente quando da apreciação dos pedidos de autorização judicial para o trabalho de crianças e adolescentes. Elaboração da minuta do Pedido de Providências. Análise e discussão na Reunião Ordinária do FNPETI, em nov. 12, ficando acertado que o MPT faria estudo sobre as consequências jurídicas e econômicas para o Brasil caso a ONU acolha eventual pedido de providências formulado pelo FNPETI no tocante ao tema em debate.
II) O ESTUDO: DESTINATÁRIOS DO PEDIDO: Comitê para os Direitos da Criança da ONU; Conselho de Direitos Humanos da ONU;
COMITÊ PARA OS DIREITOS DA CRIANÇA Competência: O Comitê sobre os Direitos das Crianças monitora a implementação da Convenção sobre os Direitos das Crianças, bem como seus dois Protocolos Facultativos, por meio do exame de relatórios periódicos encaminhados pelos Estadospartes. A Convenção tão somente prevê a sistemática dos relatórios, mediante os quais devem os estados-partes esclarecer as medidas adotadas em cumprimento à Convenção. Não há a sistemática de petições ou de comunicações interestatais. (PIOVESAN, 2008, p. 209-2010).
CONCLUSÃO: Os Estados Partes se comprometem a apresentar ao Comitê relatórios sobre as medidas que tenham adotado com vistas a tornar efetivos os direitos reconhecidos na Convenção e sobre os progressos alcançados no desempenho desses direitos. O Comitê pode examinar os relatórios apresentados pelos Estados e fazer recomendações à Assembleia Geral sobre os Estados-parte e o cumprimento à Convenção.
CONSELHO DE DIREITOS HUMANOS Competência: No tocante aos procedimentos de denúncia, a Resolução n. 5/1 permite que indivíduos e organizações possam trazer reclamações sobre violações para a apreciação do Conselho. Cria, também, dois grupos de trabalho distintos: o primeiro é o Grupo de Trabalho em Comunicações, responsável por examinar as denúncias com base nos critérios de admissibilidade previamente estabelecidos. Após análise, a denúncia será submetida ao Estado interessado para que este possa se manifestar a respeito das alegações sobre violações de direitos humanos levadas aos seu conhecimento. O segundo grupo é o Grupo de Trabalho em Situações, que, com base nas informações e recomendações fornecidas pelo Grupo de Trabalho em Comunicações, elabora relatório que será submetido ao Conselho. (GUERRA, 2011, p. 105).
POSSÍVEIS MEDIDAS ADOTADAS PELO CONSELHO: 1. Dar o caso por encerrado sem adotar medidas; 2. Manter o caso em aberto e pedir ao Estado em questão que submeta informação relevante; 3. Manter o caso em aberto e indicar um especialista independente para monitorar a situação e reportar ao Conselho; 4. Tornar o caso público; 5. Recomendar ao Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos que ofereça suporte técnico, reforço à capacidade institucional ou consultoria ao Estado em questão. (GUERRA, 2011, p. 125-126). 6. O Estado acusado deverá cooperar com o procedimento, fornecendo informações sempre que requerido.
Inovações trazidas pelo Conselho de Direitos Humanos: mecanismo de revisão periódica analisando o desempenho de cada Estado-membro no tocante à observância dos tratados internacionais de regência na área de direitos humanos a possibilidade de suspensão, pela Assembléia Geral da ONU, por um quórum qualificado de deliberação de dois terços, de qualquer membro do Conselho que pratique graves e sistemáticas violações aos direitos humanos.
CONCLUSÃO: O Conselho de Direitos Humanos da ONU é um mecanismo global não convencional de proteção aos direitos humanos. Apesar das limitações vigentes no sistema global de proteção, Flávia Piovesan ressalta a possibilidade de submeter o Estado ao monitoramento e controle da comunidade internacional, sob o risco de uma condenação política e moral no fórum da opinião pública internacional. (2008, p. 236).
III) QUESTÕES A SEREM RESOLVIDAS, FRENTE A TAL CENÁRIO: É conveniente e oportuna a medida? É eficaz? Há outras medidas? Efeito moral e político. Negação de efeito vinculante Esgotamento das instâncias nacionais Artigo CLT. ADPF. Riscos de reveses.
IV) POSSÍVEIS NOVAS ESTRATÉGIAS: Provocação dos Fóruns Estaduais junto aos TJE.s e MPEs; Realização de Audiências; Replicação de atos normativos; Comunicação de casos ao MPT;
REFERÊNCIAS: GUERRA, Sidney. Direito internacional dos direitos humanos. São Paulo: Saraiva, 2011. PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o direito constitucional internacional. 9ª ed. São Paulo: Saraiva, 2008. SANTOS, Patrícia Gonçalves. A responsabilidade internacional do Estado pela violação dos direitos humanos relacionados ao trabalho. Disponível em:<http://www.nucleotrabalhistacalvet.com.br/artigos/a%20responsabili dade%20internacional%20do%20estado%20pela%20viola%c3%a7%c3 %A3o%20dos%20Direitos%20Humanos%20Relacionaos%20aos%20Trab alho%20- %20Patr%C3%ADcia%20Gon%C3%A7alves%20dos%20Santos.pdf>. Acesso em: 03.12.12.