Inconstitucionalidades na Guerra Fiscal Andrea Calabi Secretário da Fazenda 13 de Abril de 2012
AGENDA 1. SITUAÇÃO ATUAL: GUERRA FISCAL 1.1. Antecedentes 1.2. Formas de concessão de benefícios 1.3. Modalidades de Guerra Fiscal 1.4. Consequências 2. PONTOS DE CONFLITO: 2.1. Revisão do pacto federativo 2.2. Agenda positiva paulista 2.3. Busca de uma solução para Guerra Fiscal Páginas 3 4 5-7 8-10 11 12 13-15 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS 16 2
1. GUERRA FISCAL 1.1. Antecedentes Inexistência de uma política de desenvolvimento regional mais efetiva; Política de elevados e questionáveis custos para a geração de empregos; Adoção de modalidades mais agressivas de guerra fiscal, com prejuízos as finanças de outros Estados da Federação; Insegurança jurídica dos investidores e prejuízos para o crescimento; Benefícios que favorecem as importações em detrimento da produção nacional; 3
1. GUERRA FISCAL 1.2. Formas de concessão de benefícios IPVA: Legislação exclusivamente estadual; ITCMD: Legislação exclusivamente estadual (observada a alíquota máxima determinada pela RSF n 9/1992 de 8% para este tributo em SP a alíquota é de 4%); ICMS: Devem ser observados critérios: Respeito à Constituição e a Legislação Federal : Constituição Federal, art. 155 (ex. Venda a Consumidor Final e ao CONFAZ) Lei Complementar n 24/1975 (critério de Unanimidade do CONFAZ) RSF n 22/1989 (alíquotas interestaduais de 7% e 12% entre as regiões) Lei Complementar n 87/1996 (Normatização do ICMS no âmbito federal) Critérios para Concessão de Benefícios: Legitimidade aos critérios de decisão do CONFAZ (respeito à unanimidade) Efetiva promoção do desenvolvimento regional - critérios setoriais Neutralidade às finanças dos demais entes da Federação 4
1. GUERRA FISCAL 1.3. Modalidades Originária No Estado de origem, o valor da operação é calculado normalmente (alíquota interestadual x base de cálculo), mas o valor efetivamente pago é reduzido na apuração do imposto: Crédito presumido; Benefício financeiro transmudado em benefício fiscal; Benefícios concedidos sem a aprovação do CONFAZ; O crédito destacado no documento fiscal não corresponde ao valor efetivamente pago ao Estado de origem, mas é honrado pelo Estado de destino; Em consequência, o custo do benefício concedido no Estado de origem é suportado pelo Estado de destino; 5
1. GUERRA FISCAL 1.3. Modalidades Importação O importador está situado em unidade federada que concede diferimento do ICMS incidente na operação de importação; Geralmente não há ingresso físico da mercadoria no estabelecimento do importador (em alguns casos, o importador faz o ingresso da mercadoria importada em armazém-geral); Em seguida, o importador envia a mercadoria importada ao adquirente ( real destinatário ) situado no outro Estado, destacando o ICMS devido na operação interestadual; O valor do ICMS incidente na operação interestadual não é recolhido integralmente; O adquirente, ao dar entrada da mercadoria em seu estabelecimento, escritura a totalidade do imposto destacado na nota fiscal, embora não tenha sido este o valor que foi efetivamente recolhido pelo importador; 6
1. GUERRA FISCAL 1.3. Modalidades Importação São Paulo é duplamente prejudicado em sua arrecadação: 1) transfere para outros Estados importantes fluxos de importações de grande potencial arrecadatório e; 2) os estabelecimentos paulistas deduzem do imposto a recolher créditos não integralmente pagos no Estado de origem. Comércio eletrônico (.COM ) Dinâmica dos negócios/velocidade dos costumes e hábitos x lentidão das mudanças legislativas; Protocolo 21/2011 (assinado por 20 estados) e antecedentes históricos (PEC 36/06, Proposta de Convênio CONFAZ); Atuação da OAB x Posicionamento do STF; 7
1. GUERRA FISCAL 1.4. Consequências Política de elevados e questionáveis custos para a geração de empregos; Prejuízo às Finanças Estaduais; Prejuízos ao país: Desindustrialização e desverticalização; Insegurança jurídica dos investidores e prejuízos para o crescimento (ex. Glosa de crédito e declaração de inconstitucionalidade de benefícios); Distorções nas decisões de investimento; 8
1. GUERRA FISCAL 1.4. Consequências DECISÕES DO STF (publicadas em 01/06/2011) Julgamento de 14 ADI s com declaração de inconstitucionalidade de Leis e Decretos Estaduais PR, RJ, MS, SP, PA, ES e DF que concediam benefícios na cobrança do ICMS com intenção de atrair investimentos produtivos, num duro golpe à guerra fiscal. FUNDAMENTAÇÃO: Ofensa ao Art. 155, 2, XII, g da CF que exige, relativamente ao ICMS, a celebração de convênio entre os Estados membros e o DF para concessão de isenções, incentivos e benefícios fiscais; Ofensa ao Art. 2, 2 da LC n 24/1975 que exige a decisão unânime dos estados para a concessão de benefícios fiscais; CONSEQUÊNCIAS: Consolidação do posicionamento do STF sobre o tema; Questões em aberto; 9
1. GUERRA FISCAL 1.4. Consequências DECISÕES DO STF (RE n 628075) No dia 21/10/2011, o STF reconheceu a Repercussão Geral para o julgamento de um recurso em que se debate a glosa de crédito pelos estados como resposta à prática de guerra fiscal; STATUS: Não há decisão definitiva (foi apenas reconhecida a repercussão geral); Não há data para o julgamento da ação (ainda); ESSÊNCIA DO DEBATE: Saber se os entes federados podem reciprocamente retaliarem-se por meio de sua autonomia ou se é necessária a intervenção do Judiciário para a legitimação destas medidas (checks and counterchecks); Esta Repercussão Geral foi reconhecida em virtude do intenso debate em torno da guerra fiscal e o desrespeito as decisões do STF; Decisão relevante para o destino da glosa de crédito do ICMS no país; 10
2. PONTOS DE CONFLITO 2.1. Revisão do pacto federativo PAUTA FEDERATIVA STF: FPE GUERRA FISCAL OUTROS TEMAS: ROYALTIES Dívidas Alíquotas de ICMS (interestaduais, importações e comércio eletrônico) Compensação de exportações Unanimidade no CONFAZ 11
2. PONTOS DE CONFLITO 2.2. Agenda positiva Paulista Passado Convalidação é inconstitucional Solução Jurídica Viável Parecer PGFN Posição STF Revogação dos Benefícios Irregulares + Convênio CONFAZ Remissão e Anistia Futuro Critérios acordados para a instituição ou reinstituição dos benefícios fiscais Efetiva aplicação de uma política de desenvolvimento regional Pelo CONFAZ Respeitando a regra da unanimidade Benefícios neutros - industriais vs benefícios comerciais e/ou de importação Responsabilidade da União 12
2. PONTOS DE CONFLITO 2.3. Busca de uma solução para Guerra Fiscal Proposta de Convênio da reunião do CONFAZ Cuiabá/MT: Objetivos do convênio: Suspensão da exigibilidade e posterior remissão e anistia dos créditos tributários referentes aos benefícios irregulares, conforme cronograma, para inibir novos benefícios: Integral, na origem; Integral ou parcial, no destino, em função: Tipo de benefício e atividade abrangida (industrial, comercial, importação, etc); Geração de crédito acumulado. Estados devem dar publicidade aos benefícios concedidos (apenas os benefícios depositados e registrados no Confaz serão convalidados e poderão ser renovados); 13
2. PONTOS DE CONFLITO 2.3. Busca de uma solução para Guerra Fiscal Proposta de Convênio da reunião do CONFAZ Cuiabá/MT: (continuação) Possibilidade de renovação dos benefícios, desde que: O prazo de fruição seja limitado conforme a destinação do benefício (industrial, agropecuária, infraestrutura, demais); A transmissão do crédito em operação interestadual seja limitada para reduzir os efeitos no Estado de destino; Possibilidade de adesão dos demais Estados a benefícios renovados por outros Estados; Eficácia do convênio é condicionada a: Criação, pela União, do Fundo de Desenvolvimento Regional e do Fundo de Ressarcimento de Perdas de Receitas (pelas alterações promovidas pelo convênio e pela redução das alíquotas interestaduais); Alteração das alíquotas interestaduais de ICMS (conforme cronograma, tendendo à uniformização em 4% a partir de 2020). 14
2. PONTOS DE CONFLITO 2.3. Busca de uma solução para Guerra Fiscal Período Operações entre as Sul e Sudeste e às Regiões Norte, Período Demais casos Nordeste e Centro- Oeste e ao Estado do Espírito Santo Operações entre as Sul e Sudeste e às Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e ao Estado do Espírito Santo 2013 6% 11% 2014 5% 10% 2015 5% 9% 2016 4% 8% 2017 4% 7% 2018 4% 6% 2019 4% 5% 2020 4% 4% Demais casos 2013 6% 11% 2014 5% 10% 2015 5% 9% 2016 4% 8% 2017 4% 7% 2018 4% 6% 2019 4% 5% 2020 4% 4% 15
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS PRINCIPAIS DESAFIOS DO ATUAL SISTEMA TRIBUTÁRIO: Complexidade do sistema tributário, com elevados custos para o cumprimento de obrigações tributárias; Revisão do pacto federativo, considerando obrigações constitucionais e fontes de recursos; Momento é oportuno e exige discussão por uma Reforma Tributária mais ampla e racional (busca de novo Pacto Federativo); Estados devem ceder mutuamente em busca de um ambiente que proporcione desenvolvimento e redução das desigualdades, sem práticas predatórias- Solidariedade Nacional; Governo Federal pode atuar de maneira clara na busca de convergências para os problemas dos estados. 16
OBRIGADO