ÓLEO DE COPAÍBA: CARACTERÍSTICAS FARMACOLÓGICAS E ATIVIDADE ANTIINFLAMATÓRIA

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Transcrição:

ÓLEO DE COPAÍBA: CARACTERÍSTICAS FARMACOLÓGICAS E ATIVIDADE ANTIINFLAMATÓRIA PARENTE, Leila Maria Leal 1, BRITO, Luiz Augusto Batista 2, ALVES, Elson Costa 3, PAULA, José Realino 4, JUNQUEIRA-KIPNIS, Ana Paula 5, LINO JÚNIOR, Ruy de Souza 6, PAULO, Neusa Margarida 7. 1- Doutoranda do Curso de Pós-graduação em Ciência Animal, EV/UFG, lahosvet@hotmail.com 2- Professor de Patologia, Departamento de Medicina Veterinária, EV/UFG. 3- Professor de Farmacologia, Laboratório de Produtos Naturais, ICB/UFG. 4- Professor de Farmacologia, Laboratório de Farmacognosia, FF/ UFG. 5- Professora de Imunologia, Departamento de Imunologia,IPTSP/UFG. 6- Professor de Patologia, Departamento de Patologia, IPTSP/UFG. 7- Professora de Cirurgia Veterinária, Departamento de Medicina Veterinária, EV/UFG. RESUMO As copaíbas pertencem ao gênero Copaifera L., à família Leguminosae Juss. (subfamília Caesalpinoideae Kunth). Das copaíbas é extraído um óleo, o óleo de copaíba, que é um material resinoso amplamente utilizado na medicina popular, cujos princípios ativos admite-se que sejam os óleos voláteis (principalmente compostos por sesquiterpenos) e diterpenos. Á esse óleo são atribuídas muitas propriedades medicinais, como estimulante, diurética, laxativa, expectorante, cicatrizante, anti-reumática, antiinflamatória e anticancerígena. A maioria dos trabalhos da literatura sobre o composto extraído dessa espécie vegetal destaca sua atividade antiinflamatória. Essa revisão de literatura foi feita para reunir dados sobre a espécie vegetal e o processo inflamatório, no sentido de tentar justificar o uso popular do óleo da planta como antiinflamatório, e propor possíveis mecanismos de ação para explicar os resultados já relatados. PALAVRAS-CHAVE: óleo de copaíba, inflamação, mecanismo de ação. 1- Introdução As copaíbas pertencem ao gênero Copaifera L. O gênero Copaifera possui 72 espécies. Das copaíbas é extraído um óleo, o óleo de copaíba, que é um material resinoso amplamente utilizado na medicina popular. Muitas propriedades medicinais são atribuídas a esse óleo e dentre elas, ação estimulante, diurética, laxativa, expectorante, cicatrizante, antitetânica, antihemorrágica, anti-reumática, antiinflamatória, antiulcerogênica, anti-séptica do aparelho urinário, anticancerígena, cicatrizante e larvicida. A maior parte dos estudos sobre essa espécie vegetal destaca sua atividade antiinflamatória (PIO CORRÊA, 1984; ALONSO, 1998; MACIEL et al., 2002; VEIGA Jr. & PINTO, 2002; DI STASI & LIMA, 2003; MENDONÇA et al., 2005). A aplicação tópica de substâncias alternativas em feridas de animais tem sido relatada, merecendo

destaque o óleo de copaíba (Copaifera L.) (BARBUDO et al., 2001). O objetivo dessa revisão de literatura foi reunir dados sobre esta espécie vegetal, bem como propor mecanismos de ação que pudessem relacionar os princípios ativos encontrados no óleo de copaíba com a atividade antiinflamatória referenciada. 2 Composição química do óleo de copaíba O óleo de copaíba é uma resina formada por ácidos resinosos e substâncias voláteis (óleos voláteis), encontrada em canais secretores localizados em todas as partes da planta. Esse óleo é formado por uma grande quantidade de óleos voláteis (30 a 90%), que são compostos basicamente por sesquiterpenos e são também encontrados diterpenos, constituídos principalmente pelo ácido kaurenóico e ácido polialtico e ácido copálico. Apresenta ainda, uma parte resinosa constituída por ácido copálico, ésteres e resinóides. Estudos fitoquímicos recentes mostram que o ácido copálico foi encontrado em todos os óleos de copaíba até hoje estudados, podendo ser usado como um biomarcador para a autentificação desses produtos. (ROBBERS et al., 1997; ALONSO, 1998; TESKE & TRENTINI, 2001; VEIGA Jr. & PINTO, 2002; PAIVA et al., 2003; PLOWDEN, 2004). 3- Modelos utilizados na avaliação da atividade antiinflamatória do óleo de copaíba. No modelo da inibição do edema de pata induzida por carregenina em camundongos, o óleo de copaíba (Copaifera multijuga) coletado em diferentes épocas do ano inibiu o edema formado. Essa atividade foi dose dependente. A metodologia de inibição do granuloma induzido por Cotton-Pellet em ratos foi utilizada para testar a atividade do composto sobre a inflamação crônica. Exames histopatológicos foram realizados para avaliar a formação do granuloma. O óleo administrado por via oral, inibiu a formação do granuloma. Essa atividade foi comparada a da fenilbutazona, porém foi menor que a da dexametazona (ALONSO, 1998; MACIEL et al., 2002). Através do modelo de peritonite induzida em camundongos, a atividade antiinflamatória dos óleos das espécies Copaifera multijuga, Copaifera cearensis e Copaifera reticulata foi testada. Nesse modelo, a peritonite foi induzida pela administração intraperitoneal de carragenina e de LPS (lipopolissacarídeo extraído de E.coli) em animais pré-tratados. Nenhum dos óleos testados inibiu o extravasamento de proteínas plasmáticas e a migração celular. Na peritonite induzida LPS ou estímulo alérgico (ovoalbumina em animais previamente sensibilizados), apenas o óleo de Copaifera reticulata inibiu significativamente a migração de eosinófilos (VEIGA Jr. & PINTO, 2002; LAPA et al., 2003). PAIVA et al. (1998) estudaram o efeito gastroprotetor do óleo de copaíba da espécie Copaifera Langsdorffii, coletado no estado do Ceará, em úlceras gástricas induzidas experimentalmente em ratos pelo efeito do etanol, do estresse e de medicamentos. Foi observado um efeito gastroprotetor exercido pelo composto (400 mg/kg, v.o.), o qual atuou diminuindo as lesões gástricas, aumentando a secreção do muco gástrico e diminuindo a acidez gástrica total. Em um outro estudo realizado por PAIVA et al. (2003), a metodologia da colite

induzida por ácido acético em ratos, foi utilizada para testar o efeito gastroprotetor do ácido kaurenóico, um diterpeno isolado do óleo da Copaifera langasdorffi originado o estado do Ceará. Os resultados indicaram que o ácido kaurenóico apresentou atividade protetora contra a colite induzida, diminuiu a intensidade da infiltração das células inflamatórias (principalmente dos neutrófilos) e diminuiu o edema de submucosa formado. No modelo de avaliação da permeabilidade vascular pela ação da histamina em camundongos, foram administrados a histamina e o azul de Evans, por via intramuscular. O óleo diminuiu a intensidade da cor no sobrenadante, indicando que inibiu a permeabilidade vascular mediada pela histamina (ALONSO, 1998). 4- Prováveis mecanismos de ação do óleo de copaíba. O óleo de copaíba inibiu o edema formado pela carragenina. A carragenina induziu a um aumento agudo e progressivo de volume da pata, sendo o edema formado proporcional à intensidade da resposta inflamatória. Dessa forma, pode-se supor que o composto tenha inibido as substâncias responsáveis pela vasodilatação e/ou permeabilidade vascular, como o PAF e/ou sistema de citocinas, as quais influenciam diretamente na produção de prostaglandinas, pela metabolização do ácido araquidônico através da via da ciclooxigenase (ALONSO, 1998; LAPA et al., 2003). Os resultados indicaram que o óleo de copaíba inibiu a formação do granuloma e esse efeito foi semelhante ao observado com a fenilbutazona, porém foi menor que o da dexametazona. A fenilbutazona atua inibindo a síntese das prostaglandinas. Como o óleo apresentou efeito semelhante ao da fenilbutazona, esse fato pode indicar que o composto possa ter atuado principalmente sobre o sistema das citocinas e/ou PAF, responsáveis pela síntese das prostaglandinas (ALONSO, 1998; TIZARD, 2004). O óleo da Copaifera reticulata inibiu de forma significativa a migração de eosinófilos para o local da inflamação. Esses tipos celulares podem ser atraídos por fatores quimioatraentes ou quimiotáticos de eosinófilos, que são principalmente os leucotrienos, a histamina e o PAF. Dessa forma, supõe-se que o composto tenha inibido a ação da histamina e poderia ter exercido também efeito sobre o sistema de citocinas e/ou sistema complemento (LEME et al., 2001; TIZARD, 2004; VEIGA Jr. & PINTO, 2002; LAPA et al., 2003). Na colite induzida por ácido acético, o processo inflamatório ocorre principalmente devido aos metabólitos do ácido araquidônico e das aminas vasoativas (histamina e serotonina) e as espécies reativas do oxigênio. O ácido kaurenóico do óleo de copaíba atuou diminuindo ou prevenido a colite. Dessa forma, supõe-se que esse efeito possa ser devido, pelo menos em parte, a atividade antioxidante e anti-lipoperoxidativa do composto. Esse pode atuar ainda, inibindo a permeabilidade vascular induzida pela histamina, talvez por seu efeito sobre o sistema complemento ou o sistema das cininas. E mais, pode apresentar atividade sobre o sistema de citocinas e o PAF, responsáveis pela síntese dos metabólitos do ácido araquidônico. (LAPA et al., 1998; LAPA et al., 2003; PAIVA et al., 1998; PAIVA et al.,2003)

O óleo de copaíba atuou diminuindo a permeabilidade vascular mediada pela histamina. A histamina pode atuar relaxando o músculo liso de metarteríolas, arteríolas, esfíncteres pré-capilares, bem como contraindo as células endoteliais das vênulas pós-capilares, separando suas membranas basais umas das outras. Dessa forma, pode-se sugerir que o óleo atue diminuindo a permeabilidade vascular induzida pela histamina e possa atuar sobre o sistema complemento e/ou sistema das cininas (ALONSO, 1998; LEME et al., 2001; LAPA et al., 2003). 3 Considerações Finais Embora existam dificuldades na identificação e variações na composição química do óleo de copaíba, esse apresentou atividade antiinflamatória evidenciada por diferentes metodologias, efeitos que permitiram validar as principais atividades atribuídas ao óleo pela medicina popular. O óleo volátil, constituído principalmente por sesquiterpenos, bem como os diterpenos podem ser considerados seus princípios ativos. Embora o mecanismo de ação responsável pelo efeito antiinflamatório não tenha sido ainda elucidado, através dos resultados obtidos na literatura, pode-se propor que o composto atue sobre os mediadores que promovam o aumento da permeabilidade vascular, como a histamina, bem como outras substâncias que atuam na sua liberação (sistema complemento e sistema das cininas), e em mediadores que promovam a vasodilatação, como as prostaglandinas e substâncias que atuam em sua produção (sistema de citocinas e PAF). Dessa forma, sugere-se que o composto apresente atividade principalmente sobre a fase vascular do processo inflamatório. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALONSO, J. R. Tratado de Fitomedicina. Buenos Aires: Isis Ediciones, 1998, 1038 p. BARBUDO, G. R.; BELETTI, M. E.; EURIDES, D.; SELMI, A. L. Reparação de feridas cutâneas de roedores da espécie Calomys callosus, tratadas com hidrocarboneto alifático: aspectos morfométricos, morfológicos e histológicos. Brazilian Journal Veterinary Research and Animal Science, v.38, n.2, p.62-65, 2001. DI STASI, L.C.; LIMA, C.A.H. Plantas medicinais da Amazônia e na Mata Atlântica. São Paulo: Editora UNESP, 2003, 604 p. LAPA, A. J.; SOUCCAR, C.; LIMA-LANDMAN, M. T. R.; CASTRO, M. S. A..; LIMA, T. C. M. Métodos de avaliação da atividade farmacológica de plantas medicinais. Porto Alegre: Lagoa Editora, 2003, 118 p. LAPA, A. J.; SOUCCAR, C.; LIMA-LANDMAN, M. T. R.; GODINHO, R. O.; LIMA, T. C. M. Farmacologia e Toxicologia de Produtos Naturais. In: SIMÔES, C.M.O.;

LEME, L.G.; OLIVEIRA, C.R.; SANNOMIYA, P. Drogas Antiinflamatórias. In: SILVA, P.(Org.). Farmacognosia. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2002, cap.21, p.498-511. MACIEL, M. A. M.; PINTO, A. ; JUNIOR, V. F. V. Plantas Medicinais: a necessidade de estudos multidisciplinares. Química Nova, v.25, n.3, p.429-438, 2002. MENDONÇA, F.A.C.; SILVA, K.F.S.; SANTOS, K.K.; RIBEIRO JÚNIOR, K.A.L.; SANT ANA, A.E.G. Activities of some Brazilian plants against larvae of the mosquito Aedes aegypti. Fitoterapia, v.76, p.629-636, 2005. PAIVA, L. A. F.; RAO, V. S. N; GRAMOSA, N.V.; SILVEIRA, E. R. Gastroprotective effect of Copaifera langsdorffii óleo-resin on experimental gastric ulcer models in rats. Journal Ethnopharmacology, v.62, p.73-79, 1998. PAIVA, L. A. F.; GURGEL, E.T. S.; SILVEIRA, E. R.; SILVA, R. M.; SANTOS, F. A.; RAO, V. S. N. Protective effect of Copaifera langsdorffii oleon-resin against acetic acid-induced colitis in rats. Journal Ethnopharmacology, v.93, p.51-56, 2003. PIO CORRÊA, A. M. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, vol.i, 1984, p.87-88. PLOWDEN, C. The Ethnobotany of Copaíba (Copaifera) Oleoresin in the Amazon. Economic Botany, v.58, issue 4, p.729-733, 2004. SCHENKEL, E. P.; GOSMAN, G.; MELLO, J. C. P.; MENTZ, L. A.; PETROVICK, P. R. (Org.) Farmacognosia: da planta ao medicamento. 1.ed. Porto Alegre/Florianópolis: Editora da UFRGS/Editora da UFSC, 1999, cap.11, p.181-196. TESKE, M.; TRENTINI, A. M.M. Herbarium Compêndio de Fitoterapia. 4ed. Curitiba: Herbarium Laboratório, 2001, 317 p. TIZARD I.R. Imunologia Veterinária: uma introdução. São Paulo: Editora Roca, 6 ed., 2004, 532 p. VEIGA Jr, V. F.; PINTO, A. C. O gênero Copaifera L. Química Nova, v.25, n.2, p.273-286, 2002. VEIGA Jr, V. F.; PATITUCCI, M. L.; PINTO, A. C. Controle de autenticidade de óleo de copaíba comerciais por cromatografia gasosa de alta resolução. Química Nova, v.20, n.6, p.612-618, 2004.