+ Autor correspondente:

Documentos relacionados
COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DE FRUTOS DE JUAZEIRO NO ESTÁDIO DE MATURAÇÃO MADURO CENTESIMAL COMPOSITION OF JUAZEIRO FRUIT AT MATURE MATURATION STAGE

CARACTERIZAÇÃO FÍSICA E QUÍMICA DE BARU (Dipteryx alata Vog.) DA REGIÃO SUL DO ESTADO DE GOIÁS

Avaliação da composição centesimal e determinação de minerais em rações para cães e gatos

CARACTERIZAÇÃO CENTESIMAL DAS PARTES COMPONENTES DOS FRUTOS DE LICHIA EM FUNÇÃO DO CLIMA

ANÁLISE SENSORIAL DE UMA BARRA DE CEREAL PREPARADA COM FARINHA DA CASCA DE PEQUI (CARYOCAR BRASILIENSE CAMB.)¹

CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DE FRUTOS DO PEQUIZEIRO NATIVOS DA CHAPADA DO ARARIPE CE 1

COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL DO BACURI (Scheelea phalerata Mart.) E EFEITOS DE DIFERENTES PROCESSOS DE EXTRAÇÃO DA POLPA

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E PERFIL DE COMPOSTOS VOLÁTEIS DE FRUTOS DO PEQUIZEIRO NO ESTADO DE MATO GROSSO

Introdução. Graduanda do Curso de Nutrição FACISA/UNIVIÇOSA. 3

COMPOSIÇÃO QUIMICA DE FARINHAS DE DIFERENTES ESPÉCIES DE INSETOS COMO INGREDIENTE PARA RAÇÃO ANIMAL

Pesquisa Agropecuária Tropical ISSN: Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos. Brasil

PRODUÇÃO DE FARINHA A PARTIR DOS FRUTOS DE MUTAMBA (GUAZUMA ULMIFOLIA LAM.)

DETERMINAÇÃO DE VIDA DE PRATELEIRA DA FARINHA OBTIDA A PARTIR DAS CASCAS DE ABACAXI (Ananas comosus L. Merril)

PROCESSAMENTO E CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA E FÍSICA DE FRUTOS DE MURICI-PASSA (Byrsonima verbascifolia)

ABACATE DA VARIEDADE BREDA: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS E TEOR DE LIPÍDIOS

ELABORAÇÃO E COMPOSIÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE CHIPA COM ADIÇÃO DE FARINHA DE BOCAIUVA

AVALIAÇÁO BROMATOLÓGICA DE RESÍDUOS DE MANDIOCA PARA ALIMENTAÇÃO ANIMAL

Introdução. Orientadora do TCC e Professora do Curso de Nutrição FACISA/UNIVIÇOSA. 4

CARATERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE FARINHA DA ENTRECASCA DE MELANCIA (Citrullus lanatus)

OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO AMIDO DO ENDOCARPO DA MANGA TOMMY ATKINS PROVENIENTE DO RESÍDUO AGROINDUSTRIAL

PRODUTIVIDADE DOS PEQUIZEIROS (CARYOCAR BRASILIENSE CAMBESS.) NO MUNICÍPIO DE DAMIANÓPOLIS, GOIÁS 1

CARACTERIZAÇÃO BIOQUÍMICA DE INGA ALBA E INGA CYLINDRICA: UMA AVALIAÇÃO DE POTENCIAL BIOTECNOLÓGICO

Discente do curso de Ciência e Tecnologia de Alimentos Instituto Federal de Educação, Ciência e

CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E QUÍMICAS DE ABACATES DAS VARIEDADES MARGARIDA E BREDA

Composição centesimal de azeitonas e perfil de ácidos graxos de azeite de oliva de quatro cultivares de oliveira

POWDER ENERGY CAS: N/A DCB: N/A DCI: N/A

ANÁLISE COMPARATIVA DA QUALIDADE NUTRICIONAL ENTRE PIZZAS CALABRESA COMPARATIVE ANALYSIS OF NUTRITIONAL QUALITY BETWEEN PIZZA CALABRIAN

AVALIAÇÃO TECNOLÓGICA E QUÍMICA DAS FOLHAS (RAMAS) DE NABO PARA USO NA ALIMENTAÇÃO HUMANA

ARTIGO ORIGINAL ESTUDO DA EXTRAÇÃO E AVALIAÇÃO DO RENDIMENTO DE ÓLEO DE BARU

Composição centesimal da torta da amêndoa de bocaiuva obtida após extração mecânica do óleo

DETERMINAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DA CASCA E DA FARINHA DA CASCA DE MARACUJÁ

Resumo. Autores Authors

Caracterização físico-química do fruto de ameixa selvagem (Ximenia americana L.)

Composição centesimal de cultivares de milho-verde produzidos em sistemas de cultivo orgânico e convencional.

ELABORAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA FARINHA DO RESÍDUO DE ABACAXI (Ananas comosus L. Merril)

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

ANÁLISE SENSORIAL E COMPOSIÇÃO PROXIMAL DE BISCOITO TIPO COOKIE ENRIQUECIDO COM FARINHA DA CASCA E DO ENDOCARPO DE MANGA (Mangifera indica L.

Avaliação Físico-Química de Bolos Produzidos com Diferentes Níveis de Farinha da Casca de Maracujá

ELABORAÇÃO DE GELEIA TRADICIONAL E LIGHT DE GUABIROBA BRUNA NAPOLI¹; DAYANNE REGINA MENDES ANDRADE²; CRISTIANE VIEIRA HELM³

COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE POLPA E CASCAS DE CULTIVARES DE BANANA DESIDRATADAS

COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DE GRÃOS DE GENÓTIPOS DE SOJA DE TEGUMENTO AMARELO, MARROM E PRETO

COMPOSIÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE CARÁ-DE-ESPINHO (Dioscorea altissima Lam.) PRODUZIDO NO IFAM CAMPUS MANAUS ZONA LESTE

COMPOSIÇÃO CENTESIMAL E MINERAIS DE FARINHA EXTRUDADA DE CASCAS E ALBEDO DE MARACUJÁ E ARROZ


CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E QUÍMICO-NUTRICIONAIS DE FRUTOS DE PEQUIZEIRO

XI Jornada Científica XI Semana de Ciência e Tecnologia IFMG Campus Bambuí

Prêmio Jovem Cientista

ELABORAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA FARINHA DA ENTRECASCA DA MELÂNCIA (Citrullus lanatus)

Palavras-chave: agroindústria, alimentos alternativos, codornas europeias, resíduo de fruta

Definição de Parâmetros Iniciais para Maceração de Película Comestível de Cajá (Spondias mombin L.)

AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE BOLINHOS SEM GLÚTEN DO TIPO CUPCAKE ELABORADOS COM FARINHA DE AMARANTO E DE ARROZ

CINÉTICA DE EXTRAÇÃO DO ÓLEO DE BABAÇU VISANDO A PRODUÇÃO DE BIODIESEL.

DETERMINAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DO ARROZ PARBOILIZADO (ORIZA SATIVA) E SEU SUBPRODUTO

COMPOSTOS BIOATIVOS DE EXTRATOS DE PEQUI DE DIFERENTES REGIÕES DO CERRADO

COMPOSIÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE SEMENTES DE CULTIVARES E LINHAGENS DE ALGODÃO HERBÁCEO.

ADIÇÃO DE FIBRA DE CÔCO MACAÚBA (Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd) NA PRODUÇÃO DE RICOTA

COMPOSIÇÃO CENTESIMAL E ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DA AMÊNDOA DO CAROÇO DO PÊSSEGO

INFLUÊNCIA DO AMAZENAMENTO NA COMPOSIÇÃO QUÍMICA/MINERAL DE SEMENTES DE DIFERENTES CULTIVARES DE MAMONA

APROVEITAMENTO DO PERICARPO DE PEQUI

PROPRIEDADES FÍSICAS DE SEMENTES DE BARU EM FUNÇÃO DA SECAGEM BARU SEEDS PHYSICAL PROPERTIES AS A FUNCTION OF DRYING

EXTRAÇÃO DE ÓLEO DAS SEMENTES DE MARACUJÁ (Passiflora edulis) POR SOLVENTE

ELABORAÇÃO DE BARRAS DE CEREAIS COM O MESOCARPO, POLPA E SEMENTE DE BACURI ELABORATION OF CEREAL BARS WITH THE BACURI MESOCARP, PULP AND SEED

AVALIAÇÁO BROMATOLÓGICA DE RESÍDUOS DE POLPAS DE FRUTAS PARA ALIMENTAÇÃO ANIMAL

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE PRATOS TÍPICOS DA CULINÁRIA PARAENSE SERVIDOS EM PONTOS COMERCIAIS DE BELÉM/PA.

DETERMINAÇÃO DO TEOR DE ÁGUA EM SEMENTES DE TUCUMÃ

PALESTRA O ALGODÃO COMO TRANSFORMADOR ENERGÉTICO. Napoleão E. de M. Beltrão. Pesquisador da EMBRAPA. Uberlândia, MG Agosto de 2007

AVALIAÇÃO DO TEMPO DE COZIMENTO DA MASSA DE QUEIJO SOBRE A UMIDADE DE QUEIJO PRATO DURANTE A MATURAÇÃO

CARACTERIZAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE VARIEDADES DE SOJA (Glycine max (L.) Merril) EM PRODUTOS DE PANIFICAÇÃO

EXTRAÇÃO DIFERENCIADA DE PECTINA DE FRUTAS CÍTRICAS

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DAS AMÊNDOAS DE BUTIÁS

CARACTERIZAÇÃO DO ÓLEO EXTRAÍDO DAS SEMENTES DE LARANJA, VARIEDADE PÊRA

Caracterização da castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa Bonpl.) em três regiões extrativistas de Roraima (1).

COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL DE SUBPRODUTOS DO BIODIESEL

INFLUÊNCIA DA REUTILIZAÇÃO DO PEQUI (Caryocar brasiliense) NO RENDIMENTO DA EXTRAÇÃO DE ÓLEO

Resumos do IX Congresso Brasileiro de Agroecologia Belém/PA a

CARACTERIZAÇÃO DO ÓLEO DAS SEMENTES DE MAMÃO, VARIEDADE FORMOSA, COMO APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS

INTENÇÃO DE COMPRA DE BISCOITOS TIPO COOKIE SABOR CHOCOLATE COM DIFERENTES TEORES DE FARINHA DE UVA

Análise da Qualidade do Óleo de Pequi Produzido e Comercializado no Município de Januária-MG, Brasil

ELABORAÇÃO DE TALHARIM A BASE DE FARINHA DE FEIJÃO COMO FONTE ALTERNATIVA DE FERRO

QUALIDADE E POTENCIAL DE UTILIZAÇÃO DE FRUTOS DE CAJAZEIRAS (Spondias mombin L.) ORIUNDOS DA REGIÃO MEIO-NORTE DO BRASIL

PERFIL LIPÍDICO DO LEITE CAPRINO DO MINICÍPIO DE SENHOR DO BOMFIM BA

lacunifera Ducke). Renata Carvalho Neiva,Regilda Saraiva dos Reis Moreira-Araújo

AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DA POLPA DA JUÇARA, COMO FERRAMENTA NO PROCESSO DE CONSERVAÇÃO DA PALMEIRA JUÇARA

COMPARAÇÃO NUTRICIONAL DE DIFERENTES FORMULAÇÕES DE PAPINHAS DE TRANSIÇÃO PARA BEBÊS

CARACTERIZAÇÃO DO MARACUJÁ DO CERRADO (Passiflora setácea DC) E SUBPRODUTOS PARA APLICAÇÃO NA ELABORAÇÃO DE SORVETE

MELO, Christiane de Oliveira 1 ; NAVES, Ronaldo Veloso 2. Palavras-chave: maracujá amarelo, irrigação.

CLASSIFICAÇÃO FÍSICA DE FARINHAS ORIUNDAS DO ESTADO DO ACRE/BRASIL

BANANAS CHIPS CONDIMENTADAS. Graduanda Curso de Química - Universidade Federal de Lavras Lavras, MG. (2)

COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE PRODUTO REESTRUTURADO (HAMBÚRGUER BOVINO) CONTENDO SUBPRODUTOS DA AGROINDÚSTRIA E INGREDIENTES FUNCIONAIS RESUMO

Rendimento de óleo essencial de folhas de Cordia verbenaceae DC. sob diferentes temperaturas de secagem

QUALIDADE DE DOCE EM MASSA DE BANANA ADICIONADO DE COMPONENTES FUNCIONAIS

COMPORTAMENTO DA MASSA DURANTE A ETAPA DE PRENSAGEM NA FABRICAÇÃO DE FARINHA DE MANDIOCA

CURSO DE FARMÁCIA Reconhecido pela Portaria MEC nº 220 de , DOU de PLANO DE CURSO

CARACTERIZAÇÃO DE MACRO E MICRO NUTRIENTES EM CASCAS DE PASSIFLORA

RESÍDUO MINERAL FIXO OU CINZA

1 Universidade Federal do Vale do São Francisco Univasf, 2 IF Sertão Pernambucano,

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE POLPA E CASCA DE GENÓTIPOS DO BACURI

PROPOSTA DE PROCEDIMENTO DE SECAGEM DE BAGAÇO DE MAÇÃ PARA A PRODUÇÃO DE FARINHA

DETERMINAÇÃO DOS TEORES DE UMIDADE E CINZAS DE PEIXE SALGADO-SECO COMERCIALIZADO NA ZONA OESTE DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO RJ

Transcrição:

Scientific Electronic Archives Volume 1 p. 6-10 2012 Características Físicas e Nutricionais do Pequi e Comparação de Diferentes Métodos para Extração de seus Lipídeos Physical and Nutritional Characteristics of Pequi Fruit and Comparison of Different Methods for Extraction of their Lipids M.P.R. Torres+ 1.; K. Doroteu.; D.M.S. Valladão; L. Glusczak.; J.S. Agostini 1 Universidade Federal de Mato Grosso Campus de Sinop + Autor correspondente: mayconprt@gmail.com Resumo Esse estudo objetivou analisar a composição nutricional de frutos do pequi (Caryocar brasiliensis) e comparar o rendimento de dois processos de extração de lipídeos. Os frutos foram colhidos em duas localidades em Sinop MT, no estágio de maturação antes de caírem do pé. Em seguida, foram pesados inteiros e segmentados para serem secos e triturados. Com isso, obteve-se a amêndoa e uma farinha de mesocarpo interno com o endocarpo espinhoso, os quais foram submetidos às análises de umidade, cinzas, lipídios, proteínas e glicídios totais e às extrações de lipídeos à quente e à frio. Os frutos inteiros e pirênios do ponto 2 apresentaram massa maior do que o ponto 1. O pequi apresentou uma grande riqueza nutricional, destacando-se pela alta concentração de lipídeos (amêndoa: 45,42% para o ponto 01, 43,32% para o ponto 02; farinha: 34,73% para o ponto 01, 38,88% para o ponto 02), uma quantidade considerável de proteínas (amêndoa: 20,64% para o ponto 01, 20,3% para o ponto 02; farinha: 3,67% para o ponto 1, 4,03% para o ponto 02). A amêndoa se mostrou mais rica em lipídios, proteínas e minerais em comparação com a farinha. A composição centesimal do ponto 01 e do ponto 02 diferiu nos teores de umidade e proteínas da farinha, e no teor de umidade da amêndoa. A extração de lipídeos a quente apresentou rendimento maior do que o método a frio. O método a quente extraiu dos pontos 1 e 2, respectivamente, 73,4% e 73,5% a mais de lipídios na amêndoa e 30,3% e 78,9% a mais na farinha. Unitermos: Extração, valor nutricional, óleo, pequi. Abstract This study aimed to analyze the nutritional composition of the pequi fruit (Caryocar brasiliensis) and compare the performance of two extraction processes of lipids. The fruits were collected in two localities in Sinop - MT, in the maturation stage, before falling of the tree. Then were weighed whole, then fragmented to be dried and crushed. Then, we obtained the almond and a flour from the inner mesocarp with the thorny endocarp, which were analyzed for moisture, ash, fat, protein and total carbohydrates and hot and cold extraction of the lipids. Whole fruits and pyrenes had higher weight than site 1. The pequi presented a rich nutrition profile, especially for the high concentration of lipids (Almond: 45.42% in site to 01, 43.32% in site 02; flour: 34.73% in site 01, 38, 88% in site 02), a considerable quantity of protein (almond: 20.64% in site 01, 20.3% in site 02; flour: 3.67% in site, 4.03% in site 02). The almond proved richer in lipids, protein and minerals in comparison with the flour. The chemical composition of site 01 and site 02 differed in moisture and protein flour, and the moisture content of the almond. The hot method showed a yield higher than the cold method. The hot method extracted from sites 1 and 2, respectively, 73.4% and 73.5% more lipids from almond and 30.3% and 78.9% more from the flour. Keywords: Extraction, nutritional value, oil, pequi. 6

Introdução O pequizeiro é uma planta do cerrado e pode ser encontrado em diversos estados brasileiros. Tem sua floração ocorrendo normalmente entre os meses de setembro e novembro e frutificação de outubro a fevereiro (Oliveira et al., 2008). No Brasil, existem 12 espécies, sendo a espécie de maior presença no Cerrado do Planalto Central a Caryocar brasiliense Camb. (Oliveira et al., 2009; Oliveira et al., 2008). O pequi, fruto do pequizeiro, é uma drupa contendo, normalmente, entre 1 e 4 caroços por fruto, cientificamente chamados de pirênios, sendo esses compostos por um endocarpo lenhoso com inúmeros espinhos, contendo internamente a semente, ou amêndoa, e envolto por uma polpa de coloração amarela intensa, carnosa e com alto teor de óleo, chamada cientificamente de mesocarpo interno (Silva & Filho, 2006; Oliveira et al., 2008; Soares et al., 2009). O pequi é um fruto rico em lipídeos, principalmente em ácidos graxos insaturados, como o ácido oléico (Lima et al., 2007). Possui também as vitaminas A, E, C e minerais e seu óleo ajuda a combater radicais livres. A polpa fornece 358 Kcal/100 g de material, as quais correspondem a 18% das necessidades calóricas de um adulto com uma dieta de 2.000 Kcal (Santos et al., 2010). É necessário o conhecimento da composição nutricional de alimentos pouco conhecidos, de forma a avaliar a disponibilidade de nutrientes e a possibilidade de utilização dos mesmos para a alimentação humana. Entre estes está o pequi, que possui partes não muito utilizadas, como a amêndoa, com potencial nutricional, que podem ser usadas de forma a incrementar a dieta da população além de ser uma excelente fonte de óleo que pode ser extraído e destinado a vários setores da indústria. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi analisar a composição nutricional do fruto do pequi (Caryocar brasiliensis) com o intuito de conhecer a composição de partes comestíveis deste fruto, comparando os resultados de frutos colhidos em dois locais diferentes, e comparar dois processos de extração de lipídeos, um a quente e um a frio, a fim de identificar o método com maior rendimento. Métodos Os frutos foram coletados em dois locais do município de Sinop, Mato Grosso, transportadas para a Universidade Federal de Mato Grosso, Campus de Sinop, onde foram divididos nas diferentes partes que o compõem. As cascas foram retiradas e separadas em epicarpo e mesocarpo externo utilizando-se faca e colher de inox, à temperatura ambiente (+/- 24 0 C). Os caroços (pirênios) foram levados à estufa com circulação forçada a 45 0 C, por aproximadamente 48 horas, com o objetivo de quebrar o pirênio e separar o material em mesocarpo interno juntamente com endocarpo e amêndoa. Os caroços (pirênios) foram quebrados em moinho de martelos e as sementes retiradas. Com a separação, cada produto foi triturado em moinho de facas e em seguida congelado e armazenado a -20 0 C. Foram avaliados o peso do fruto inteiro, mesocarpo externo (casca) e pirênio (polpa). Para análise da composição nutricional foram utilizados os métodos preconizados pelo Instituto Adolfo Lutz (2005). A análise de umidade foi feita seguindo o método de secagem direta em estufa a 105 C. As cinzas (resíduo mineral fixo) foram quantificadas por meio da incineração em mufla a 550 C. A análise de proteínas foi feita pelo método de MicroKjeldahl por meio da titulação de nitrogênio extraído da amostra através de um destilador de nitrogênio. As extrações de lipídios foram feitas através de dois métodos diferentes: extração com solvente a quente (Goldfish) e extração com solvente a frio (Bligh & Dyer) de acordo com Folch et al (1957). Resultados e Discussão Os frutos inteiros e pirênios do ponto 2 apresentaram massa maior que o ponto 1 (P < 0,05; Tabela 1), resultado esse bastante comum, uma vez que o 7

pequizeiro é uma planta ainda não domesticada, tendendo a apresentar grande variação de massa de seus frutos, inclusive entre aqueles de uma mesma árvore (Vera et al., 2005). Os valores nutricionais obtidos da amêndoa e da farinha apresentaram valores semelhantes, com exceção do teor de umidade e proteínas (Tabelas 02 e 03). Essa semelhança de valores pode estar ligada ao fato dos frutos terem sido coletados em dois pontos na mesma cidade, estando submetidos ao mesmo clima e às mesmas características de solo, gerando frutos nutricionalmente equiparáveis. Tabela 1 - Peso dos frutos inteiros e partes de pequis colhidos em duas localidades no município de Sinop MT. Parâmetro Ponto 01 Ponto 02 Fruto Integral (g) 162,51 ± 58,05b 200,21 ± 56,57a Pirênio (g) 43,58 ± 22,29b 52,13 ± 21,22a ME + Ep (g) 118,92 ±55,54b 148,08 ± 39,16a Médias seguidas da mesma letra na mesma linha não diferem entre si, pelo teste t (P<0,05). ME: mesocarpo externo; Ep: epicarpo. Tabela 2 - Composição centesimal da farinha obtida a partir da secagem do mesocarpo interno + endocarpo de frutos de pequis. Parâmetros Teor (%) em base úmida Média ± desvio padrão Ponto 1 Ponto 2 Umidade 4,18 ± 0,15b 4,57 ± 0,12a Cinzas 1,29 ± 0,03a 1,42 ± 0,31a Extrato etéreo 34,73 ± 1,31a 38,88 ± 3,18a Proteína 3,67 ± 0,15b 4,03 ± 0,19a Glicídios totais 61,77 ± 1,15a 58,44 ± 4,32a Médias seguidas da mesma letra na mesma linha não diferem entre si, pelo teste t (P<0,05). Tabela 3 - Composição centesimal (base úmida) da amêndoa de frutos de pequis. Parâmetros Teor (%) em base úmida Média ± desvio padrão Ponto 1 Ponto 2 Umidade 9,24 ± 0,48a 6,74 ± 0,22b Cinzas 4,17 ± 0,37a 4,75 ± 0,21a Extrato etéreo 45,42 ± 3,15a 43,32 ± 3,20a Proteína 20,64 ± 0,73a 20,38 ± 0,28a Glicídios totais 30,77 ± 2,69a 32,74 ± 5,50a Médias seguidas da mesma letra na mesma linha não diferem entre si, pelo teste t (P<0,05) O método a quente de extração de lipídeos mostrou-se mais vantajoso em relação ao método de extração a frio, apresentando rendimento maior (P < 0,05; Tabela 4), uma vez que o método a quente extraiu 73,4% e 73,5% a mais na amêndoa para o ponto 1 e 2, respectivamente e 30,3% e 78,9% a mais na farinha para os pontos 1 e 2, 8 respectivamente. Sendo assim, o mesmo apresenta-se como a melhor escolha quando se pretende extrair o óleo do fruto. Essa discrepância entre os rendimentos obtidos pode ser atribuída a inúmeros fatores, tais como: temperatura; tempo de contato, uma vez que na extração quente a amostra permanece um tempo consideravelmente maior em contato com

o solvente; a influência de outros componentes da amostra, como as proteínas, que podem formar complexos com os lipídeos, dificultando a extração; até a necessidade de readequação do volume de solvente utilizado na extração, levando em consideração da amostra ser muito rica em lipídeos, o que por sua vez, satura o solvente rapidamente. Portanto, de maneira geral, acredita-se que o tipo de amostra não se adequou à extração a frio ou a mesma necessita de alterações em sua metodologia. É importante ressaltar ainda que a amêndoa do fruto mostrou-se mais rica em lipídeos, proteínas e minerais, em comparação com a farinha (tabelas 02 e 03), apresentando-se como uma excelente opção para consumo ou fonte de óleo. Tabela 4 - Comparação dos teores de lipídios obtidos pelos dois métodos de extração. Farinha do ME + En Amêndoa Extração Ponto 1 Ponto 2 Ponto 1 Ponto 2 A quente 34,73 ± 1,31a 38,88 ± 3,18a 45,42 ± 3,15a 43,32 ± 3,20a A frio 26,66 ± 0,67b 21,73 ± 5,66b 26,19 ± 0,42b 24,96 ± 2,94b Médias seguidas da mesma letra na mesma coluna não diferem entre si, pelo teste t (P<0,05). ME: mesocarpo externo; En: endocarpo. Conclusão O pequi se mostrou um fruto de alto valor nutricional, com um grande teor de lipídeos e proteínas, principalmente na amêndoa. Além disso, as diferenças na composição foram mínimas, ao comparar os dois pontos de coleta dos frutos. A extração de lipídeos pelo método a quente se mostrou mais eficiente, apresentando um rendimento maior em todas as amostras analisadas. Referências FOLCH, J., LEES, M., STANLEY, GHS. The Journal of Bioogical Chemistry 226: 497. 1957 INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Métodos químicos e físicos para análise de alimentos. 1.ed. digital. São Paulo, Brasil. 2005. LIMA, A., SILVA, AMO., TRINDADE, RA., TORRES, RP., FILHO, JM. Composição química e compostos bioativos presentes na polpa e na amêndoa do pequi (Caryocar brasiliense, Camb.). Revista Brasileira de Fruticultura 29 (3): 695-698. 2007. OLIVEIRA, MEB., GUERRA, NB., BARROS, LM., ALVES, RE. Aspectos agronômicos e de qualidade do Pequi. Embrapa Agroindústria Tropical, Fortaleza, Brasil, 32 p. 2008. OLIVEIRA, MEB., GUERRA, NB., MATOS, NMS., XAVIER, DS. Composição mineral do pequi (C. coriaceum Wittm.). Congreso argentino de ciencia y tecnología de alimentos, Argentina, CD-ROM. 2009. SANTOS, P., PORTO, AG., SILVA, FS., FURTADO, GF. Avaliação físico-química e sensorial do pequi (Caryocar brasiliensis Camb.) submetido à desidratação. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais 12 (2): 115-123. 2010. SILVA, MAP., FILHO, SM. Morfologia de fruto, semente e plântula de piqui (Caryocar coriaceum Wittm). Revista Ciência Agronômica 37 (3): 320-325. 2006. SOARES JR. MS., REIS, RC., BASSINELLO, PZ., LACERDA, DBC., KOAKUZU, SN., CALIARI, M. Qualidade de biscoitos formulados com diferentes teores de farinha de casca de pequi. Pesquisa Agropecuária Tropical 39 (2): 98-10. 2009. 9

VERA, R., NAVES, RV., NASCIMENTO, JL., CHAVES, LJ., LEANDRO, WM., SOUZA, ERB. Caracterização física de frutos do pequizeiro (Caryocar brasiliense Camb.) no estado de Goiás. Pesquisa Agropecuária Tropical 35 (2): 71-79. 2005. 10