cadernos Saúde Coletiva Relacionamento de Bases de Dados em Saúde EDITORES CONVIDADOS Claudia Medina Coeli Kenneth Rochel de Camargo Jr.



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Transcrição:

cadernos Saúde Coletiva Relacionamento de Bases de Dados em Saúde EDITORES CONVIDADOS Claudia Medina Coeli Kenneth Rochel de Camargo Jr. NESC UFRJ

Catalogação na fonte Biblioteca do CCS / UFRJ Cadernos Saúde Coletiva / Universidade Federal do Rio de Janeiro, Núcleo de Estudos de Saúde Coletiva, v.xiv, n.2 (abr. jun 2006). Rio de Janeiro: UFRJ/NESC, 1987-. Trimestral ISSN 1414-462X 1.Saúde Pública - Periódicos. I I.Núcleo de Estudos de Saúde Coletiva/UFRJ.

RELACIONAMENTO DAS BASES DE DADOS DE AMPUTAÇÃO DE MEMBROS INFERIORES POR DIABETES MELLITUS: UMA ESTRATÉGIA PARA MELHORIA DA QUALIDADE DA INFORMAÇÃO SOBRE CAUSAS DE MORTE NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Database linkage on diabetes mellitus related lower limb amputations: a strategy for improving the quality of information on causes of death in Rio de Janeiro state Angela Maria Cascão 1, Pauline Lorena Kale 2 RESUMO Este estudo descreve o relacionamento das bases de dados (RBD) do Sistema de Internação Hospitalar (SIH-SUS) e do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) visando à melhoria das informações sobre mortalidade. Os dados do SIH-SUS referem-se a uma coorte de pacientes submetida à amputação de membro inferior (AMI) conseqüente ao diabetes mellitus (DM) em 2000. Buscou-se a informação sobre DM e/ou AMI nas declarações de óbito dos pacientes amputados que faleceram até 3 anos após a AMI, no Estado do Rio de Janeiro (2000 a 2003). Para o RBD foi utilizado o software RecLink II. Para seleção de par perfeito de registros (SIH-SUS e SIM) foram desprezados os pares com escore menor que -3.9 e revistos manualmente os pares com escore maior que -4.0. Foram encontrados 371 (38,0%) óbitos na coorte de AMI por DM (pares), para os quais a primeira causa de morte foram as doenças endócrinas, 41,5% (destes, 97,4% por DM). As causas mal definidas correspondem a 8,4%. Os registros pareados apresentavam idade maior no momento da AMI (p<0,01) e residiam predominantemente na região metropolitana (p<0,05) quando comparados com os registros de não óbitos. O estudo demonstrou que o RBD é vantajoso se incorporado às rotinas do SIM, possibilitando recuperação da informação sobre causas de morte e contribuindo para redução das causas mal definidas. PALAVRAS-CHAVE Relacionamento probabilístico de registros, mortalidade, base de dados ABSTRACT This study describes the database linkage (DBR) of the Hospital Admitance Authorization System (SIH-SUS) and the Mortality Information System (SIM) with the aim of improving information on mortality. The SIH-SUS data refer to a group of patients submitted to lower limb amputation (LLA) as a result of diabetes mellitus (DM) in 2000. The study intended to obtain information on DM and/or LLA in the death certificates of the amputated patients who died within 3 years of the LLA in Rio de Janeiro State (2000-2003). The RecLink II software was used for the DBR. In order to 1 Mestre em Saúde Coletiva. Sanitarista da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro - End.: Rua Alzira Brandão 128 apto. 102 Tijuca - Rio de Janeiro - RJ - CEP: 20520-070 - e-mail: acascao@uol.com.br 2 Doutora em Engenharia Biomédica. Professora Adjunta de Epidemiologia do Núcleo de Estudos de Saúde Coletiva - NESC/UFRJ. C ADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE JANEIRO, 14 (2): 361-374, 2006 361

A NGELA MARIA CASCÃO, PAULINE LORENA KALE select a perfect pair of records (SIH-SUS and SIM), pairs with a z-score <-3.9 were disregarded and pairs with an z-score of >-4.0 were manually revised. Three hundred and seventy one (38,0%) deaths were found in the LLA for DM group (pairs); the primary cause of death (41.5%) were endocrine diseases (97.4% of which corresponded to DM). And ill-defined causes accounted for 8.4%. The paired records presented a higher age at the time of LLA (p<0.01) and mostly resided in the metropolitan region (p<0.05) when compared to the records of non-deceased patients. The study showed that DBR is advantageous when incorporated into SIM routines, enabling information on causes of death to be compiled and helping reduce the number of ill-defined causes. KEY WORDS Probabilistic record linkage, mortality, database INTRODUÇÃO Atualmente os dados de mortalidade, traduzidos pelas chamadas estatísticas de mortalidade, continuam representando uma importante fonte de dados para a grande maioria dos indicadores de saúde, nos países desenvolvidos e em desenvolvimento (Laurenti et al., 2004). O Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) vem contribuindo para o desenvolvimento cada vez maior de estudos sobre a mortalidade no Brasil. A avaliação da qualidade da certificação da causa básica do óbito é extremamente relevante para subsidiar ações específicas de prevenção. Laurenti et al. (2004) apresentam três formas de avaliar a qualidade dos dados de mortalidade: a tradicional proporção de causas mal definidas, por diagnósticos incompletos e estudos especiais. Estes últimos compreendem uma diversidade de metodologias que comparam os dados da declaração de óbito com informações clínicas, achados e necropsias e informações sobre a morbidade em coortes especiais de indivíduos com uma mesma doença, para posterior comparação com as declarações de óbitos, relacionamento de banco de dados de morbidade hospitalar e mortalidade, estudos sobre causas múltiplas de óbito, entre outros. Alguns estudos que avaliam a qualidade dos dados de mortalidade ressaltam uma sub-notificação importante da causa diabetes mellitus (Navarro et al., 2002; Laurenti et al., 2004; Spichler, 2003), quinto lugar no ranking de anos de vida perdidos por morte prematura ou por incapacidade das doenças não transmissíveis (DALY) (Schramm et al., 2004). Devido às regras de seleção de causa básica, o diabetes mellitus (DM) é muito pouco mencionado no atestado de óbito como causa básica, sendo em geral apresentado como causa contribuitória (Parte II do atestado de óbito). O estudo de Laurenti (1973) sobre mortalidade por causas múltiplas verificou que o diabetes mellitus, 362 CADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE JANEIRO, 14 (2): 361-374, 2006

R ELACIONAMENTO DAS BASES DE DADOS DE AMPUTAÇÃO DE MEMBROS INFERIORES POR DIABETES MELLITUS: UMA ESTRATÉGIA PARA MELHORIA DA QUALIDADE DA INFORMAÇÃO SOBRE CAUSAS DE MORTE NO ESTADO RJ quando mencionado no atestado de óbito, aparece 46,7% das vezes como causa básica (Laurenti et al., 2004). O diabetes no passado era visto como uma doença que ocorria em países em desenvolvimento e segmentos sociais mais abastados. Estudos realizados em várias regiões do mundo, em populações de diferentes etnias, acabou colocando em evidência um aumento explosivo do diabetes, sua ocorrência em países subdesenvolvidos, e em segmentos populacionais mais pobres (Goldenberg et al., 2003). Cabe ainda destacar que, aproximadamente, metade das amputações de membros inferiores ocorre em pessoas com diabetes (Harris, 1995; NIH, 1995; ADA, 1997). Os estudos epidemiológicos sobre morbidade hospitalar baseados em dados oficiais estão tornando-se mais freqüentes no Brasil (Gouvêa et al., 1997; Schramm & Swarcwald, 2000; Kale et al., 2004; Amaral et al., 2004; Mathias & Mello Jorge, 2004; Bittencourt et al., 2006). A base de dados hospitalares constitui o Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH-SUS). O SIH-SUS foi concebido para operar o sistema de pagamento das internações, que, em parte, justificava a pouca utilização dessas informações nos estudos epidemiológicos. Diferente do SIM com cobertura universal, o SIH-SUS cobre as internações ocorridas na rede pública e na rede contratada do SUS, que representam uma grande parcela dos dados da morbidade hospitalar. A vinculação dos sistemas oficiais de informações no Brasil, através de técnicas de relacionamento de bases de dados (linkage), vem permitindo a realização de diversos estudos epidemiológicos. Almeida e Mello Jorge (1996) apontam como vantagem do relacionamento do SIM e do SINASC (Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos) a possibilidade do monitoramento de desfechos perinatais e o estudo de diversos fatores de risco. Uma outra vantagem é a complementação de informações comuns as bases de dados dos sistemas relacionados, melhorando a qualidade destes. O relacionamento dos bancos de dados do SIM com o do SIH-SUS foi utilizado para avaliar a factibilidade da implantação de um sistema de vigilância de diabetes mellitus na população idosa (Coeli et al., 2004) e como uma estratégia de identificação das prováveis causas de óbitos classificadas como mal definidas (Teixeira et al., 2006). O desenvolvimento de uma metodologia para execução do relacionamento automático de registros teve como um dos pioneiros Newcombe et al. (1985). Fellegi e Sunter (1965) ampliaram os conceitos originais e deram tratamento matemático formal ao que hoje é conhecido como método do relacionamento probabilístico de registros, que se baseia na utilização conjunta de campos comuns presentes em ambos os sistemas, com o objetivo de identificar o quanto é possível que um par de registros se referira a um mesmo indivíduo (Soares, 2003). C ADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE JANEIRO, 14 (2): 361-374, 2006 363

A NGELA MARIA CASCÃO, PAULINE LORENA KALE Os processos de relacionamento probabilístico de registros são a padronização, a blocagem (blocking) e o pareamento de registros (Camargo Jr. & Coeli, 2000). Encontra-se em desenvolvimento um estudo sobre a qualificação das causas de morte declaradas (SIM) do Estado do Rio de Janeiro (ERJ) a partir dos diagnósticos e procedimentos do SIH-SUS utilizando a técnica de relacionamento de bases de dados. Trata-se de uma coorte de pacientes submetida à amputação de membro inferior, conseqüente ao diabetes mellitus, na rede de serviços de saúde do Sistema Único de Saúde, em 2000. Buscou-se a informação sobre diabetes mellitus ou amputação de membro inferior nas declarações de óbito dos pacientes amputados que faleceram até 3 anos após a amputação (2000-2003). Neste artigo, descrevese o processo de relacionamento das bases de dados de mortalidade (SIM) com a base de dados de internação hospitalar (SIH-SUS), a descrição dos registros relacionados (pares) e a comparação destes com os não-relacionados (não-pares). METODOLOGIA O banco de dados hospitalares constituiu-se a partir de uma coorte de pacientes do SIH-SUS cuja internação foi motivada pelo procedimento de amputação de membro inferior (AMI) conseqüente ao DM (campos diagnóstico principal ou secundário com os códigos E10.0 a E14.9 da Classificação Internacional de Doenças CID 10ª Revisão) restrita aos pacientes com 30 e mais anos, no ano de 2000. Foram excluídas do banco de dados as reinternações. As variáveis selecionadas que constituem o banco são: nome do paciente, sexo, data do nascimento, idade, endereço de residência do paciente, código do procedimento e município de internação. O banco de dados de mortalidade foi constituído dos registros de óbitos de maiores de 30 anos residentes no estado do Rio de Janeiro de 2000 a 2003. Os bancos nominais de internações e de mortalidade foram cedidos pela Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES/RJ). As variáveis utilizadas para o relacionamento probabilístico das bases de dados do SIH-SUS com o SIM foram: nome e data do nascimento. Essas variáveis apresentam nomes e estruturas diferentes nas bases de dados, não permitindo, assim, o relacionamento direto. A padronização foi utilizada para preparar as variáveis para o relacionamento e para diminuir os erros de pareamento. Dos campos do tipo caracter, foram retirados acentos, cedilhas, espaços, algarismos e outros símbolos. A blocagem consistiu na criação de blocos lógicos de registros dentro dos arquivos relacionados, objetivando aumentar a probabilidade de que os registros neles contidos representassem pares verdadeiros. Nessa etapa, foi utilizado o código Soundex, um código fonético em que pequenas diferenças, tanto na grafia como na pronúncia, geram o mesmo código. Os passos da blocagem consideram os 364 CADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE JANEIRO, 14 (2): 361-374, 2006

R ELACIONAMENTO DAS BASES DE DADOS DE AMPUTAÇÃO DE MEMBROS INFERIORES POR DIABETES MELLITUS: UMA ESTRATÉGIA PARA MELHORIA DA QUALIDADE DA INFORMAÇÃO SOBRE CAUSAS DE MORTE NO ESTADO RJ códigos Soundex, inicialmente do primeiro e último nomes; no segundo momento, só do primeiro nome; no terceiro momento, só do último nome; por último, foi considerada a data do nascimento. Foram considerados pares verdadeiros aqueles que obtiveram um escore superior a -4,0 e que atenderam a um dos critérios estabelecidos para revisão manual dos pares (Quadro 1 item 4). Quadro 1 Passos para o relacionamento das bases de dados do SIH-SUS e SIM. C ADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE JANEIRO, 14 (2): 361-374, 2006 365

A NGELA MARIA CASCÃO, PAULINE LORENA KALE A última etapa do processo consistiu na seleção manual dos registros relacionados. Foram utilizadas as variáveis endereço e município de residência do paciente na revisão manual dos registros pareados. Uma vez identificados, os pares (verdadeiros) no primeiro ano (2000) foram sendo removidos das buscas dos anos subseqüentes (2001, 2002 e 2003). Neste estudo, após o relacionamento das bases do SIH-SUS com o SIM, denominou-se de pares os registros de pacientes amputados que evoluíram para óbito, e, de não-pares, os registros de pacientes amputados que não foram localizados no SIM por se tratarem de sobreviventes, por residirem fora do ERJ na ocasião da morte, devido ao sub-registro do óbito ou por exclusão do registro por não atender aos critérios estabelecidos para formação do par perfeito. Os registros pareados foram descritos segundo o ano de ocorrência do óbito, o sexo e as causas de morte. A comparação entre os pares e não-pares foi descrita segundo a idade, o sexo, a região de residência (município do Rio de Janeiro MRJ, região Metropolitana excluído o MRJ e interior do estado o municípios restantes do estado do Rio de Janeiro). A análise estatística consistiu em utilizar testes do qui-quadrado (χ 2 ) e do qui-quadrado para tendência linear. O projeto de pesquisa no qual este artigo se fundamenta foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Núcleo de Estudos de Saúde Coletiva NESC/ UFRJ (processo nº46/2005, 13/02/2006). RESULTADOS O banco de dados do SIM (óbito não-fetal) tem para o período de 2000 a 2003 um total de 459.390 registros. O banco do SIH-SUS selecionado para o estudo, pacientes que sofreram AMI cujo diagnóstico principal e/ou secundário informado foi DM, tem 1.073 internações. Após a identificação e eliminação de duplicidades devidas a re-internações, chegou-se a um total de 977 registros para serem relacionados com o banco de dados de mortalidade. No processo de relacionamento, em 2000, foram encontrados 57.010 registros relacionados e obtidos 178 pares; 50.991, em 2001, com 73 pares; 45.053, em 2002, com 59 pares; e 43.661, em 2003, com 61 pares. Com o relacionamento dos dados do SIH-SUS e do SIM para 2000, observouse que, para os pares com escores negativos, a probabilidade de serem pares perfeitos é muito baixa. Das 977 internações devidas a AMI por DM, foram encontrados 371 pares perfeitos (38,0%). O maior percentual de óbitos ocorreu no ano da realização do procedimento, 48,0% em 2000. Para os anos seguintes, observou-se uma distribuição mais equilibrada: 19,7% em 2001; 15,9% em 2002; e 16,4% 366 CADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE JANEIRO, 14 (2): 361-374, 2006

R ELACIONAMENTO DAS BASES DE DADOS DE AMPUTAÇÃO DE MEMBROS INFERIORES POR DIABETES MELLITUS: UMA ESTRATÉGIA PARA MELHORIA DA QUALIDADE DA INFORMAÇÃO SOBRE CAUSAS DE MORTE NO ESTADO RJ em 2003. Houve predominância do sexo masculino independente do ano de ocorrência do óbito (Tabela 1). Tabela 1 Distribuição dos pacientes submetidos a amputação de membro inferior devido a diabetes mellitus que evoluíram a óbito, segundo sexo e ano de óbito. Estado do Rio de Janeiro - 2000 a 2003. Fonte: Sistema de Informações Hospitalares do SUS - SIH-SUS e Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM A Tabela 2 apresenta a distribuição proporcional da causa básica da morte dos pacientes que sofreram AMI devido a DM. As principais causas de morte foram as doenças Endócrinas, Nutricionais e Metabólicas (Capítulo IV da CID- 10ª Revisão) com 41,5% dos óbitos, sendo que, destes, 97,4% foram devido a diabetes mellitus (códigos E10.0 a E14.9 do capítulo IV da CID-10ª Revisão). As doenças do aparelho circulatório (Capítulo IX da CID-10ª Revisão) contribuíram com 28,3% e, junto com a primeira causa básica da morte, respondem por 69,8% dos óbitos. Em 8,4% dos óbitos a causa básica da morte foi declarada como mal definida (Capítulo XVIII da CID 10ª Revisão). Na coorte de pacientes com AMI por DM, para cada 11 óbitos por causa definida ocorre 1 por causa mal definida. A comparação entre os pacientes amputados que não evoluíram para óbito (não-par) e os que evoluíram para óbito (par) é apresentada na Tabela 3. A freqüência maior de não-evolução para óbito foi observada em todas as categorias das variáveis analisadas (faixa etária, sexo, região de residência e nível de amputação do membro inferior). Entretanto, o percentual de pares apresentou tendência crescente com o aumento da idade (p < 0,05). Na análise por região de residência, observou-se maior percentual de pares no interior do estado (49,5%) em comparação com o observado no município do Rio de Janeiro e na região Metropolitana (excluindo a capital), respectivamente 30,5% e 29,0%. A idade à época da amputação e a região de residência estiveram associadas com a evolução para óbito (p < 0,05), ao contrário do observado para sexo e para nível da amputação. C ADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE JANEIRO, 14 (2): 361-374, 2006 367

A NGELA MARIA CASCÃO, PAULINE LORENA KALE Tabela 2 Distribuição proporcional dos registros do SIH-SUS pareados com o SIM, segundo causa básica de morte. Estado do Rio de Janeiro - 2000 a 2003. * percentual em relação ao total do Capítulo. Fonte: Sistema de Informações Hospitalares do SUS - SIH-SUS e Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM 368 CADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE JANEIRO, 14 (2): 361-374, 2006

R ELACIONAMENTO DAS BASES DE DADOS DE AMPUTAÇÃO DE MEMBROS INFERIORES POR DIABETES MELLITUS: UMA ESTRATÉGIA PARA MELHORIA DA QUALIDADE DA INFORMAÇÃO SOBRE CAUSAS DE MORTE NO ESTADO RJ Tabela 3 Distribuição dos pacientes que sofreram amputação de membros inferiores, segundo evolução para óbito ou não-óbito, por faixa etária, sexo, região de residência e nível de amputação. Estado do Rio de Janeiro 2000 a 2003. 1 - Teste do χ 2 para tendência linear, p <0,05 ; 2 - Teste do χ 2, p <0,05 ; 3 - Teste do χ 2, p 0,05 ; # excluído 1 par sem informação sobre município de residência no ERJ. Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM e Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde - SIH-SUS. C ADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE JANEIRO, 14 (2): 361-374, 2006 369

A NGELA MARIA CASCÃO, PAULINE LORENA KALE As curvas de distribuição etária percentual dos não-pares e pares são semelhantes apresentando as menores freqüências até 50 anos de idade, uma ascensão importante de 60 a 69 anos de idade (não-pares) e 70 a 79 anos (pares) decrescendo a seguir, até alcançarem valores próximos aos encontrados na faixa etária de 50 a 59 anos (Figura 1). Destacam-se os maiores valores percentuais em idades mais jovens para os não-pares e idades mais avançadas (a partir dos 70 anos de idade) para os pares. Fonte: SIM e SIH-SUS - Estado do Rio de Janeiro. Figura 1 Distribuição proporcional da idade dos pacientes amputados segundo sua evolução para óbito. Estado do Rio de Janeiro - 2000 a 2003. DISCUSSÃO No presente estudo, foram relacionados 38,0% dos 977 registros de internações devidas a AMI por DM, o que representaria o percentual de pacientes que evoluíram para óbito no período de três anos após a amputação. Existe uma incerteza quanto aos registros não-relacionados serem de fato sobreviventes. Spichler (2003) verificou através da análise de sobrevida que o período entre a amputação de membros inferiores e o óbito em diabéticos foi em média 263 dias, sendo a sobrevida máxima de 1.454 dias (quatro anos). Neste estudo, verificou-se que aproximadamente metade dos óbitos ocorreu no primeiro ano após a amputação do membro inferior, o que sugere um resultado concordante com o trabalho anteriormente citado. Deve-se levar em consideração que o limite máximo de tempo após a amputação analisado no presente estudo foi de três anos devido à indisponibilidade, no momento inicial da pesquisa, dos dados referentes a 2004. Entretanto, dada a precocidade do óbito nos pacientes amputados, acreditase que grande parte do que foi considerado como sobrevivente neste estudo de fato o seja. O relacionamento do SIH-SUS com o banco de dados de mortalidade 370 CADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE JANEIRO, 14 (2): 361-374, 2006

R ELACIONAMENTO DAS BASES DE DADOS DE AMPUTAÇÃO DE MEMBROS INFERIORES POR DIABETES MELLITUS: UMA ESTRATÉGIA PARA MELHORIA DA QUALIDADE DA INFORMAÇÃO SOBRE CAUSAS DE MORTE NO ESTADO RJ de 2004, bem como a análise de sobrevida, estão previstas na continuidade desta pesquisa. Existe ainda a possibilidade de o paciente que sofreu a amputação ter morrido e não ter sido relacionado com o banco de mortalidade: porque foi obtido um escore muito baixo em virtude de ter erro de informação nas variáveis escolhidas para o relacionamento, quer no SIH-SUS quer no SIM, ou por não ter sido feito o registro do óbito em cartório antes do sepultamento (nestes casos o SIM, que no ERJ é alimentado pela coleta das Declarações de Óbito nos Cartórios de Registro Civil, perde a informação). A análise descritiva deste estudo evidenciou que a idade mais tardia de ocorrência da AMI por DM esteve associada com maior freqüência de óbitos até três anos após a amputação. De forma semelhante, residir no interior do Estado do Rio de Janeiro também esteve associado à maior ocorrência de óbitos. Estes resultados sugerem que a idade avançada e a residência no interior representam um pior prognóstico. A análise de sobrevida segundo idade e região de residência está prevista como desdobramento deste estudo. Neste estudo, pôde-se observar que, dos pares identificados a partir do relacionamento entre as AMI por DM, informadas pelo SIH-SUS em 2000, e o SIM, para os anos de 2000 a 2003, 8,3% (cuja causa básica de morte foi mal definida) deveriam conter pelo menos a declaração da AMI por DM. O relacionamento das bases de dados deste estudo permite que a causa de morte (SIM) seja melhor qualificada a partir das informações obtidas no SIH-SUS, contribuindo para a redução de causas mal definidas de morte. A freqüência de causas associadas com a morte recuperadas a partir do SIH-SUS poderá ser utilizada como um indicador de avaliação da qualidade dos diagnósticos informados na DO. No ERJ a gerência estadual do SIM já utiliza o relacionamento de bases de dados para aprimorar o SIM. Para óbitos de menores de 1 ano é feito, anualmente, o relacionamento da base do SIM com o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos SINASC. O objetivo deste relacionamento é reduzir o percentual de ignorados no SIM das variáveis que são comuns aos dois sistemas, visto que sabidamente a Declaração de Nascidos Vivos DNV tem para as mesmas variáveis um percentual menor de informação ignorada (Mello Jorge et al., 1992). Outra experiência bem sucedida na SES/RJ é o relacionamento dos registros de óbitos de mulheres em idade fértil (SIM) com os registros das internações de mulheres cujo procedimento realizado está relacionado à gravidez e/ou parto, ou o diagnóstico principal é uma causa obstétrica (SIH-SUS). Os registros de óbitos de mulheres em idade fértil são também relacionados com os registros de óbitos fetais (SIM) e com os registros de nascidos vivos (SINASC). O relacionamento entre estas bases possibilita a identificação e a qualificação de óbitos de mulheres por causas maternas, diminuindo, portanto, a subnotificação dos óbitos maternos. C ADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE JANEIRO, 14 (2): 361-374, 2006 371

A NGELA MARIA CASCÃO, PAULINE LORENA KALE Em ambos os exemplos da utilização do relacionamento de base de dados na SES/RJ é utilizado o programa de computação RecLink II. O manuseio do programa RecLink II é bastante amigável. A etapa mais trabalhosa do processo é a seleção manual dos registros selecionados, tendo em vista a geração de um grande número de pares, tornando esta fase a mais demorada do processo. Entretanto, o grande número de pares não inviabiliza a sua utilização, principalmente quando se trabalha com grandes bancos de dados como os do SIH-SUS e do SIM. A forma de como são apresentadas as variáveis nos bancos de dados a serem relacionados não traz problemas, já que a etapa de padronização das variáveis corrige a diferença de formatação das bases. Quanto à definição dos escores, definiu-se, empiricamente, o valor de -3.9 como limiar inferior. Em outros estudos, que utilizaram o relacionamento probabilístico de bases de dados (Almeida, 2003; Teixeira, 2006), os autores desprezaram, inicialmente, os registros com escores inferiores a -3. A utilização do programa Reclink é vantajosa se incorporada à rotina de serviço da gerência do SIM, quer no nível estadual ou municipal, tendo em vista a possibilidade de recuperação de informação sobre causas de morte e de varáveis demográficas. O estudo nos permitiu concluir que o uso integrado das bases do SIH-SUS e do SIM é factível e que o mesmo permite aumentar quantitativamente e qualitativamente as análises a serem realizadas a partir desses sistemas de informação. R EFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADA. American Diabetes Association. Metabolic control and the complications of diabetes: a lecture program foot care for patients with diabetes. Atlanta, 1997. ALMEIDA, M. F.; MELLO JORGE, M. H. P. O uso da técnica linkage de sistemas de informação em estudos sobre a mortalidade neonatal. Revista de Saúde Pública. São Paulo, v. 30, n. 2, p. 141-147, 1996. ALMEIDA, M. T. C. G. N. A identificação de mortes durante o ciclo gravídico puerperal: uma contribuição à vigilância da mortalidade materna no Estado do Rio de Janeiro. 2003. Dissertação (Mestrado em Demografia) Escola Nacional de Ciências Estatísticas. IBGE, Rio de Janeiro. AMARAL, A. C. S.; COELI, C. M.; COSTA, M. C. E.; CARDOSO, V. S.; TOLEDO, A. L. A.; FERNANDES, C. R. Perfil de morbidade e de mortalidade de pacientes idosos hospitalizados. Cadernos de Saúde Pública. Rio de Janeiro, v. 20, n. 6, p.1617-626, 2004. 372 CADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE JANEIRO, 14 (2): 361-374, 2006

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