Curso: Graduação em Contabilidade Disciplina: Legislação Empresarial Prof.: Ana Cláudia Akie Utumi Especialização em Direito Tributário Aula 2 Ana Cláudia Akie Utumi autumi@tozzinifreire.com.br Raquel do Amaral Santos rsantos@neolaw.net.br Agosto, 2016 Obrigação Tributária A obrigação tributária é principal ou acessória. Principal: Surge com a ocorrência do fato gerador Tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária Acessória decorrente da legislação tributária Tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos 1
Obrigação Tributária x Crédito Tributário Obrigação tributária (+) Lançamento (=) Crédito Tributário O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta Paulo de Barros Carvalho Crédito = Obrigação tributária descrita em LINGUAGEM Declaração do contribuinte ou lançamento da autoridade Lançamento Tributário Lançamento Ato de CONSTITUIR o crédito tributário Verificar o fato gerador Determinar a matéria tributável Calcular o montante do tributo devido Identificar o sujeito passivo Propor a aplicação de penalidade, se cabível Privativo OU NÃO da autoridade? Superior Tribunal de Justiça: declaração do contribuinte consiste em LANÇAMENTO 2
Lançamento Tributário Lançamento Reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação Rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Nova legislação se aplica se tiver: Instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização Ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou Outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros Lançamento Tributário Modificação do lançamento Somente em virtude de: impugnação do sujeito passivo recurso de ofício iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no artigo 149 do CTN 3
Lançamento Tributário Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: I - quando a lei assim o determine; II - quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária; III - quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, recuse-se a prestá-lo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade; IV - quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória; Lançamento Tributário Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: V - quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte; VI - quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária; VII - quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação; VIII - quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior; IX - quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade especial. 4
Lançamento Tributário por Homologação Artigo 150 do CTN Tributo cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa Lançamento opera-se pelo ato em que a autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa Lançamento Tributário por Homologação Pagamento antecipado pelo obrigado Extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador Expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado Considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito Salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação 5
Lançamento Tributário por Homologação Surgimento da Obrigação Tributária Lançamento e surgimento do crédito tributário Extinção do crédito tributário Homologação e extinção definitiva do crédito tributário Ocorrência do fato gerador Declaração pelo contribuinte Pagamento do tributo devido Fim do período de 5 anos Qual o prazo para o Fisco cobrar o tributo? Decadência Perda do direito do FISCO de lançar o tributo Prescrição Perda do direito do FISCO de exigir o pagamento do tributo 6
Qual o prazo para o Fisco cobrar o tributo? Prescrição CTN, Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva. Parágrafo único. A prescrição se interrompe: I pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; II - pelo protesto judicial; III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo devedor. Qual o prazo para o Fisco cobrar o tributo? Superior Tribunal de Justiça Entende que a declaração do contribuinte supre o lançamento Exemplo: IPI Em havendo o lançamento pelo contribuinte Não há que se falar em DECADÊNCIA, mas sim, em PRESCRIÇÃO 7
Suspensão do Crédito Tributário Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: I - moratória; II - o depósito do seu montante integral; III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança. V a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; VI o parcelamento. Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das obrigações assessórios dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela conseqüentes. Suspensão do Crédito Tributário Depósito parcial Não suspende o crédito tributário Processo administrativo Hoje não há a necessidade de qualquer garantia Há, porém, o chamado ARROLAMENTO de bens para acompanhamento de patrimônio do contribuinte Contingência maior que 20% do patrimônio líquido conhecido Consulta esfera federal também suspende a exigibilidade até 30 dias depois da Resposta correspondente Cassação de liminar / cautelar / tutela antecipada Tributos Federais Contribuinte tem 30 dias para pagar SEM multa, mas com juros de mora 8
Suspensão do Crédito Tributário Efeitos da suspensão Fisco não pode tomar nenhuma providência para cobrar Não pode registrar em dívida ativa Pode ser efetuado o lançamento pelo Fisco Com juros Sem multa Não há mora Extinção do Crédito Tributário Pagamento Compensação - Débitos Tributários x Créditos Tributários Transação Remissão Perdão do Principal Prescrição e a decadência Conversão de depósito em renda Pagamento antecipado e a homologação do lançamento Consignação em pagamento Decisão administrativa irreformável Decisão judicial passada em julgado Dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei 9
Extinção do Crédito Tributário Compensação - Débitos Tributários x Créditos Tributários Somente a LEI pode autorizar a compensação de créditos e débitos tributários É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial Como regra geral Não é permitida a compensação de débitos tributários com PRECATÓRIOS ou outros títulos públicos federais Caso a caso, pode haver AUTORIZAÇÃO JUDICIAL Pagamento Indevido Direito à restituição de tributo no caso de: cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento; reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória 10
Pagamento Indevido Tributos retidos na fonte ou cobrados do adquirente Restituição de tributos somente será feita a quem prove haver assumido o referido encargo, ou, no caso de tê-lo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebê-la Pagamento Indevido O direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados Da extinção do crédito tributário pelo pagamento ou compensação; ou Da data em que se tornar definitiva a decisão administrativa ou passar em julgado a decisão judicial que tenha reformado, anulado, revogado ou rescindido a decisão condenatória. 11
As infrações à legislação tributária podem ser: Dolosas Fraude Sonegação Simulação Culposas Erros Divergências de interpretação Com falta de pagamento de tributo Sem falta de pagamento de tributo Apenas falta de cumprimento de obrigações acessórias Independentemente da intenção do contribuinte Infrações à legislação tributária são puníveis com MULTA e JUROS Multa pode ser graduada conforme o tipo de infração e a intenção do agente Pode, inclusive, superar o valor do imposto devido 12
Federal Multas Recolhimento espontâneo em atraso 0,33% ao dia, limitada a 20% Auto de infração Regra Geral: 75% Fraude ou Sonegação: 150% Se não houver cooperação do contribuinte na fiscalização: aumento em 50% (112,5% ou 225%) Multa isolada (sem cobrança de tributo: 50% Falta de entrega de declarações: 1% ao mês do IRPF devido % faturamento Federal Juros SELIC (+) 1% no mês do recolhimento Pena de perdimento Legislação aduaneira estabelece situações em que a pena é o perdimento da mercadoria 13
Estadual (SP) Multas Atraso no recolhimento (pagamento espontâneo) 10% Auto de infração Diversas multas dependendo do tipo de infração cometida Sobre o valor do imposto devido Sobre o valor da operação Estadual (SP) Juros: Diferentemente dos outros Estados, SP tem aplicação de juros DIÁRIOS Art. 1º A taxa de juros de mora prevista no 4º do art. 96 da Lei nº 6.374, de 1º de março de 1989, será calculada com base na taxa média pré-fixada das operações de crédito com recursos livres referenciais para taxa de juros - desconto de duplicatas, divulgada pelo Banco Central do Brasil. Art. 2º A taxa diária de juros de mora será obtida por aproximação, buscando-se a equivalência entre o percentual de juros acumulado linearmente para um período de noventa dias, e a taxa de desconto de duplicadas apurada em periodicidade diária, acumulada exponencialmente no mesmo intervalo. 1º A taxa de desconto de duplicatas, divulgada em percentual ao ano, será convertida em taxa diária, considerando o regime de capitalização composta. 2º A taxa de juros de mora poderá ser apresentada em percentual ao mês, a ser aplicada pro rata die. 3º em nenhuma hipótese a taxa de juros de mora poderá ser superior a 0,13% (treze décimos por cento) ao dia ou inferior à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, nos termos dos 1º e 5º do art. 96 da Lei nº 6.374, de 1º de março de 1989. 14
Sonegação Lei nº 4.502/1964 Art. 71. Sonegação é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I - da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II - das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Fraude Art. 72. Fraude é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do impôsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. 15
Conluio Art. 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. Nulidade do negócio jurídico Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; IV - não revestir a forma prescrita em lei; V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa; VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção. 16
Simulação - Artigo 167 do CC: Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados. 2o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado. Crimes Contra a Ordem Tributária - Lei nº 8.137/1990 Suprimir ou reduzir tributo ou acessório Mediante as seguintes condutas: I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias; II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal; III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à operação tributável; 17
Crimes Contra a Ordem Tributária - Lei nº 8.137/1990 Suprimir ou reduzir tributo ou acessório Mediante as seguintes condutas: IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou inexato; V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação. Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Infrações à legislação tributária Atos praticados APÓS o fato gerador Uma vez ocorrido o fato gerador, já se materializou a obrigação tributária Qualquer artifício para eliminá-la ou reduzi-la consiste em evasão fiscal 18