Imagem: Rede Agroecologia
CONTEÚDO: 1. Introdução à adequação ambiental de propriedades rurais... 03 2. Legislação para restauração de RLs... 05 3. Princípios da Restauração Florestal e dos SAFs... 06 4. Modelos florestais e agroflorestais, com retorno econômico, para implantação em RL... 08 OBJETIVO O Projeto de elaboração de estudo de implantação de Sistemas Agroflorestais teve como objetivo geral, levantar a possibilidade de incorporação dos Sistemas Agroflorestais como uma forma alternativa de implantação da RESERVA LEGAL nas propriedades rurais de seus associados. Dessa forma o projeto buscou: Levantar as demandas entre os proprietários rurais (adequação das RL, modelos de adequação e SAFs e espécies de interesse); Apontar espécies potenciais para a região; Apontar modelos potenciais para restauração de áreas de reserva legal, incluindo sistemas agroflorestais; Elaborar este Manual direcionado aos associados da ASPIPP 2
1- Introdução à adequação ambiental de propriedades rurais Fonte: www.brasilflora.com.br As principais questões em que o agricultor deve estar atento para adequação ambiental de sua propriedade são: a situação da Reserva Legal ; e a situação das Áreas de Preservação Permanentes Área de Preservação Permanente - APP Fonte: www.sistemafaeg.com.br O quadro acima representa a APP de curso d água que consta na lei. No entanto, nem toda a APP precisa ser reflorestada caso a área seja considerada de uso consolidado, ou seja, sem floresta desde antes de 2008. O quadro acima representa o que o agricultor deve recuperar, da APP em áreas consolidadas. Veja que depende agora do tamanho da propriedade além da largura do rio em caso em que a propriedade possui mais que 4 MF. Nessa situação a largura do rio é dividida por 2 e se tem o tamanho da APP considerando 20m de mínimo e 100m de máximo. 3
Reserva Legal - RL Área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa. Para Região em que encontra os associados da ASPIPP a área de RL é de 20% da propriedade. Fonte: www.sistemafaep.org.br Cadastro Ambiental Rural - CAR O Cadastro Ambiental Rural - CAR, é um registro público eletrônico de âmbito nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais. Nada mais é do que um informe de como está a situação ambiental da propriedade rural para os órgãos competentes. Em SP o cadastro se fá pelo site: http://www.sigam.ambiente.sp.gov.br/ Com o CAR o agricultor se certificará se sua propriedade está regularizada ambientalmente ou não. Caso não esteja regularizada o agricultor poderá regularizar-se adotando as seguintes alternativas, de forma isolada ou conjuntamente: I- Recomposição Florestal, ou seja recuperar uma área em que deveria estar com mata mas não está. II- Compensação Florestal, ou seja, recuperar outra área para compensar aquela que deveria estar com mata mas não está 4
2. Legislação para adequação de RLs No caso de recomposição da RL esta pode ser feita da seguinte forma: Condução da regeneração natural da vegetação: Plantio de restauração convencional com espécies nativas: Plantio de espécies nativas intercaladas com espécies exóticas; Plantio de sistemas agroflorestais; Ou através da combinação desses métodos. Observação importante: Os SAFs podem ser utilizados até mesmo em APPs somente por serem considerados atividade de baixo impacto. Para o plantio de Sistemas Agroflorestais e florestais devem ser seguidos a seguintes regras: O plantio de espécies exóticas deverá ser combinado com as espécies nativas. A área recomposta com espécies exóticas não poderá exceder a 50% da área total a ser recuperada. No caso de compensação da RL em outro local esta pode ser feita da seguinte forma: A área de compensação deve ser equivalente em extensão à área da Reserva Legal a ser compensada; Deve estar localizadas no mesmo bioma; Se fora do Estado, estar localizadas em áreas identificadas como prioritárias pela União ou pelos Estados. Importante: As medidas de compensação previstas não poderão ser utilizadas como forma de viabilizar a conversão de novas áreas para uso alternativo do solo. 5
3. Princípios da Restauração Florestal e SAFs buscando: A restauração florestal está relacionada à reconstrução da floresta O restabelecimento da biodiversidade, da estrutura florestal; Resgatar a função ecológica e a sustentabilidade ao longo do tempo; Considerar além dos valores ecológicos, os valores econômicos e sociais. Fonte: Rede Agroecologia Os Sistemas Agroflorestais são sistemas que podem aliar a produção agrícola e florestal com a recuperação de áreas protegidas como RL e até APP. Na sequencia está apresentado alguns tipos de SAFs. Sistemas silvi-agrícolas - combinação de árvores ou arbustos com espécies agrícolas www.carbonojuruena.org.br www.embrapa.br Projeto Macaúba APTA presidente prudente 6
Sistemas silvi-agrícolas -Sistemas silvipastoris - combinação de árvores ou arbustos com plantas forrageiras herbáceas e animais. www.cpt.com.br/ www.emater.tche.br/ Sistemas agrossilvipastoris - criação ou manejo de animais em consórcios silvi-agrícolas. Votorantin Vazante/MG - www.beefpoint.com.br/ Benefícios dos SAFs 1) Otimização na utilização do espaço da propriedade - estratos 2) Melhoria da fertilidade do solo diminuindo o uso de fertilizante sintéticos. 4) A diversidade de espécies torna todo o sistema mais vigoroso, diminuindo o ataque de pragas e doênças e, por sua vez, diminuindo o uso de agrotóxicos 5) Permite o uso econômico da sombra. 6) Fornecimento de uma maior variedade de produtos e/ou serviços na mesma área. 6) Reduz dois tipos de risco: o de impacto econômico derivado da flutuação de preços no mercado e o de perda total da colheita; 7) Alternativa para adequação legal das propriedades rurais 7
4. Modelos florestais e agroflorestais, com retorno econômico, para implantação em RL Modelo 1. frutíferas mais cultivo de anuais Modelo 2. SAF temporário: cultivo de anuais nos primeiros anos Modelo 3. Não madeireiras produtivas com cultivo de anuais Espécies potenciais para a região: Frutíferas: Citros, Caqui, Abacate, Manga, Goiaba, Mamão, Banana. Anuais: Milho, Soja, Feijão, Ornamentais helicônia, Mandioca, Girassol. Nativas com produto não madeireiro: Juçara, Araucária, Copaíba, Macaúba, Jabuticaba, Uvaia, Cambuci. Exóticas com Produto não madeireiro: Macadâmia, Seringueira, Pupunha. 8
Modelo 4. Espécies voltadas para o manejo florestal madeireiro e não madeireiro Corredores de corte CORTE Espécies madeireiras potenciais para a região: Nativas: Jequitibá Rosa, Jequitibá Branco, Guaritá, Angico Vermelho, Cedro Rosa, Araribá. Exóticas: Teca, mogno africano, cedro australiano, Eucalipto citriodora. 9
Modelo 5: Pacto pela Restauração da Mata Atlântica: ciclo de corte e plantio até 45 anos. (RODRIGUES et al., 2009) 10
11
12
13
14
Tabela com exemplo de espécies para cada grupo: 15
16
Análise econômica do modelo 5. Retorno líquido: Análise conservadora: [R$ 78.400,00 R$ 8.800,00 (3x R$ 3.000,00) (3x R$ 2.000,00)] = R$ 1.350,00 por hectare/ano, considerando custos com o corte e repalntio ao longo dos 45 anos Análise não conservadora: = R$ 2890,00 por hectare/ano considerando custos com o corte e repalntio ao longo dos 45 anos 17
Referências AMBIENTE BRASIL. Cerrado Caracterização. Disponível em: <http://ambientes.ambientebrasil.com.br/natural/biomas/cerrado_-_caracterizacao.html>. acesso em: Fevereiro de 2016. CARVALHAES, M.A. et al. Non-timber and timber forest products from Brazilian Atlantic Forest: opportunities for forest restoration and conservation.florestar Estatístico, São Paulo,v. 11, p. 9-17, 2008. CARVALHO, P.E.R. Espécies florestais brasileiras: recomendações silviculturais, potencialidades e uso da madeira. Colombo: EMBRAPA-CNPF; Brasília: EMBRAPA - SPI, 640p. 1994. DECRETO Nº 61.792, de 11 de janeiro de 2016. Regulamenta o Programa de Regularização Ambiental - PRA no Estado de São Paulo. Diário oficial do Estado de São Paulo, São Paulo, v. 126, n. 6, 2016. FILIPE, C. H. O.; NOGUEIRA, L. C. Fisionomias vegetais da mata atlântica. 2008 Disponível em: <http://www.webartigos.com/artigos/fisionomias-vegetais-da-mata-atlantica/9244> Acesso em Janeiro de 2016. IPEF INSTITUTO DE PESQUISAS FLORESTAIS. Apêndice I - Os Produtos Florestais Não-Madeireiros na Composição de Florestas Nativas com Fins Econômicos e Ecológicos, com ênfase na Reserva Legal. Produtos Técnicos vol. 1 n. 1. Disponível em: <http://sigam.ambiente.sp.gov.br/sigam3/default.aspx?idpagina=13549>. Acesso em: janeiro 2016. LEI Nº 15.684, de 14 de Janeiro de 2015. Dispõe sobre o Programa de Regularização Ambiental - PRA das propriedades e imóveis rurais no âmbito do estado de São Paulo. Publicada na Assessoria Técnico- Legislativa. 2015. LEI, Nº. 12.651, de 25 de maio de 2012. Institui o Novo Código Florestal. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, v. 25, 2012. Nair, P. K. R. An introduction to agroforestry. Springer Science & Business Media, 1993. RESOLUÇÃO CONJUNTA SMA/SAA Nº 01, de 29 de janeiro de 2016. Dispõe sobre a regularização ambiental de propriedades e posses rurais no âmbito do Programa de Regularização Ambiental PRA no Estado de São Paulo. Diário oficial do Estado de São Paulo de 02/02/2016, SEÇÃO I, P. 47-48, São Paulo, 2016. RODRIGUES, R. R.; BRANCALION, P. H. S.; ISERNHAGEN, I. Pacto pela restauração da Mata Atlântica. Referencial dos conceitos e ações de restauração florestal. Laboratório de Ecologia e Restauração Florestal, Universidade de São Paulo, 256p. 2009. RODRIGUES, R.R.; GANDOLFI, S. Conceitos, tendências e ações para recuperação de florestas ciliares. In: RODRIGUES, R. R.; LEITÃO-FILHO, H. de F. (eds.). Matas ciliares: conservação e recuperação. São Paulo: EDUSP p. 235-247., 2004. SERI - Society for Ecological Restoration International. Princípios da SER International sobre a restauração ecológica. Disponivel em: <http://www.ser.org/docs/default-document-library/ser-primer-portuguese.pdf> Acesso em: Janeiro de 2016. SIFESP Sistema de Informações Florestais do Estado de São Paulo. Inventário Florestal da Vegetação Natural do Estado de São Paulo. 2009. Disponível em: <http://www.ambiente.sp.gov.br/sifesp/inventarioflorestal>. Acesso em: Fevereiro de 2016. VELOSO, H. P.; RANGEL FILHO, A. L. R.; LIMA, J. C. A. Classificação da vegetação brasileira, adaptada a um sistema universal. Brasília: Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento, Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Diretoria de Geociências, Departamento de Recursos Naturais e Estudos Ambientais, 123 p., 1991. VICTOR, M. A. M. et al. Cem anos de devastação: revisada 30 anos depois. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Biodiversidade e Florestas. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2005. 18
Imagem: Rede Agroecologia