CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS: UMA ETAPA PELIMINAR NO GERENCIAMENTO DO LIXO.

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Transcrição:

CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS: UMA ETAPA PELIMINAR NO GERENCIAMENTO DO LIXO. Sandra Maria Furiam Dias (*) Universidade Estadual de Feira de Santana Mestre em Engenharia Civil. Professora Assistente do Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de Feira de Santana Bahia (UEFS). Coordenadora da Equipe de Educação Ambiental (EEA/UEFS) Luciano Mendes Souza Vaz Universidade Estadual de Feira de Santana Endereço: Rua Venezuela, 49 - Capuchinhos - Feira de Santana Bahia - CEP 44 035-500 Brasil Fone/Fax: (075) 224-8105. e-maill: smfuriam@uefs.br RESUMO Um dos atuais problemas sanitários do Brasil é a destinação final e o tratamento dos resíduos sólidos gerados nos municípios. O gerenciamento desses resíduos deve passar obrigatoriamente pelo conhecimento das quantidades geradas em cada localidade e de suas características físicas, químicas e biológicas. Para subsidiar projetos de gerenciamento do lixo em alguns municípios do estado da Bahia a Equipe de Educação Ambiental da Universidade Estadual de Feira de Santana realizou caracterizações física de resíduos sólidos em alguns municípios baianos As localidades analisadas no presente trabalho foram: Morro de São Paulo, Feira de Santana, Lençóis, Lamarão e Arraial de S. Francisco da Mombaça. Em todas as localidades estudadas inicialmente foram levantados dados secundários para avaliação das peculiaridades locais. Através das rotas de coleta traçadas pelas prefeituras, bem como das características das etapas de acondicionamento até a coleta foram construídos os planos de amostragem. Observou-se a predominância da fração orgânica nas localidades em estudo representando cerca de 60% do total coletado. Uma das características das localidades de pequeno porte é o aumento do lixo orgânico na produção diária. Devido aos hábitos e serviços encontrados nas cidades maiores estas apresentam consideráveis quantidades de papel/papelão e plástico, depois do lixo orgânico, sugerindo uma maior utilização de embalagens. Palavra Chave: Resíduos Sólidos Municipais, Caracterização Física,Educação Ambiental, Universidade. 1 INTRODUÇÃO Um dos atuais problemas sanitários do Brasil é a destinação final e o tratamento dos resíduos sólidos gerados nos municípios. O gerenciamento desses resíduos deve passar obrigatoriamente pelo conhecimento das quantidades geradas em cada localidade e de suas características físicas, químicas e biológicas. Os resíduos sólidos englobam todos os materiais rejeitados ou descartados nas atividades domésticas, comerciais e de serviços e englobam materiais com características diversas, desde resíduos inertes (entulhos provenientes de obras e demolições), orgânicos provenientes da manipulação de alimentos e poda, embalagens de vidro, plástico, metal, papel/papelão e até resíduos perigosos como embalagens de produtos destinados a eliminação de vetores domésticos, tintas e óleos, bem como aqueles com características de resíduos de serviços de saúde. A gestão dos resíduos sólidos municipais, no Brasil é de responsabilidade das Prefeituras Municipais, compreendendo desde a coleta, transporte, manejo, tratamento e destino final. Entretanto a União deve ter a função de traçar normas 1

amplas e adaptáveis à realidade nacional pois segundo Machado (1995) sente-se no Brasil a ausência de políticas de coresponsabilização da União nas tarefas de...limpeza pública e coleta, transporte e disposição dos resíduos sólidos,... dada a importância ambiental da matéria com reflexos diretos na saúde da população. Conforme pesquisa Nacional de Saneamento Básico, IBGE (2000) são coletados no Brasil 228 413 toneladas de lixo por dia e desse lixo 22,49% têm destinação sanitariamente incorreta como lixões, 37,03% são destinados a aterro controlado. Na região Norte e Nordeste, que concentra em torno de 37% da população brasileira, a situação é ainda pior, tabela 1. Tabela 1 Destino do lixo coletado no Brasil e Regiões. REGIÃO Destino do lixo BRASIL Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-oeste (%) Lixão 21,15 56,74 48,23 9,71 25,72 21,90 Áreas Alagadas 0,11 0,51 0,11 0,06 0,18 0,06 Aterro Controlado 37,03 28,32 14,61 46,50 24,32 32,77 Aterro Sanitário 36,18 13,27 36,17 37,11 40,48 38,84 Compostagem 2,87 0,04 0,19 3,84 1,75 4,80 Triagem 0,99 0,00 0,21 0,89 4,19 0,54 Incineração 0,44 0,08 0,05 0,67 0,15 0,18 Locais não fixos 0,54 0,86 0,31 0,55 0,61 0,73 Outro local 0,69 0,18 0,12 0,67 2,60 0,18 TOTAL 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 Fonte: Adaptado da Pesquisa Nacional de Saneamento, IBGE, 2000 A Equipe de Educação Ambiental da Universidade Estadual de Feira de Santana (EEA/UEFS) implantou no campus em 1992 o Projeto Coleta Seletiva e Reaproveitamento do Lixo gerado no campus da UEFS. Um dos princípios fundamentais do gerenciamento dos resíduos sólidos proposto foi a sua separação na fonte geradora e seu descarte em lixeiras identificadas por cor e pelo adesivo explicativo. Parte do papel coletado é transformado na oficina de reciclagem artesanal de papel e o restante, juntamente com o plástico, metal e vidro são comercializados. O lixo orgânico após coletado sofre o processo de compostagem na própria universidade. Para sua implantação e o devido acompanhamento ao logo do tempo são realizados rotineiramente na universidade a caracterização dos resíduos gerados. Para subsidiar projetos de gerenciamento do lixo em alguns municípios do estado da Bahia esta Equipe realizou a caracterizações físicas de resíduos sólidos em alguns municípios baianos As localidades analisadas no presente trabalho foram: Morro de São Paulo, Feira de Santana, Lençóis, Lamarão e Arraial de S. Francisco da Mombaça.. Este trabalho apresenta os resultados obtidos. 2. METODOLOGIA Em todas as localidades estudadas inicialmente foram levantados dados secundários para avaliação das peculiaridades locais. Através das rotas de coleta traçadas pelas prefeituras, bem como das características das etapas de acondicionamento até a coleta são construídos os planos de amostragem. No período da realização da amostragem em Lençóis e Morro de São Paulo a população acondicionava seu lixo em vasilhames ou sacos e os depositava na calçada para a coleta pública. Para essas localidades optou-se pela coleta normal do lixo e seu transporte até o destino final onde esses resíduos foram descarregados em uma lona. Para estimar o peso do lixo descarregado moldou-se uma circunferência com o lixo descarregado e o peso do lixo coletado foi estimado como sendo quatro vezes o peso do lixo contido em um quarto da circunferência moldada (Nunesmaia e Dias,1993). Para compor a amostra a ser utilizada na caracterização de Lençóis retirou-se 20 % do peso do lixo contido em cada quarto da circunferência, na tabela 2 encontra-se o a média obtida nas caracterizações realizadas nos dias 07/08 e 07/09 de 1993. Em Morro de São Paulo a amostra foi composta tomando 100 kg de cada quarto da circunferência, misturando dois a 2

dois para formar dois montes dos quais novamente moldou-se circunferências que forma quarteadas tomando-se 100 kg de cada parte oposta e assim sucessivamente até obter-se uma amostra final de 100 kg. A caracterização foi realizado no ano de 1997. Na cidade de Lamarão a maioria da população jogava o lixo a céu aberto (terrenos baldios) sem estar devidamente acondicionado. Os pontos foram estabelecidos pela prefeitura sendo posteriormente coletado pela prefeitura. Diante destas peculiaridades de coleta e disposição dos resíduos realizou-se a caracterização em dois dias consecutivos (26 e 27 de abril de 2000). No primeiro dia coletou-se o lixo em todos os pontos de disposição e verificou-se que embora a coleta fosse realizada todos os dias havia em alguns pontos uma quantidade de lixo muito grande, não representando apenas a produção de um dia. Esta caracterização também foi útil para proceder-se um limpeza geral nos pontos de lixo, favorecendo assim uma maior confiabilidade nos dados do segundo dia. O material utilizado para a caracterização foi proveniente de dois dias de coleta, enquanto o material utilizado para o cálculo de densidade e per-capita foi proveniente da coleta e pesagem do segundo dia. A quantidade total de lixo coletado foi obtida pela pesagem soma das pesagens do lixo em cada ponto coletado. Após a coleta o lixo foi depositado em uma lona, misturado e quarteado para a composição da amostra e a devida catação e identificação individual de seus componentes. (Dias, 2000). Feira de Santana é um município de grande porte com população em torno de 450.000 habitantes e na época da caracterização, ano de 1999, possuía 29 setores de coleta. Para se obter a amostragem procurou-se agrupar os setores em zonas de acordo com os critérios de origem e produção de lixo e o padrão de vida da população, obtendo-se com isto 4 zonas: residencial A (classe alta), Residencial B (classe média), Residencial C (classe baixa) e comercial. Para cada zona foi sorteado um setor de coleta para amostragem. Os resultados apresentados na tabela 2 correspondem a média obtida somente nas amostragens das três zonas residenciais (A,B e C). O caminhão coletor ao chegar no local utilizado como destino final do lixo de Feira de Santana despejava o lixo em 4 montes aproximadamente iguais. Posteriormente misturou-se manualmente o lixo de cada monte para serem retirados dois tonéis de lixo de cada monte, formando-se oito tonéis com peso total em torno de 400 kg. Esses tonéis foram novamente dispostos e misturados, retirando 200 kg e novamente até obter-se uma amostra final em torno de 100 kg, sofrendo após a separação por tipo e sua devida pesagem. No Arraial de São Francisco da Mombaça a metodologia adotada foi no sentido de levar toda a comunidade local a envolver-se no processo. Como o grupo estava com o firme propósito de agir para a resolução do problema do lixo utilizou-se como referencial metodológico a pesquisa-ação que segundo Thiollent (2000) é uma pesquisa concebida e realizada com estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos do problema estão envolvidos de modo cooperativo e participativo. Inicialmente houve um levantamento dos pontos de lixo existentes no Arraial e a confecção de um mapa com os arruamentos, tornando possível traçar o plano de amostragem. Para levar a comunidade a participar da caracterização foi distribuída uma carta aberta a todos contendo as instruções para separar o lixo nos dias de amostragem. Para cada casa, foram doados dois sacos plásticos: um deveria conter o lixo úmido e o outro, o lixo seco. Os sacos foram distribuídos no dia anterior à amostragem juntamente com a carta que explicava o objetivo do trabalho e a forma de separação. Para a divulgação utilizou-se também um carro de som nos dias que antecederam a coleta. A coleta foi realizada por um trator com caçamba acoplada. Foram recolhidos os sacos dispostos na calçada, em frente às residências. De forma aleatória foram marcados os sacos para a amostragem, que deveriam totalizar cerca de 100 kg. A coleta foi acompanhada por alunos da escola local e por membros da Associação. Com o objetivo de chamar a atenção dos moradores, a pesagem foi feita em locais públicos, sendo a primeira caracterização realizada em frente à escola e a segunda, na praça principal do Arraial. Todo o lixo coletado foi pesado. Os sacos numerados foram pesados separadamente; em seguida, o seu conteúdo foi despejado em uma lona para a sua devida seleção. Foram realizadas duas caracterizações nos dias 19/03 e 10/04 de 1999, (Dias, Nascimento et. all, 2001) 3. RESULTADOS E CONSIDERAÇÕES FINAIS A quantidade de resíduos produzidos pela comunidade depende dos hábitos, da cultura, das estações do ano e do nível de renda. A produção per-capita e a produção por tipo de resíduo estão intimamente ligadas com o porte da localidade. Na tabela 2 são mostradas as características do lixo urbano em cinco localidade diferentes e na tabela três a produção de lixo no Brasil e regiões com o respectiva produção diária por pessoa. 3

Tabela 2 Resultado da caracterização física do lixo nos municípios de Feira de Santana (1999), Lamarão (2000), Lençóis (1993) e dos distritos de Morro São Paulo (1997) e do Arraial de São Francisco da Mombaça (1999). Localidade Morro de São Paulo Feira de Santana Lençóis Lamarão Arraial de S. Francisco da Mombaça Resíduo % Orgânico 62,6 64,6 61,7 65,4 72,2 Metal 2,4 2,9 2,0 3,3 3,9 Plástico 6,4 14,5 5,9 7,8 8,1 Vidro 3,5 1,8 1,6 0,9 6,0 Papel/papelão 4,5 11,4 3,4 12,0 3,9 Trapo 1,3 2,5 1,6 2,9 Obs. 1 Madeira/couro,borrachas 2,2 1,1 1,0 1,3 4,2 Coco 13,5 n.e n.e n.e n.e Inertes 3,6 1,2 Obs. 2 6,4 1,7 Outros 22,8 TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 População sede (hab) 450.000 3.491 1.700 700 Per capita médio (Kg/dia) 1,370 0,384 0,372 0,642 Obs 1 o valor está incluído no ítem madeira/couro/borrachas Obs 2 Foi considerado no ítem outros que incluiu também animais mortos. n.e não encontrado Tabela 3 Quantidade de lixo coletado no Brasil e regiões e seus respectivos per-capitas. Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-oeste População 169 799 170 12 900 704 47 741 711 72 412 411 25 107 616 11 636 728 (pes) Lixo coletado 228 413 11 067,1 41 557,8 141 616,8 19 874,8 14 296,5 (t/dia) Per-capita (kg/pes.dia) 1,345 0,859 0,870 1,956 0,792 1,229 Fonte: Adaptado da Pesquisa Nacional de Saneamento, IBGE, 2000 População conforme censo demográfico, IBGE 2000 O processo de caracterização continua sendo um desafio para o pesquisador/gerenciador, vários entraves e fatores externos não-controlados influenciam nas características e consequentemente na quantificação dos resíduo. Daí a necessidade de adequação de metodologia ao meio onde esta irá ser aplicada, ou seja torna-se por vezes incoerente e custoso a aplicação de uma metodologia única seguida à risca pelo avaliador. Comparando os per -capita médios obtidos nas cidades estudadas (tabela 2) e os obtidos na Pesquisa Necional de Saneamento (tabela 3) observa-se que o per-capita da cidade de maior porte é comparável com a média brasileira e que em municípios de pequeno porte esse valor decresce consideravelmente. Infere-se que valor maior do per-capita médio encontrado no Arraial de S. Francisco da Mombaça deve-se ao fato que as pessoa nos dias da caracterização limparam sua residência e seus quintais devido a facilidade encontrada na coleta porta a porta, pois observou-se quantidades de embalagens de vidro e metal com aspecto envelhecido. Observa-se a predominância da fração orgânica nas localidades em estudo (Tabela 2) representando cerca de 60% do total coletado. Uma das características das localidades de pequeno porte é o aumento do lixo orgânico na produção 4

diária. Devido aos hábitos e serviços encontrados nas cidades maiores estas apresentam consideráveis quantidades de papel/papelão e plástico, depois do lixo orgânico, sugerindo uma maior utilização de embalagens. Devido a expressão da fração orgânica em todas as localidades estudadas a compostagem aparece como uma alternativa de tratamento a ser incentivada junto à comunidade e prefeituras, principalmente em cidades de pequeno porte. A caracterização dos resíduos sólidos produzidos em cidades é o primeiro passo para a busca do manejo ambientalmente saudável dos resíduos sólidos e que tem como desafio mudar o comportamento das pessoas em relação ao lixo: não desperdiçar, reutilizar e separar. (DIAS, 1998). Todos, comunidade, poder público e empresas devem lutar por uma política nacional de resíduos sólidos que responsabilize todos os setores da sociedade, bem como por recursos financeiros para dotar nossas cidades de um gerenciamento de resíduos que seja sanitariamente correto, nos quais os projetos técnicos atendam às realidades locais, integrando as dimensões do ecológico, do biológico, do social e do estímulo a participação social, com intuito de promover mudanças ambientais direcionadas à promoção a saúde e a melhoria de qualidade de vida. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Cordeiro, D. e Dias, S.M.F.(2001) Caracterização dos resíduos sólidos gerados na UEFS e no município de Lamarão. Seminário de Iniciação Científica da UEFS. Feira de Santana. Cordeiro, D. e Dias, S.M.F. (1999). Caracterização dos resíduos sólidos gerados em Feira de Santana. Seminário de Iniciação Científica da UEFS, Feira de Santana. Dias, S.M.F.; Nascimento, S. et al.(2001) Do Lixo nasce a praça Terra Viva: exemplo de um trabalho participativo. In Anais do 21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. Paraíba, setembro de 2001. Dias, S.M.F. (coord). (2000) Caracterização do Lixo e Educação Ambiental: uma proposta para o Desenvolvimento Sustentável do município de Lamarão Bahia. Relatório EEA/UEFS/MEC (mimeo), Feira de Santana. Dias, S.M.F. (1998) Coleta Seletiva e Reaproveitamento do Lixo gerado no Campus da UEFS. Ação Ambiental. Ano I, n.1.ago/set,p.30. IBGE(2000). Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível http.www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pnsb/lixo_coletado104.shtm Nunesmaia, M.F; Dias, S.M.F. (1993) Diagnóstico atual dos resíduos sólidos do município de Lençóis BA. Relatório EEA/UEFS/PML. Feira de Santana, Novembro. Povinelli, J e Gomes, L.P.(1991) Caracterizaçào Física dos resíduso Sólidos Urbanos da Cidade de São Carlos SP- Brasil. BIO, abr/jun. Thiollent, M. (2000) Metodologia da Pesquisa-Ação.9.ed, São Paulo, Corte 5