ENTRE DOIS MUNDOS 7º ANO
INTRODUÇÃO Renascimento: Período de transição entre Idade Média e Idade Moderna; Misturam-se o jeito de ser e pensar de dois momentos da sociedade europeia ocidental; Não é possível determinar claramente onde termina e Idade Média e onde começa a Idade Moderna. Características centrais do Renascimento e do humanismo: exaltação ao ser humano, da razão e da liberdade.
AS MUDANÇAS AS NO RENASCIMENTO Renascimento: Período da história europeia, entre séculos XIV e XVI; Marcado por profundas mudanças econômicas, políticas, religiosas, culturais e científicas. As mudanças foram se estabelecendo gradualmente. Séculos XII e XIII desenvolvimento comercial e o crescimento das cidades eram sinais que o homem medieval começava abrir para o exterior e para valorização das coisas terrenas; Nesse período foram fundadas as primeiras universidades na Europa;
No século XIV, inicialmente na Península Itálica e depois em toda Europa Ocidental, houve um movimento de revalorização da arte e da cultura as antiguidade clássica, que foram adotadas como modelo para os artistas renascentistas. Buscavam recolocar o homem no centro da vida, da mesma maneira como tinha sido, na cultura clássica. O desenvolvimento científico levou o ser humano a refletir sobre sua capacidade de conhecer a realidade, sobre os modos de investigação na natureza, sobre sua vida e a sociedade. O Renascimento foi um período de gestação de um novo homem.
O HUMANISMO: O HOMEM ÉA A MEDIDA DE TODAS AS COISAS
Que obra de arte éo o homem, que nobre na razão, que infinito nas faculdades, na expressão e nos movimentos, que determinado e admirável nas ações, a que parecido a um anjo na inteligência, que semelhante a um deus! William Shakespeare As palavras acima comparam o homem a uma obra e arte, a um anjo, a um deus. Engrandece o homem e elogia suas características mentais, o poeta exalta a complexidade do corpo humano e a infinidade de movimentos que o homem pode realizar. Os desenhos e o texto revelam a mudança na forma de compreender o mundo e o papel do ser humano.
Recorde... Na filosofia cristã, o corpo não era objeto de pesquisa; Para os teólogos e filósofos cristãos, o ser humano deveria dedicar-se à salvação da alma, abandonando a vida corporal ou carnal ao concentrar-se nas coisas espirituais em prejuízo dos assuntos mundanos. O ser humano era tido como um ser imperfeito, que só parcialmente poderia compreender o ser supremo, Deus. o As obras de Versalius e Shakespeare, exemplos de criações renascentistas, não tratam Deus ou das coisas divinas. o O tema delas é o ser humano e as coisas humanas.
Uma das características principais do Renascimento é o desenvolvimento do humanismo, definido como um movimento literário, filosófico e artístico que buscou ressaltar o valor, a dignidade, a razão e a liberdade dos homens. Os humanistas destacaram a grandeza do ser humano por sua capacidade de conhecer a natureza e interferir na realidade, o que não era de modo algum incompatível com a doutrina cristã. A ideia de que Deus é o fundamento de todas as coisas e de toda a ordem no mundo permaneceu na reflexão feita pelos renascentistas. Para eles, além de Deus, havia um ser capaz de entender e agir sobre o mundo: o homem. Em certa medida, então, os humanistas retomaram a célebre afirmação do sofista Protágoras: O homem é a medida de todas as coisas.
O PRIMEIRO HUMANISTA Francesco Petrarca ( 1304 1374) - poeta italiano; - primeiro humanista. - defendia que o indivíduo, em vez de estudar o mundo e a natureza, deveria dedicar a conhecer a si próprio. Eu, com efeito, me pergunto para que serve conhecer a natureza das feras, dos pássaros, p dos peixes e das serpentes, mas ignorar ou não procurar conhecer a natureza do homem, por que nascemos, de onde viemos, para onde vamos Petrarca
O primeiro filósofo a pensar a filosofia como processo interior de aprimoramento da alma foi Sócrates, que defendeu a frase inscrita no templo de Apolo em Delfos: Conhece-te a ti mesmo. Platão e Agostinho, também consideravam a reflexão interior o caminho da filosofia. O pensamento de todos eles foi de algum modo retomado por Petrarca.
Mas, ao mesmo tempo, ele criticava tanto as investigações da natureza feitas pelos pensadores gregos como as eternas polêmicas metafísicas dos escolásticos. O poeta Petrarca acreditava que os estudos escolásticos não serviam para a formação do ser humano. Para Petrarca, a educação dos homens deveria se apoiar na sabedoria clássica, isto é, em pensadores da Grécia e da Roma antigas, e ter como objetivo o desenvolvimento das capacidades intelectuais humanas.
A RETOMADA DA FILOSOFIA ANTIGA O caminho aberto por Petrarca foi seguido por diversos pensadores. Vários humanista ressaltaram a necessidade de buscar conhecimento interior. Não significava que todos os humanistas pensassem da mesma maneira. Existiam muitas diferenças entre eles. Alguns humanistas destacavam a importância dos ensinamentos de Aristóteles e a necessidade de o ser humano agir além de meditar.
O homem deveria ter uma vida ativa e pensar sobre sua ação, buscando sempre a felicidade. Para esses humanistas, a verdadeira qualidade de uma pessoa estaria no que ela conquista agindo. De algum modo, o indivíduo teria responsabilidade pelo seu destino e pelas experiências de sua vida. Embora houvesse polêmicas e contradições entre os humanistas, todos eles refletiram a respeito do ser humano.
Alguns apoiavam em Platão; outros em Aristóteles; outros ainda apoiavam nas filosofias helenísticas, como o epicurismo, o estoicismo e o ceticismo. Não era um retorno ao passado com o objetivo de reproduzi-lo, e sim um modo de refletir sobre as coisas presentes e a nova situação que se abria para todos. Servia para refletir sobre a vida do ser humano, sobre a sociedade, a política, a moral, a ciência, religião, a literatura e as artes em geral.
MONTAIGNE E A CONDIÇÃO HUMANA Entre os filósofos que se destacaram no Renascimento está o francês Michel Montaigne. Ele criticou os humanistas que exaltavam o ser humano e a razão. Montaigne desenvolveu sua filosofia com base no estoicismo e principalmente no ceticismo e na filosofia socrática. Ceticismo uma filosofia voltada para investigação incessante das coisas da natureza e do ser humano.
Os filósofos céticos afirmavam que não havia nenhuma certeza sobre a realidade natural ou social. Não seria possível chegar a nenhum conhecimento seguro ou a nenhuma afirmação clara sobre qualquer objeto de estudo. Nem os sentidos nem a razão garantiriam que o nosso conhecimento fosse realmente verdadeiro. Assim também pensava Montaigne. Afirmava que o ser humano não era um ser superior aos outros animais. Ao contrário, a condição humana seria miserável. De todas as criaturas, a mais frágil e miserável é o homem, mas ao mesmo tempo [...] a mais orgulhosa. Montaigne
VOLTAR-SE PARA TI MESMO Como o ser humano não é capaz de saber de maneira definitiva se seu conhecimento é ou não verdadeiro nem se sua atitude é boa ou ruim, então, para ele,... sórestaria voltar-se para dentro de si e buscar na interioridade algum ponto de equilíbrio e de tranquilidade.
Por isso, Montaigne retomou a máxima defendida por Sócrates: Conhece-te a ti mesmo. O ser humano deveria buscar em seu interior a sabedoria para viver bem e ser feliz. É desse modo que ele poderia viver tranquilamente, mesmo com todas as dificuldades que a vida coloca em seu caminho. Montaigne influenciou muitos pensadores e artistas do seu tempo ou posteriores, como os filósofos Descartes e Nietzsche e o dramaturgo Shakespeare
MAQUIAVEL E A AUTONOMIA POLÍTICA O Renascimento estabeleceu um novo olhar sobre todas as práticas e teorias humanas, buscando renovar o homem e a vida em sociedade. A política não escapou disso. Maquiavel trouxe esse novo olhar para as relações de poder. Suas reflexões inauguraram a filosofia política moderna. Em 1513, Maquiavel escreveu a obra O Príncipe, que se transformou em um clássico da filosofia. O príncipe é uma espécie de guia para os governantes. Maquiavel diz que a própria política, conforme as circunstâncias, determina o que pode ou não ser feito.
para Maquiavel, o governante virtuoso é aquele que conhece a situação em que se encontra e sabe agir para conquistar o governo ou manter-se no poder. O bom príncipe aproveita a sorte e os momentos em que pode agir com habilidade. Segundo Maquiavel, se for necessário agir por meio da força, isso deverá ser feito. O filósofo afirmou, ainda, que o governante deve preferir ser temido a ser amado pela população.
REALISMO POLÍTICO A nova forma de compreender a política inaugurada por Maquiavel foi chamada de realismo. Maquiavel não partiu de nenhuma suposição religiosa, metafísica ou imaginária a respeito do ser humano. Maquiavel investigou as relações de poder. E quais foram as conclusões de suas investigações?
Segundo Maquiavel, o ser humano é egoísta, covarde e tem ambição por riqueza e glória pessoal. Ele só pensava em seus interesses e não liga para o bem coletivo. Por isso, um príncipe, mais do que amado, deveria ser temido por seus súditos;mais do que buscar uma justiça ideal, deveria fazer tudo o que estivesse ao seu alcance para manter-se no poder. Caso tivesse que decidir pela morte de alguém, deveria fazê-lo se a ação fosse conveniente para manter-se forte.
A posição de Maquiavel sobre a política e o poder do príncipe causou e ainda causa muita polêmica. De qualquer maneira, Maquiavel tornou-se referência fundamental para política moderna.