ÁREA DE OPERAÇÕES INDUSTRIAIS 2 Gerência Setorial 3 Minério de Ferro 1. Reservas e Mercado Mundial



Documentos relacionados
O Colapso do Aço na NIS

Panorama Mundial (2013)

REVISÃO DO PLANO DE NEGÓCIOS DA MMX

INFORME MINERAL DNPM JULHO DE 2012

ANÁLISE DAS EXPORTAÇÕES MATO-GROSSENSES Janeiro a Dezembro / 2007

O BNDES e a Internacionalização das Empresas Brasileiras

Desempenho do Comércio Exterior Paranaense Março 2013

Mineração. Minério de ferro: Preços em queda e estoques crescendo. Análise de Investimentos Relatório Setorial. 22 de Maio de 2014

Informe 05/2011 AS RELAÇÕES COMERCIAIS BRASIL- CHINA NO SETOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS E DE REVESTIMENTO: SITUAÇÃO ATUAL E PERSPECTIVAS DE EVOLUÇÃO

Energia, tecnologia e política climática: perspectivas mundiais para 2030 MENSAGENS-CHAVE

WORLD INVESTMENT REPORT 2013 Cadeias de Valor Global: Investimento e Comércio para o Desenvolvimento

Angola Breve Caracterização. Julho 2007

SEMINÁRIO RECURSOS ENERGÉTICOS DO BRASIL: PETRÓLEO, GÁS, URÂNIO E CARVÃO Rio de Janeiro 30 de setembro de Clube de Engenharia

Figura 01 - Evolução das exportações de suínos de Santa Catarina no período de 2010 a US$ Milhões.

O Setor em Grandes Números. Situação Atual e Perspectivas do Mercado Interno e Externo

redução dos preços internacionais de algumas commodities agrícolas; aumento dos custos de

METALOMECÂNICA RELATÓRIO DE CONJUNTURA

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) definiu a classificação do porte, com base no número de empregados de cada estabelecimento.

Desempenho do Comércio Exterior Paranaense Junho 2010

27/09/2011. Integração Econômica da América do Sul: Perspectiva Empresarial

Paraná Cooperativo EDIÇÃO ESPECIAL EXPORTAÇÕES Informe Diário nº Sexta-feira, 08 de maio de 2009 Assessoria de Imprensa da Ocepar/Sescoop-PR

Estudo dos países da América Latina e América Central

Golfe e Turismo: indústrias em crescimento

Analise o gráfico sobre o número acumulado de inversões térmicas, de 1985 a 2003, e a) defina o fenômeno meteorológico denominado inversão

Desempenho do Comércio Exterior Paranaense Maio 2012

A Indústria Portuguesa de Moldes

Celulose de Mercado BNDES. ÁREA DE OPERAÇÕES INDUSTRIAIS 2 Gerência Setorial 1

Brasil-China no Século XXI

A importância das exportações de serviços e da internacionalização das empresas brasileiras

Empresas mineradoras no Brasil

2.4. Subsector TRABALHO DA PEDRA (CAE 267)

No que diz respeito à siderurgia em nível mundial, podemos destacar como principais pontos:

SHOPPING CENTERS Evolução Recente

RELAÇÕES TRANSATLÂNTICAS NO CONTEXTO ACTUAL

BLOCOS ECONÔMICOS. O Comércio multilateral e os blocos regionais

REDUÇÃO DA TAXA DE POUPANÇA E AS EMPRESAS NÃO FINANCEIRAS:

A Indústria Portuguesa de Moldes

Visão. O comércio entre os BRICS e suas oportunidades de crescimento. do Desenvolvimento. nº abr no comércio internacional

Comentários gerais. consultoria em sistemas e processos em TI, que, com uma receita de R$ 5,6 bilhões, participou com 14,1% do total; e

USDA REAFIRMA DÉFICIT INTERNACIONAL EM 2015/16 - MERCADO REAGE TIMIDAMENTE

Conferência Alemanha Europeia / Europa Alemã. 26 de novembro de 2014

17ª TRANSPOSUL FEIRA E CONGRESSO DE TRANSPORTE E LOGÍSTICA

O Mercado de Energia Eólica E e no Mundo. Brasil: vento, energia e investimento. São Paulo/SP 23 de novembro de 2007

Financiamentos à exportação

Estrutura Produtiva e Evolução da Economia de São Paulo

Anuário Estatístico de Turismo

INFORME SETORIAL MINERAÇÃO E METALURGIA

Encontro de Mineração Brasil - Chile Uma visão de futuro Belo Horizonte - MG

A Indústria Portuguesa de Moldes

Desempenho do Comércio Exterior Paranaense Março 2009

1.6 Têxtil e Confecções. Diagnóstico

PLANTAS E ERVAS AROMÁTICAS (PAM) ENQUADRAMENTO E OPORTUNIDADES

Exportação de Serviços

* (Resumo executivo do relatório Where does it hurts? Elaborado pela ActionAid sobre o impacto da crise financeira sobre os países em

Cadeia de Valor do Suco de Laranja Projeto GOLLS

Saldo BC Importações Importações s/gás Exportações

IV ENAServ - Encontro Nacional de Comércio Exterior de Serviços. São Paulo, 25 de junho de 2013

CONTEXTO & PERSPECTIVA Boletim de Análise Conjuntural do Mercado de Flores e Plantas Ornamentais no Brasil Março 2011

10º FÓRUM DE ECONOMIA. Política Cambial, Estrutura Produtiva e Crescimento Econômico: fundamentos teóricos e evidências empíricas para o Brasil

20 de dezembro de Perguntas e Respostas

MOTIVAÇÕES PARA A INTERNACIONALlZAÇÃO

EXPOMONEY São Paulo, 28 de setembro de 2007

O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO NO PERÍODO DE : BÊNÇÃO OU MALDIÇÃO DAS COMMODITIES? Stela Luiza de Mattos Ansanelli (Unesp)

Exercícios sobre BRICS

Por uma nova etapa da cooperação econômica Brasil - Japão Câmara de Comércio e Indústria Japonesa do Brasil São Paulo, 11 de Julho de 2014

FERRO LIGAS. produção; » Ligas de ferro com diversos metais, utilizados para conferir. as cotações dos metais são ditadas pelo mercado internacional,

Anexo 4 - Projeção de Demanda de Energia e da Geração Elétrica em Unidades de Serviço Público (Resultados)

A Indústria de Alimentação

Gestão de Pequenas e Medias Empresas

Questão 25. Questão 27. Questão 26. alternativa B. alternativa C

A Infraestrutura no Brasil e a Expansão da Produção dos Bens Minerais

CORELAÇÃO DE FORÇAS E NÚMEROS DA CSN

A indústria de máquinas-ferramenta. Mauro Thomaz de Oliveira Gomes, Mary Lessa Alvim Ayres, Geraldo Andrade da Silva Filho

O País que Queremos Ser Os fatores de competitividade e o Plano Brasil Maior

IV ENAServ - Encontro Nacional de Comércio Exterior de Serviços. São Paulo, 25 de junho de 2013

A EMERGÊNCIA DA CHINA. Desafios e Oportunidades para o Brasil Dr. Roberto Teixeira da Costa

Milho - Análise da Conjuntura Agropecuária

Empresas aéreas continuam a melhorar a rentabilidade Margem de lucro líquida de 5,1% para 2016

O AGRONEGÓCIO DO PALMITO NO BRASIL:

Siderurgia no Mundo. Resumo. Este trabalho aborda a situação internacional da indústria siderúrgica e a inserção do Brasil neste mercado.

DADOS ESTATÍSTICOS DO SETOR 2014

Balança Comercial 2003

Cork Information Bureau Informação à Imprensa 28 de Agosto de EXPORTAÇÕES DE CORTIÇA CRESCEM 7,8% (1º. Semestre 2015) apcor.

Desempenho do Comércio Exterior Paranaense Novembro 2012

CENÁRIOS 2013: PERSPECTIVAS E O SETOR DE BKs 19/03/2013

DISTRIBUIÇÃO REGIONAL INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA E DE AUTOPEÇAS

Indústria Brasileira do Aço Situação Atual e Principais Desafios

nº 3 Novembro 2009 MERCADOS O VINHO NOS E.U.A. BREVE CARACTERIZAÇÃO DO SECTOR

O indicador do clima econômico piorou na América Latina e o Brasil registrou o indicador mais baixo desde janeiro de 1999

Milho Período: 11 a 15/05/2015

NOTA CEMEC 05/2015 INVESTIMENTO E RECESSÃO NA ECONOMIA BRASILEIRA : 2015: UMA ANÁLISE SETORIAL

AGROINDÚSTRIA. O BNDES e a Agroindústria em 1998 BNDES. ÁREA DE OPERAÇÕES INDUSTRIAIS 1 Gerência Setorial 1 INTRODUÇÃO 1.

O crescimento da China e seus impactos sobre a economia mineira

Rio de Janeiro São Paulo Belo Horizonte Brasília Fortaleza

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social Outubro 2009

Desempenho da Agroindústria em histórica iniciada em Como tem sido freqüente nos últimos anos (exceto em 2003), os

PAÍSES BAIXOS Comércio Exterior

PANORAMA DO SETOR EVOLUÇÃO

O PAPEL DA AGRICULTURA. Affonso Celso Pastore

PANORAMA DO SETOR. Evolução do setor 2. Crescimento do setor x crescimento da economia 3. Comparativo de índices de preços 4. Comércio Exterior 5

Transcrição:

ÁREA DE OPERAÇÕES INDUSTRIAIS 2 Gerência Setorial 3 Minério de Ferro 1. Reservas e Mercado Mundial O minério de ferro é abundante no mundo, porém as jazidas concentram-se em poucos países, sendo que apenas cinco detêm 77% das ocorrências totais. O Brasil possui 8,3% das reservas totais, a quinta maior do mundo, equivalente a 17 bilhões de t. As reservas do Brasil e da Austrália apresentam o maior teor de ferro contido, da ordem de 60%. Reservas Mundiais de Minério de Ferro Bilhões de t CEI 78 Austrália 28 Canadá 26 EUA 25 Brasil 17 Índia 12 África do Sul 9,3 China 9 Suécia 4,6 Venezuela 3,3 Outros Países 15,5 Total 227,7 Fonte: DNPM e Summary Minerals Em 1996, a produção siderúrgica mundial atingiu 751 milhões de t de aço bruto, com redução de 0,4% em relação a 1995. Para atender à demanda da siderurgia, foram produzidas 1.016 milhões de t de minério de ferro, registrando-se pequena queda em relação a 1995. Os quatro principais produtores mundiais concentram 70% da produção total, sendo que o Brasil foi responsável por 183 milhões de t, representando 18% do total no mundo. Note-se que, embora a China apareça como o maior produtor mundial, segundo o conteúdo de ferro no minério, a produção brasileira é superior. Principais Produtores Mundiais de Minério de Ferro Países 1995 1996 % China 250 254 25 Brasil 177 183 18 Austrália 145 142 14 CEI 135 132 13 Índia 67 71 7 EUA 63 60 6 Canadá 38 42 4 África do Sul 32 31 3 Suécia 22 21 2 Venezuela 19 20 2 Outros 72 60 6 Total 1.020 1.016 100 Fonte: Sinferbase e UNCTAD

Do total de minério de ferro produzido, 78% ou 797 milhões de t correspondem à produção de minérios finos e granulados, enquanto as pelotas respondem pelos 22% restantes, ou 220 milhões de t. No Brasil, terceiro produtor mundial de pelotas, a produção atingiu 30 milhões de t, representando 17% do total de minério de ferro brasileiro produzido. Principais Produtores Mundiais de Pelotas-1996 EUA 57 CEI 40 Brasil 30 Canadá 25 Demais 68 Total 220 Fonte: UNCTAD e BNDES Até o ano 2000, a oferta de minério de ferro para o mercado transoceânico, sob a forma de finos, deverá apresentar crescimento médio anual de 1,1%. O fornecimento de finos pelo Brasil deverá crescer a uma taxa semelhante, enquanto o de granulados apresentará pouca alteração no seu volume. No caso das pelotas, prevê-se maior utilização no geral, especialmente no mercado transoceânico, confirmando a posição mais demandante do produto que, deste modo, também apresenta melhores perspectivas em termos de preços. Estima-se uma taxa média anual de 4,8% para o crescimento da oferta mundial de pelotas, confirmando a tendência de sua maior utilização nos alto-fornos, em substituição aos minérios finos e granulados, com maior produtividade e menor impacto ambiental. Em relação ao Brasil, a taxa de crescimento da oferta de pelotas é superior, cerca de 6,9% a.a., prevendo-se para o ano 2000, a produção de 38 milhões de t de pelotas, com acréscimo de 9 milhões de t em relação a 1996. Previsão da Oferta Mundial de Minério de Ferro por Produto 1996 2000 Países Finos Granulados Pelotas Total Finos Granulados Pelotas Total Brasil 90 11 29 130 94 11 38 143 Austráli 97 39 0 136 100 46 0 146 a Outros 57 38 29 124 61 31 32 124 Total 244 88 58 390 255 88 70 413 Fonte: Sinferbase e Projeção BNDES 2. Comércio Internacional

O fluxo de comércio internacional do minério de ferro é intenso e atinge cerca de 445 milhões de t, representando 43% do mercado global. Em sua maioria os maiores produtores são, também, os maiores exportadores. Maiores Exportadoras Mundiais-1996 CVRD (Brasil) 80 BHP (Austrália) 55 Hamersley (Austrália) 52 GOA (Índia) 30 Robe River (Austrália) 24 MBR (Brasil) 21 LKAB (Suécia) 16 ISCOR (África do Sul) 16 QCM (Canadá) 12 SNIM (Mauritânia) 11 CVG (Guiana) 10 Outros Mundo 89 Outros Brasil* 29 Total 445 Fonte: MBR e CVRD * Samitri, Samarco e Ferteco No que se refere ao mercado transoceânico de minério de ferro, este apresentou declínio de 2,9% em 1996, atingindo 390 milhões de t, face à redução de estoques e ao menor ritmo econômico do Japão e dos países da União Européia. Os maiores exportadores mundiais de minério de ferro são a Austrália e o Brasil, que, em conjunto, respondem por 68% do mercado total. Principais Exportadores de Minério de Ferro no Mercado Transoceânico Países 1995 1996 % Austrália 139 136 35 Brasil 131 130 33 CEI 34 35 9 Índia 32 30 8 Canadá 29 27 7 Outros 37 32 8 Total 402 390 100 Fonte: Sinferbase, CVRD e MBR Brasil lidera o ranking das maiores exportadoras mundiais através da CVRD - Companhia Vale do Rio Doce, que exportou cerca de 80 milhões de t em 1996. Também merece destaque a brasileira MBR - Minerações Brasileiras Reunidas, do grupo CAEMI, com 21 milhões de t. As empresas australianas BHP, Hamersley e Robe River também são bastante representativas. Da exportação total de minério de ferro no mercado transoceânico, cerca de 85%, ou 332 milhões de t são representadas por minérios finos e granulados, enquanto as pelotas respondem por 15%, ou 58 milhões de t. As exportações brasileiras de pelotas atingiram 29,1

milhões de t, correspondentes a 97% da sua produção, representando 50% do comércio internacional desse produto. As importações de minério de ferro são realizadas, em sua maioria, pelos países asiáticos e europeus. Em 1996, as importações de minério de ferro atingiram 438 milhões de t, com redução de 1,1% em relação ao ano anterior. Os principais países importadores são Japão, Alemanha e China que, em conjunto, são responsáveis por 46% das importações totais. Principais Importadores de Minério de Ferro no Mercado Transoceânico Países 1995 1996 % Japão 120 117 27 Alemanha 43 41 10 China 41 43 9 Coréia do Sul 35 37 8 Inglaterra 21 22 5 França 20 19 4 Itália 18 16 4 EUA 17 17 4 Bélgica/Luxemburgo 16 15 4 Polônia 11 10 2 Outros 101 101 23 Total 443 438 100 Fonte: Sinferbase, UNCTAD e BNDES 3. Mercado Brasileiro O valor da produção de minério de ferro, pelos critérios do DNPM, atingiu, em 1996, US$ 2,4 bilhões, representando cerca de 17% do valor da PMB - Produção Mineral Brasileira. Produção Mineral Brasileira US$ Milhões 1995 % 1996 % Minério de Ferro 2.444,7 18,1 2.429,5 16,9 Total Brasil 13.539,4 100,0 14.364, 100,0 (PMB) 9 Fonte: DNPM teor médio do minério de ferro brasileiro alcança 66%, contra 63% do minério australiano, sendo a média mundial de 45%. A produção de minério de ferro ocorre nos estados de Minas Gerais, Pará e Mato Grosso do Sul. Cerca de 30% da produção total de 183 milhões de t atende o mercado nacional, num total de 53 milhões de t, dos quais apenas 800 mil t sob a forma de pelotas. No Brasil, atuam cerca de quarenta empresas na extração de minério de ferro, sendo que seis responderam por 90% da produção total em 1996.

Produção das Empresas Brasileiras - 1996 Empresas Minério Pelotas Total Beneficiado CVRD e coligadas 72 20 92 MBR 26 0 26 Serra Geral 7 0 7 Ferteco 10 4 14 Samarco 4 6 10 Samitri 11 0 11 CSN 8 0 8 Itaminas 5 0 5 Mannesmann 2 0 2 Urucum 1 0 1 Socoimex 2 0 2 Outros 5 0 5 Total 153 30 183 Fonte: Sinferbase e BNDES A CVRD - Companhia Vale do Rio Doce - é a principal produtora e exportadora brasileira de minério de ferro, com 69 % da produção total do país. A sua participação na PMB é de 25,3,%, sendo 21,2,% equivalentes ao valor da produção de minério de ferro. Vendas da CVRD Discriminação 1995 1996 Vendas Totais 113,8 110,6 M.de Ferro Beneficiado 94,9 89,7 Pelotas 18,9 20,9 Exportações 81,9 79,7 M. de Ferro Beneficiado 64,0 59,9 Pelotas 17,9 19,8 Vendas Internas* 31,9 30,9 M.de Ferro Beneficiado 30,9 29,8 Pelotas 1,0 1,1 Fonte: Sinferbase *Estão computadas as vendas no mercado interno de produção adquirida pela CVRD das suas controladas, da Serra Geral e da Urucum e pequenos produtores. O consumo aparente brasileiro de minério de ferro para o setor siderúrgico e de ferro-gusa foi de 61,7 milhões de t em 1996, sendo 59,9 milhões de t de minérios finos e granulados. O consumo de minério de ferro apenas do setor siderúrgico atingiu 28,6 milhões de t. A taxa média anual de crescimento, verificada no período 1990/96, foi de 3%. 4. Exportações Brasileiras A Companhia Vale do Rio Doce - CVRD, privatizada em maio de 1997, é a maior produtora e exportadora mundial de minério de ferro, à frente das empresas australianas Hamersley e BHP, respectivamente segunda e terceira maiores exportadoras mundiais. As exportações brasileiras de minério de ferro, que representam em torno de 70% da produção nacional, atingiram cerca de 130 milhões de t em 1996, equivalentes a US$ 2.668 milhões. O aumento da receita nas exportações de minério de ferro, em 1996, foi de 5,4%, apesar da

redução no volume exportado, refletindo um aumento de 6,6% nos preços médios praticados em relação ao ano anterior. Exportações Brasileiras de Minério de Ferro Anos US$ Milhões Preço Médio US$/t 1992 106,0 2.303,4 21,72 1993 111,9 2.180,5 19,49 1994 125,0 2.294,8 18,35 1995 131,4 2.530,1 19,30 1996 129,7 2.667,9 20,56 1º sem/97 67,4 1.408,0 20,89 Fonte: Sinferbase Em 1996, as principais empresas brasileiras exportaram 72% da produção total de minério de ferro. Minério Quantidade % Valor Empresa Beneficiado Pelotas Total sobre Total Produção US$ Milhões CVRD e Coligadas 59,9 19,8 79,7 81 1.655 MBR 21,1 0 21,1 80 359 SAMARCO 4,1 6,1 10,2 107 266 SAMITRI 8,1 0 8,1 71 131 FERTECO 6,9 3,3 10,2 74 246 URUCUM 0,6 0 0,6 100 11 Total 100,6 29,1 129,7 72 2.668 Fonte: Sinferbase e Projeção BNDES Apenas a CVRD e suas coligadas, além de Ferteco e Samarco, produzem pelotas que são destinadas, em sua quase totalidade, à exportação. Convém observar que duas destas empresas possuem projetos de expansão de pelotas. A CVRD é a maior produtora de pelotas, com seis unidades de pelotização em Tubarão-ES, sendo duas próprias e quatro em joint-ventures com grupos do Japão (Nibrasco), Espanha (Hispanobrás) e Itália (Itabrasco), com capacidade de produção de 24 milhões de t/ano. Cabe informar a existência de dois novos projetos de plantas de pelotização da CVRD, através de associações. As duas plantas previstas terão capacidade de 4 milhões de t/ano cada. Uma, localizada em Tubarão, em associação com a Pohang Iron and Steel Company (Posco), empresa siderúrgica sul-coreana, onde serão investidos US$ 215 milhões até 1998, cuja produção será dirigida à exportação e outra em Itabira-MG, para atendimento do mercado interno. A Samarco, que comercializa mais de 65% do minério sob a forma de pelotas, também está em processo de expansão, tendo concluído projeto de duplicação de sua unidade de pelotização, passando a produzir 100% de pelotas no equivalente a 12 milhões de t/ano. Em 1996, o Brasil exportou para 38 países, destacando-se Japão e Alemanha, que juntos absorveram 36% das exportações brasileiras. Destino das Exportações Brasileiras - 1996

Outros Japão 33% 20% Bélgica 5% Itália Coréia China 6% 8% 7% Fonte: BNDES França 5% Alemanha 16% Para o período 1997/2000, projeta-se crescimento médio de 1,0% a.a. para as exportações brasileiras de minérios finos e granulados, acompanhando o crescimento previsto para o mercado transoceânico de minério de ferro e aumento de 30,5% nas exportações de pelotas, devido à entrada em operação dos projetos mencionados. Os preços praticados no mercado internacional para os finos e granulados, foram decrescentes no período 1992/94 e voltaram a subir em 1995, havendo aumento médio de 4,8%. Em 1996, embora tenha ocorrido acordo entre ofertantes e compradores para um aumento nos preços de 7,1% em relação ao ano anterior, na realidade os preços praticados foram superiores em apenas 4,4% aos de 1995. Por outro lado, os preços das pelotas têm sofrido reajustes anuais crescentes desde 1994. A partir de 1997, espera-se crescimento do preço médio das exportações brasileiras de minério de ferro da ordem de 2,5% a.a. até o ano 2000. Neste período, deverá ocorrer uma valorização do preço médio das pelotas de cerca de 2,8% a.a., superior ao previsto para finos e granulados, que deverá girar em torno de 2,0% a.a. Desta forma, o valor das exportações de minério de ferro, deverá apresentar crescimento acumulado de cerca de 24% até o ano 2000, atingindo US$ 3.317,3 milhões, neste ano, o que equivale ao saldo comercial deste produto, visto não haver importações. Exportações Brasileiras de Minério de Ferro 1993 1994 1995 1996 2000 Finos/Granulados 88,8 98,2 104,0 100,6 104,6 Pelotas 23,1 26,8 27,1 29,1 38,0 Total 111,9 125,0 131,1 129,7 142,6 Valor - US$ Milhões Finos/Granulados 1.513,6 1.528,6 1.698,8 1.716,1 1.929,9 Pelotas 666,9 766,2 831,3 951,8 1.387,4 Total 2.180,5 2.294,8 2.530,1 2.667,9 3.317,3 Crescimento a.a. 100,0 105,2 116,0 122,4 152,1 Preço Médio - US$/t Finos/Granulados 17,05 15,57 16,33 17,05 18,45 Pelotas 28,87 28,59 30,67 32,70 36,51 Média Anual 19,49 18,36 19,30 20,56 23,26 Fonte: Sinferbase e Projeção BNDES Exportações Brasileiras de Minério de Ferro

US$ Milhões 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 Finos/Granulados Pelotas Fonte:Sinferbase e Projeção BNDES 5. Conclusão O minério de ferro apresenta grande importância para a balança comercial brasileira, visto ser o maior item da pauta de exportações do país, após os produtos siderúrgicos. As exportações de minério de ferro atingiram US$ 2,7 bilhões em 1996, cerca de 5,7% do total exportado pelo Brasil no valor de US$ 47 bilhões, sendo, também, este produto o de maior peso nas exportações do setor mínero-metalúrgico, com participação de 45%. Brasil e Austrália, que dominam 68% do comércio internacional do minério, continuam competindo para manter as suas participações no mercado internacional, dado que o teor e a qualidade dos seus minérios se equiparam, assim como competitividade das suas empresas, que operam em grande escala. O Brasil apresenta vantagens comparativas devido à oferta de pelotas. A Austrália não produz pelotas face às características de seu minério. Portanto é de interesse a expansão e implantação de projetos no país, voltados para tal produção. A maior vantagem comparativa da Austrália reside na sua localização geográfica, mais próxima à China, ao Japão e aos países do sudeste asiático, onde realmente deve continuar a ocorrer o maior desenvolvimento da indústria siderúrgica mundial, pois o peso do custo de transporte para o minério de ferro representa cerca de 30% em média. A localização do Brasil privilegia as exportações para os Estados Unidos e a Europa. Em conclusão, para melhorar a posição competitiva brasileira no mercado internacional de minério de ferro, além do aumento da oferta de pelotas, o país necessita realizar investimentos em ferrovias e portos, considerando ser o setor altamente dependente da eficiência e dos custos da infraestrutura ferroviária e portuária. Ficha Técnica: Maria Lúcia Amarante de Andrade - Gerente Setorial José Ricardo Martins Vieira - Engenheiro Luiz Maurício da S. Cunha - Economista Renata Strubell Fulda - Estagiária