O PROCESSO DE MODERNIZAÇAO ECONÔMICA DO BRASIL E SUAS CONSEQUÊNCIAS CONCRETAS PARA A EDUCAÇÃO

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Transcrição:

O PROCESSO DE MODERNIZAÇAO ECONÔMICA DO BRASIL E SUAS CONSEQUÊNCIAS CONCRETAS PARA A EDUCAÇÃO Cleci Terezinha Battistus 1 Cristiane Limberger 2 Este trabalho foi elaborado com o objetivo de apresentar e discutir as reformas educacionais brasileiras ocorridas no período de 1930 a 1940. Junto a essas questões estaremos buscando compreender as transformações econômico-sociais e políticoculturais que aconteceram em decorrência do processo de industrialização no Brasil, considerando as contradições existentes no capitalismo brasileiro. A metodologia utilizada foi o estudo de determinado referencial teórico sobre a temática. Ao tomarmos como base alguns autores que tratam da questão em estudo, priorizamos, dentre outros, os seguintes autores: XAVIER (1990), CUNHA (1991), IANNI (1991)... Portanto, considerando o referencial que optamos para a análise, observamos, de acordo com XAVIER (1990) que o desenvolvimento industrial no Brasil não resultou de um avanço cientifico e tecnológico e, portanto, a educação não constitui no Brasil, uma base ou um elemento propulsor da mudança nas relações de produção. Ainda, conforme XAVIER (1990), trata-se das particularidades do capitalismo que no processo da reprodução do capital em escala mundial se instala e avança em formações sociais atrasadas nas quais as condições internas necessárias a este avanço estão presentes. Partindo deste entendimento, procuramos analisar a evolução do pensamento pedagógico e do sistema educacional brasileiro vinculado a emergência do processo de industrialização no país. Nesse sentido, e tendo presente essas questões, refletimos sobre as Reformas 1 Graduanda em Pedagogia, pela UNIOESTE - Membro do HISTEDOPR Grupo de estudos em História, Sociedade e Educação no Brasil GT da Região Oeste do Paraná ; Rua: Administração,908 CEP:85819-090. E-mail: cbattistus@yahoo.com.br. FONE: 45-3324-1553. 2 Graduada em Pedagogia, pela UNIOESTE. Membro do HISTEDOPR - Grupo de estudos em História, Sociedade e Educação no Brasil GT da Região Oeste do Paraná.

Educacionais ocorridas neste período, ressaltando as contradições que se estabelecem entre o sistema educacional, o sistema político e a organização social, e econômica brasileira. Buscando reconhecer nessas contradições os elementos da cultura nacional e os elementos que resultam das orientações impostas pelos organismos internacionais. Com a criação de Organismos Internacionais como o Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) a promoção de novas relações diplomáticas passarão a definir o controle político entre as nações capitalistas. Os países ricos passam a contribuir para o desenvolvimento econômico. Como concretização dessas ajudas, o governo norte-americano articulou orgânica e estrategicamente as Instituições Multilaterais e as Instituições Bilaterais, tanto governamentais, como privadas, para aprofundar a expansão dos setores produtivos e financeiros norte-americanos em solo estrangeiro e traçar novas bases e novas noções para o Desenvolvimento Econômico dos países subdesenvolvidos. Assim, quando a economia entrou em processo de modernização criaram-se novas exigências culturais e institucionais que na verdade não contribuíram para modificações estruturais na vida social e econômica brasileira, pois a modernização cultural atendia ao conjunto da economia capitalista mundial a que se subordinava. O processo de modernização autônomo das formações sociais atrasadas, depende dentre outros, de uma base cientifica e educacional mínima, para que o país alcance uma progressiva autonomia de conhecimentos científico-tecnológicos. No caso do Brasil, este foi um dos obstáculos enfrentado, pois a herança política das formas menos avançadas da dominação capitalista no país, inviabilizaram as decisões políticas nacionalistas e a superação da perspectiva cultural já alcançada nos centros avançados do capitalismo internacional. Quando o Brasil entrou em processo de modernização, acabou por impor, a esfera cultural, os mesmos limites, verificados na evolução econômica e social do país. Nesse sentido, a função da escola foi de ajudar a manter os privilégios das classes dominantes, através dos papéis que a economia lhe reconhecia. As primeiras décadas do século XX

foram marcadas, no Brasil, pelas políticas de substituição de importações, como base para impulsionar o seu processo industrial. Com a implantação desse processo, verificou-se um crescimento da demanda social por escola, acompanhado de uma intensa mobilização das elites intelectuais em torno da reforma e da expansão do sistema educacional vigente. Pode-se observar que os primeiros efeitos da modernização cultural obedeciam a uma necessidade do capitalismo brasileiro. Assim percebe-se que o poder político tem implicações para a evolução da educação escolar, uma vez que esta nasce e se desenvolve para atender aos interesses das classes que representam o poder, ou seja, a educação escolar se firma como um instrumento de reforço das desigualdades. Apresentando-se como forma de ascensão social, a escola possuía como função ajudar a manter os privilégios das classes sociais dominantes. Dessa forma ainda que os objetivos conclamados pelo sistema de ensino visem atender aos interesses da sociedade geral, é sempre inevitável que as diretrizes realmente assumidas pela educação escolar favoreçam mais as classes sociais detentoras de maior representação política. Assim, nossa análise percorre alguns elementos centrais desse processo, ao estudar: 1) O Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova, assinado em 1932, atendia perfeitamente aos objetivos conservadores das classes dominantes, às aspirações reformistas das classes médias, e acenava com promessas de democracia e progresso para as classes inferiores. Os grandes expoentes do pensamento educacional brasileiro, como Anísio Teixeira e Fernando Azevedo, buscaram e absorveram, a partir de fora, os postulados que inspiraram a Escola Nova no Brasil. Este documento se torna o marco inaugural do projeto de renovação educacional do país. 2)Reforma Francisco Campos de 1931, que tem entre outros méritos, o de ter dado uma estrutura orgânica ao ensino secundário, profissional e superior. A reforma consolidou o dualismo, reforçou o elitismo e frustrou a divulgada renovação cientifica do sistema educacional brasileiro, essa reforma apresentou a concretização do discurso renovador, enquanto versão nacional da proposta escolanovista, e teve como resultado a compreensão particular dos princípios liberalpragmáticos, expresso no Manifesto dos Pioneiros. 3) Entre os anos de 1942 e 1946, o

ensino brasileiro viria sofrer uma das suas maiores reformulações. Trata-se das chamadas Leis Orgânicas do Ensino; um conjunto de reformas promulgadas por Gustavo Capanema, Ministro da Educação no Estado Novo. Essa reforma não nega as diretrizes expressas no Manifesto dos Pioneiros e nem as consubstanciadas na reforma anterior, apenas introduz um nacionalismo estratégico, fato que tem comprometido a objetividade da análise do conjunto da Reforma e do seu significado histórico e cultural mais amplo. A "Reforma Capanema" completou-se em 1946, quando o país já estava livre da ditadura Vargas. Por essa lei, foram instituídos no ensino secundário, um primeiro ciclo de quatro anos de duração denominado ginasial, e um segundo ciclo de três anos, com opção para o curso clássico ou o científico. Nesta Reforma entraram em vigor seis leis orgânicas do ensino: Lei do Ensino Secundário cujo objetivo é reforçar este ensino para as elites; Lei do Ensino Primário que começa a ser organizado tardiamente; Lei do Ensino Normal; Lei do Ensino Profissional Agrícola, Industrial e Comercial. Com a criação do SENAI e do SENAC,observa-se aqui a intenção do poder publico de deixar a cargo das empresas os cursos de aprendizagem, destinados ao treinamento rápido e à reciclagem, assim efetiva-se o sistema paralelo de ensino, que através de reformulação legal constituirá a criação do ramo médio profissional pela reforma anterior. Esta permaneceu em vigor até a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em 1961, cujo projeto original é apresentado em 1948, o qual foi rejeitado e acabou arquivado por critérios absolutamente políticos, particularmente relacionados à já polêmica, questão de descentralização. O projeto faz algumas inovações democráticas, no ensino primário, médio e superior. No mais, nada se altera com relação aos dispositivos da reforma anterior. O palco desta nova tentativa para reformar o ensino brasileiro é revestido de divergência em torno da descentralização ou não do ensino, porém as discussões tornam-se mais relevantes após a apresentação pelo deputado Carlos Lacerda, de um substitutivo, cujo conteúdo discorre sobre a liberdade de ensino, o que deu lugar ao conflito escola pública versus escola privada. Mas, apesar deste embate ideológico o texto final do Substitutivo Lacerda aprovado e transformado em lei, confirmou a presença, ainda predominante, das preocupações político-partidárias, a fragilidade das oposições ideológicas entre as elites dirigentes e a importância secundária realmente atribuída por elas ao sistema educacional em si, para a solução dos problemas que as afligiam. Ao fazermos uma reflexão final sobre as Reformas Educacionais deste período avaliamos que quando se pretende uma educação sem levar em conta a realidade e as aspirações individuais dos alunos e da sociedade, não se está contribuindo para o real

desenvolvimento do País e nem para um ensino de qualidade em termos de realização pessoal e social. Nestes termos temos observado que a educação enquanto discurso é perfeita, mas a contradição aparece quando esta é posta em prática, pois a Letra da Lei não condiz com a realidade social brasileira. Trata-se de verdadeira dicotomia entre valores reais e valores proclamados. Nesse sentido observamos, que os problemas pertinentes à educação não tem se resolvido de maneira satisfatória porque sempre existiu o desinteresse do poder político pela educação, considerando ainda a crescente desvalorização que esta vem sofrendo nas inúmeras intenções e projetos de revê-la e torná-la eficiente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: CUNHA, L. A. Educação e Desenvolvimento Social no Brasil. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1991. IANNI, O. Estado e planejamento econômico no Brasil. 5ª ed., revista e atualizada. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1991. NOGUEIRA, F. M. G. Ajuda Externa para a Educação Brasileira: da USAID ao Banco Mundial. Cascavel: EDUNIOESTE, 1999. XAVIER, M.E. Capitalismo e Escola no Brasil. São Paulo: Papirus, 1990. SINGER, P. Interpretação do Brasil: Uma Experiência Histórica de Desenvolvimento. In: HOLANDA, S. B. (org). História Geral da Civilização Brasileira. Tomo III, VOL. 4.