DESENVOLVIMENTO: UMA ANÁLISE SOBRE A TEORIA DA DEPENDÊNCIA Mário de Jesus Barboza 1
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- Carlos Lima Gomes
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1 DESENVOLVIMENTO: UMA ANÁLISE SOBRE A TEORIA DA DEPENDÊNCIA Mário de Jesus Barboza 1 No percurso realizado pelo Grupo de Pesquisa em Políticas Sociais GPPS da Unioeste/Cascavel 2, em reuniões semanais para discussão e debate dos textos previamente lidos e fichados, a fim de compreendermos a elaboração e aplicação das políticas sociais dentro dos vários planos econômicos propostos pelo Estado brasileiro a partir do processo de industrialização do Brasil que tem seu início no primeiro governo de Getúlio Vargas, tornou-se imperativo, construirmos um arcabouço teórico a cerca do movimento realizado pela economia dentro do modo de produção capitalista. Obtivemos como fruto uma possível sistematização sobre o conceito de desenvolvimento. Este resumo é um breve, parcial e pessoal entendimento dos resultados verificados neste caminho e desdobramentos por nós enfrentados. O pressuposto teórico sobre o qual pretendemos, esteja assentado este resumo, é o de que a reprodução da estrutura econômica de qualquer modo de produção reprodução essa que não se configura, em si mesma, como um processo contraditório apresenta uma dimensão cumulativa: o desenvolvimento das forças produtivas. (Saes, pg. 55) Ou seja, na história das sociedades concretas, constatam no seu movimento real um constante acumulo socialmente produzido das forças produtivas: melhores métodos de cultivo da terra, diversificação dos alimentos, domínio das ciências, aumento da velocidade dos transportes e da comunicação, dentre outros. Vejamos a afirmação de Marx, acerca do modo de produção capitalista, citado e traduzido por Décio Saes: Considerada de uma maneira concreta, a acumulação se 1 Graduado em História, pós-graduando em História da Educação Brasileira, integrante do GPPS/Unioeste e acadêmico da Unioeste/Cascavel-PR. Telefone para contato: Endereço eletrônico: marionbarboza@hotmail.com 2 Coordenado pela professora Francis Mary Guimarães Nogueira, que realiza atualmente a pesquisa: estudo das políticas sociais articulado à análise dos diferentes padrões de desenvolvimento que vigoram no Brasil após 1930.
2 transforma, conseqüentemente, em reprodução do capital numa escala progressiva. O Círculo da reprodução simples se estende e se transforma, segundo a expressão de Sismondi, em espiral. (pg. 55). No intuito de comprovar uma de suas teses presente no seu artigo que contém a citação acima, no sentido de que não é contraditório o funcionamento da reprodução da vida humana para Marx em O Capital é progressiva mas sim seus efeitos é que o são, Décio Saes, advoga que a contradição não é originária, mas sim derivada. Este resumo comunga com a afirmação marxista aqui exposta, ou seja, que na verificação do real, desenvolvimento se dá de forma cumulativa como resultado de um aprimoramento humano progressivo das forças produtivas, o que não tem por premissa significar melhoria das condições de reprodução, este conceito tem sua aplicação possível historicamente em todos os modos de produção. A partir do conceito de desenvolvimento apresentado no pressuposto teórico acima exposto, temos por fim categorizar desenvolvimento econômico no modo de produção capitalista. Inicialmente verificamos que, inclusive na academia, a concepção de desenvolvimento tramita na esfera do discurso ideológico, que tem no progresso e melhoria da vida humana o seu cerne de compreensão. Entretanto a realidade contemporânea não se mostra nem um pouco reconfortante para aqueles que defendem este entendimento. De modo geral as formulações encontradas nas correntes liberais ou de esquerda, concluem que para uma determinada formação social ser entendida como desenvolvida é preciso primeiramente conseguir excedente (por produção ou empréstimo), para acumular e posteriormente investir na produção. No Brasil esta compreensão tem dois grandes expoentes e referenciais Paul Singer e Celso Furtado. O que é nebuloso nesta teoria do desenvolvimento a partir do parâmetro do aumento da produtividade e que resultaria em um possível crescimento da renda per capita, é uma questão de método,
3 ou seja, na falta de uma base empírica, partem de um tipo ideal e uma formulação antecipadamente padronizada para as referidas análises. De uma pluralidade conceitual a cerca do desenvolvimento a que melhor explica até o presente momento o desenvolvimento econômico no capitalismo é a teoria da dependência. Concluímos que há duas correntes que tratam a cerca do tema, sendo que uma faz suas análises sob a ótica da circulação de mercadorias e a outra da produção. Primeiramente iremos expor as conclusões à cerca da dependência, presentes nos estudos de Enzo Faletto e Fernando Henrique Cardoso, para em seguida verificarmos a proposição encontrada em um das obras do teórico Ruy Mauro Marini, inseridos nas duas correntes de análises, respectivamente. As contribuições de Faletto e Cardoso estão enraizadas nas bases teóricas presentes no debate da década de 50 e 60 e expressas nos trabalhos mais significativos sobre o desenvolvimento econômico na América Latina, dos quais destaca com maior importância a tese de Raúl Prebisch, que advoga no sentido de ser o desenvolvimento na América Latina vinculado ao mercado internacional, mas que, no entanto, o sentido e direção se dariam pelo mercado interno, gerenciado pela instância política nacional que gestaria políticas de controle guiado pelas exigências e necessidades do mercado externo determinados nos países centrais do capitalismo. Os autores defendem que para se compreender as relações de dependência entre a periferia e centro do capitalismo faz-se necessário ter como pressuposto que; os processos econômicos agem e reagem aos processos sociais, ou seja, as análises devem estar para além do estudo da estrutura do sistema produtivo nacional e do seu grau de vínculo com o mercado externo. O que se quer assinalar brevemente por enquanto é que, se a nova forma de dependência tem explicações exteriores à nação, por outra parte a relação interna entre as classes não lhe é alheia; ao contrário, a relação interna entre as classes é que torna possível e dá fisionomia própria à dependência (Faletto e Cardoso, pg. 36).
4 É preciso examinar qual a configuração histórica de reprodução das formações sociais analisadas e ainda, suas relações de classe e as orientações e aspirações dos seus movimentos políticos-sociais, para assim ser possível empreender uma análise concreta das determinações a que estão sujeitas as trocas de mercadorias entre as nações do centro e da periferia. Em se tratando do teórico Marini, este parte de uma crítica ao sistema anterior que se baseia na circulação de mercadorias, já que apesar do aumento das exportações nos países centrais, isto é, de maior oferta de seus produtos, estes não ficam mais baratos, fazendo com que o aumento das exportações dos países periféricos não resultam em capitalização nacional. Para Marini a criação de valor não esta no âmbito da circulação, ou seja, o caráter contraditório da dependência latino americano é o que determina as relações de produção do sistema capitalista. As condições em que é estabelecida a divisão internacional do trabalho, insere a América Latina na economia mundial como, inicialmente, produtora de bens agrícolas, e posteriormente, como fornecedora de matérias primas industriais. Uma grande quantidade de produtos primários garante que os países centrais possam se especializar, especificamente, nas atividades industriais. Segundo Marini, o segredo do intercâmbio desigual está no fato de que na América Latina se estabelece a mais valia absoluta, isto porque visam compensar a perda de renda gerada pelo comércio internacional através do recurso a uma maior exploração do trabalhador (pg. 122). Este mecanismo de compensação da economia dependente dentro do plano da própria produção, garante nos países centrais o deslocamento da mais valia absoluta para a mais valia relativa, caracterizada pelo aumento da capacidade produtiva do trabalhador; e a desvalorização do valor da força de trabalho, já que a grande oferta de produtos primários no mercado mundial deprecia os preços, reduzindo desta forma o valor real da força de trabalho nos países industrializados, já que o custo
5 de se manter vivo o trabalhador é menor, possibilitando pagar-lhe menos pela sua força de trabalho. Escolher dentre uma das duas correntes de análises a circulação ou a produção tornase um imperativo didático para aquele que visa empreender um estudo científico sobre o objeto em questão. Fica evidente que a escolha está, necessariamente, determinada pelo método o qual o pesquisador está subsidiado, entretanto não poderá se furtar de contemplar em seus estudos a busca constante de uma compreensão totalizante do movimento da economia, já que o valor se realiza nas duas esferas, ou seja, produção e circulação. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: SAES, Décio. Marxismo e História. In: Crítica Marxista nº 1, brasiliense, p MARINI, Ruy Mauro. Dialética da Dependência: uma antologia da obra de Ruy Mauro Marini; organização e apresentação de Emir Sader. Petrópolis, RJ: Vozes; Buenos Aires: CLACSO, pg , FALETTO, Enzo e CARDOSO, Fernando Henrique. Dependência e Desenvolvimento na América Latina, 6ª ed, Rio de Janeiro: ZAHAR, 1981.
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