ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO UTILIZANDO PREGÃO ELETRÔNICO: O CASO DA UFPEL Autor(es): Apresentador: Orientador: Revisor 1: Revisor 2: Instituição: OLIVEIRA, Gisela A. de; SCHWANKE, Thilara L., LANGE, Estevan M.; MAEHLER, Alisson E. GISELA ANDRADE DE OLIVEIRA Alisson Eduardo Maehler Elaine Garcia dos Santos Rafael Mello Oliveira Universidade Federal de Pelotas ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO UTILIZANDO PREGÃO ELETRÔNICO: O CASO DA UFPEL OLIVEIRA, Gisela A. de 1 ; SCHWANKE, Thilara L.¹, LANGE, Estevan M. 1 ; MAEHLER, Alisson E.². 1,2 Faculdade de Administração e de Turismo FAT/UFPel Rua Almirante Barroso, 1734, Centro Pelotas/RS gisa.andrade@ibest.com.br 1. INTRODUÇÃO As atuais mudanças no ambiente global fizeram com que diversas empresas se deparassem com o aumento da competição, forçando-as a buscar vantagens competitivas, eficiência e lucratividade para diferenciarem-se das demais. O advento da tecnologia, em especial da tecnologia de informação, tem acarretado um aumento nas expectativas dos cidadãos por serviços e informações rápidas e confiáveis. Assim, a principal característica deste novo cenário econômico é o desenvolvimento da capacidade de conexão entre pessoas, empresas e comunidades, impactando intensamente a forma que os negócios são gerenciados. Tal fenômeno incide não só nas empresas privadas, mas também, no governo, através da utilização da tecnologia da informação como ferramenta para a melhoria da qualidade dos serviços públicos, através do governo eletrônico. Observa-se, portanto, uma crescente preocupação dos órgãos públicos em minimizar questões como desperdício, ineficiência, obsolescência e falta de transparência. Através do E-Gov o Estado tenta obter padrões de rapidez e
diminuição de custos, da mesma forma que a iniciativa privada. Segundo Wzorek, Ramos e Rezende (2005), o E-Gov pode ser entendido como a aplicação dos recursos das Tecnologias de Informação e Comunicação TIC s na gestão e na política das organizações públicas, superando a simples prestação de serviços aos cidadãos através dos meios eletrônicos. O E-Gov reflete, portanto, um novo modelo de relacionamento entre governo, cidadãos e fornecedores, no contexto da economia digital. O marco inicial do governo eletrônico no Brasil pode ser atribuído à criação do Grupo de Trabalho Interministerial, através do Decreto Presidencial de 3 de abril de 2000. Desde então, o Governo brasileiro vem implementando um conjunto de projetos e iniciativas de Governo Eletrônico a fim de assimilar novas concepções, tecnologias e práticas de gestão (MEDEIROS; GUIMARÃES, 2006). Dentre as práticas de Governo Eletrônico no Brasil, evidencia-se instituição da modalidade de Pregão Eletrônico nos processos de licitação da Administração Pública Brasileira estabelecida pelo Decreto 5.504 de 5 de agosto de 2005. Segundo este decreto, a Administração Pública Federal (compreendidos os três Poderes) deve utilizar preferencialmente o pregão na forma eletrônica, nas aquisições e nas contratações de bens e serviços comuns no âmbito da administração pública (BRASIL, 2005). O pregão eletrônico ocorre através do portal de compras públicas do Governo Federal e funciona como um leilão reverso no qual a disputa ocorre com o envio sucessivo de lances decrescentes pela internet. Esta modalidade de compras tem obtido sucesso desde sua implantação e vem alcançando resultados positivos, principalmente no que ser refere a redução de custos. No primeiro semestre de 2007, o Governo Federal economizou R$ 597 milhões (12,7%) do preço de tudo que adquiriu com o uso do pregão eletrônico nas compras públicas realizadas (COMPRASNET, 2007). Como tal sistemática é recente, seus estudos se limitam a algumas teses e artigos acadêmicos. Dessa forma, o presente artigo tem como objetivo identificar os resultados e impactos financeiros decorrentes da utilização do Pregão Eletrônico como ferramenta de E-Gov em uma universidade pública do estado do Rio Grande do Sul - RS. 2. MATERIAL E MÉTODOS A presente pesquisa constituiu-se em um estudo de caso, realizado na Universidade Federal de Pelotas - UFPel, sendo a mesma uma universidade pública, de médio porte, com sede na cidade de Pelotas e campus na cidade de Capão do Leão, ambas no RS. Buscou-se identificar como a metodologia de compras públicas, utilizando o pregão eletrônico, vem impactando no setor de compras da universidade e quais os resultados, em termos financeiros, o mesmo vem propiciando. A respeito do estudo de caso, empregado neste trabalho, Yin (2001) o classifica como um questionamento empírico que investiga um fenômeno contemporâneo dentro do seu contexto real de vida, quando os limites entre fenômeno e contexto não são claramente evidentes e nos quais múltiplas fontes de evidência são usadas. Assim, tal metodologia contribui de forma inigualável
para a compreensão dos acontecimentos individuais, organizacionais, sociais e políticos e cujos resultados não são passíveis de generalização. O trabalho apresenta, ainda, uma abordagem quantitativa. Tal abordagem, segundo Richardson (1999) pode ser empregada tanto em modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas. Esse método garante ao pesquisador uma certa confiabilidade dos dados, já que os mesmos são exatos, evitando distorções de análise e permitindo uma margem de segurança quanto ao resultado da pesquisa por que toda a população é analisada. Sendo assim, o estudo não trabalha com base nos dados de uma amostra, mas com um único caso. O enfoque quantitativo foi usado por se julgar como sendo mais adequado para analisar as variações, dados e indicadores financeiros da área de compras. Utilizou-se, quanto à técnica, a pesquisa documental, que envolveu consulta às atas de compras da UFPel. As atas foram obtidas pelo site de acesso público www.comprasnet.gov.br, ligado ao Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão. Este site concentra as informações de compras e licitações de todos os entes da administração pública federal, sendo uma ferramenta oficial de gestão de compras no Brasil. O levantamento dos dados foi realizado entre os meses de março a julho de 2007. Os dados pesquisados nas atas referem-se ao período de 23 de agosto de 2005 a 11 de julho de 2007, ou seja, cerca de 2 anos. Foram coletados dados quanto ao valor orçado de cada item comprado e seu valor pago efetivamente, a fim de se analisar a economia. Vale ressaltar que a compra só pode ser efetuada se o valor pago é igual ou menor que o valor orçado. Paralelo à analise documental, foram feitas visitas in loco e entrevistas com os pregoeiros oficiais da instituição. Os dados foram coletados e armazenados no software Microsoft Excel, agrupados por período e por ata. Entre as informações armazenadas destacam-se: a) o número da ata; b) item; c) data; d) descrição (do item); e) situação (aceito e habilitado); f) valor estimado; g) fornecedor; h) valor negociado; i) quantidade; j) unidade; l) economia (em R$) e m) economia (em %). A entrevista orientou a coleta e análise de dados e foi decisiva para o direcionamento da pesquisa. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO A UFPel, a exemplo dos órgãos públicos brasileiros, apresentou resultados positivos de economia desde a implementação do pregão eletrônico. No período de julho de 2005 a agosto de 2007 a UFPel economizou 28,21% em relação ao valor previsto para as compras. Estimava-se, antes de iniciar o procedimento de compra, um gasto de R$10.935.654,33 em produtos e serviços, no entanto foram desembolsados R$7.325.859,67, isto é, uma economia de R$3.609.794,67. Ressalta-se que nas aquisições através de pregão tanto presencial quanto eletrônico, vence o fornecedor que enviar o menor lance e este deverá ser igual ou menor ao valor estimado. No primeiro caso, a economia é igual a zero e no segundo, a economia é sempre superior a zero. Esta sistemática evita que os órgãos públicos ultrapassem os gastos previstos, uma vez que a disputa entre os
fornecedores tem como objetivo a redução dos preços inicialmente propostos. Durante o período analisado, foram adquiridos 5633 itens na UFPel, destes 11,20% (631 itens) não apresentaram economia, ou seja, o valor negociado foi igual ao valor estimado, enquanto que 88,80% (5002 itens) tiveram economia superior a R$0,00 (ver Tabela 1). Tabela 1. Freqüência de VN=VE e VN<VE nas aquisições da UFPel Situação Economia Freqüência (%) Freqüência (itens) Valor Negociado = Valor Estimado Nula ou zero 11,20 % 631 (VN = VE) Valor Negociado < Valor Estimado Maior que zero 88,80 % 5002 (VN < VE) Fonte: Pesquisa direta, 2007 Conforme evidencia a Figura 1, dentre os itens comprados na situação VN<VE, 19,88% (1120 itens) foram adquiridos pela metade ou menos da metade do preço estimado. A maioria dos itens que obtiveram economia, isto é, 68,92% (3882 itens) apresentaram uma redução de até 50% dos preços inicialmente propostos, enquanto 11,20% (631 itens) não obtiveram economia. 68,92 11,20 19,88 Economia zero ou nula Acima de 50% de economia Até 50% de economia Figura 1. Percentual de economia dos itens adquiridos pela UFPel Fonte: Pesquisa direta, 2007 4. CONCLUSÕES Constata-se, através deste estudo, que a UFPel está ciente da necessidade reduzir os custos, os desperdícios e a falta de transparência, adequando-se ao novo paradigma de eficiência dos órgãos públicos. Observou-se uma redução significativa dos gastos com as aquisições, traduzidos em uma economia R$3.609.794,67. Através do pregão eletrônico, foi possível obter um elevado percentual de itens adquiridos com economia (88,80%), enquanto menos de 15% dos itens foram obtidos por valores iguais aos estimados. Os resultados obtidos, demonstram que este método de compras tem sido muito vantajoso para UFPel uma vez que estimula a concorrência e, consequentemente, a redução de preços.
5. REFERÊNCIAS BRASIL. Decreto nº. 5.504, de 5 de agosto de 2005. Disponível em: <http://www.comprasnet.gov.br>. Acesso em: 24 ago. 2007. COMPRASNET. Governo economiza com pregão eletrônico. Disponível em: <http://www.comprasnet.gov.br>. Acesso em: 24 ago. 2007. MEDEIROS, P. H. R.; GUIMARÃES, T. A. A institucionalização do governo eletrônico no Brasil. RAE. Revista de Administração de Empresas, v. 46, p. 66-78, 2006. RICHARDSON, Roberto. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1989. WZOREK, L.; RAMOS, L.; REZENDE, D. A distância entre governo eletrônico e a real situação das cidades brasileiras. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO. 25., 2005, Porto Alegre. Anais do... Porto Alegre: ENEGEP, 2005. Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2005_enegep0906_0970.pdf>. Acesso em: 22 jun. 2007. YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2.ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.