UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA INGRIDY KELLY KREMER

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Transcrição:

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA INGRIDY KELLY KREMER GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS PERIGOSOS NA UNIDADE PEDRA BRANCA DA UNISUL: DIAGNÓSTICO E PROPOSIÇÃO DE MELHORIAS Palhoça 2014

INGRIDY KELLY KREMER GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS PERIGOSOS NA UNIDADE PEDRA BRANCA DA UNISUL: DIAGNÓSTICO E PROPOSIÇÕES DE MELHORIAS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Graduação em Engenharia Ambiental e Sanitária, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial à obtenção do título de Engenheira Ambiental e Sanitarista. Orientador: Prof. Silene Rebelo, Msc. Palhoça 2014

AGRADECIMENTOS A Deus por iluminar o meu caminho e me manter sempre com fé. Agradeço especialmente a Professora Silene Rebelo, orientadora dedicada e amiga por ter me apoiado, auxiliado e incentivado durante toda a realização deste estudo, e que com sabedoria e muita paciência soube dirigir-me os passos e os pensamentos para o alcance de meus objetivos. A todos os profissionais da UNISUL Unidade Pedra Branca pela ajuda durante todo o processo de levantamento de dados, contribuindo para a realização deste trabalho. Aos meus pais e toda minha família pelo amor, educação, carinho, dedicação e por acreditar sempre e me incentivar a não desistir de lutar para atingir meus objetivos. Ao Carlos Eduardo, meu noivo, amigo e companheiro, por todo amor, incentivo e paciência nas horas que eu precisei trocar a diversão pelos estudos.

RESUMO Devido ao crescimento desordenado da população, intensificado pela falta de planejamento e a inadequação do sistema de saneamento básico, à saúde humana e o meio ambiente encontram-se em uma situação caótica. O que torna o controle e o gerenciamento adequado dos resíduos questões essenciais nas rotinas tanto de uma casa, empresas ou instituições de Ensino. Este estudo foi realizado a fim de levantar a situação atual do gerenciamento dos resíduos sólidos perigosos gerados nos laboratórios de ensino, pesquisa e extensão da Unidade Pedra Branca da Unisul, assim como propor medidas de correções nas atitudes incorretas adotadas atualmente. A elaboração deste diagnóstico foi baseado nas vistorias realizadas in loco. Para o levantamento de dados, aplicou-se um questionário aos responsáveis por cada laboratório, composto por questões referente aos resíduos gerados e o gerenciamento adotado atualmente. Através deste estudo, mesmo com dados não precisos, pode-se concluir que há uma geração significativa de resíduos perigosos por semestre na Unidade Pedra Branca da Unisul. Verificou-se que o gerenciamento realizado nos laboratórios atualmente possui diversas irregularidades. Contudo, constatou-se que o gerenciamento adotado nos dias de hoje precisa de algumas melhorias, sendo elas: caracterização mais detalhadas dos resíduos gerados, segregação correta dos resíduos, utilização dos acondicionamentos até o limite máximo permitido, implantação de mais contentores de resíduos biológicos nos ambientes analisados, padronização da identificação dos contentores, verificação do uso de EPI s quando o resíduo for manejado, acrescentar aos veículos de transporte interno fichas de identificações em lugares visíveis, adequação e melhorias ao espaço físico destinado ao armazenamento interno, ativação com melhorias físicas ou construção de um novo armazenamento externo e por fim verificação da destinação final dada aos resíduos químicos pela empresa Ecoeficiência. Sendo assim, este diagnóstico buscou incentivar a Universidade a se posicionar quanto às necessidades de garantir a segurança dos profissionais envolvidos com os resíduos perigosos e garantir a qualidade do meio ambiente. Palavras-chave: Resíduos. Gerenciamento. Instituições de Ensino. Resíduos Perigosos. ABNT NBR 10004/2004.

ABSTRACT Due to the uncontrolled growth of population, intensified by the lack of planning and inadequate sanitation systems, human health and the environment are in a chaotic situation. What makes control and proper waste management issues essential in the routines as much of a home, business or education institutions. This study was conducted to explore the present state of the management of hazardous solid waste generated in teaching, research and extension of Pedra Branca Unit of Unisul laboratories, as well as propose measures to corrections in the incorrect procedures currently adopted. The preparation of this diagnosis was based on surveys conducted onsite. For data collection, a questionnaire was applied to account for each laboratory, consisting of questions regarding the waste generated and the management currently adopted. Through this study, not even with accurate data, it can be concluded that there is a significant generation of hazardous waste per semester at Pedra Branca Unit of Unisul. It was found that management performed in laboratories today have several deficiencies. However, it was noted that management adopted nowadays needs some improvements, namely: detailed characterization of waste generated, proper waste segregation, use of packaging to the maximum extent permitted deployment of more containers of organic waste in environments analyzed, standardized identification of containers, verification of the use of PPE when the waste is handled, adding to the internal transport vehicles chips identifications in visible places, adjustments and improvements to the physical space for the internal storage of waste within the laboratories, activation with physical improvements or construction of a new external storage and finally verification of final destination given by the company to chemical residues Ecoefficiency. Thus, this diagnosis has sought to encourage the University to position itself as the need to ensure the safety of the professionals involved with hazardous waste and ensure the quality of the environment. Keywords: Waste. Management.Education Institutions.Hazardous waste.abnt NBR 10004/2004.

LISTA DE FOTOGRAFIAS Fotografia 1 - Segregação e acondicionamento dos resíduos gerados nos ensaios realizados no Laboratório de Química da Unidade Pedra Branca da Unisul, no segundo semestre de 2014. 51 Fotografia 2 - Segregação e acondicionamento dos resíduos gerados nos ensaios realizados no Laboratório de Fotografia da Unidade Pedra Branca da Unisul, no segundo semestre de 2014.... 51 Fotografia 3 - Acondicionamento de vidrarias quebradas para descarte no Laboratório de Química na Unidade Pedra Branca da Unisul, no segundo semestre de 2014.... 52 Fotografia 4 - Acondicionamento dos resíduos perfurocortantes e escarificantes no Laboratório de Neurociência Experimental na Unidade Pedra Branca da UNISUL no segundo semestre de 2014... 52 Fotografia 5 - Acondicionamento dos resíduos biológicos no Laboratório de Anatomia na Unidade Pedra Branca da UNISUL no segundo semestre de 2014.... 53 Fotografia 6 - Acondicionamento de baterias para descarte no Laboratório de Engenharia Ambiental e Sanitária na Unidade Pedra Branca da UNISUL no segundo semestre de 2014. 53 Fotografia 7 - Autoclave para esterilização dos resíduos provenientes dos ensaios microbiológicos do Laboratório de Engenharia Ambiental e Sanitária da Unidade Pedra Branca da Unisul no segundo semestre de 2014.... 54 Fotografia 8 - Carro utilizado pela empresa Ecoeficiência para coleta de resíduos de saúde.. 55 Fotografia 9 - Carro utilizado pela empresa ecoeeficiência para coleta de resíduos classe I... 56 Fotografia 10- Exemplo de acondicionamento de resíduos biológicos... 61

LISTA DE TABELAS Tabela 1- - Coleta de RSS na Região Sul segundo estudo da ABRELPE no ano de 2012 e 2013.... 22 Tabela 2 - Quantificação dos resíduos biológicos gerados na Unidade Pedra Brancada Unisul, no segundo semestre de 2014.... 47 Tabela 3 - Quantificação dos resíduos químicos gerados na Unidade Pedra Branca da Unisul, no segundo semestre de 2014.... 47 Tabela 4 - Quantificação dos resíduos perfurocortantes ou escarificantes gerados na Unidade Pedra Branca da Unisul, no segundo semestre de 2014.... 49 Tabela 5 - Quantificação dos resíduos especiais gerados na Unidade Pedra Branca da Unisul, no segundo semestre de 2014.... 50

LISTA DE QUADROS Quadro 1- Classificação dos resíduos sólidos... 23 Quadro 2 Sequência de passos para elaboração de PGRSS segundo o Manual de Gerenciamento de RSS da Anvisa (ANVISA, 2006).... 33 Quadro 3- Classificação de resíduo, baseando na NBR 10.004... 38 Quadro 4- Leis e Normas Federaisreferentes ao gerenciamento de resíduos sólidos.... 42 Quadro 5 - Leis e Normas Estaduais referentes ao gerenciamento de resíduos sólidos.... 43 Quadro 6 - Normas da ABNT referentes ao gerenciamento de resíduos sólidos.... 43 Quadro 7 - Caracterização dos resíduos gerados por ambiente de ensino, pesquisa extensão na Unidade Pedra Branca da Unisul, no segundo semestre de 2014.... 45 Quadro 8- Local para destinação final dos resíduos gerados na Unidade Pedra Branca da UNISUL.... 68

LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Geração de Resíduos Sólidos Urbanos no Brasil segundo estudo realizado pela Abrelpe no ano de 2012 e 2013.... 19 Gráfico 2 - Coleta de RSU no Brasil segundo estudo da ABRELPE no ano de 2012 e 2013. 20 Gráfico 3 - Destinação final dos RSU coletados no Brasil segundo estudo da ABRELPE no ano de 2012 e 2013.... 20

LISTA DE SIGLAS ABES: Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas ABRELPE: Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais ANVISA: Agência Nacional de Vigilância Sanitária CNEN: Comissão Nacional de Energia Nuclear CONAMA: Conselho Nacional do Meio Ambiente EPC: Equipamento de Proteção Coletiva EPI: Equipamentos de Proteção Individual FISPQ: Ficha de Informação de Segurança de Produto Químico MTE: Ministério do Trabalho e Emprego NR: Norma Reguladora PGRS: Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos PGRSS: Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde PNRS: Política Nacional de Resíduos Sólidos RDC: Resolução da Diretoria Colegiada RSS: Resíduos de Serviço de Saúde RSU: Resíduos Sólidos Urbanos UNISUL: Universidade do Sul de Santa Catarina

12 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 14 1.1 JUSTIFICATIVA... 15 1.2 OBJETIVOS... 17 1.2.1 Objetivo geral... 17 1.2.2 Objetivos específicos... 17 2 REFERENCIAL TEÓRICO... 18 2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS... 18 2.2 PANORAMA GERAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL... 19 2.3 PANORAMA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS EM SANTA CATARINA... 21 2.3.1 Resíduos Sólidos Urbanos em Santa Catarina... 21 2.3.2 Resíduos de Serviço de Saúde em Santa Catarina... 22 2.4 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS... 23 2.4.1 Quanto à natureza física... 23 2.4.2 Quanto à composição química... 24 2.4.2.1 Resíduos orgânicos...24 2.4.2.2 Resíduos inorgânicos...24 2.4.3 Quanto aos riscos potenciais ao meio ambiente... 24 2.4.3.1 Resíduos Classe I - Perigosos...24 2.4.3.2 Resíduos Classe II A Não Inertes...26 2.4.3.3 Resíduos Classe II B Inertes...26 2.4.4 Quanto a Origem... 27 2.4.4.1 Classificação dos resíduos de serviços de saúde...27 2.5 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS... 29 2.5.1 Gerenciamento de resíduos perigosos... 32 2.5.1.1 Resíduos Biológicos...32 2.5.1.2 Resíduos químicos...33 2.5.1.3 Rejeitos radioativos...34 2.6 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SAÚDE... 36 2.7 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR... 39 3 MATERIAIS E MÉTODOS... 40 3.1 CARACTERISTICAS DO LOCAL DE ESTUDO... 40 3.2 COLETA DE DADOS... 41 3.2.1 Instrumento para coleta de dados... 41 3.3 ANÁLISE DE DADOS... 42 3.4 PROPOSIÇÃO DE AÇÕES GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS PERIGOSOS.. 42 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES... 44 4.1 DIAGNÓSTICO SITUACIONAL... 44 4.1.1 Fontes geradoras de resíduos perigosos... 44 4.1.2 Caracterização dos resíduos perigosos por fontes geradoras... 44 4.1.3 Quantificação dos resíduos perigosos gerados... 46 4.1.3.1 Resíduos Biológicos...46 4.1.3.2 Resíduos Químicos...47 4.1.4 Medidas atuais de gerenciamento de resíduos perigosos... 50 4.1.4.1 Segregação e acondicionamento dos resíduos perigosos...50 4.1.4.2 Tratamento atual dos resíduos perigosos...54 4.1.4.3 Coleta, transporte interno e armazenamento temporário...54 4.1.4.4 Coleta, transporte externo e destinação final...55

13 4.2 AÇÕES PARA MELHORIA DO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS PERIGOSOS... 56 4.2.1 Caracterização... 57 4.2.2 Segregação e Acondicionamento... 58 4.2.3 Identificação... 62 4.2.4 Manuseio... 63 4.2.5 Coleta e Transporte Interno... 64 4.2.6 Armazenamento temporário... 65 4.2.7 Armazenamento temporário externo... 65 4.2.8 Coleta e Transporte externo... 67 4.2.9 Destinação Final... 68 5 CONCLUSÕES... 70 6 SUGESTÕES DE AÇOES E TRABALHOS FUTUROS... 72 REFERÊNCIAS... 73 APÊNDICES... 76 APENDICE A Questionário para coleta de dados... 77 APENDICE B - Incompatibilidade química (ANVISA, 2004)... 83 APENDICE C - Substâncias que devem ser acondicionadas separadas (ANVISA, 2004)... 85 ANEXOS... 86 ANEXO A LAO para serviço de coleta e transporte de resíduos de Serviço de Saúde e Industriais Classe I... 87 ANEXO B Certificado da empresa PROACTIVA... 88 ANEXO C LAO para o armazenamento temporário de Resíduos Industriais Classe I e classe II da Empresa Ecoeficiência... 89

14 1 INTRODUÇÃO Os resíduos sólidos são definidos na Lei n. 12.305 de 2010 como qualquer material, substância, objeto ou bem resultante da atividade humana que é descartado, o qual deve ter sua destinação final, tanto nos estados sólidos ou semi-sólidos, bem como gases contaminados em recipientes e líquidos, em locais adequados e protegidos. Os resíduos sólidos podem ser classificados de acordo com vários aspectos, como por exemplo: quanto à natureza física, a composição química, aos riscos potenciais ao meio ambiente e ainda quanto à origem. No caso deste estudo, baseou-se na classificação da NBR 10.004/2004, a qual classifica os resíduos quanto ao risco ao meio ambiente. Ou seja, os resíduos podem ser classificados em Classe I Perigosos, ou Resíduos Classe IIA Não Inertes e IIB Inertes. Com o objetivo de dispor princípios, objetivos e instrumentos, bem como as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento ideal dos resíduos sólidos foi estabelecida em 2010 a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), através da promulgação da Lei 12.305. Esta Lei estabelece instrumentos e dimensões para alcançar a sustentabilidade no processo de gerenciamento dos resíduos sólidos, através da implementação e incentivo à disposição ambientalmente adequada, à coleta seletiva à logística reversa. Dispõe, também, sobre os aspectos sociais do gerenciamento, através do apoio as cooperativas e as associações de catadores, bem como dos aspectos culturais, a partir da educação ambiental, do consumo sustentável e da redução da geração de resíduos. Ainda conforme a Lei n. 12.305/2010 é possível ter informações especifica sobre quem está sujeito à elaboração do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos e quais as informações mínimas que devem conter neste. Apesar de o Brasil ser um país com mais de 80% da população vivendo em áreas urbanas, a infraestrutura e os serviços de saneamento não acompanharam o ritmo de crescimento das cidades. Os impactos causados devido ao manejo inadequado dos resíduos sólidos são enormes e acabam afetando o dia-a-dia da população, influenciando na saúde pública, na qualidade ambiental ou, até mesmo, nos aspectos estéticos dos municípios. Devido a atual conscientização da importância do saneamento ambiental, hoje em dia o manejo adequado dos resíduos sólidos refletem a qualidade da administração, tanto dos órgãos públicos como empresas e instituições, e retratam o nível de desenvolvimento das populações.

15 Segundo Tauchen & Brandli (2006), faculdades e universidades podem ser comparadas com pequenos núcleos urbanos, uma vez que envolvem diversas atividades de ensino, pesquisa, extensão e atividades referentes à sua operação, como restaurantes e locais de convivências. Sendo assim, como consequência dessas atividades, há geração de resíduos sólidos, assim como também, dependendo das atividades realizadas nas universidades, pode haver geração de Resíduos Perigosos. Desta foram, observa-se a responsabilidade das universidades quanto ao adequado gerenciamento de resíduos sólidos, principalmente tendo em vista a minimização dos impactos ambientais e da saúde pública, além da sensibilização dos professores, alunos e funcionários envolvidos diretamente no gerenciamento desses resíduos (FURIAM & GUNTHER, 2006). Sendo assim, o presente trabalho buscou analisar o atual gerenciamento dos resíduos sólidos classificados como classe I perigosos gerados nos laboratórios de ensino, pesquisa e extensão da Unidade Pedra Branca da Unisul a fim de propor melhorias. 1.1 JUSTIFICATIVA Hoje em dia é possível observar os danos causados devido ao gerenciamento inadequado dos resíduos sólidos. O resultado de anos sem o controle e o devido cuidado com os resíduos é totalmente prejudicial à sociedade como um todo. Ainda hoje nos deparamos com a disposição de lixo em locais impróprios, contaminando de maneira drástica a água e o solo, além dos gases que são emitidos e acabam por poluir o ar. Como resultado deste descuido é possível observar severos danos à saúde pública, com a ocorrência de doenças associadas à falta do saneamento, as quais deveriam ser inaceitáveis ainda no século XXI. Além de tamanho descuido com a natureza e a saúde do homem, é possível observar as oportunidades que são enterradas juntamente com os resíduos sólidos, ou seja, junto com estes perde-se muitos materiais que poderiam ser reintroduzidos nos processos produtivos e, desta forma, promover economia e renda. Segundo estimativa do Instituto de Pesquisa e Econômica Aplicada (Ipea), a generalização da reciclagem de aço, alumínio, papel e vidro geraria R$ 8 bilhões anuais para o sistema econômico, em valores de 2007 (IPEA, 2010). De acordo com dados do Panorama de Resíduos Sólidos da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) de 2013 (2014) a situação de destinação final dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) manteve-se inalterada de 2012 para

16 2013. O índice de 58,3% correspondente à destinação final adequada no ano de 2013 permanece significativo, porém a quantidade de RSU destinados de maneira inadequada cresceu em relação ao ano de 2012, totalizando 28,8 milhões de toneladas que seguiram para lixões ou aterros controlados, que infelizmente pouco se diferem dos lixões. Ou seja, mesmo com a legislação restritiva e dos esforços aplicados em todas as esferas governamentais, a destinação final inadequada ainda representou 60% do total no ano de 2013 (ABRELPE, 2014). Essa disposição inadequada gera: contaminação do solo com o chorume, resultante da decomposição do lixo, o que pode resultar em contaminação da água superficial e subterrânea; a falta de controle dos resíduos que estão sendo enterrados, ou seja, pode haver resíduos de saúde, perigosos sem os devidos tratamentos prévios; a liberação de gases, principalmente do gás metano; a possibilidade de criação de animais nas proximidades dos lixões. Sendo assim, a destinação inadequada dos resíduos acaba por acarretar ainda mais em problemas na saúde pública, como proliferação de vetores de doenças (moscas, baratas, ratos, entre outros), geração de maus cheiros, além da poluição do meio ambiente. Diante deste quadro no qual o Brasil se encontra, uma alternativa a fim de solucionar o problema é o gerenciamento dos resíduos sólidos conforme preconiza a PNRS. Através deste pode-se obter, benefícios econômicos, devido aos materiais recicláveis que possuem valor comercial. Cria, também, condições de gerar benefícios sociais em várias esferas da sociedade, assim como a geração de empregos e rendas aos trabalhadores envolvidos tanto direta ou indiretamente nas atividades de reciclagem. O gerenciamento, ainda, possui como maior objetivo a questão ambiental, ou seja, nele prevê-se diversas alternativas e passos para que o resíduo que tenha algum potencial de reutilização não seja encaminhado para os aterros sanitários, mas caso isto seja necessário, que a disposição final siga as normas técnicas na sua implantação. Sendo assim, as universidades como produtoras de conhecimento e formadoras de opinião têm uma responsabilidade muito grande perante a sociedade, tanto ético quanto social e técnico, e, por isto, devem adotar metodologias de gestão de resíduos visando o melhor gerenciamento dos mesmos, a fim de garantir a qualidade do meio ambiente, a saúde do homem e ainda transmitir conhecimento aos alunos, professores e funcionários sobre as atitudes corretas que devem ser tomadas. Neste sentido, como forma de contribuir para melhoria do processo de gerenciamento de resíduos perigosos, o presente trabalho justifica-se, pois visa garantir a redução da geração dos resíduos classe I, permitir que mais resíduos sejam reciclados ou

17 reaproveitados e aqueles que precisam ser destinados, tenham um destino final correto, visando o menor impacto possível. 1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Objetivo geral Analisar o gerenciamento dos resíduos sólidos classificados como classe I perigosos gerados nos laboratórios de ensino, pesquisa e extensão da Unidade Pedra Branca do campus Universitário da Grande Florianópolis da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), visando à proposição de melhorias. 1.2.2 Objetivos específicos Identificar as atividades e fontes geradoras de resíduos sólidos da classe I na Unidade Pedra Branca da Unisul; Realizar o diagnóstico quali-quantitativo dos resíduos sólidos de classe I gerados pelas atividades e fontes identificadas; Analisar as condições atuais e os procedimentos adotados em relação ao gerenciamento dos resíduos classificados como perigosos nos laboratórios de ensino, pesquisa e extensão da Unidade Pedra Branca da Unisul; Apontar as ações necessárias para atender a legislação vigente e para melhorar o atual gerenciamento dos resíduos sólidos de classe I da Unidade.

18 2 REFERENCIAL TEÓRICO Neste capitulo serão apresentadas algumas definições e aspectos relacionados aos resíduos sólidos, que auxiliaram na avaliação do gerenciamento de resíduos perigosos gerados nos laboratórios da Unidade Pedra Branca da Unisul e na proposição de melhorias. 2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS Os materiais considerados como não reutilizáveis até pouco tempo atrás eram chamados de lixo. A palavra lixo origina-se do latim lix que significa cinzas ou lixívia (LIMA, 2012). No Brasil, segundo o Dicionário da Língua Portuguesa Aurélio, lixo é qualquer matéria ou coisa que repugna por estar suja ou que se deita fora por não ter utilidade. Segundo a Norma Brasileira (NBR) 10.004/2004 Resíduos Sólidos Classificação, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), o que é coloquialmente denominado como lixo é definido de resíduo sólido. O termo resíduo, residuu, do latim significa o que sobra de determinadas substância, e sólido para diferenciá-lo de líquidos e gases (RIBEIRO; MORELLI, 2009) De acordo com a NBR 10.004/2004(ABNT, 2004), resíduos sólidos são: Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível. Já segundo o inciso XVI do artigo 3º da Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), os resíduos sólidos podem ser definidos, como: Material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólidos ou semi-sólidos, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d água, ou exijam para isso soluções técnicas ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível. (BRASIL, 2010)

19 2.2 PANORAMA GERAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL Segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos realizado pela Abrelpe (ABRELPE, 2014) em 2013, a geração total de RSU foi de 76.387.200 toneladas, o que significa um aumento de 4,1% quando comparado ao ano de 2012 (Gráfico 1) Este índice é considerado superior à taxa de crescimento populacional no país, que neste mesmo período foi de 3,7%. Gráfico 1 - Geração de Resíduos Sólidos Urbanos no Brasil segundo estudo realizado pela Abrelpe no ano de 2012 e 2013. Fonte: Abrelpe(2013, p. 28). Em relação à quantidade de resíduos coletados, houve um aumento de 4,4% em relação ao ano de 2012, conforme demonstra o Erro! Fonte de referência não encontrada. Quando comparado este índice com o crescimento de geração de resíduos, percebe-se uma pequena evolução na cobertura de serviço de coleta, chegando a 90,4%, com um total de 69.064.935 toneladas coletadas ao ano(abrelpe, 2014).

20 Gráfico 2 - Coleta de RSU no Brasil segundo estudo da ABRELPE no ano de 2012 e 2013. Fonte: Abrelpe (2013, p. 29). Em relação à destinação final dos resíduos, pode-se observar no Gráfico 3 uma pequena alteração. De 2012 para 2013 a quantidade de resíduos encaminhados para destinação final de maneira adequada aumentou de 57,98% para 58,26%, em quanto à destinação inadequada caiu de 45,02% para 41,74%. Sendo assim, a destinação final mantevese praticamente inalterada (ABRELPE, 2014). Gráfico 3 - Destinação final dos RSU coletados no Brasil segundo estudo da ABRELPE no ano de 2012 e 2013. Fonte: Abrelpe (2013, p. 31). A partir dos dados apresentados pela Abrelpe, conclui-se que o Brasil está tendo um avanço quanto à responsabilidade com os resíduos gerados, porém, esta ainda não é suficiente e ainda há muitas irregularidades que devem ser corrigidas.

21 2.3 PANORAMA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS EM SANTA CATARINA O inicio do século XXI foi marcante para o estado de Santa Catarina quanto às questões relacionada aos seus resíduos sólidos. Segundo a Associação de Engenheiros Sanitaristas e Ambientais (ABES, 2005) foi no final do ano 2000, que o Ministério Público Estadual, ao definir as suas políticas e prioridades para o ano de 2001 na área de meio ambiente, considerou a necessidade urgente de um programa especial de recuperação das áreas degradadas pela disposição irregular de resíduos sólidos, pois de acordo com o Ministério Público de Santa Catarina, em 2000, somente 22 municípios depositavam os seus resíduos de forma adequada, ou seja, 8% dos municípios e 92% depositavam os resíduos sólidos de forma adequada. Em janeiro de 2001, o Ministério Público implantou o Programa lixo Nosso de Cada Dia, este programa tinha como principal objetivo dar a destinação adequada aos resíduos sólidos domiciliares gerados em todos os municípios do Estado. Nessas condições, os Promotores de justiça das Comarcas instauraram procedimentos administrativos que resultaram na assinatura de 193 termos de compromisso de ajustamento de conduta, nos quais os Prefeitos se comprometeram a regularizar a situação do lixo urbano, recuperar áreas degradas por lixões a céu aberto e implementar ações de conscientização junto a população(mpsc,s/d) Já no ano de 2004 o estado de Santa Catarina encontrava-se em uma situação privilegiada quando comparado aos demais estados do Brasil, pois 279 Municípios catarinenses já estavam dando a destinação adequada os seus resíduos, o que representava 95,22% (CME/MPSC, 2008). 2.3.1 Resíduos Sólidos Urbanos em Santa Catarina No ano de 2009 no estado de Santa Catarina, a taxa de geração de RSU, foi de 3.994 t/dia em média. Em 2010, essa taxa aumentou 7,28% atingindo o valor de 4.285 t/dia em média. Em 2012 a quantidade de resíduos gerados aumentou para 4.613 t/dia, e continuou a crescer para 4.799 t/dia no ano de 2013(ABRELPE, 2010 e ABRELPE, 2014). Acompanhando a tendência de crescimento da geração de RSU, a coleta também apresentou aumento. Em 2009 foram coletados em média a taxa de 3.620 t/dia, em 2010 a taxa de coleta foi de 3.956 em 212 a taxa de coleta evoluiu para 4.346 t/dia e em 2013 para 4.546 t/dia. Comparando a evolução das taxas de geração e coleta de resíduo, observa-se que

22 a coleta tende à universalização, devido ao seu crescimento ser maior que o crescimento da taxa de geração (ABRELPE, 2010 e ABRELPE, 2014). Conforme relatório emitido pela ABES/SC (2012), 100% dos municípios, ou seja, todos os 293 municípios catarinenses estão destinando seus resíduos sólidos urbanos para aterros sanitários, não existindo mais a destinação de maneira inadequada no estado. 2.3.2 Resíduos de Serviço de Saúde em Santa Catarina Dos 1.191 municípios existentes na região Sul, considerando Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, 1069 prestaram total ou parcial serviços relativos aos Resíduos de Serviço de Saúde (RSS). A taxa de coleta do RSS em Santa Catarina alcançou ao valor de 5.480 t/ano no ano de 2013 conforme pode ser observado na Tabela 1. Tabela 1- - Coleta de RSS na Região Sul segundo estudo da ABRELPE no ano de 2012 e 2013. Fonte: ABRELPE (2013, p. 95). O tratamento dos RSS coletados podem ser realizados por: autoclave, incineração, microondas ou outros tipos. Na região Sul, os tratamentos mais utilizados para os RSS são: a autoclave com 54,7% seguido pela incineração com 41,8%, microondas com 1,5% e outros com 2%. Em Santa Catarina, há uma capacidade instalada de tratamento para 1.872 t/ano em Autoclave e 624 t/ano em Incineração. Não há tratamento por microondas e nem outros tipos. Sendo assim, Santa Catarina conforme os dados da ABRELPE (2014) é capaz de tratar 2.496 t/ano de RSS.

23 2.4 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS Os resíduos sólidos podem ser classificados de acordo com vários aspectos como, por exemplo: quanto à natureza física, a composição química, aos riscos potenciais ao meio ambiente e ainda quando à origem (Quadro 1). Quadro 1- Classificação dos resíduos sólidos CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS Secos QUANTO À NATUREZA FÍSICA Úmidos QUANTO A COMPOSIÇÃO QUÍMICA QUANDO AOS RISCOS POTENCIAIS AO MEIO AMBIENTE QUANTO Á ORIGEM Fonte: Elaboração da Autora, 2014. Orgânicos Inorgânicos Resíduo Classe I Perigosos Resíduo Classe II Não Perigosos Resíduos Domiciliares Resíduos de Limpeza Urbana Resíduos Sólidos Urbanos Resíduos de Estabelecimentos Comerciais e Prestadores de Serviços Resíduos dos Serviços Públicos de Saneamento Básico Resíduos Industriais Resíduos de Serviços de Saúde Resíduos da Construção Civil Resíduos Agrossilvopastoris Resíduos de Serviços de Transportes Resíduos de Mineração 2.4.1 Quanto à natureza física Segundo Calderoni (2003), os resíduos secos são aqueles considerados como recicláveis, sendo eles: vidros, metais ferrosos, plásticos, papéis. Já os resíduos úmidos são os resíduos orgânicos e rejeitos, por exemplo: restos de comida, cascas de frutas, resíduos de banheiro, entre outros materiais não classificados como recicláveis.

24 2.4.2 Quanto à composição química 2.4.2.1 Resíduos orgânicos Resíduos orgânicos são todos aqueles que possuem matéria de origem animal ou vegetal, entre eles, estão: restos de alimentos, frutas, verduras, legumes, flores, plantas, folhas, sementes, restos de carnes e ossos, papéis, madeiras, etc. Na maioria das vezes, os resíduos orgânicos podem ser utilizados em compostagens, sendo transformados em fertilizantes e corretivos do solo (CALDERONI, 2003). 2.4.2.2 Resíduos inorgânicos Conforme descrito por Calderoni (2003), resíduos inorgânicos são todos os materiais que não possuem origem biológica, ou que foram produzidos por meios humanos, podendo ser: plásticos, metais, e vidros. Normalmente, esses resíduos apresentam um longo tempo de degradação quando lançados ao meio ambiente sem tratamento prévio. 2.4.3 Quanto aos riscos potenciais ao meio ambiente A classificação quanto à periculosidade consta no inciso II do artigo 13 da Lei 12.305/2010e se divide em duas classes as quais coincidem com o que é definido pela NBR 10.004/2004 que classifica os resíduos por seus riscos potenciais à saúde pública ou ao ambiente, em perigosos e não perigosos (ABNT, 2004; BRASIL, 2010). Contudo na NBR 10.004/2004 tal classificação é mais detalhada e são estabelecidas subclasses. Ou seja, os resíduos sólidos, avaliando o grau de periculosidade dos resíduos sólidos, ou seja, os riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública podem ser classificados em: Resíduos Classe I Perigosos e em Resíduos Classe II Não Perigosos, sendo este último subdivido em dois grupos: Inertes e Não Inertes(ABNT, 2004). 2.4.3.1 Resíduos Classe I - Perigosos Segundo a NBR 10.004/2004 os resíduos perigosos são aqueles que apresentam periculosidade característica esta apresentada por um resíduo que em função de suas propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas, podem apresentar risco tanto à saúde pública, provocando mortalidade, incidência de doença ou acentuando seus índices como ao

25 meio ambiente, quando o resíduo for gerenciado de forma inadequada. Ou, ainda apresentar alguma das seguintes características: Inflamabilidade: Um resíduo sólido é caracterizado como inflamável, se uma amostra representativa dele, obtida conforme a ABNT NBR 10007/2004, apresentar qualquer uma das seguintes propriedades: - Possuir ponto de inflamação menor a 60ºC; - Inflama-se por fricção, absorção de umidade ou espontaneamente a 25ºC; - Ser um oxidante definido como substancia que pode liberar oxigênio; - Ser um gás comprimido inflamável. Corrosividade: Um resíduo sólido é caracterizado como corrosivo, se uma amostra representativa dele, obtida conforme a ABNT NBR 10007, apresentar qualquer uma das seguintes propriedades: - Possuir o ph inferior ou igual a 2 ou, superior ou igual a 12,5 em solução aquosa; - Ser líquida ou produzir um líquido capaz de corroer o aço a uma razão maior que 6,35 mm ao ano, a 55ºC. Reatividade: Um resíduo sólido é caracterizado como reativo, se uma amostra representativa dele, obtida conforme a ABNT NBR 10007, apresentar qualquer uma das seguintes propriedades: - Ser instável e reagir de forma violenta e imediata; - Reagir de maneira violenta com a água; - Formar mistura explosiva com a água; - Produzir reações explosivas com o calor; - Estar definido como explosivo. Toxicidade: Um resíduo é caracterizado como tóxico se uma amostra dele apresentar uma das seguintes propriedades: - Produzir mortalidade em ratões ou dermatite; - Quando contém uma ou mais substancias declaradas como tóxicos por organismos oficiais; - Gerar gases, vapores ou fumos tóxicos quando se mescla com a água; - Contem alguns cianuretos (CN-) ou Gás sulfúrico (S=) que por reação liberam gases tóxicos em quantidade perigosa. Patogenicidade: Um resíduo é caracterizado como patogênico, se uma amostra dele

26 apresentar a seguinte propriedade: - Contiver ou se houver suspeitas de conter, microrganismos patogênicos, proteínas virais, ácido desoxirribonucléico (ADN) ou ácido ribonucléico (ARN), organismos geneticamente modificados, plasmídeos, cloroplastos, mitocôndrias ou toxinas que são capazes de produzir doenças no ser vivo. 2.4.3.2 Resíduos Classe II A Não Inertes São aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos classe I Perigosos ou classe II B Inertes (ABNT, 2004). 2.4.3.3 Resíduos Classe II B Inertes Os resíduos classificados como II B- Inertes, são quaisquer resíduos que, quando amostrados de uma forma representativa, segundo a NBR 10007/2004e submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou desionizada, à temperatura ambiente, conforme a NBR 10006/2004, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água. O Fluxograma 1 mostra um esquema que facilita a classificação do resíduo quando baseado na classificação da NBR 10.004/2004. Fluxograma 1- Classificação de resíduo, baseando na NBR 10.004/2004 da ABNT. Fonte: Cetesb, 2014

27 2.4.4 Quanto a Origem Segundo o artigo 13º da Lei nº 12.305/2010, os resíduos são classificados quanto à origem e a periculosidade, sendo que no inciso I do referido artigo são definidas onze classes de resíduos sólidos quanto a sua origem, as quais são: a) Resíduos domiciliares: São os resíduos originários das atividades domésticas em residências urbanas; b) Resíduos de limpeza urbana: São os resíduos originários da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana; c) Resíduos sólidos urbanos: São os resíduos englobados nas alíneas a e b ; d) Resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviço: São os resíduos originados dos diversos estabelecimentos comerciais: supermercados, estabelecimento bancários, lojas, bares, entre outros. e) Resíduos dos serviços públicos de saneamento básico: os gerados nessas atividades, excetuados os referidos na alínea c ; f) Resíduos industriais: São os resíduos gerados nos processos produtivos e de instalações industriais; g) Resíduos de serviço de saúde: Os resíduos de saúde são definidos em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama e do SNVS; h) Resíduos da construção civil: Possuem como origem construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, incluindo os resultantes da preparação e escavação de terrenos; i) Resíduos agrossilvopastoris: São resíduos agrossilvopastoris aqueles que têm como origem as atividades agropecuárias e silviculturais, incluindo os relacionados a insumos utilizados nessas atividades; j) Resíduos de serviço de transporte: São os resíduos originários de portos, aeroportos, terminais, alfândegas, rodoviários, ferroviários, e passagens de fronteiras; k) Resíduo de mineração: São todos os resíduos gerados nas atividades de pesquisa, extração ou beneficiamento de minérios. (BRASIL, 2010) Além dessa classificação da Lei n 12.305 é importante para a realização deste trabalho, a classificação dos resíduos de saúde, conforme descrito a baixo no item 2.4.4.1. 2.4.4.1 Classificação dos resíduos de serviços de saúde Segundo as orientações da Anvisa por meio da Resolução Anvisa RDC nº 306/2004 e a Resolução do Conama nº 358/2005 os resíduos de serviço de saúde são classificados em cinco grupos: Grupo A Biológico: São resíduos com possível presença de agentes biológicos que, por suas caracteristicas, podem apresentar risco de infecção.este grupo é dividido emcinco subgrupos conforme caracteristicas específicas de cada tipo de material, ou seja, A1, A2, A3, A4 e A5. Como exemplos deste grupo temos: culturas e estoque de

28 microorganismos; resíduos resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza de contaminação biológica por agentes classe de risco 4 (risco individual e para comunidade); bolsas transfusionais de sangue rejeitas por contaminação ou por má conservação; sobras de amostra de laboratório; carcaças, peças anatômicas e vísceras provenientes de animais; cadáveres de animais suspeitos de portadores de microorganismos de relevância epidemiológica; peças anatômicas do ser humano; kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores; filtros de ar e gases contaminados; sobras de amostras de laboratório e seus recipientes contendo fezes, urina e secreção; resíduos de tecido adiposo proveniente de cirurgias plásticas; bolsas transfusionais vazias ou com volume residual pós- transfusão; órgãos, tecidos, fluídos orgânicos,. Grupo B Químicos: São os resíduos que contem substancias químicas e que podem apresentar riscos à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas caracterisicas de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade. Exemplos deste grupo: produtos hormonais e antimicrobianos; anticoplásticos; resíduos de saneantes, desinfetantes, resíduos contendo metais pesados; reagentes para laboratórios, inclusive o recipiente contaminado por este; reveladores e fixadores; demais produtos considerados perigosos, conforme a classificação NBR 10.004/2004 da ABNT; Grupo C - Radioativos: São quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham radionuclídeos em quantidade superiores aos limites de eliminação especificadas nas normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear(CNEN).Exemplos deste grupo:quaisquer materiais resultantes de laboratórios de pesquisa e ensino na área de saúde, laboratórios de análises clínicas e serviços de medicina nuclear que contenham radionuclídeos em quantidade superior a sua eliminação; Grupo D - Comuns:São os resíduos que não apresentam risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente. Exemplos deste grupo: Papel de uso sanitário; resto alimentar; equipo de soro e outros similares não classificados como A1; resíduo proveniente da área administrativa, entre outros; Grupo E Perfurocortantes: Ou escarificantes, como agulhas; escalpes; ampola de vidro; lâmina de bisturi; tubos capilares; espátulas; e todos as vidrarias quebradas nos laboratórios (pipetas, placas de Petri, etc.) e outros similares.

29 2.5 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS Segundo inciso X do artigo 3º da Lei nº 12.305/2010, o gerenciamento de resíduos sólidos, é definido como: Conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento de resíduos sólidos, exigidos na forma desta Lei. (BRASIL, 2010) Ainda de acordo com a PNRS, a gestão integrada de resíduos pode ser definida como um conjunto de ações que buscam soluções para os resíduos sólidos, levando em consideração as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, possuindo controle social e baseando-se no desenvolvimento sustentável (BRASIL, 2010). Para que o gerenciamento de resíduos ocorra de forma adequada e eficiente é necessário considerar a realidade local e as particularidades regionais, como forma de melhor compreender o fluxo dos resíduos, bem como considerar as dimensões socioeconômicas e culturais, buscando a realização de um planejamento consciente e participativo do gerenciamento (FERNANDEZ, 2008, apud VEIGA, 2010, p. 40). Segundo Lima (2002, apud SILVA, COELHO e SILVA, 2012, p. 3), o termo Gerenciamento de Resíduos Sólidos diz respeito aos aspectos tecnológicos e operacionais, o qual envolve fatores administrativos, gerenciais, econômicos e de desempenho, ou seja, diz respeito a relação entre a produtividade e a qualidade dos resíduos. Segundo o artigo 20 da Lei n 12.305 estão sujeitos à elaboração do plano de gerenciamento de resíduos sólidos os geradores de resíduos dos serviços públicos de saneamento básico, de resíduos industriais, de resíduos de serviços de saúde, de resíduos de mineração, bem como os estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços que gerem resíduos perigosos ou que não sejam equiparados aos domiciliares, as empresas de construção civil, os responsáveis pelos terminais e outras instalações e as atividades agrossilvopastoris. Ainda conforme estabelecido no artigo 21 da Lei n 12.305, o plano de gerenciamento de resíduos sólidos deve conter no mínimo as seguintes informações: descrição do empreendimento; diagnóstico dos resíduos sólidos gerados (origem, volume e caracterização); quando houver plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos, deverá ter explicitação dos procedimentos operacionais relativos às etapas do gerenciamento e a definição dos procedimentos operacionais; identificação das soluções consorciadas com

30 outros geradores; ações preventivas e corretivas a serem executadas; metas e procedimentos relacionados à minimização da geração dos resíduos; se couber ações relativas à responsabilidade compartilhada; medidas saneadoras dos passivos ambientais e a periodicidade de sua revisão. Para atender ao conteúdo mínimo exigido na Lei, o Plano deverá considerar tais aspectos: Caracterização: consiste na identificação e quantificação dos resíduos gerados. A Identificação deve seguir a NBR 10.004/2004 da ABNT, e/ou, outras normas específicas, como a RDC 306/2004 da Anvisa. A quantificação deve ser realizada através de métodos qualitativos e quantitativos que possibilitarão a redução, a reutilização, a reciclagem e a destinação adequada para os resíduos gerados. É importante que a caracterização do resíduo seja feita na fonte de geração, pois assim facilitará sua reutilização e destinação. Segregação: consiste na separação dos resíduos no momento e local de sua geração, de acordo com as características físicas, químicas, biológicas, o seu estado físico e os riscos envolvidos (ANVISA, 2004). A segregação dos resíduos, quando realizada de maneira adequada, permite a identificação da quantidade de resíduos gerados e pode auxiliar na redução do volume de resíduos que necessitam de manejo diferenciado. (BRASIL, 2005); Acondicionamento: consiste no ato de embalar os resíduos segregados, em sacos ou recipientes que evitem vazamentos e ruptura (ANVISA, 2004). É importante que a capacidade dos recipientes de acondicionamento seja compatível com a geração diária de cada tipo de resíduo; Identificação: consiste no conjunto de medidas que permite o reconhecimento do resíduo acondicionado, facilitando o manejo dos resíduos. Tal identificação deve estar num local de fácil visualização nos sacos de acondicionamentos, nos recipientes de coleta interna e externa, nos recipientes de transporte interno e externo e nos locais de armazenamento, respeitando a simbologia, cores e frases dispostas na NBR 7.500/2013 Versão Corrigida: 2013 (ABNT, 2013); Transporte interno: consiste no translado dos resíduos do ponto de geração até o local destinado ao armazenamento temporário ou armazenamento externo. É importante que o material dos recipientes do transporte interno seja rígido, lavável, impermeável. Além do que tais recipientes devem conter tampa articulada ao próprio

31 corpo do equipamento, canto e bordas arredondadas e estar devidamente identificado com o símbolo correspondente ao risco do resíduo contido neste (ANVISA, 2004); Armazenamento interno: é conhecido, também, como armazenamento temporário. Consiste em local para a guarda dos resíduos já acondicionados, em local próximo aos pontos de geração, até a realização da etapa da coleta externa. Serve para aperfeiçoar a coleta interna e agilizar o deslocamento entre os pontos geradores e o local de coleta externa. Deve ser num ambiente exclusivo e com acesso facilitado para os veículos coletores; Armazenamento externo: consiste na guarda dos recipientes de resíduos até a coleta externa, em ambiente exclusivo com acesso facilitado para os veículos coletores (ANVISA, 2004); Coleta e o Transporte Externo: consistem na remoção dos resíduos do abrigo até a unidade de tratamento ou disposição final; Disposição final: Corresponde à etapa final do manejo externo, consiste na disposição dos resíduos no solo, previamente preparado para recebê-lo. As destinações finais mais comuns são: Aterro Sanitário e Aterro Industrial. De acordo com o artigo 9º da Lei 12.305/2010 tanto a gestão como o gerenciamento de resíduos devem preconizar a não geração, a redução, a reutilização, a reciclagem e o tratamento dos resíduos sólidos, bem como a disposição ambientalmente adequada aos rejeitos (BRASIL, 2010). Desta forma, os PGRS devem considerar no seu escopo ações que viabilizem tais aspectos. Entre os princípios desta Lei, merecem destaque a coleta seletiva, os sistemas de logística reversa e outras ferramentas relacionadas à implementação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto. Estes princípios se devem a importância de preservar a qualidade do meio ambiente e a qualidade de vida do ser humano e podem ser definidos como: Coleta Seletiva: Consiste na coleta de resíduos sólidos provenientes segregados conforme sua constituição ou composição; Logística Reversa: É um instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações que viabilizam a coleta e restituição de certos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outro ciclo produtivo, ou mesmo outra destinação final adequada (PNRS, 2010). A logística

32 reversa evita que os resíduos com grande probabilidade de gerar impactos ambientais sejam diretamente descartados depois do seu uso, ou seja, ela prolonga o período de vida do produto; Reciclagem: É um processo de transformação dos resíduos sólidos que envolvem a alteração de suas propriedades físico-química ou biológicas, visando à transformação em um novo produto; Reutilização: Baseia-se em um processo de aproveitamento dos resíduos sólidos sem sua transformação biológica, física ou físico- química. 2.5.1 Gerenciamento de resíduos perigosos Devido à periculosidade dos resíduos, é de extrema importância que nos locais considerados potencialmente geradores de resíduos perigosos, estes apresentem o gerenciamento adequado dos mesmos. Segundo Fonseca (2009), as universidades e centros de pesquisa precisam instituir em suas unidades, Planos de Gerenciamento de Resíduos e afirma que em termos de resíduos perigosos estes podem ser separados em três grandes grupos: Resíduos Biológicos: São os diferentes tipos de resíduos que incluem agentes infecciosos. Atualmente, as seguintes categorias de resíduos são consideradas como biológicos: resíduo medicinal; resíduos de laboratórios biológicos ou que trabalhem com substâncias controladas; e resíduo patológico; Resíduos Químicos: Os resíduos químicos são todos que apresentam: substâncias e produtos químicos rejeitados; resíduos provenientes de aulas práticas ou projetos de pesquisa; ou resíduos que apresentam em suas características: ignitividade, corrosividade, reatividade ou toxicidade; e Resíduos Radioativos: São todos os resíduos de baixo ou alto nível de radioatividade. Deve ser considerado rejeito radioativo todos aqueles com radioatividade detectável que são gerados sem procedimentos que envolvem material radioativo licenciado. 2.5.1.1 Resíduos Biológicos Fonseca (2009) propõe o gerenciamento dos resíduos de saúde como resíduos biológicos (incluindo os perfurocortantes), dentre estes, inclui os resíduos de outras correntes,