Santos, 30 de setembro de 2009 Estas são nossas primeiras impressões, comentário e observações quanto a Resolução 3790/09 que regula as aplicações financeiras dos RPPS: Valorização da elaboração da política anual de investimentos colocando seus principais aspectos, logo no inicio da nova Resolução; Maior numero de alternativas de investimentos nos três (3) segmentos permitidos: renda fixa, renda variável e imóveis, embora os dois aspectos abaixo trazem restrições de investimentos em relação à Resolução 3506/07: Proibição a investimentos em fundos de crédito privado;(observação 1). Aumento do percentual de investimentos em fundos multimercado, de 3% para 5%, porém a retirada da possibilidade do investimento em fundos que tenham alavancagem; Esta categoria de fundo continuou permitida dentro do limite total de 30% para o segmento de renda-variável que permaneceu em 30%; Abriu a possibilidade de investimentos em FIDCs fechados, até o limite de 5%, dentro do limite total para esta categoria de fundos que permaneceu em 15%; Todos os FIDCs alvo de aplicação dos RPPS precisam ter rating de baixo risco de crédito. Abriu a possibilidade de investimentos em fundos imobiliários, até o percentual de 5% e dentro do limite total do segmento de renda variável que é de 30%, desde que o fundo tenha suas cotas negociadas em bolsa de valores. Abriu a possibilidade de investimentos em fundos de investimentos em participações (FIP - que explicaremos abaixo), até o percentual de 5%, dentro do limite das aplicações em fundos de índices referenciados em ações que é de 20% e também dentro do limite de 30% para o segmento de renda variável; Abriu a possibilidade de investimentos em fundos de índices referenciados em ações, também conhecidos por ETFs, (que explicaremos abaixo); Abriu a possibilidade dos RPPS realizarem operações compromissadas, com títulos públicos federais, até o limite de 15% de seu patrimônio líquido. (Observação 2). Foi dobrado o percentual que pode ser investido em fundos de renda fixa: de 15 para 30%.(Observação 3). A nova resolução mantém a orientação da antiga no sentido de incentivar o mercado a oferecer fundos previdenciários, permitindo sempre maiores percentuais de investimentos neste tipo de fundos, tanto no segmento de renda fixa como no de renda variável. (Observação 4). Alerta para que os fundos investidos pelos FICs não tenham aspectos da sua carteira e gestão em desacordo com a Resolução 3790/09; Início da exigência que os gestores dos fundos que vão receber aplicações dos RPPS tenham rating.
Permissão a que os fundos que sejam alvo de aplicação dos RPPS possam realizar operações de Daytrade que são aquelas iniciadas e encerradas no mesmo dia, mas há vedação para que os RPPS façam essas operações em suas posições próprias de títulos públicos federais. Introdução de novo benchmark, o IMA, calculado pela ANDIMA que deverá ser adotado pelos RPPS (explicaremos abaixo). Definição de que as aquisições diretas de títulos públicos federais só possam ser feitas através de plataforma eletrônica; ainda nesta forma os RPPS podem participar de ofertas públicas realizadas pelo Banco Central (explicaremos abaixo). Para nossa surpresa foram suprimidos da nova Resolução os artigos que tratam de gerenciamento das aplicações dos recursos financeiros como a elaboração de relatórios trimestrais e acompanhamento de rentabilidade e risco. Supomos que esta postura foi intencional para que a Resolução ficasse apenas com os aspectos de limites e modalidades operacionais dos investimentos e que é assunto pertinente ao Conselho Monetário Nacional e do Banco Central. Acreditamos que novas regulamentações quanto a aspectos da gestão dos investimentos a serem determinados para os RPPS serão, em breve, editadas por Portarias do Ministério da Previdência. FIP Fundo de Investimento em Participações Os FIPs são regulamentados pela Instrução CVM nº 391 que, em seu Artigo 2º define: Art. 2 o O Fundo de Investimento em Participações (fundo), constituído sob a forma de condomínio fechado, é uma comunhão de recursos destinados à aquisição de ações, debêntures, bônus de subscrição, ou outros títulos e valores mobiliários conversíveis ou permutáveis em ações de emissão de companhias, abertas ou fechadas, participando do processo decisório da companhia investida, com efetiva influência na definição de sua política estratégica e na sua gestão, notadamente através da indicação de membros do Conselho de Administração. ETFs Exchange Trade Funds ou Fundos referenciados em índices de ações O Exchange Traded Fund - ETF é um fundo de investimento constituído nos termos da Instrução CVM nº 359, de 22 de janeiro de 2002, sob a forma de condomínio aberto, cujas cotas são negociáveis em mercado (open-ended exchange traded fund, como é conhecido no mercado internacional). O Fundo tem suas cotas admitidas à negociação na BM&FBOVESPA como qualquer outro valor mobiliário ali negociado e busca refletir as variações e rentabilidade do Índice Subjacente. O ETF busca desempenho semelhante ao de um determinado índice e, para tanto, sua carteira replica a composição deste índice. ETFs são cotas de emissão do fundo. Cada ETF representa uma fração ideal da carteira da qual farão parte, ou seja, de todas as ações que compõem a carteira teórica do Índice Subjacente, além de outros ativos, em menor proporção. Desta forma, ao investir em ETFs, o investidor estará também investindo, indiretamente, nas mesmas ações que compõem a carteira teórica do Índice Subjacente, quase na mesma proporção em que estas compõem a carteira teórica do índice, porém de forma mais prática, barata, rápida e eficiente.
Os ETFs são negociados como ações. As transações ocorrerão em Bolsa de Valores por intermédio de uma corretora. Os mesmos tipos de ordens utilizadas para ações são utilizadas para as negociações dos ETFs. Hoje na BM&FBOVESPA existem quatro ETFs com cotas negociadas: BOVA 11, PIBB II, SMAL 11 e MILA 11. Entretanto, os RPPS só podem investir nos dois primeiros por replicarem o índice BOVESPA e o IBrX. IMA - Índice de Mercado ANDIMA é um índice de referência, ou seja, um benchmark. Contempla quase integralmente a carteira de títulos públicos em poder do mercado e que será subdividido em quatro índices, com características específicas que refletem os vários indexadores existentes para os títulos, tais como os índices IGP-M e IPCA, abertos em prazos inferiores e superiores de cinco anos. Em todos os casos, as carteiras são compostas por títulos públicos federais em mercado, emitidos de forma definitiva. Nome IMA Geral IRF-M IMA-S IMA-C IMA-C 5 IMA-C 5+ IMA-B IMA-B 5 IMA-B 5+ Composição Agregado do IRF-M, IMA-S, IMA-C e IMA-B Todas as LTN e NTN-F Todas as LFT* Todas as NTN-C Todas as NTN-C com prazo menor ou igual a 5 anos Todas as NTN-C com prazo maior do que 5 anos Todas as NTN-B Todas as NTN-B com prazo menor ou igual a 5 anos Todas as NTN-B com prazo maior do que 5 anos *Não inclui LFT-A, LFT-B Obs.: Só fazem parte dos índices os títulos negociáveis no mercado secundário, vendidos de forma defitiniva. Os investidores devem acompanhar o Índice que mais se aproxima da característica do seu investimento em prazo, indexador e exposição ao risco. Assim, um investidor institucional que deseja ter sua rentabilidade atrelada a índices de preços - IGP-M, por exemplo - deve acompanhar a trajetória acumulada do IMA-C, cujas carteiras são compostas exclusivamente por papéis público indexados a esse índice, segregadas em papéis até cinco anos e com prazo superior a este.
O Índice que mais se aproxima ao DI é o IMA-S, por ser composto de títulos que são atrelados à Taxa SELIC. O IMA-S, no entanto, sofre variações decorrentes da evolução do ágio/deságio das LFT, podendo, inclusive, apresentar variações negativas. Esse movimento, no entanto, geralmente é associado a períodos de turbulências no mercado. O IMA geral é o resultado da ponderação (pelo valor de mercado da carteira) das variações de cada Índice que o compõe. Aqui cabe ressaltar que os RPPS terão de definir um novo benchmark ( um benchmark do RPPS, um benchmark próprio já que os fundos de investimentos não utilizam o IMA em seus regulamentos) para os investimentos em fundos de carteira de títulos públicos, os fundos referenciados e os de renda fixa. Como o CDI é um benchmark de curtíssimo prazo ele não é adequado A Plataforma Eletrônica: permite que sejam realizados diversos tipos de operações online com títulos públicos e privados e valores mobiliários de renda fixa. Dividida em Módulos e Serviços, a Plataforma foi criada para atender às necessidades do mercado e oferecer às instituições financeiras uma alternativa eletrônica para a realização de seus negócios. As principais vantagens da utilização de plataformas eletrônicas são: mais transparência nas operações; opção de operar com grande número de participantes ou grupos previamente selecionados; lançamento de ofertas, fechamento de operações e difusão de informações em tempo real; Este texto foi retirado do site do CETIP que oferece ao mercado a plataforma eletrônica conhecida como CETIPNET. Serve como exemplo também de mercado de balcão organizado. Oferta Pública: é um dos mecanismos através do qual o Banco Central exerce a política monetária. Ao ofertar, publicamente, títulos públicos federais o BC busca obter o melhor preço e dar maior transparência ao processo como um todo. Ao permitir que os RPPS participem deste processo o legislador quer que estes benefícios sejam alcançados por eles também. Observações Observação 1: Estranhamos o estabelecimento de limite máximo de 30% para ativos privados na composição da carteira dos fundos que podem receber aplicação dos RPPS. Não existe na legislação da CVM (Instrução CVM 409/450) que define os fundos de investimentos, um fundo com este percentual para os ativos privados.
Nesta legislação, os fundos de crédito privado são aqueles que devem investir no mínimo, 50% de seus recursos em ativos privados. Hoje, diante da realidade econômica e financeira do mercado, os fundos de crédito privado são uma boa alternativa para parcela dos recursos previdenciários quer seja de fundações como de RPPS. Diante deste aspecto, haverá três movimentos possíveis para os administradores e gestores de fundos de crédito privado ou que tenham até 50% em ativos privados na sua carteira e que já contam com RPPS entre seus cotistas: 1- os administradores dos fundos de crédito privado ou com percentual superior a 30% em crédito privado definido em regulamento, convocarão assembléia para modificar o regulamento do fundo e, consequentemente, sua política de investimento. 2- O gestor vende ativos de crédito privado no percentual equivalente a parcela superior a 30%. Neste caso, cabe a pergunta: Haverá liquidez e preços justos para a venda destes ativos no mercado visando o enquadramento do fundo? 3- O administrador modifica o regulamento do fundo para um limite máximo de 30%, o gestor não vende qualquer ativo e busca-se aumentar significativamente a captação de recursos deste fundo para diluição do atual percentual em créditos privados para o que determina a nova Resolução. Para os RPPS há 2 problemas: 1- necessidade de enquadrar suas aplicações nestes fundos em até 180 dias a contar da publicação da Resolução 3790/09 porém, há aplicações de RPPS em fundos de crédito privado, inclusive sob gestão do Banco do Brasil e Caixa Econômica, com carência de 1 ano ou mais. 2- Há aplicação em fundos de crédito privado com carteira formada por CCBs Cédulas de Crédito Bancário que são títulos de baixíssima liquidez e que representam empréstimos a empresas o que torna praticamente impossível sua venda no mercado ou resgate antecipado. Cabe a pergunta: ficarão os RPPS desenquadrados em prazo superior ao permitido na Resolução 3790/09? Observação 2: Operações compromissadas são aqueles que são feitas hoje, com o compromisso de serem desfeitas em data futura, normalmente no dia seguinte. São lastreadas em títulos públicos federais e são as operações geradoras da Taxa SELIC diária na economia brasileira. Ao permitir que os RPPS apliquem até 15% de seus recursos em operações compromissadas o legislador está permitindo que eles capturem a rentabilidade da taxa básica de juros da economia brasileira Taxa SELIC- sem os custos incidentes em fundos de investimentos e que reduzem esta rentabilidade. Seria uma parcela dos recursos que continuariam sendo investidas em títulos públicos federais, mas com possibilidade de rentabilidade superior a dos fundos que tem em sua carteira exclusivamente formada por estes títulos. Estas operações compromissadas também servem para que recursos sejam remunerados antes de serem investidos em alguma outra opção de investimento, ou em momento de alguma incerteza enquanto aguardam um momento mais favorável. Observação 3: o aumento do percentual para fundos de renda fixa foi uma boa medida para que os RPPS busquem rentabilidades mais elevadas pois, pela legislação, os fundos de renda fixa são os que tem na carteira, no mínimo 80% em ativos relacionados diretamente, ou sintetizados via derivativos, ao principal fator de
risco do fundo ( índice de inflação, a taxa de juros doméstica ou ambos ). Ressaltamos que se os fundos de renda fixa forem previdenciários, este percentual se eleva para 80%. (Artigo 6º, III, B) Observação 4: Fundos previdenciário são aqueles que, além de trazerem a expressão revidenciário em seu nome, se destinam especificamente a segmentos de investidores que fazem a gestão de recursos com finalidade previdenciária, que obedeçam a legislação referente a aplicação destes recursos e que a composição da carteira do fundo seja enviada ao Ministério da Previdência Social. Estes aspectos precisam estar definidos no regulamento dos fundos previdenciários. Estamos a disposição para outros esclarecimentos. Crédito & Mercado Consultoria de Investimentos Ronaldo Borges da Fonseca ronaldo@creditoemercado.com.br (21) 9957-7069