PERDAS VISÍVEIS NA COLHEITA MECANIZADA DE CANA-DE- AÇÚCAR CRUA CULTIVADA EM ESPAÇAMENTO UNIFORME E COMBINADO

Documentos relacionados
BRUNO KAWAMOTO* 1 ; RAFAEL FACHINI MAMONI 2 ; EDSON MASSAO TANAKA 3 ; DANILO TEDESCO DE OLIVEIRA 4 ; VINICIUS ANDRADE FAVONI 5.

PERDAS VISIVÉIS DE CANA-DE-AÇÚCAR EM COLHEITA MECANIZADA

IMPUREZAS MINERAIS DA COLHEITA MECANIZADA DA CULTURA DA CANA-DE-AÇÚCAR

IMPUREZAS E QUALIDADE DE CANA-DE-AÇÚCAR STAB CANAOESTE Sertãozinho, 12 de maio de 2011

QUALIDADE DA COLHEITA MECANIZADA DA CANA-DE-AÇÚCAR EM DIFERENTES VELOCIDADES DE DESLOCAMENTO

STAB Seminário de Mecanização Agrícola José Fernandes Palestra: Prós e Contras dos Espaçamentos Duplos e Combinados

PERDAS VISIVEIS NA COLHEITA MECANIZADA DE CANA-DE-AÇÚCAR RESUMO ABSTRACT VISIBLE LOSSES IN THE MECHANICAL HARVEST OF SUGACANE

PERDAS VISÍVEIS NA COLHEITA MECANIZADA DE CANA-DE- AÇÚCAR CRUA SOB VELOCIDADES DE DESLOCAMENTO DA COLHEDORA

ANÁLISES NÃO CONVENCIONAIS NA MATÉRIA-PRIMA EM FUNÇÃO DO USO DOS EXTRATORES NA COLHEITA MECANIZADA

SISTEMAS DE COLHEITA DE BIOMASSA DE CANA-DE-AÇÚCAR: COLMOS E PALHIÇO. Vol. 1

PERDAS NA COLHEITA MECANIZADA DA CANA-DE- AÇÚCAR NA USINA VISTA ALEGRE ITAPETININGA (SP)

DESENVOLVIMENTO DA CANA-DE-AÇUCAR (Saccharum spp.) SOBRE DIFERENTES NÍVEIS DE TRÁFEGO CONTROLADO

CANA-DE-AÇÚCAR SISTEMA DE PRODUÇÃO EM. Prof. Dr. Carlos Azania

Colheita Mecanizada de Cana-de-Açúcar em espaçamentos múltiplos. M.Sc. Guilherme Belardo Doutorando (Produção Vegetal) Unesp / Jaboticabal

Novas Técnicas de Espaçamentos Base Larga para Cana-de-Açúcar

PRODUTIVIDADE E RENDIMENTO DE CALDO EM GENÓTIPOS DE CANA-DE- AÇÚCAR EM SANTA MARIA-RS

Instalação da cana-de-açúcar

Porque é necessário definir o espaçamento do plantio da cana. José Alencar Magro -

Novas Tecnologias para Automação Agrícola

QUALIDADE DO CALDO E DA CANA EM FUNÇÃO DO USO DOS EXTRATORES NA COLHEITA MECANIZADA

VARIEDADES DE CANA-DE-AÇÚCAR SOB IRRIGAÇÃO NO NORTE DE MINAS GERAIS

Impurezas e Qualidade de Cana-de-Açúcar

Sistema de colheita x espaçamento. Regis Ikeda Marketing de Produto Jaboticabal, 22 de Junho de 2016

FUEL CONSUMPTION OF SUGARCANE MECHANIZED HERVESTING UNDER PRIMARY EXTRACTOR DIFFERENT SHIFTING SPEEDS AND SPINS

QUALIDADE DA MATERIA PRIMA, PERDAS E IMPUREZAS NO PROCESSO DE COLHEITA DA CANA-DE-AÇUCAR

TEOR E PRODUÇÃO DE FIBRAS EM VARIEDADES DE CANA-DE- AÇÚCAR COM CICLO DE MATURAÇÃO PRECOCE RESUMO

Perdas quantitativas e danos às soqueiras na colheita de cana-de-açúcar no Norte Fluminense

SISTEMAS DE COLHEITA DE BIOMASSA DE CANA-DE-AÇÚCAR: COLMOS E PALHIÇO. Vol. 1

Falhas no Plantio da cana-de-açúcar pelo sistema mecanizado

HÍBRIDO DE SORGO SACARINO EM ESPAÇAMENTOS COM FILEIRAS DUPLAS E TRIPLAS RESUMO

PERDAS NA COLHEITA MECANIZADA DA SOJA NO TRIÂNGULO MINEIRO LOSSES IN THE AUTOMATED CROP OF THE SOY IN THE MINING TRIANGLE

Plantio Espaçamento Alternado Grupo Cosan

Agricultura de Precisão em Cana de açucar

Avaliação da performance agronômica do híbrido de milho BRS 1001 no RS

ABALOS ÀS SOQUEIRA NA COLHEITA DE CANA-DE- AÇÚCAR EM FUNÇÃO DOS SISTEMAS DE CARREGAMENTO

PROJETO DE PESQUISA REALIZADO NO CURSO DE AGRONOMINA - UERGS, UNIDADE DE TRÊS PASSOS RIO GRANDE DO SUL 2

Doutor em Agronomia, Profº, UEG, Santa Helena de Goiás GO.

Oportunidades Para o Aumento da Produtividade na Agro-Indústria de Cana-de-Açúcar

DESEMPENHO DE UMA SEMEADORA-ADUBADORA UTILIZANDO UM SISTEMA DE DEPOSIÇÃO DE SEMENTES POR FITA.

APLICAÇÃO DA ANÁLISE DO MODO E EFEITO DE FALHAS (FMEA) NO PROCESSO DE COLHEITA MECANIZADA DE CANA-DE-AÇÚCAR

AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS AGRONÔMICOS E INDUSTRIAIS DA PRIMEIRA CANA SOCA NA REGIÃO DE GURUPI-TO

PERDAS DE CANA E IMPUREZAS VEGETAIS E MINERAIS NA COLHEITA MECANIZADA

COLHEITA MECANIZADA DE CANA-DE-AÇÚCAR E PERDAS EM DIFERENTES TURNOS DE TRABALHO

Universidade Federal de São Carlos

Av. Ademar Diógenes, BR 135 Centro Empresarial Arine 2ºAndar Bom Jesus PI Brasil (89)

EFEITOS DO DÉFICIT HÍDRICO NA PRODUTIVIDADE DE CANA-DE-AÇÚCAR EM DIFERENTES VARIEDADES NA REGIÃO DO CERRADO

Índice de clorofila em variedades de cana-de-açúcar tardia, sob condições irrigadas e de sequeiro

SIMPOCANA UNESP Dracena 06/11/2015

II Encontro de Usuários de Variedades de Cana de Açúcar " Frederico de Menezes Veiga" Manejo Varietal no Grupo Raizen

Carlos Renato Guedes Ramos 1, Kléber Pereira Lanças 2, Ronilson de Souza Santos 3 & Romulo Leonardo da Silva 4

ANÁLISES NÃO CONVENCIONAIS DE QUALIDADE NA CANA CRUA ARMAZENADA NO INÍCIO DA SAFRA 2015/2016

CULTIVARES DE SOJA NA REGIÃO NORTE DO ESTADO DE SÃO PAULO

EVOLUÇÃO DE DUAS RESTRIÇOES DE PRODUTIVIDADE DA CANA-DE- AÇUCAR: FALHAS E PERFILHAMENTO E COMPACTAÇÃO DO SOLO, UM ESTUDO DE CASO.

BROTAÇÃO DE VARIEDADES DE CANA-DE-AÇÚCAR NAS CONDIÇÕES DE CERRADO DO BRASIL-CENTRAL

BOLETIM TÉCNICO nº 19/2017

ARQUITETURA E VALOR DE CULTIVO DE LINHAGENS DE FEIJÃO- CAUPI DE PORTE ERETO E SEMI-ERETO, NO NORTE DE MINAS GERAIS.

FUEL CONSUMPTION AND LOSS OF SUGAR CANE DURING DAYTIME AND NIGHTTIME HARVESTING

II ENCONTRO DE USUÁRIOS DE VARIEDADES DE CANA DE AÇUCAR FREDERICO DE MENEZES VEIGA. MANEJO VARIETAL NA AFOCAPI

Prof. Dr., Curso de Agronomia, FAZU - Faculdades Associadas de Uberaba, Uberaba - MG;

EVOLUÇÃO DE FALHA DE PERFILHAMENTO NA CULTURA DE CANA-DE- AÇÚCAR, UM ESTUDO DE CASO. Área Temática: Tecnologias e Inovações para o Agronegócio

QUALIDADE DO CORTE BASAL NA COLHEITA MECANIZADA DE CANA-DE-AÇÚCAR EM DOIS MANEJOS DO SOLO

RESPOSTA DO MILHO SAFRINHA A DOSES E ÉPOCAS DE APLICAÇÃO DE POTÁSSIO

Leonardo Henrique Duarte de Paula 1 ; Rodrigo de Paula Crisóstomo 1 ; Fábio Pereira Dias 2

ADIÇÃO DE IMPUREZAS VEGETAIS E INFLUÊNCIA NA QUALIDADE DA CANA E DO CALDO VEGETABLES IMPURITIES ADDITION AND EFFECT ON SUGARCANE AND JUICE QUALITY

COMPARAÇÃO BIOMÉTRICA EM CANA-DE-AÇÚCAR, SAFRA 2012/2013. SUGARCANE BIOMETRIC COMPARISON, CROP SEASON 2012/2013.

AVALIAÇÃO TECNOLÓGICA DE CINCO NOVAS VARIEDADES DE CANA DE AÇÚCAR

PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA DO MILHO HÍBRIDO AG7088 VT PRO3 CULTIVADO SOB DIFERENTES DOSES DE NITROGÊNIO

Rendimento das cultivares de cenoura Alvorada e Nantes Forto cultivadas sob diferentes espaçamentos

OCORRÊNCIA E INFESTAÇÃO DE Diatraea saccharalis (FABRICIUS, 1794) (LEPIDOPTERA: CRAMBIDAE) EM SALTO DO JACUÍ - RS 1

O tamanho faz a diferença

Efeito de lâminas efetivas totais de água sobre a produtividade, açúcar total recuperável e atributos qualitativos da cana-de-açúcar, segunda ''soca''

Universidade Federal de São Carlos. Acervo técnico do Prof. Dr. Rubismar Stolf. Para visualizar o trabalho vá para a próxima página

VARIEDADES DE CANA SOB A ÓTICA DO FORNECEDOR. Eng.Agr. Dib Nunes Jr. Grupo IDEA

Resposta de Cultivares de Milho a Variação de Espaçamento Entrelinhas.

CONSUMO DE TRATOR EQUIPADO COM SEMEADORA

INTERAÇÃO ENTRE NICOSULFURON E ATRAZINE NO CONTROLE DE SOJA TIGUERA EM MILHO SAFRINHA CONSORCIADO COM BRAQUIÁRIA

AVALIAÇÃO DO RENDIMENTO OPERACIONAL DE UMA DISTRIBUIDORA DE CANA

DESEMPENHO DE HÍBRIDOS DE SORGO SACARINO CULTIVADOS EM DIFERENTES ESPAÇAMENTOS PERFORMANCE OF HYBRID SORGHUM GROWN IN DIFFERENT DISTANCE

MANEJO VARIETAL DE CANA-DE-AÇUCAR EM LATOSSOLO VERMELHO

Espaçamento de Cana-de-Acúcar para fornecedor

COMPETIÇÃO DE CULTIVARES DE ALGODOEIRO NO CERRADO DA BAHIA. 1

AVALIAÇÃO DE PERDAS INVISÍVEIS NA COLHEITA MECANIZADA EM DOIS FLUXOS DE MASSA DE CANA-DE-AÇÚCAR

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

COLHEITA MECÂNICA DA CANA-DE-AÇÚCAR: ALGUNS PARÂMETROS

COMPORTAMENTO DE CULTIVARES E LINHAGENS DE ALGODOEIRO HERBÁCEO NO CERRADO DO SUDOESTE PIAUIENSE

VOLUME DE CALDA SOBREPOSTA NA APLICAÇÃO DE HERBICIDA EM CANA-DE-AÇÚCAR

PRODUÇÃO DE PALHADA E COLMOS DE VARIEDADES DE CANA-DE-AÇÚCAR

Resultados de Pesquisa dos Ensaios de Melhoramento de Soja Safra 2008/09

7. INSTALAÇÃO DA CULTURA 7.1. PLANEJAMENTO DE TALHÕES

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

II Encontro de Variedades de Cana de Açucar

Por que as medidas do espaçamento entre sulcos e das bitolas precisam ser semelhantes? José Alencar Magro -

Precisão experimental, na avaliação da produtividade de colmos, em ensaios de genótipos de cana-de-açúcar com colheita mecanizada

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS CAMPUS DE BOTUCATU

CARACTERIZAÇÃO DE GRUPOS DE GENÓTIPOS DE MILHO SAFRINHA AVALIADOS EM DOURADOS, MS

PRODUTIVIDADE E COMPONENTES DE PRODUÇÃO DE ALGODOEIRO EM FUNÇÃO DO CULTIVAR EM CHAPADÃO DO SUL - MS 1. Priscila Maria Silva Francisco

CURVA DE MATURAÇÃO DE GENÓTIPOS DE CANA-DE-AÇÚCAR NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL.

CARACTERÍSTICAS VARIETAIS QUE VALEM MUITO DINHEIRO

HOMENAGEM PÓSTUMA AO PESQUISADOR JOSÉ FERNANDES. Rubismar Stolf UFSCar

TESTES DE DETERMINAÇÃO DE PERDAS INVISÍVEIS E EFICIÊNCIA DE LIMPEZA EM COLHEITA DE CANA-DE-AÇÚCAR COM E SEM PALHA

Transcrição:

PERDAS VISÍVEIS NA COLHEITA MECANIZADA DE CANA-DE- AÇÚCAR CRUA CULTIVADA EM ESPAÇAMENTO UNIFORME E COMBINADO Eduardo R. Anibal 1 Nayla N. Cristovão 2 ; Alexandre S. Pinto 3, Silvelena V. Segato 4, Sandro Roberto Brancalião 5 RESUMO O objetivo do trabalho foi avaliar as perdas visíveis que ocorrem na cultura da canade-açúcar durante a colheita mecanizada de cana crua em espaçamento uniforme e combinado. Utilizaram-se dois tratamentos: colheita de cana em linha simples (espaçamento uniforme de 1,5 m) e colheita em linha dupla (duas linhas de cana espaçadas a 0,40 m uma da outra, com espaçamento da entrelinha de 1,50 m). Cada parcela, para avaliação das perdas, foi de 9 m 2 (3 x 3 m) em 10 pontos (repetições) para cada tratamento. A cultivar SP 81-3250, de segundo corte, foi colhida por colhedora Case modelo 7700. Avaliaram-se as seguintes categorias de perdas visíveis: colmos inteiros, toletes, cana-ponta, estilhaço e pedaço. Calculou-se a perda total. No presente trabalho concluiu-se que não houve influência de espaçamento uniforme e combinado nas perdas totais de cana crua colhida mecanicamente. Palavras-chave: Saccharum spp., quantificação de perdas,mecanização. SUMMARY LOSSES VISIBLE IN THE MECHANICAL HARVEST OF RAW SUGARCANE GROWN IN UNIFORM SPACING AND COMBINED The objective of this experiment was to study the visible losses occurring in the culture of sugarcane during mechanical harvesting of sugarcane in uniform spacing and combined. Two treatments were used: cane harvest in single-line (uniform spacing of 1.5 m) and double line (two cane rows spaced at 0.40 m from each other, with spacing between rows of 1.50 m). Each plot was 9 m 2. Ten replicates were used for each treatment employed. The harvester used was a 7700 Case model. The cultivar SP 81-3250, in the second cut was harvested to evaluate and quantify the amount of visible losses of sugar cane. The total losses no showed a significant difference among the treatments. Keywords: Saccharum spp., quantification loss INTRODUÇÃO Dentre as técnicas que podem ser utilizadas para aumento da produção de cana-de-açúcar destacam-se os ajustes do espaçamento entre as linhas de plantio. Sabe-se que o plantio da cana-de-açúcar em espaçamentos mais estreitos, pode 1. Engº. Agrônomo. 2 Graduanda em Agronomia. 3. Dr. Professor de Agronomia do CUML. 4 Dra. Professora de Agronomia do CUML e da FAFRAM. CUML. Av. Dr. Oscar de Moura Lacerda, 1520. sv.segato@bol.com.br. 5 Eng. Agr. Dr. Pesquisador IAC Ribeirão Preto CEP 14076-510, Ribeirão Preto - SP. E-mail:

resultar em maiores produtividades, pois, deste modo, obtém-se um maior número de linhas com cana na área. Mas, os implementos e bitolas dos tratores, caminhões e colhedoras, limitam a aproximação das linhas de plantio. Assim, tem-se avaliado a possibilidade do cultivo da cana-de-açúcar em espaçamentos duplos, com a finalidade de aumentar o número de linhas por área e viabilizar a colheita mecanizada (CAMPIDELLI, 2002). Segundo Magro (2009) o procedimento que utiliza o plantio de linha dupla (1.50 x 0.40m) proporciona aumento de 5% na produção. Contudo, segundo este autor nem todas as colhedoras têm a capacidade de realizar o corte de cana com a mesma eficiência que é feita no espaçamento convencional. As perdas são inevitáveis em qualquer modalidade de colheita, porém a mecanizada, de acordo com medições realizadas pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), perde cerca de 10% da matéria-prima colhida, o que representa um prejuízo da ordem de US$ 450 milhões por ano (MAGALHÃES et al., 2006). Campidelli (2002) realizou um trabalho para avaliar perdas por colheita mecanizada em espaçamento tradicional de 1,5m entrelinhas e o espaçamento por linha dupla que possuía o espaçamento de 0,4 m entre as linhas de cana e 1,5m entre as linhas duplas, onde concluiu que não houve diferença entre os dois espaçamentos, mas no espaçamento duplo houve maior compactação na soqueira o que pode prejudicar as safras posteriores. Segundo Benedini; Brod; Pertecarrari (2009) as perdas de cana durante a colheita podem ser classificadas em visíveis e invisíveis. As perdas visíveis são aquelas que podem ser detectadas no campo e ocorrem na forma de cana inteira, toco, tolete e pedaço de cana e são facilmente identificadas e coletadas no campo. As prováveis causas para cada tipo de perda visível acima do padrão na colheita mecanizada são comentadas por Salvi (2006). Benedini; Brod; Pertecarrari (2009) relatam que as perdas visíveis estão associadas às características da área a ser colhida como: varietais (produtividade, tombamento, teor de fibra, comprimento do palmito, quantidade de palha, isoporização, etc.) preparação da área (padronização do espaçamento entre linhas, comprimento da área, sistematização do plantio, depressões e torrões, quebras de lombo, qualidade de cultivo, dificuldade de visualização, etc.); e também à operação em si da colheita que envolve treinamento dos profissionais, velocidade da colhedora compatível com o estado do canavial e em sincronismo com o reboque ou caminhão, situação dos equipamentos da colhedora, principalmente facas de corte de base e do rolo picador de toletes, velocidade do exaustor primário da colhedora, altura da carga, altura de corte de base, manutenção do equipamento, desponte, horário da colheita e altura de carga. Segundo ainda Benedini; Brod; Pertecarrari (2009) os níveis de perdas são classificados em baixo quando seu percentual de perdas for inferior a 2,5%, média quando estiver entre 2,5 a 4,5% e alto quando for superior a 4,5%. Assim, o ensaio objetivou quantificar as perdas visíveis de matéria prima na colheita de cana crua de plantios sob espaçamento uniforme e combinado. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na Fazenda Nova Esperança, Luís Antônio, S.P., no dia 10 de dezembro de 2009. O município localiza-se a uma latitude 21º33'18" sul e a uma longitude 47º42'16" oeste, estando a 675 metros. Utilizou-se a colhedora Case 2008, modelo 7700, potência 335 cv (246 KW), o tipo do rodado foi esteira. Utilizaram-se dois tratamentos. Colheita de cana em linha simples (espaçamento uniforme de 1,5 m) e colheita em linha dupla (duas linhas de cana espaçadas a 0,40

m uma da outra, com espaçamento da entrelinha de 1,50 m), também conhecido como plantio abacaxi. A distância inicial para o inicio da amostragem foi de 40m do carreador. Cada ponto de amostragem foi de 3 x 3 m (9m²). Foram realizados 10 pontos de amostragens em cada tratamento, com distância entres os pontos amostrados de 40 m. A variedade de cana colhida nas duas situações (cultivada em espaçamento uniforme e em combinado) foi a SP 81-3250, em seu segundo corte. No dia da colheita dos talhões, ambas áreas não se encontravam acamadas. A produção da área do tratamento que envolvia o espaçamento com linha simples foi de 168 t ha -1, já no espaçamento de linha dupla a produção foi de 238 t ha -1. Os tipos de perdas visíveis avaliados foram de cana inteira, tolete, pedaço, estilhaço (também denominado de lascas por alguns autores) e cana ponta ou ponteiro de acordo com Silva et al. (2008). Os valores coletados em 9m² foram extrapolados para 10.000 m² e assim se encontraram as perdas em t ha -1. Calculou-se também para a perda total, o valor em porcentagem, dividindo a perda total (em t. ha -1 ) pela produtividade (t. ha -1 ) somado ao valor da perda total (t. ha -1 ) e multiplicado por 100. O delineamento utilizado foi blocos casualizado (DBC), tendo 10 repetições. Os resultados de cada tipo de perda foram submetidos à análise de variância e as médias dos tratamentos comparadas pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. Os dados foram analisados estatisticamente pelo programa ESTAT. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Figura 1, observam-se todos os dados colhidos no ensaio e verifica-se que houve diferenças significativas nos tratamentos estilhaço e pedaço, onde o tratamento com plantio em espaçamento combinado acarretou maiores perdas visíveis, contudo para cana inteira, tolete, ponteiro e perda total não houve diferenças entre o plantio em espaçamento duplo ou simples. Figura 1. Comparação das médias de perdas por categorias na colheita mecanizada,

em toneladas por hectare, de cana-de-açúcar SP81-3250, sob cultivo em espaçamento uniforme e combinado. Luis Antônio, SP. 10 de dezembro de 2009. Para cada tipo de perda, médias seguidas por letra distinta diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,05). Para as perdas de cana inteira (Figura 1) não houve diferença significativa entre os tratamentos, muito embora o espaçamento combinado ter mais que dobrado esse tipo de perda em relação ao espaçamento uniforme. Salvi (2006) relatou associação entre perda de cana inteira e irregularidade na ponteira do divisor de linha; velocidade excessiva na colheita; espaçamento da cultura desuniforme; acamamento da cultura e remanescente de cultura. Também é comum verificar, em cortes manuais, que canas muito produtivas acabam por não serem totalmente cortadas em sua base e ficam presas às soqueiras. Talvez aqui também tenha ocorrido tal problema na cana cultivada em espaçamento combinado, já que a produtividade foi elevada (238 t ha -1 ), 41,7% superior ao tratamento em espaçamento uniforme (168 t ha -1 ) que já era bastante alto. Essa alta produtividade pode ter promovido aumento dessa modalidade de perda, embora não significativamente. As médias de perdas de tolete (Figura 1) não foram significativas entre as variáveis avaliadas o que pode significar bom sincronismo entre colhedora e transbordo. Salvi (2006) cita aumento da perda de tolete por falha de sincronismo entre colhedora e transbordo; desgaste do assoalho do elevador; flap do elevador danificado ou desajustado; cargas excessivas e sobrecarga no bojo da colhedora. Para tolete estilhaçado de cana-de-açúcar (Figura 1) a cana colhida sob espaçamento simples resultou em maior perda. Contudo, segundo Salvi (2006), as prováveis causas para o tipo de perda seriam as relacionadas à regulagem na velocidade do exaustor; densidade dos toletes; velocidade excessiva na colheita; altura do defletor de toletes; desgaste ou quebra das facas picadoras; clima média pluviométrica anual baixa; fibra da cana baixa. Pode ter ocorrido maior perda de tolete estilhaçado no espaçamento simples em função da mesma velocidade do exaustor usada para colher ambos tratamentos, que para promover maior limpeza na cana com maior produção (linha dupla) pode ter provocado maior contato do tolete com o exaustor resultando em aumento nessa perda. Também a velocidade que foi semelhante para colher os dois tratamentos pode ter sido excessiva para a cana em espaçamento simples. Na comparação das médias de perdas de ponteiro de cana-de-açúcar SP81-3250 (Figura 1), os dados revelaram que essa perda foi pequena e não significativa para diferir os tratamentos. Salvi (2006) associa essa modalidade de perda ao despontador da colhedora desligado ou danificado e ao acamamento da cultura. De fato, nenhuma dessas situações ocorreu no experimento. Para perdas de cana em pedaço a maior perda foi para o espaçamento simples, conforme os dados contidos na Figura 1. É provável que a velocidade que foi constante para ambos tratamentos pode ter sido excessiva para a cana colhida sob espaçamento simples promovendo aumento expressivo nesse tipo de perda. Salvi (2006) relata que a velocidade excessiva pode influir nesse tipo de perda. A comparação entre perdas totais (Figura 1) confirmou que não houve mais perdas na colheita mecanizada quando a cana foi plantada em espaçamento combinado em relação ao uniforme, resultados que corroboram os encontrados por Campidelli (2002). Os dados de perdas totais transformados em porcentagem foram no espaçamento simples e duplo, respectivamente de 1,65 e 1,21% não havendo diferenças estatísticas de perdas totais entre os tratamentos. Considerando a recomendação do CTC (BENEDINI; BROD; PERTICARRARI, 2009) as perdas seriam classificadas como baixas, pois foram inferiores a 2,5%.

CONCLUSÃO Nas condições em que o ensaio foi conduzido, conclui-se que canaviais implantados em espaçamento combinado colhidos mecanicamente não resultam em aumento de perdas visíveis em relação aos implantados em espaçamento uniforme. LITERATURA CITADA BENEDINI, M.S.; BROD, F.P.R.; PERTICARRARI, J.G. Perdas de cana e impurezas vegetais e minerais na colheita mecanizada. Boletim. 2009. 7p. Disponível em: <http: www.canaoeste.com.br/boletim2009_03.pdf >. Acesso em: 9 nov 2009. CAMPIDELLI, C. Espaçamento combinado. Grupo Nova América. In: MAGRO, J.A. (Coord.) SEMINARIO DE MECANIZAÇÃO AGRÍCOLA: PERDA DE PRODUTIVIDADE, Sociedade dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros do Brasil, STAB, Ribeirão Preto SP. 2002. CD-ROOM. MAGRO. J.A. Espaçamento compatível com as bitolas evita o pisoteio da soqueira, 2009. Jornal da Cana. Disponível em: <httm://www.jornaldacana.com.br>. Acesso em: 18 de abr 2010. MAGALHÃES, P.S.G.; MILAN, M.; MOLIN, J.P.; SOUZA, Z.M.; VOLPATO, C.E.; SIMÕES, J. Colheita de cana-de-açúcar e palha para a produção de Etanol. In: WORKSHOP - COLHEITA, TRANSPORTE E RECUPERAÇÃO DE PALHA, 2., Anais...Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 19 p. 2006. SALVI, J.V.; Qualidade do corte de base de colhedoras de cana-de-açúcar. 89f., 2006. Dissertação, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ USP), 2006. SILVA, R. P.; CORRÊA, C. F.; CORTEZ, J. W.; FURLANI, C. E. A.; Controle estatístico aplicado ao processo de colheita mecanizada de cana-de-açúcar. Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v.28, n.2, p.292-304. 2008.