Precisão experimental, na avaliação da produtividade de colmos, em ensaios de genótipos de cana-de-açúcar com colheita mecanizada
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- Benedicta Andrade Machado
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1 Precisão experimental, na avaliação da produtividade de colmos, em ensaios de genótipos de cana-de-açúcar com colheita mecanizada Fernanda Martins Simões 1 Alberto Cargnelutti Filho 2 Letícia Barão Medeiros 3 Rubens Leite do Canto Braga Junior 4 Alessandro Dal Col Lúcio 5 INTRODUÇÃO m programas de melhoramento de cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.), são desenvolvidos genótipos que devem ser avaliados em experimentos conduzidos a campo, a fim de verificar o seu desempenho agronômico. sses experimentos devem ser precisos para que as inferências sejam fidedignas. É importante aproveitar os dados de ensaios de genótipos para investigar se a precisão experimental é adequada. O coeficiente de variação (CV) (Pimentel Gomes, 2009), a diferença mínima significativa pelo teste de Tukey, em percentagem da média (DMS) (Lúcio et al., 1999; Storck et al., 2011), o valor do teste F para genótipo (Fc) e a acurácia seletiva (AS) (Resende & Duarte 2007) são estatísticas utilizadas para avaliação da precisão experimental. studos comprovam que o Fc e AS tem melhores propriedades em relação ao CV e a DMS (Cargnelutti Filho & Storck, 2007, 2012; Resende & Duarte 2007). xperimentos com menores escores de CV e DMS e, principalmente, maiores escores de Fc e AS, são desejados, pois apresentariam maior precisão experimental (melhor discriminação dos genótipos em avaliação) e, consequentemente, maior confiabilidade nos resultados. Informações sobre a precisão experimental das distintas colheitas (cortes), realizadas mecanicamente, nos ensaios de avaliação de genótipos de cana-de-açúcar, são escassas. OBJTIVO O objetivo deste trabalho foi avaliar a precisão experimental dos ensaios de competição de genótipos de cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.), em relação à produtividade de colmos, nas distintas colheitas (cortes) mecanizadas. MTODOLOGIA 1 Curso de Agronomia, UFSM, Santa Maria, RS, Brasil. Bolsista PIBITI/ CNPq/UFSM 2 Departamento de Fitotecnia, Centro de Ciências Rurais (CCR), UFSM, , Santa Maria, RS, Brasil. -mail: alberto.cargnelutti.filho@gmail.com. Professor orientador. Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq 3 Curso de Agronomia, UFSM, Santa Maria, RS, Brasil. Bolsista PROBITI/FAPRGS/UFSM 4 Centro de Tecnologia Canavieira S/A, Fazenda Santo Antonio, s/n, Caixa Postal 162, CP Piracicaba, SP. -mail: rubens@ctc.com.br 5 Departamento de Fitotecnia, Centro de Ciências Rurais (CCR), UFSM, , Santa Maria, RS, Brasil. Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq
2 Foram usados os dados de produtividade de colmos, em t ha -1, de 64 ensaios de competição de genótipos de cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.), realizados nos stados do Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás, Pernambuco e Alagoas. sses ensaios foram instalados nos anos de 2006, 2007 e 2008 e fazem parte da fase final do programa de melhoramento de cana-de-açúcar do Centro de Tecnologia Canavieira, com sede em Piracicaba, São Paulo, Brasil. Foram realizadas colheitas (cortes) anuais, manualmente, sendo que nos 64 ensaios foi feita a primeira colheita (primeiro corte). Desses 64, em 58 foi realizada a segunda colheita (segundo corte) e, desses 58 em 28 foi feita também a terceira colheita (terceiro corte). Assim, no geral, foram realizadas 150 colheitas. A colheita foi realizada com o uso de colheitadeiras apropriadas para a cana-de-açúcar na cana crua (sem o uso de queima antecipada da cana). A pesagem foi efetuada com o uso de caminhões transbordo adaptados com células de carga e coletores de dados de modo a obter o peso das parcelas. m todos os ensaios os genótipos foram avaliados no delineamento blocos ao acaso, com três repetições e o número de genótipos oscilou entre 16 e 25. As unidades experimentais (parcelas) foram constituídas por quatro fileiras, com comprimentos entre 15 e 20 metros e espaçamentos entre 1,00 e 1,50 metros (Tabela 1). Inicialmente, para a produtividade de colmos, em t ha -1, foram realizadas análises de variância para cada uma das 150 colheitas (150 análises), e anotaram-se as estatísticas: quadrado médio de genótipo (QM G ), quadrado médio do erro (QM ) e média geral do ensaio (m). A seguir, em cada uma das 150 colheitas, foi calculado o coeficiente de variação experimental, em percentagem ( CV 100 QM /m ). Após foi estimada a diferença mínima significativa (DMS) entre as médias de genótipos, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade, expresso em percentagem da média, por meio da expressão: DMS 100 Δ/ m, em que Δ q QM /J e J é o número α(n; GL de repetições (J = 3), q α(n; GL ) é o valor crítico para o uso do teste de Tukey; n é o número de genótipos; e GL é o número de graus de liberdade do erro. Depois, foi determinado o valor do teste F para genótipo (Fc=QM G /QM ) e estimada a acurácia seletiva (AS) por meio da expressão: AS = (1-1/Fc) 0,5, conforme Resende & Duarte (2007). A comparação das médias das estatísticas m, CV, DMS, AS e Fc entre as colheitas (primeira, segunda e terceira) foi realizada por meio do teste t de Student para amostras independentes, a 5% de probabilidade. ssas comparações foram feitas duas a duas, ou seja, colheita 1 versus colheita 2, colheita 1 versus colheita 3 e colheita 2 versus colheita 3. As análises estatísticas foram realizadas com os aplicativos GNS (Cruz, 2013) e Microsoft Office xcel. ) RSULTADOS DISCUSSÃO
3 A produtividade de colmos, em t ha -1, decresceu na seguinte ordem: primeira colheita, segunda colheita e terceira colheita. Portanto, de maneira geral, há diminuição da produtividade de colmos com maior tempo de permanência da cultura no campo. De maneira geral, a precisão desses experimentos nas três colheitas foi elevada. Os baixos escores médios do coeficiente de variação experimental (CV 11,29) e da diferença mínima significativa (DMS 34,73) e os altos escores de valor do teste F para genótipo (Fc 5,43) e acurácia seletiva (AS 0,87), nas três colheitas (primeira, segunda e terceira) confirmam que a produtividade de colmos, dessa rede de 64 ensaios de competição de genótipos de cana-de-açúcar, está sendo avaliada com precisão adequada. scores de CV inferiores a 10% (Pimentel Gomes, 2009), Fc acima de 5,2632 e AS superior a 0,90, são almejados, pois conferem elevada precisão experimental (Resende & Duarte, 2007). Houve acréscimo das estimativas de CV e DMS da primeira para a terceira colheita (Tabela 2). sse aumento pode ser, provavelmente, explicado pelo maior tempo de exposição ao ambiente (isto é, da primeira para a segunda e para a terceira colheita, o efeito das condições ambientais podem ter contribuído com o aumento da variabilidade) e, também, pela diminuição gradativa da produtividade de colmos (Tabela 2). Menores escores de CV e DMS indicam melhor precisão experimental. No entanto, isso deve ser visto com cautela, pelo fato de que média é considerada no denominador das expressões para o cálculo de CV e da DMS, e por isso, pode diminuir o CV e a DMS nas primeiras colheitas e aumentar nas últimas, não necessariamente, indicando diferença de precisão experimental. Já os escores de Fc e AS entre as colheitas, variaram menos quando comparados ao CV e DMS, e não diferiram entre as colheitas. ssa menor variabilidade de Fc e AS, pode, provavelmente, ser explicada pelo fato dessas estatísticas estarem associadas a maiores variabilidades genéticas e menores variâncias residuais, e serem independentes da média do ensaio (Cargnelutti Filho & Storck, 2007). Assim, pode-se inferir que a precisão experimental, nesses ensaios de competição de genótipos de cana-de-açúcar é adequada não difere entre as colheitas. m 98,44%, 93,10% e 92,86%, dos ensaios na primeira, segunda e terceira colheita, respectivamente, a precisão foi classificada como alta ou muito alta (AS 0,70 e Fc 1,9608), conforme classes estabelecidas em Resende & Duarte (2007) (Tabela 3), confirmando as inferências supracitadas, que esses ensaios de competição de genótipos de cana-de-açúcar foram avaliados com precisão experimental adequada. CONCLUSÃO
4 A precisão experimental na avaliação da produtividade de colmos, nos ensaios de competição de genótipos de cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.), com colheita mecanizada é adequada não difere entre as três primeiras colheitas (cortes). RFRÊNCIAS CARGNLUTTI FILHO, A.; BRAGA JUNIOR, R.L.do C.; LÚCIO, A.D. Medidas de precisão experimental e número de repetições em ensaios de genótipos de cana-de-açúcar. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.47, p , CARGNLUTTI FILHO, A.; STORCK, L. statísticas de avaliação da precisão experimental em ensaios de cultivares de milho. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.42, p.17-24, CRUZ, C.D. GNS - a software package for analysis in experimental statistics and quantitative genetics. Acta Scientiarum Agronomy, v.35, p , LÚCIO, A.D.; STORCK, L.; BANZATTO, D.A. Classificação dos experimentos de competição de cultivares quanto a sua precisão. Pesquisa Agropecuária Gaúcha, v.5, p , PIMNTL-GOMS, F. Curso de estatística experimental. 15. ed. Piracicaba: Fealq, p. RSND, M.D.V. de; DUART, J.B. Precisão e controle de qualidade em experimentos de avaliação de cultivares. Pesquisa Agropecuária Tropical, v.37, p , STORCK, L.; GARCIA, D.C.; LOPS, S.J.; STFANL, V. xperimentação vegetal. Santa Maria: UFSM, p. Tabela 1. Número de fileiras, comprimento de fileiras, espaçamento entre fileiras, tamanho de parcela e número de ensaios de competição de genótipos de cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.) em cada colheita (primeira, segunda e terceira). Parcelas Número de ensaios em cada colheita Nº fileiras Comprimento (m) spaçamento (m) Tamanho (m 2 ) Primeira Segunda Terceira , , , , Total
5 Tabela 2. Número de ensaios (n) e média das estatísticas média geral do ensaio (m), coeficiente de variação experimental, em percentagem (CV), diferença mínima significativa (DMS) entre as médias de genótipos, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade, expresso em percentagem da média, valor do teste F para genótipo (Fc) e acurácia seletiva (AS), em cada colheita, em relação à produtividade de colmos, em t ha -1, obtida em ensaios de competição de genótipos de cana-deaçúcar (Saccharum officinarum L.). Colheita n m (t ha -1 ) CV(%) DMS(%) Fc AS Primeira ,75 a 8,30 b 25,65 b 5,95 a 0,88 a Segunda 58 81,97 b 9,90 a 30,60 a 5,43 a 0,87 a Terceira 28 68,03 c 11,29 a 34,73 a 5,84 a 0,86 a Para cada estatística (m, CV, DMS, Fc e AS) as médias não seguidas por mesma letra na coluna, diferem a 5% de probabilidade pelo teste t de Student para amostras independentes. Tabela 3. Limites das classes de precisão experimental das estatísticas valor do valor do teste F para genótipo (Fc) e acurácia seletiva (AS), estabelecidos em Resende & Duarte (2007), e as frequências simples (f i ) e relativas (fr i ), em relação à produtividade de colmos, em t ha -1, obtidas em três colheitas e no geral (todas as colheitas) realizadas em ensaios de competição de genótipos de cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.). Precisão experimental Fc AS 1ª colheita 2ª colheita 3ª colheita Geral f i fr i (%) f i fr i (%) f i fr i (%) f i fr i (%) Muito Alta 5,2632 0, ,13% 25 43,10% 15 53,57% 74 49,33% Alta 1,9608 e <5,2632 0,70 e <0, ,31% 29 50,00% 11 39,29% 69 46,00% Moderada 1,3333 e <1,9608 0,50 e <0,70 0 0,00% 4 6,90% 1 3,57% 5 3,33% Baixa <1,3333 <0,5 1 1,56% 0 0,00% 1 3,57% 2 1,33%
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