CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS: AJUSTES E ELIMINAÇÕES IMPORTANTES



Documentos relacionados
EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL

Dividendos a Receber A Ações de Controladas Cia B ,00

Original assinado por ROBERTO TEIXEIRA DA COSTA Presidente. NORMAS ANEXAS À INSTRUÇÃO N o 001 DE 27 DE ABRIL DE 1978.

1 Questão 213 Participações societárias obrigatoriedade de elaboração de demonstrações contábeis consolidadas

Curso Extensivo de Contabilidade Geral

CONTABILIDADE SOCIETÁRIA AVANÇADA Revisão Geral BR-GAAP. PROF. Ms. EDUARDO RAMOS. Mestre em Ciências Contábeis FAF/UERJ SUMÁRIO

CONVERSAO DE DEMONSTRACOES CONTABEIS EM MOEDA. ESTRAGEIRA: FASB nº 8 e FASB nº 52

Prezado(a) Concurseiro(a),

A companhia permanece com o objetivo de investir seus recursos na participação do capital de outras sociedades.

Raízen Combustíveis S.A.

DOAR DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS UMA REVISÃO DOS CONCEITOS MAIO / Autor - Manoel Moraes Jr

INSTRUÇÃO CVM Nº 469, DE 2 DE MAIO DE 2008

6 Balanço Patrimonial - Passivo - Classificações das Contas, 25 Exercícios, 26

BALANÇO PATRIMONIAL DA INVESTIDORA ALFA EM 31/12/X0, ANTES DOS AJUSTES PELO MEP (EM R$/MIL)

NBC TSP 10 - Contabilidade e Evidenciação em Economia Altamente Inflacionária

Profa. Divane Silva. Unidade II CONTABILIDADE SOCIETÁRIA

CONSTRUINDO E ANALISANDO O EBITDA NA PRÁTICA

COMO ANALISAR E TOMAR DECISÕES ESTRATÉGICAS COM BASE NA ALAVANCAGEM FINANCEIRA E OPERACIONAL DAS EMPRESAS

ANALISANDO A ESTRATÉGIA ENTRE O APORTE DE CAPITAL E EMPRÉSTIMOS DE ACIONISTAS

Tópico: Procedimentos em áreas específicas das Demonstrações Contábeis

PARECER DOS AUDITORES INDEPENDENTES. Aos Sócios, Conselheiros e Diretores da INSTITUIÇÃO COMUNITÁRIA DE CRÉDITO BLUMENAU-SOLIDARIEDADE ICC BLUSOL

PARECER DOS AUDITORES INDEPENDENTES

5 Análise do Balanço Patrimonial

No concurso de São Paulo, o assunto aparece no item 27 do programa de Contabilidade:

CONTABILIDADE: DEMONSTRAÇÃO DE LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS (DLPA) PROCEDIMENTOS

UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU CURSO: CIÊNCIAS CONTÁBEIS CONTABILIDADE AVANÇADA PROF FÁBIO BRUSSOLO CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Eliminando todas as suas dúvidas sobre Margem de Contribuição

1-DEMONSTRATIVOS CONTÁBEIS BÁSICOS 1.1 OBJETIVO E CONTEÚDO

COMO CRIAR SUA PRÓPRIA FUNÇÃO UTILIZANDO PROGRAMAÇÃO VBA - EXCEL

ABDE Associação Brasileira de Desenvolvimento

CEMEPE INVESTIMENTOS S/A

Demonstrações Contábeis

TEXTO INTEGRAL DA INSTRUÇÃO CVM Nº 247, DE 27 DE MARÇO DE 1996, COM AS ALTERAÇÕES INTRODUZIDAS PELAS INSTRUÇÕES CVM Nº 269/97, 285/98, 464/08 E

RESOLUÇÃO CFC Nº /09. O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições legais e regimentais,

A fusão é um processo no qual se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações.

1. INTRODUÇÃO 2. PARTICIPAÇÕES ESTATUTÁRIAS E DESTINAÇÃO DO RESULTADO APURADO NO PERÍODO

CEMEPE INVESTIMENTOS S/A

ATIVO Explicativa PASSIVO Explicativa

CONTABILIDADE INTERMEDIÁRIA

Etapas para a elaboração do Balanço Patrimonial e consequentemente, das Demonstrações Financeiras.

AUDITORIA EXTERNA PARECERES

BALANÇO PATRIMONIAL / composição 1

CONCESSIONÁRIA AUTO RAPOSO TAVARES S.A. - CART (EM FASE PRÉ-OPERACIONAL)

ASSOCIAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS EM REDE

INCORPORAÇÃO PAPEL DE TRABALHO DA INCORPORAÇÃO. Subsidiária S.A S.A. Ativos

Vamos, então, à nossa aula de hoje! Demonstração de Fluxo de Caixa (2.ª parte) Método Indireto

COMO CALCULAR E PROJETAR A DEPRECIAÇÃO PELO MÉTODO DA LINHA RETA COM O AUXÍLIO DO EXCEL

O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições legais e regimentais,

CIRCULAR Nº i)o resultado do 1º semestre/86 deverá ser apurado segundo os seguintes procedimentos: Circular n 1044, de 30 de junho de 1986

CIRCULAR Nº Documento normativo revogado pela Circular 3386, de 16/11/2008.

DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA (DFC)

Maratona Fiscal ISS Contabilidade geral

CEMEPE INVESTIMENTOS S/A

PÓS GRADUAÇÃO DIRETO EMPRESARIAL FUNDAMENTOS DE CONTABILIDADE E LIVROS EMPRESARIAS PROF. SIMONE TAFFAREL FERREIRA

IBRACON NPC VI - INVESTIMENTOS - PARTICIPAÇÕES EM OUTRAS SOCIEDADES

2. APURAÇÃO E DESTINAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO SOCIAL

Relatório dos auditores independentes sobre revisão especial das Informações Financeiras Trimestrais (IFTs) Trimestre findo em 30 de setembro de 2002

Marketing Prof. Sidney Leone. Hoje Você Aprenderá: Ferramentas. Gestão Financeira: Planejamento Financeiro

Niterói Administradora de Imóveis S/A. Demonstrações Contábeis acompanhadas do Parecer dos Auditores Independentes

C o n s o l i d a ç ã o

FAPAN Faculdade de Agronegócio de Paraíso do Norte

Universidade Federal de Pernambuco Departamento de Ciências Contábeis e Atuariais CONTABILIDADE SOCIETÁRIA 2

FAPAN Faculdade de Agronegócio de Paraíso do Norte

Análise das Demonstrações Financeiras

A RELEVÂNCIA DA EVIDENCIAÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO DECORRENTE DE ADIÇÕES INTERTEMPORAIS E DE PREJUÍZO FISCAL NAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

QUAL A DIFERENÇA ENTRE O CÁLCULO DA TAXA CDI E TAXA OVER DE JUROS?

MARAFON & FRAGOSO ADVOGADOS. pmarafon@marafonadvogados.com.br Fone

CPC 15. Combinações de Negócios. Conselho Regional de Contabilidade - CE AUDIT

RESOLUÇÃO CFC N.º 920/01. Aprova, Da NBC T 10 Dos Aspectos Contábeis Específicos em Entidades Diversas, o item: NBC T 10.8 Entidades Cooperativas.

2ª edição Ampliada e Revisada. Capítulo 9 Mutações do Patrimônio Líquido

Durante o mês de dezembro a Companhia efetuou as seguintes transações:

PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE A CONTABILIDADE PÚBLICA E A CONTABILIDADE GERAL

Sumário do Pronunciamento Técnico CPC 02 (R2) Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações Contábeis

2ª edição Ampliada e Revisada. Capítulo 10 Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos

Tributos sobre o Lucro Seção 29

DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO - DVA

CONTABILIDADE AVANÇADA CAPÍTULO 1: DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS

Como dimensionar o investimento em um projeto PARTE II

ITR - Informações Trimestrais - 30/06/ INEPAR TELECOMUNICAÇÕES SA Versão : 1. Composição do Capital 1. Balanço Patrimonial Ativo 2

COMPANHIA DE GÁS DE SÃO PAULO - COMGÁS. 2ª Emissão Pública de Debêntures

R&R AUDITORIA E CONSULTORIA Luiz Carlos Rodrigues e Rodriguez Diretor

A Geradora Aluguel de Máquinas S.A.

Roteiro para elaboração de laudo de avaliação de empresa

Avaliação de Investimentos pelo Método de Equivalência Patrimonial. Contabilidade Avançada I Profª MSc. Maria Cecilia Palácio Soares

1.1 Demonstração dos Fluxos de Caixa

Unidade I CONTABILIDADE EMPRESARIAL. Prof. Amaury Aranha

Brito Amoedo Imobiliária S/A. Demonstrações Contábeis acompanhadas do Parecer dos Auditores Independentes

Programas de Auditoria para Contas do Ativo

AGENTE E ESCRIVÃO DA POLÍCIA FEDERAL Disciplina: Contabilidade Prof.: Adelino Data: 07/12/2008

PROCESSO DE CONVERGÊNCIA DA CONTABILIDADE PÚBLICA MUNICIPAL. Parte 3 Procedimento Contábil da Reavaliação

OI S.A. (Atual denominação de Brasil Telecom S.A.) 8ª Emissão Pública de Debêntures

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. CPC 12 Ajuste a Valor Presente.

ITG 2002: Os principais desafios na implementação das novas práticas na visão da Auditoria Independente.

IFRS para PMEs: Seção 14 - Investimento em Controlada e em Coligada

Introdução l Resumo Exercícios 15 Demonstrações Contábeis

4 Fatos Contábeis que Afetam a Situação Líquida: Receitas, Custos, Despesas, Encargos, Perdas e Provisões, 66

FAPAN Faculdade de Agronegócio de Paraíso do Norte

Teoria da Contabilidade. Prof. Joaquim Mario de Paula Pinto Junior 1

Transcrição:

CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS: AJUSTES E ELIMINAÇÕES IMPORTANTES Qual o objetivo da consolidação? O que precisa ser consolidado? Quais são as técnicas de consolidação? Como considerar a participação dos acionistas minoritários? Como tratar o imposto de renda na consolidação? Quais os principais ajustes e eliminações? Afonso Celso B. Tobias (afonso@fcavalcante.com.br) Consultor da Cavalcante Consultores, responsável na área de treinamento e consultoria financeira. Administrador de Empresas e Contador pela Universidade Mackenzie. Atuou durante 10 anos como consultor financeiro pela Coopers & Lybrand nas áreas de Corporate Finance e Planejamento e Análise de Negócios e 3 anos como gerente de fusões e aquisições pelo Banco Real de Investimento e Banco Alfa de Investimento Mestrando pela Universidade Mackenzie em Administração de Empresas com ênfase em Gestão Econômico-financeira. Pós-graduado em Economia pela Universidade Mackenzie e Planejamento e Controle Empresarial pela Fundação Armando Álvares Penteado FAAP. Professor de pós-graduação em Planejamento e Controle Empresarial e Administração Contábil e Financeira pela Fundação Armando Álvares Penteado FAAP. 1

ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO...3 2. QUAL O OBJETIVO DA CONSOLIDAÇÃO?...3 3. QUAL A OBRIGATORIEDADE?...3 4. QUAIS SÃO AS OUTRAS CONDIÇÕES IMPORTANTES?...4 5. QUAIS SÃO AS TÉCNICAS DE CONSOLIDAÇÃO?...5 6. QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS AJUSTES DE ELIMINAÇÕES?...6 7. CONSOLIDAÇÃO DA DEMONSTRAÇÃO DE MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO...8 8. CONSOLIDAÇÃO DA DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS...8 9. IMPOSTO DE RENDA NO CONSOLIDADO...8 10. COMPARAÇÃO ENTRE EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL E CONSOLIDADO...10 11. DIVULGAÇÃO E NOTAS EXPLICATIVAS...10 12. CASO PRÁTICO...12 13. SOLUÇÃO DO CASO PRÁTICO...13 2

1. Introdução Com o desenvolvimento da contabilidade no Brasil, a partir da Lei 6.404/76 (Lei da Sociedade por Ações) e normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), tornou-se obrigatório, em algumas situações a preparação e divulgação das demonstrações financeiras consolidadas. Na prática, vários grupos empresariais, mesmo não tendo a obrigatoriedade citada acima, vêm preparando suas demonstrações financeiras consolidadas com o objetivo de divulgar a posição patrimonial e financeira do grupo. 2. Qual o objetivo da consolidação? A preparação de um balanço consolidado, tem como principal objetivo à apresentação da posição de um grupo em relação ao mundo exterior, em uma única peça contábil. Este balanço não representa a situação de uma entidade jurídica e sim de uma entidade teórica, uma unidade econômica constituída de todas as unidades jurídicas que compõem o grupo. As demonstrações financeiras consolidadas possibilitam aos acionistas, instituições financeiras e demais interessados, uma visão mais realística da situação patrimonial e financeira do grupo. 3. Qual a obrigatoriedade? De acordo com o art. 249 da Lei das Sociedades por Ações (nº 6.404, de 15.12.76), temos que: As Companhias Abertas que tiverem mais de 30 por cento do valor de seu patrimônio líquido representado por investimentos em sociedades controladas, deverão elaborar e divulgar, juntamente com suas demonstrações financeiras, as demonstrações consolidadas. Diz ainda no parágrafo único do referido artigo: A CVM poderá expedir normas sobre as sociedades cujas demonstrações devam ser abrangidas na consolidação, e: Determinar a inclusão de sociedades que, embora não controladas, sejam financeiras ou administrativamente dependentes da Companhia; Autorizar, em casos especiais, a exclusão de uma ou mais sociedades controladas. 3

No art. 243 da referida Lei, acha-se definido o que vem a ser sociedade controlada, ou seja, Considera-se controlada a sociedade na qual a controladora, diretamente ou através de outras controladas, é titular de diretos de sócios que lhe assegurem, de modo permanente, preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores. 4. Quais são as outras condições importantes? Conforme comentado acima, a primeira condição para a consolidação é o controle financeiro através da participação majoritária no capital votante da controlada, porém para que a consolidação atinja os seus objetivos devemos analisar as seguintes condições complementares: 1. Correlação entre o caráter das atividades das Companhias Esta idéia é baseada no fato de que só é conveniente se preparar demonstrações consolidadas quando todas as companhias do grupo tenham atividades semelhantes, supletivas ou auxiliares. Se, por exemplo, entre as Companhias de um grupo industrial se inclui uma instituição financeira, as demonstrações financeiras de tal Companhia distorceriam a estrutura das demonstrações financeiras consolidadas. 2. Data do encerramento do exercício social para consolidação As demonstrações financeiras objeto da consolidação devem ser levantadas na mesma data ou em datas próxima, com a finalidade do consolidado é apresentar a posição do grupo em um determinado momento. Os artigos 9 e 10 da instrução da CVM nº 15, estabelecem: As demonstrações financeiras das controladas, devem ser levantadas na mesma data ou até no máximo 60 dias da data das demonstrações financeiras da controladora, e Quando a controladora encerrar suas demonstrações financeiras em data anterior à da controladora, devem ser observados os eventos significativos ocorridos no período intermediário, procedendo-se aos ajustes necessários na elaboração das demonstrações financeiras consolidadas. 3. Princípios e critérios contábeis semelhantes A preparação de demonstrações financeiras consolidadas exige uniformidade de princípios e critérios contábeis adotados pelas Empresas a serem consolidadas. A semelhança de princípios e critérios contábeis é fundamental para que o consolidado expresse a realidade dos fatos do grupo como um todo. 4

4. Empresas controladas não consolidadas Antes de se iniciar o trabalho de consolidação deve ser analisada a posição individual de cada controlada. Ás vezes, não é conveniente incluir certa controlada no consolidado, por exemplo: Companhia concordatária ou falida, porque fatalmente provocaria sérias distorções na posição do grupo. O artigo nº 7 da Instrução CVM nº 15 estabelece em que casos especiais justificados, e mediante prévia autorização da CVM, podem ser excluídas da consolidação as sociedades controladas cuja inclusão nas demonstrações financeiras consolidadas venha distorcer a representação da unidade econômica. 5. Quais são as técnicas de consolidação? A consolidação de demonstrações financeiras envolve uma séria de regras técnicas, desde as mais simples até as mais complexas, dependendo evidentemente do tamanho da complexidade das demonstrações financeiras das Companhias a serem consolidadas. Descrevemos abaixo as técnicas básicas para a preparação do consolidado: 1. Agrupamento de saldos Baseado nas demonstrações financeiras individuais, ou seja, da controladora e das controladas, faz-se a somatória dos saldos sem considerar quaisquer ajustes, surgindo desta forma um novo balanço e nova demonstração de resultados. A técnica mais recomendada é a de padronizar os planos de contas (controladora e controladas) evitando desta forma, reclassificações de contas. 2. Ajustes de eliminação do consolidado Evidentemente que o agrupamento citado acima não representa uma demonstração financeira consolidada, isto porque, diversos saldos ou transações realizadas entre as empresas do grupo devem ser eliminados, conforme estabelecido no artigo 250 da Lei 6.404/76. Para determinação dos ajustes de eliminações do consolidado, são utilizados, na prática, alguns controles que asseguram a integridade dos ajustes, tais como: Conciliações periódicas de saldos intercompanhias; Informações sobre a totalidade de transações intercompanhias (Exemplo: receitas e despesas); Detalhes sobre a participação acionária nas controladas; Detalhes sobre os lucros não realizados; Evidenciar de forma clara e ordenada os ajustes necessários; e Estabelecer disciplinas e datas limites para obtenção dos dados junto às controladoras. 5

6. Quais são os principais ajustes de eliminações? 1. Investimentos Para efeito de consolidação e de acordo com as normas gerais, os investimentos nas subsidiárias são eliminados contra a correspondente proporção no patrimônio líquido das subsidiárias. De acordo com a Lei das Sociedades Anônimas, todos os investimentos relevantes devem ser avaliados pelo método de equivalência patrimonial, portanto, por acasião da consolidação teremos o valor dos investimentos registrados pela controladora na mesma proporção de participação no patrimônio das controladas. Ajuste no consolidado: D: Patrimônio Líquido (controlada) C: Investimentos (controladora) 2. Saldos Intercompanhias Todas as transações de débito e crédito existentes entre as companhias do grupo devem ser eliminadas. Por ocasião da preparação das demonstrações financeiras consolidadas, todos os saldos devedores e credores entre controladora e controladas devem ser identificados e eliminados. Ajuste no consolidado: D: Contas a Pagar (empresas do grupo) C: Contas a Receber (empresas do grupo) 3. Lucros nos estoques não realizados Os lucros nos estoques não realizados são decorrentes das transações de compra e venda entre a controladora e controladas. No consolidado, o saldo dos estoques é obtido através da somatória dos saldos das contas de estoque de cada Companhia consolidada, e representativa dedução da parcela de lucros não realizados nos estoques, por não ter sido transacionado com terceiros. Na eliminação do lucro não realizado dos estoques surge o aspecto da facilidade ou dificuldade na determinação do custo correspondente à venda. Na prática, vem se adotando o critério de estimar a margem de lucros. Esta margem pode ser obtida através dos controles da contabilidade, ou em alguns casos, através da demonstração de resultados das empresas. 6

Ajuste do consolidado: D: Vendas C: Custo de Vendas C: Estoques 4. Lucros no ativo imobilizado não realizados Os lucros no ativo imobilizado não realizados devem ser tratados isoladamente, devido à seguinte peculiaridades: São de caráter permanente Estão sujeitos a correção monetária, e São depreciados normalmente. Quando da transação, deve ser determinado o lucro na operação. Este lucro terá idêntico tratamento aos dos estoques. Recomendamos a manutenção de um controle contábil permanente para cada transação, com o intuito de se eliminar, nos exercícios subseqüentes, as parcelas de lucros e respectiva depreciação. 5. Participação dos acionistas minoritários A participação dos acionistas minoritários ocorrem quanto a Companhia controladora não possue, direta ou indiretamente, a totalidade das ações da controlada. Então, a parcela de capital, reservas e lucros dos minoritários deve aparecer isoladamente do patrimônio líquido consolidado, isto porque, tal patrimônio pertence exclusivamente aos sócios da controladora. A participação dos acionistas, minoritários é integral ou seja, na proporção dos seus direitos de participação, mesmo que existam resultados não realizados no patrimônio líquido das controladas. A participação dos acionistas minoritários dever ser reclassificada para um novo grupo, entre o passivo exigível a longo prazo e o patrimônio líquido. Ajuste no consolidado: D: Patrimônio Líquido - controladora C: Participação minoritária - passivo consolidado 6. Ajustes na Demonstração de Resultado Para a consolidação da demonstração de resultados, similarmente aos procedimentos de consolidação dos balanços patrimoniais, são agregados num total dos valores representando operações com companhias ou pessoas estranhas ao grupo, eliminando-se aqueles valores recíprocos de receitas e de despesas, levando-se em consideração os ajustes de ativos e passivos. 7

7. Consolidação da Demonstração de Mutações do Patrimônio Líquido A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido do consolidado é idêntica à demonstração das mutações do patrimônio líquido da controladora. E isso é verdade, tanto que a CVM dispensa a publicação de mutação consolidada do patrimônio líquido ou da demonstração consolidada dos lucros ou prejuízos acumulados. 8. Consolidação da Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos A elaboração e publicação da demonstração consolidada das origens e aplicações de recursos é obrigatória. Em situação normal, a controladora e controladas prepararam individualmente a demonstração das origens e aplicações de recursos. Portanto, já se conhece os movimentos monetários e não monetários dos exercícios. Recomenda-se tomar como base todos os movimentos a partir dos saldos iniciais e finais do balanço patrimonial consolidado, e a partir daí seguir as mesmas técnicas de preparação das demonstrações individuais. 9. Imposto de Renda no Consolidado Devido ao fato do resultado consolidado alterar-se em função dos ajustes de eliminação não realizados, é de fundamental importância analisarmos a influência no imposto de renda do consolidado. O artigo 14 da Instrução da CVM nº 15 estabelece que os encargos dos impostos correspondentes ao lucro ou ao prejuízo não realizados que tenham decorrido dos negócios entre controladora e as controladas, devem ser eliminados dos resultados e apresentados no ativo circulante ou no passivo circulante - imposto diferidos - no balanço patrimonial. Exemplificando: A controladora (A) vendeu produtos para a controlada (B) e, conseqüentemente, apurou um lucro em que contribuiu na formação da despesa de imposto de renda do período. Neste caso poderíamos nos defrontar com as seguintes situações: a. A controlada (B) vendeu para terceiros 100 por cento dos produtos adquiridos da controladora (A). Portanto, não há efeito de imposto de renda no consolidado face à tributação do valor das vendas menos o respeito custo, ou seja, o lucro obtido; 8

b. A controlada (B) vendeu para terceiros apenas 40 por cento dos produtos adquiridos da controladora (A). A parte não vendida gerou lucros não realizados nos estoques da controlada (B) e despesa de imposto de renda no resultado da controladora (A). Este imposto de renda será compensado com o valor menor a ser registrado pela controlada (B), no ano seguinte, quando da realização dos estoques. Ajustes necessários: $ Lucros nos estoques 60.000 Alíquota 35% Imposto de Renda 21.000 Histórico Débito Crédito Imposto de Renda Diferido (Ativo Circulante) 21.000 Despesa de Imposto de Renda (L&P) 21.000 Pela constituição do imposto de renda diferido Despesa de Imposto de Renda (L&P) 21.000 Imposto de Renda Diferido (Ativo Circulante) 21.000 Pela conversão do IR Diferido face à realização dos lucros 9

10. Comparação entre equivalência patrimonial e consolidado O método de equivalência patrimonial consiste na avaliação do investimento com base no valor do patrimônio líquido da controlada. O artigo 248 da Lei 6.404 define que:...no valor do patrimônio líquido não serão computados os resultados não realizados decorrentes de negócios com a Companhia, ou com, outras sociedades coligadas à Companhia, ou por elas controladas Conforme visto anteriormente, a consolidação representa a agregação das demonstrações financeiras da controladora e das controladas, ou seja, pela somatória de saldos das contas do ativo, passivo, receitas e despesas, e respectivos ajustes decorrentes de operações entre as empresas do grupo. Nota-se que não eliminados as transações da controladora com as controladas e vice-versa. Portanto, a diferença básica entre os dois critérios é que na equivalência patrimonial é feita a consolidação de uma linha, ou seja, na conta de investimentos da controladora. E no consolidado agrupa-se linha por linha das demonstrações financeiras. E no consolido agrupa-se por linhadas demonstrações financeiras as demonstrações financeiras do grupo, possibilitando aos interessados maiores condições de avaliação da situação patrimonial e financeira do grupo.. 11. Divulgação e Notas Explicativas 1. Divulgação Lei das Sociedades Anônimas (Artigo 249) Ficou estabelecido que as Companhias obrigadas a preparar demonstrações financeiras consolidadas deverão... elaborar e divulgar, juntamente com suas demonstrações financeiras, demonstrações consolidadas.... Instrução CVM nº 15 A CVM estabeleceu que as demonstrações financeiras consolidadas (balanço patrimonial consolidado, demonstração consolidada do resultado do exercício, demonstração consolidada das origens e aplicações de recursos, notas explicativas, e outros quadros analíticos), sejam: o Divulgadas; o Incluídos os valores correspondentes ao exercício anterior; o Auditadas por auditores independentes devidamente registrados na CVM; e o Divulgadas juntamente com as demonstrações financeiras da controladora. 10

2. Notas Explicativas O Artigo 21 da instrução CVM nº 15 estabeleceu que as notas explicativas devem divulgar: Critérios adotados na consolidação; Denominação das sociedades controladas incluídas na consolidação, bem como o percentual de participação da controladora em cada sociedade controlada englobando participação indireta através de outras sociedades controladas; Exposição das razões que determinaram a exclusão de sociedades controladas na elaboração das demonstrações financeiras consolidadas; Base e fundamentos para amortização do ágio ou do deságio não absorvido na consolidação; Eventos subseqüentes à data de encerramento do exercício social que tenham, ou possam vir a ter, efeito relevante sobre a situação financeira e os resultados futuros consolidados; Eventos que ocasionaram qualquer diferença entre o montante do patrimônio líquido e do lucro líquido da controladora, em confronto com os correspondentes montantes do patrimônio líquido e do lucro líquido consolidado apresentados nas demonstrações financeiras consolidadas. 11

12. Caso Prático Dados importantes: a) ABC - Controladora XYZ - Controlada b) A Companhia ABC participa em 90 por cento do capital da controlada XYZ. c) Toda a venda realizada pela XYZ foi remetida à base ABC. d) Cálculo do lucro nos estoques: Margem de Lucro: 56 por cento (conforme demonstração de resultado: lucro bruto / vendas da XYZ) Saldo em estoque: ABC proveniente de compras junto a XYZ ($10.000) $ Valor de Compras 10.000 Margem 56% Lucro nos Estoques 5.600 e) Na data de encerramento do exercício, foi feita a equivalência patrimonial da seguinte forma: Patrimônio Líquido Lucro do Exercício XYZ 67.200 20.800 Participação 90% 90% 60.480 18.720 Lucro nos estoques 5.600 (5.600) 54.880 13.120 f) Imposto de Renda Diferido $ Lucro nos estoques 5.600 Alíquota no IR 30% IR a Diferir 1.680 12

13. Solução do Caso Prático Histórico Débito Crédito 1. D: Contas a Pagar Associadas 45.000 C: Contas a Receber Associadas 45.000 Pela eliminação do saldo de contas a receber (controlada) e contas a pagar (controladora) 2. D: Vendas 80.000 C: Custo dos Produtos Vendidos 74.400 C: Estoques 5.600 Pela eliminação das vendas e lucros não realizados 3. D: Capital 22.500 D: Reservas 9.000 D: Resultado do Exercício 13.120 D: Lucros acumulados 10.260 C: Investimentos 54.880 Pela eliminação da participação acionária 4. D: Capital 2.500 D: Reservas 1.000 D: Lucros Acumulados 1.140 D: Resultado do Exercício 2.080 C: Participação acionistas minoritários 6.720 Contabilização da participação minoritária 13

Histórico Débito Crédito 5. D: Imposto de Renda Diferido (ativo circulante) 1.680 C: Despesa com imposto de renda (L&P) 1.680 Pela contabilização do imposto diferido a ser revertido quando da realização do lucro no estoques 6. D: Lucros Acumulados 19.120 C: Resultado do Exercício 19.120 Pelo encerramento dos lançamentos efetuados no resultado Conciliação (controladora x consolidado) Em $ Patrimônio Líquido Resultado do Exercício Controladora 200.440 61.924 IR Diferido sobre lucros não realizados 1.680 1.680 Consolidado 202.120 63.604 14

Ajustes Balanço Patrimonial ABC XYZ TOTAL Débito Crédito Consolidado ATIVO Circulante Disponibilidades 2.500 300 2.800 2.800 Contas a Receber - Clientes 82.500 7.100 89.600 89.600 Contas a Receber - Associada - 45.000 45.000 (1) 45.000 - Estoques 60.000 8.000 68.000 (2) 5.600 62.400 Outras Contas 3.000 600 3.600 (5) 1.680 5.280 Total do Circulante 148.000 61.000 209.000 1.680 50.600 160.080 Permanente Investimento 54.800-54.880 (3) 54.880 - Imobilizado 110.000 12.000 122.000 122.000 Diferido 49.560-49.560 49.560 Total do Permanente 214.360 12.000 226.440-54.880 171.560 Total do Ativo 362.360 73.000 435.440 1.680 105.480 331.640 PASSIVO Circulante Fornecedores 32.000 2.800 34.800 34.800 Obrigações Trabalhistas 11.000 600 11.600 11.600 Obrigações Tributárias 16.000 900 16.900 16.900 Instituições Financeiras 58.000 1.500 59.500 59.500 Contas a Pagar - Associada 45.000-45.000 (1) 45.000 - Total do Circulante 162.000 5.800 167.800 45.000-122.800 Partic. Acionistas Minoritários - - - (4) 6.720 6.720 Patrimônio Líquido Capital 100.000 25.000 125.000 (3) 22.500 100.000 (4) 2.500 Reservas 16.000 10.000 26.000 (3) 9.000 16.000 (4) 1.000 Lucros Acumulados Anos anteriores 22.516 11.400 33.916 (3) 10.260 22.516 (4) 1.140 Exercício atual 61.924 20.800 82.724 (6) 19.120 63.604 Total do Patrimônio Líquido 200.440 67.200 267.640 65.520-202.120 Total do Passivo 362.440 73.000 435.440 110.520 6.720 331.640 15

Ajustes Demonstrativo de Resultado ABC XYZ TOTAL Débito Crédito Consolidado Vendas 700.000 80.000 780.000 (2) 80.000 700.000 (-) Custo dos Produtos Vendidos (380.000) (35.000) (415.000) - (2) 74.400 (340.600) Lucro Bruto 320.000 45.000 365.000 80.000 74.400 359.400 Despesas Operacionais Administrativas 127.040 5.000 132.040 - - 132.040 Vendas 65.000 1.000 66.000 - - 66.000 Financeiras 39.000 400 39.400 - - 39.400 Outras 12.000 200 12.200 - - 12.200 Lucro Operacional 76.960 38.400 115.360 80.000 74.400 109.760 Outras Rec. e Desp. não Operac. 13.500 (8.600) 4.900 - - 4.900 Result. da Partic. em Controlada 13.120-13.120 (3) 13.120 - - Lucro ante do IR e CS 103.580 29.800 133.380 93.120 74.400 114.660 Provisão para IR e CS (41.656) (9.000) (50.656) - (5) 1.680 (48.976) Lucro Líquido do Exerc. 61.924 20.800 82.724 93.120 76.080 65.684 Particip.dos acionistas minoritários (4) 2.080 - (2.080) Lucro Líquido Consolidado 95.200 76.080 63.604 (6) 19.120 16