Resorts no Brasil: Tipologia ou Nome Fantasia?

Documentos relacionados
FICHA TÉCNICA EQUIPE DO MINISTÉRIO DO TURISMO. Coordenação Geral Rosiane Rockenbach

Turismo e Espaço Econômico. Prof. Dr. Marcos Aurélio Tarlombani da Silveira

Introdução. O que é o Global Review Index?

O PERFIL DOS TURISTAS E AS MOTIVAÇÕES QUE OS LEVAM AO BALNEÁRIO DO HERMENEGILDO EM SANTA VITORIA DO PALMAR-RS, BRASIL

LEI MUNICIPAL N 2.565/2013 INSTITUI O PROGRAMA CONHEÇA DOMINGOS MARTINS E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.

CURRÍCULO DO CURSO. Atividade Curricular Créditos T E P EAD Estrutura Tipo pré-requisito Pré-requisito

Plano de Trabalho Docente Habilitação Profissional: Técnica de Nível Médio de Técnico Em Turismo Receptivo

MATRIZ CURRICULAR 1º SEMESTRE DE 2013

Tipologia dos Meios de Hospedagem

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS COMUNICAÇÃO, TURISMO E LAZER

ANEXO 1 LICENCIATURA EM TURISMO UFRRJ SELEÇÃO DE DOCENTES DISCIPLINAS / FUNÇÕES - PROGRAMAS / ATIVIDADES - PERFIS DOS CANDIDATOS - NÚMEROS DE VAGAS

Visitar Santo Antonio de Leverger é mais do que uma viagem é pura satisfação!

PESQUISA DA OFERTA TURÍSTICA EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS ANTONINA-PR 2017

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

O Turismo é direta e indiretamente responsável em nível global pela geração e pela manutenção de 195 milhões de empregos, o que equivale a 7,6% da

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS COMUNICAÇÃO, TURISMO E LAZER

Termas de Jurema Resort/PR

Geografia do Turismo Definições de turismo e sua dimensão geográfica. Prof. Dr. Marcos Aurélio Tarlombani da Silveira - Geografia - UFPR

ROTEIRO ELITE RESORTS SAUÍPE RESORTS TODAS AS INFORMAÇÕES SOBRE O RESORT ALL INCLUSIVE DA COSTA DO SAUÍPE.

Técnico em Hospedagem Integrado ao Ensino Médio

EMENTAS DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM MBA EM COMUNICAÇÃO E MARKETING DE TURISMO EAD

Grade Curricular em 2011 para as turmas de 2º à 4º ano de Turismo. 2º ano. HORA RELÓGIO ANUAL Psicologia Aplicada ao Turismo

TÍTULO: A ATUAÇÃO DO ANIMADOR NOS EMPREENDIMENTOS DE ECOTURISMO E TURISMO DE AVENTURA NA CIDADE DE BROTAS

IFSP- FT1 Fragmentos sobre a história do turismo

Termas de Jurema Resort/PR

RESOLUÇÃO COMTUR Nº 02 de 05 de maio de 2011

Encontro SEBRAE de Negócios Oportunidades para Painéis Setoriais Turismo Rural

DESTINOS TURÍSTICOS EM SUPORTE A MALHA AÉREA REGIONAL

Turismo receptivo na cidade de São Paulo: perfil do turista rodoviário

Instituto Superior de Ciências Empresariais e do Turismo

Check-list. para escolher o local do próximo evento técnico-científico

SEMINÁRIO BIO FACH OPORTUNIDADES PARA UM MUNDO SUSTENTÁVEL. Ministério do Desenvolvimento Agrário

Escola E.B 2,3/ S de Oliveira de frades

QUAIS OS TIPOS DE VISITANTES EM PORTO NACIONAL-TO?

Plano de Aula - Turismo, Hotelaria e Eventos - cód Horas/Aula

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS COMUNICAÇÃO, TURISMO E LAZER

PLANO DE ENSINO. Período/ Fase: 4º Semestre: 2º Ano: 2005 Disciplina: Teoria Geral do Turismo II Carga Horária: 72 horas/aula

Vantagens e Desvantagens do Turismo de Negócios para os Hotéis de Fortaleza

IMB comemora no Salão de Turismo mais de intenções de reservas no Viaja Mais Melhor Idade Hospedagem

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

DESEMPENHO DO SETOR DE TURISMO EM ALAGOAS PARA ABRIL DE 2016.

Plano de Ensino IDENTIFICAÇÃO. SEMESTRE ou ANO DA TURMA: 1

FICHA TÉCNICA EQUIPE DO MINISTÉRIO DO TURISMO

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS COMUNICAÇÃO, TURISMO E LAZER

RELATÓRIO DE PESQUISA PERFIL DO TURISTA DE EVENTOS EM RECIFE - PE

COMO TRANSFORMAR MINHA PROPRIEDADE RURAL EM UM EMPREENDIMENTO TURÍSTICO

ANA BAUBERGER PIMENTEL

ROTEIRO ELITE RESORTS SAUÍPE PREMIUM TODAS AS INFORMAÇÕES SOBRE O RESORT ALL INCLUSIVE DA COSTA DO SAUÍPE.

TIPOLOGIAS DE ALOJAMENTO ENQUADRÁVEIS NO COMPETIR+

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS COMUNICAÇÃO, TURISMO E LAZER

GESTÃO DO TURISMO Profa. Andreia Roque

Universidade Estadual do Centro-Oeste Irati/ setor de sociais aplicadas departamento de turismo

SUMMERVILLE BEACH RESORT

O Perfil do Visitante do Parque Wet n Wild e seu Impacto Econômico no Município de Itupeva-SP.

Componente de Formação Técnica

MANUAL DE APRESENTAÇÃO DA INICIATIVA Prêmio Braztoa de Sustentabilidade 2018

ROTEIRO ELITE RESORTS ENOTEL CONHEÇA AS INSTALAÇÕES DO RESORT ALL INCLUSIVE INSTALADO EM PORTO DE GALINHAS

SÍNTESE PROJETO PEDAGÓGICO. Missão

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

FICHA TÉCNICA EQUIPE DO MINISTÉRIO DO TURISMO

DESEMPENHO DO TURISMO EM ALAGOAS, PARA ABRIL DE 2015

Instituto Superior de Ciências Empresariais e do Turismo

Universidade de São Paulo Escola de Comunicações e Artes Departamento de Biblioteconomia e Documentação

Avaliação PPA Ano Base 2011

OS MEIOS DE HOSPEDAGEM EM ROSANA-SP: CONTRIBUIÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO TURISMO LOCAL

ROTEIRO DE RESORTS LOUNGE RESORT INFORMAÇÕES SOBRE O NOVO RESORT NA REGIÃO DE MARAGOGI

CARTILHA AOS PROFESSORES

A QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL EM HOSPITALIDADE PARA HOTEL DE TRÂNSITO EM PONTA GROSSA-PR: RELATO DE AÇÃO EXTENSIONISTA DO PROJETO NETUR, DA UEPG

Ao adquirir um Produto Coimbratur está a ajudar o Serviço de Oncologia do H. Pediátrico de Coimbra

REUNIÃO ÓRGÃOS SOCIAIS 1 DE DEZEMBRO DE 2013

Informaça o Estatí stica do Turismo 2001 a 2011

3.14 Demanda Turística O PDITS apresenta os principais dados da demanda turística atual baseada em dados disponíveis sobre os fluxos turísticos.

RELATÓRIO DE PESQUISA DO PERFIL SÓCIO-ECONÔMICO DO TURISTA DE EVENTOS NO RECIFE E NA REGIÃO METROPOLITANA

Gestão de projetos no turismo social: Uma abordagem baseada no PMI

EMPREENDEDORISMO DIGITAL: INOVAÇÃO NA REDE HOTELEIRA DO MUNICÍPIO DE MARATAÍZES - ES

TURISMO RURAL. Helga Andrade Instituto Federal do Sul de Minas Gerais. Turismóloga (UFMG) Barista (certificada ACBB)

INTERPRETAÇÃO TURÍSTICA: UMA PROPOSTA PARA O CENTRO HISTÓRICO DE SANTOS.

08 A10 MAIO2019. CENTRO DE CONVENÇÕES DE GOIÂNIA/GO 14h às 20h ABRINDO AS PORTAS PARA A HOSPITALIDADE

Relatório de Pesquisa Perfil Sócio econômico do Turista de Eventos Apoiados / Captados pelo Recife Convention & Visitors Bureau

O lazer ajuda na realização do indivíduo e por isso sua concretização é um exercício de cidadania. Grande parte da população mundial está excluída do

A criança é o tesouro. Nós, somos o mapa.

Termas de Jurema Águas Quentes Resort/PR

VERSÃODIGITAL CHECK-LIST PARA ORGANIZAR EVENTO TÉCNICO-CIENTÍFICO

48 resorts associados; 13 estados; 5 regiões brasileiras; resorts de praia, campo e fluvial; faturamento de R$ 1,7 bi em 2017; quartos; 19.

Rede Mabu Hotéis & Resorts Seja muito bem-vindo

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

ANÁLISES DAS PRÁTICAS DE SUSTENTABILIDADE DESENVOLVIDAS NOS MEIOS DE HOSPEDAGEM DE SEROPÉDICA (RJ) EM RELAÇÃO AO CONSUMO DE ÁGUA

SENADO FEDERAL PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 83, DE 2010

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS CONSELHO UNIVERSITÁRIO RESOLUÇÃO N. 39/ CONSUNIV Aprova o Projeto Pedagógico do Curso de Superior de

ANÁLISE DOS ESTUDOS DE DEMANDA TURÍSTICA CASO DOS 65 DESTINOS INDUTORES DO DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO REGIONAL

Diagnóstico da Rede Hoteleira do Município de Santa Teresa/ES DIAGNÓSTICO DA REDE HOTELEIRA DO MUNICÍPIO DE SANTA TERESA/ES SANTA TERESA ES

e as transformações dos lugares Prof. Dr. Marcos Aurélio Tarlombani da Silveira

ARQUITETURA HOTELEIRA

Roda Conversações sobre Hospitalidade. Sumário A Ética da Hospitalidade no Reconhecimento do Outro... 3

Instituto Nacional de Estatística de Cabo Verde Estatísticas do Turismo Movimentação de Hóspedes 1º Tr. 2016

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO, TÁTICO E OPERACIONAL EM DIFERENTES TIPOS DE MEIOS DE HOSPEDAGEM

Arquitetura e Urbanismo

Cristina Siza Vieira, Presidente da Direção Executiva. AHP, 3 de dezembro de 2014

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

Transcrição:

Resorts no Brasil: Tipologia ou Nome Fantasia? Renato Luiz Grampa 1 Renê Correa do Nascimento 2 Elizabeth Kyoko Wada 3 Resumo Os meios de hospedagem, inclusive os resorts, têm se tornado alvo de crescentes estudos científicos na última década, em decorrência da elevada seletividade imposta pela sociedade contemporânea. Apesar de, em 2010, o Ministério do Turismo (MTur) ter definido requisitos mandatórios a que um resort deve atender, acredita-se que ainda haja certas incongruências entre os dados oficiais cadastrados no site do MTur, na Associação Brasileira de Resorts (ABR) e em revistas de divulgação de meios de hospedagens para turistas. Desta forma, o presente trabalho teve como objetivos comparar o número de resorts cadastrados no MTur, com aqueles certificados pela ABR, e com o número de hospedagens consideradas resorts pela revista Guia Quatro Rodas (Guia4), bem como verificar a tipologia atribuída pelo Ministério do Turismo para os meios de hospedagem que utilizam o termo resort em seu nome fantasia. Os resultados do presente trabalho sugerem que seja criado um instrumento oficial capaz de fiscalizar tais incongruências, inclusive com o objetivo de propor alterações nos nomes fantasias de tais empreendimentos. Palavras-chave: Turismo. Hotelaria. Resort. 1 Turismólogo - Mestrando - Programa de Mestrado em Hospitalidade Universidade Anhembi Morumbi renatogrampa@yahoo.com.br 2 Doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo Professor do Programa de Mestrado em Hospitalidade Universidade Anhembi Morumbi - renecorrea@uol.com.br 3 Doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo Coordenadora do Programa de Mestrado em Hospitalidade Universidade Anhembi Morumbi ewada@uol.com.br 1

Introdução IX Seminário da Associação Nacional Pesquisa e Pós-Graduação em Turismo A busca por serviços de qualidade tem se tornado uma constante na sociedade contemporânea, caracterizada como cada vez mais criteriosa nas suas escolhas. Um dos serviços mais discutidos na atualidade é a hospedagem, inerente ao ramo do Turismo, que por sua vez compreende as atividades que realizam as pessoas durante suas viagens e estadas em lugares diferentes ao seu entorno habitual, por um período consecutivo inferior a um ano, com finalidade de lazer, negócios ou outras (OMT, 2001). De acordo com os registros históricos publicados em diversas bibliografias, os meios de hospedagem surgiram para acolher e abrigar os seres humanos que se encontravam em trânsito. Segundo Celia Maria de Moraes Dias, [...] desde a antiguidade até os nossos dias, uma forma incipiente ou equivalente de hotel sempre acompanhou os passos dos viajantes (DIAS, 2004). Podemos verificar que no transcorrer de sua história, esses meios congregaram outras tipologias e funções, adquirindo ao longo do tempo suas distintas formas e características. Segundo Swarbrooke e Horner (2002), foi no auge do Império Romano, por exemplo, que apareceram os resorts com a finalidade turística. Eles acreditam que a população romana instalava habitualmente esses meios de hospedagem em lugares próximos as estações termais. Desta forma, os romanos poderiam usufruir de atividades voltadas ao lazer, à saúde e as artes. Segundo Mill (2001), o primeiro embrião de resort com conceito de Spa surgiu em 1326 na Bélgica, perto da cidade de Liege. Lá, o ferreiro Colin Le Loup se curou de uma doença grave com banhos regulares numa piscina natural local, cuja água era rica em ferro. Em agradecimento, ele construiu na localidade um alojamento para receber outras pessoas. Inicialmente, o principal atrativo dos resorts consistia na possibilidade de tratamentos de saúde, apoiados por profissionais da área. Porém, tal proposta sofreu alterações gradativas, e a popularização dos resorts passou a ser pautadas muito mais pelas atividades sociais que eram organizadas por suas administrações do que pela proposta inicial, que era a promessa de curas. 2

A definição do termo resort tem sido alvo de inúmeras discussões, devido à grande diversidade de conceitos disponíveis na literatura. De acordo com HOUAISS (2011), resort significa um local que oferece hospedagem, recreação e divertimento, especialmente para pessoas em gozo de férias. O Ministério do Turismo define resort como Hotel com infraestrutura de lazer e entretenimento que oferece serviços de estética, atividades físicas, recreação e convívio com a natureza no próprio empreendimento (2010). Curiosamente, o próprio MTur, através da série Caminhos do Futuro, coleção de manuais publicadas pelo Ministério com o objetivo de, segundo eles, educar a sociedade para o setor, utiliza a conceito de resorts definido no livro Hotel: planejamento e projeto, que trata este meio de hospedagem como sendo grandes empreendimentos, localizados próximos a atrativos da natureza. Subordinam-se a uma regulamentação para o equilíbrio ambiental, com instalações sofisticadas, classificação de quatro ou cinco estrelas (ANDRADE, BRITO, & JORGE, 2000). De acordo com Associação Brasileira de Resorts (2012), trata-se de um empreendimento hoteleiro de alto padrão em instalações e serviços, fortemente voltado para o lazer em área de amplo convívio com a natureza, no qual o hospede não precisa se afastar para atender suas necessidades de conforto, alimentação, lazer e entretenimento. Finalmente, segundo a Organização Mundial de Turismo (OMT), resorts são destinos turísticos integrados e relativamente independentes, que oferecem uma variedade de instalações e atividades para os turistas. Pode-se observar, portanto, que não há um consenso na literatura sobre a definição de Resort, porém, podem ser destacadas algumas características comuns nesse tipo de meio de hospedagem, dentre elas: (a) Ambiente que promove sensação de bem-estar; (b) Divertimento; (c) 3

O hóspede não precisa sair do empreendimento, pois nele já encontra alimentação, acomodação e entretenimento; (d) Muitas vezes é a própria atração da viagem ou a única; (e) Geralmente mais de uma oferta de restaurante; (f) Numerosas atividades de lazer; (g) Atividades de saúde à disposição; (h) Arquitetura horizontal; (i) Amplos espaços aquáticos; (j) Áreas de recreação; (k) Sistema all-inclusive. Acredita-se que a falta de consenso supracitada possa culminar em incongruências entre os órgãos regulamentadores e revistas consideradas como guia para os turistas interessados no assunto, como o Guia Quatro Rodas. Desta forma, o presente trabalho teve como objetivos (a) comparar o número de resorts cadastrados no Ministério do Turismo (MTur), com aqueles certificados pela Associação Brasileira de Resorts, e com o número de hospedagens consideradas resorts por uma revista de grande tiragem no Brasil (Guia Quatro Rodas); e (b) verificar a tipologia atribuída pelo Ministério do Turismo para os meios de hospedagem que utilizam o termo resort em seu nome fantasia. De acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação, existem sete tipologias de meios de hospedagem para atender a diversidade da oferta hoteleira nacional (Tabela 1), dentre os quais se destacam os resorts. Tabela 1. Classificação dos meios de hospedagem de acordo com simbologia de estrelas. Fonte: Cartilha de Orientação Básica Resort. Ministério do Turismo, 2010. 4

Metodologia A análise dos resorts cadastrados no Ministério do Turismo fora realizada com auxílio dos dados disponíveis no site www.cadastur.turismo.gov.br/cadastur/pesquisarempresas.action, assim como os resorts certificados pela Associação Brasileira de Resorts foram analisados de acordo com o site www.resortsbrasil.com.br. Os resorts relacionados no Guia 4 Rodas foram verificados por intermédio do site http://viajeaqui.abril.com.br/guia4rodas, e finalmente, a comparação entre nome fantasia e tipo de meio de hospedagem encontrado no certificado de cadastro emitido pelo MTur fora realizada por meio de dados disponíveis no site www.cadastur.turismo.gov.br/cadastur/pesquisarempresas.action. Adicionalmente, a discussão dos achados do presente estudo fora realizada de acordo com levantamento bibliográfico, no qual foram adotadas as bases de pesquisa científica SciELO e EBSCO. 5

Resultados e Discussão Os resultados obtidos no presente trabalhos serão apresentados nas tabelas a seguir: Tabela 2. Número de resorts cadastrados no Ministério do Turismo (MTur), certificados pela Associação Brasileira de Resorts (ABR) e divulgados pelo Guia Quatro Rodas (Guia4). Fonte: Acervo Pessoal. MTur ABR Guia4 125 46 91 A tabela 2 demonstra que apenas 46 resorts, dos 125 cadastrados pelo Ministério do Turismo (47,71%) e dos 91 cadastrados pelo Guia Quatro Rodas (34,73%), receberam a certificação da Associação Brasileira de Resorts. A comparação quantitativa inicial permite a constatação de há uma incongruência dos dados divulgados por órgãos reguladores e o Guia Quatro Rodas. Como consequência, poderão ocorrer maiores dificuldades inerentes ao processo de escolha por parte dos turistas que procuram este tipo de hospedagem para o seu período de lazer, bem como prejuízos relativos às pesquisas e estatísticas relacionadas ao tema. 6

Tabela 3. Distribuição dos resorts de acordo com as regiões do Brasil, apresentada pelas três fontes pesquisadas. MTur ABR Guia4 REGIÃO UNID % REGIÃO UNID % REGIÃO UNID % Norte 0 0,00% Norte 0 0,00% Norte 1 1,10% Nordeste 64 51,20% Nordeste 25 54,35% Nordeste 46 50,55% Oeste 5 4,00% Oeste 1 2,17% Centro- Centro- Centro- Oeste 2 2,20% Sudeste 39 31,20% Sudeste 13 28,26% Sudeste 28 30,77% Sul 17 13,60% Sul 7 15,22% Sul 14 15,38% TOTAL 125 100% TOTAL 46 100% TOTAL 91 100% Fonte: Acervo Pessoal. A tabela 3 demonstra a distribuição dos resorts pelo território nacional em cada uma das fontes pesquisadas, corroborando com a análise anterior, uma vez que não há consenso na repartição deste tipo de meio de hospedagem pelo país. O que podemos verificar é que há, principalmente entre o Ministério do Turismo e o Guia Quatro Rodas em termos numéricos, informações semelhantes. Através das representações gráficas abaixo (Figuras 1 e 2), é possível visualizar melhor as variações encontradas entre os três órgãos investigados. 7

Figura 1. Distribuição percentual dos resorts de acordo com as regiões do Brasil apresentada pelas três fontes pesquisadas. Fonte: Acervo Pessoal. Figura 2. Distribuição dos resorts, em números absolutos, de acordo com as regiões do Brasil apresentada pelas três fontes pesquisadas. Fonte: Acervo Pessoal. 8

Ao realizarmos a busca usando o termo resort no nome fantasia do empreendimento, foram encontrados 98 meios de hospedagem, cadastrados no Ministério do Turismo, distribuídos nas seguintes tipologias: Tabela 4. Análise da classificação, conferida pelo MTur, dos meios de hospedagem que adotaram o termo resort no seu nome fantasia. Fonte: Acervo Pessoal. TIPO UNID % Resort 63 64,29% Hotel 26 26,53% Pousada 3 3,06% Condo-Hotel 3 3,06% Hotel Fazenda 1 1,02% Flat 1 1,02% Alojamento de Floresta 1 1,02% TOTAL 98 100% De acordo com a Tabela 4, pode-se observar que dos 98 meios de hospedagem que adotaram o termo resort, apenas 63 (64,29%) de fato se adequam a essa tipologia, o que demonstra que 35 empreendimentos (35,71%), embora tenham utilizado o termo em seu nome fantasia, não cumprem os requisitos mínimos exigidos pelo MTur para adquirirem tal cadastramento. As figuras 3 e 4 expressam dois exemplos dos meios de hospedagem citados na tabela 4, sendo a figura 3 um exemplo de empreendimento que adotou o termo resort em seu nome fantasia, quando na verdade tratava-se de uma Pousada, enquanto a figura 4 demonstra um meio 9

de hospedagem que utilizou o termo resort em seu nome fantasia em conformidade com a classificação atribuída pelo Ministério do Turismo ao meio de hospedagem. Figura 3. Exemplo de empreendimento que adotou o termo resort em seu nome fantasia, quando na verdade tratava-se de uma Pousada. Fonte: Adaptado de <www.cadastur.turismo.gov.br/cadastur/pesquisarempresas.action> 10

Figura 4. Exemplo de empreendimento que utiliza a palavra resort em seu nome fantasia em conformidade com a classificação atribuída pelo Ministério do Turismo ao meio de hospedagem. Fonte: Adaptado de <www.cadastur.turismo.gov.br/cadastur/pesquisarempresas.action> Na introdução do presente trabalho, foram citadas onze características comuns aos resorts, consideradas as principais, porém sabe-se que em 2010 o MTur definiu 87 requisitos mandatórios a que um resort deve atender. Sendo assim, pode-se considerar a hipótese de que os clientes dos 35 meios de hospedagem que apenas adotam o termo resort em seu nome fantasia, sem de fato serem cadastrados com essa tipologia pelo MTur, possam ter suas expectativas frustradas ao desfrutarem dos serviços oferecidos. 11

Este tipo de confusão é comum no setor hoteleiro, inclusive, quando são realizadas comparações entre os meios de hospedagens de dois ou mais países e a respectiva classificação local. Segundo Cooper (2001) a qualidade e a avaliação da qualidade estão enraizadas na cultura e no contexto do país no qual estão localizados. Como consequência deste fato, encontramos uma mesma matriz de classificação, por exemplo, cinco estrelas, sendo atribuída a empreendimentos com padrões de qualidade diversos em diferentes partes do mundo. Certamente este tipo de comportamento dificulta significativamente a tomada de decisões do hóspede e, principalmente, a sua assertividade em atender as suas expectativas. No atual estágio em que o turismo se encontra, possuindo uma demanda cada vez mais exigente e contando com uma experiência nesta atividade muito maior que antes, é importante que disparidades como estas sejam atenuadas ou extintas em todo o setor. O grau de importância desta padronização fica mais evidente quando focamos a atividade em nosso país. Para que as empresas ou regiões sejam competitivas, é fundamental que os clientes fiquem satisfeitos com a experiência vivenciada, pois, desta forma, aumentarão as chances de retorno à região e de que a vivência favorável seja transmitida a outros clientes, captando, assim, novos turistas para a localidade ou empreendimento. 12

Considerações Finais Há disparidade nos números de resorts cadastrados pelo MTur, certificados pela ABR e divulgados pelo Guia 4 Rodas, demonstrando que há ainda muitas divergências no mercado hoteleiro com relação a este meio de hospedagem. Foi detectado que 35,71% dos meios de hospedagem que adotam o termo resort em seu nome fantasia não receberam essa tipologia ao serem cadastrados pelo MTur. Acreditamos que, com o novo sistema brasileiro de classificação adotado pelo Ministério do Turismo, a tendência seja de redução das incongruências, facilitando, principalmente, a escolha dos turistas que procuram este tipo de hospedagem para o seu período de lazer, bem como o declínio dos prejuízos nas pesquisas e estatísticas relacionadas ao tema. Contudo, os resultados do presente trabalho sugerem que seja criado um instrumento oficial capaz de fiscalizar tais incongruências, inclusive com o objetivo de propor alterações nos nomes fantasias de tais empreendimentos. 13

Referências IX Seminário da Associação Nacional Pesquisa e Pós-Graduação em Turismo ANDRADE, S., BRITO, P. L., & JORGE, W. E. (2000). Hotel: planejamento e projeto. São Paulo: SENAC. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE RESORTS. (s.d.). Resorts Brasil. Acesso em 08 de Maio de 2012, disponível em Associação Brasileira de Resorts: www.resortsbrasil.com.br ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE RESORTS. (s.d.). Resorts Certificados. Acesso em 08 de Maio de 2012, disponível em Associação Brasileira de Resorts: www.resortsbrasil.com.br CARDOSO, R. d. (2005). Dimensões Sociais do Turismo Sustentável: Estudo sobre a contribuição dos resorts de praia para o desenvolvimento das comunidades locais. São Paulo: Tese (Doutorado em Administração) Fundação Getúlio Vargas. COOPER, C. e. (2001). Turismo, princípios e prática (2 ed.). Porto Alegre: Bookman. DIAS, C. M. (2004). Planejamento e gestão de Hospitalidade e Turismo: formulação de uma nova proposta. In: A. d. DENCKER, Planejamento e gestão em Turismo e Hospitalidade. São Paulo: Pioneira Thomson Learning. GOLDNER, C. R., RICHIE, J. B., & MCINTOSH, R. W. (2002). Turismo: princípios, práticas e filosofias (8 ed.). Porto Alegre: Bookman. GUIA QUATRO RODAS BRASIL. (s.d.). Onde ficar. Acesso em 08 de Maio de 2012, disponível em Viaje Aqui: http://viajeaqui.abril.com.br/guia4rodas HOUAISS, A. (s.d.). Grande Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Acesso em 07 de Maio de 2012, disponível em UOL: http://houaiss.uol.com.br/busca.jhtm?verbete=resort JORNAL DA GLOBO. (s.d.). Ministério do Turismo cria nova forma de classificar hotéis, pousadas e resorts. Acesso em 07 de Maio de 2012, disponível em You Tube: http://www.youtube.com/watch?v=xiipepzjbbs LAGE, B. H., & MILONE, P. C. (2000). Turismo: teoria e prática. São Paulo: Atlas. MICHAELIS. (s.d.). Dicionário Escolar Inglês. Acesso em 07 de Maio de 2012, disponível em UOL: http://michaelis.uol.com.br/escolar/ingles/index.php?lingua=ingles-portugues&palavra=resort MILL, R. C. (2001). Resorts: Administração e Operação. Porto Alegre: Bookman. MINISTÉRIO DO TURISMO. (2010). Sistema Brasileiro de Classificação dos Meios de Hospedagem: Cartilha de Orientação Básica. Acesso em 02 de Abril de 2012, disponível em Ministério do Turismo: http://www.turismo.gov.br/export/sites/default/turismo/programas_acoes/arquivos/1_cartilha _PROCESSO_CLASSIFICAxO.pdf MINISTÉRIO DO TURISMO. (2010). Sistema Brasileiro de Classificação dos Meios de Hospedagem: Cartilha de Orientação Básica - Resorts. Acesso em 03 de Abril de 2012, disponível em Ministério do Turismo: http://www.turismo.gov.br/export/sites/default/turismo/o_ministerio/publicacoes/downloads_pu blicacoes/3_cartilha_resort.pdf MINISTÉRIO DO TURISMO. (s.d.). Pesquisa de Prestadores. Acesso em 08 de Maio de 2012, disponível em Cadastur: http://www.cadastur.turismo.gov.br/cadastur/pesquisarempresas.action OMT. (2001). Introdução ao Turismo. São Paulo: Roca. 14

OMT. (2003). Guia do desenvolvimento do turismo sustentável. São Paulo: Bookman. POPP (et al.), E. V. (2007). Hotelaria e hospitalidade. São Paulo: IPSIS. SWARBROOKE, J., & HORNER, S. (2002). O comportamento do consumidor no turismo. São Paulo: Aleph. 15