Curso de Extensão em Filosofia CEPA Círculo de Estudo Pensamento e Ação Faculdade 2 de Julho Platão 2 - Desdobramentos Havia entre os discípulos de Socrátes um jovem aristrocrata ateniense, descendente, pelo lado paterno de Kodros, último Rei da Ática; e, por parte da mãe, da estirpe de Sólon, famoso legislador da Grécia. O nome desse jovem era, provavelmente, Aristocles; mas, devido a largueza da sua mente, entrou na história da filosofia com o nome de Platon, o que quer dizer amplo, largo. Os oitenta anos de sua existência terrestre decorrem entre 427 e 334 a. C. A juventude de Platon ou Platão e que incide no turbulento período da Guerra de Peleponeso, que terminou com a derrota da Independência de Atenas. Corrialhe nas veias o sangue da alta nobreza helênica, e o maior pesar do jovem aristocrata era ver o seu país agonizar em caos, de desordens internas e externas. Desde esse tempo concebeu Platão a ideia de pôr sua vida ao serviço da Pátria e da prosperidade nacional. Tornou-se político militante e atingiu notável influência nesse setor. Entretanto, graças à perspicácia do seu gênio, não tardou a verificar que, para promover a grandeza nacional era necessário, antes de tudo sanar o ambiente político interno, ou melhor, converter os
políticos do egoísmo para o altruímo, dos interesses do bolso e das vantagens pessoais para o idealismo do sacrifício pela causa pública. Platão compreendeu que o mal na política estava nos erros e que política sem ética é edifício sem alicerce. Que é ética?; Por que deve o homem ser ético, altruísta, em vez de egoísta? E antes de tudo existe ética como tal? Não é a ética criação do homem individual? Ou então de um grupo pessoal a que ele pertence? Ética ou moralmente bom é, segundo opiniões, aquilo que promove o meu bem estar pessoal; ou, na opinião de outro, aquilo que promove a prosperidade do meu país e do meu povo. Quer dizer, a norma suprema da ética está na maior ou menor vantagem que de algum ato ou de uma atitude resulta para o grupo a que esse indivíduo pertence? Se, por exemplo, que meu país conquiste o território de outra nação, (caso de Hitler, evidente) e se dispõe dos meios físicos para conseguir vitória sobre outro povo mais fraco, essa conquista é perfeitamente ética uma vez que promove a prosperidade de meu povo tanto mais se o chefe nacional ordena essa conquista em nome da nação? Platão não podia deixar de ver que uma ética assim baseada em princípios subjetivos e relativos não vale. Ética relativa não é norma alguma. Platão compreendeu que a verdadeira ética só pode ser algo independente da vontade humana, racional, algo objetivo. É o que se pode ler em Politéia (República na tradução). É ler e divulgar hoje entre os políticos os que desejam fazer, a res pública. Entretanto... Dion, cunhado do tirano de Siracusa, na Sicília, Dionísio I, convidou Platão para uma visita à corte do soberano. O filósofo atendeu ao pedido e teve palestras com Dionísio; este, entretanto, não tardou a ver no hóspede um perigo para o seu
governo. Mandou prendê-lo e entregá-lo ao Embaixador de Esparta, com a qual Atenas estava em pé de guerra. O Embaixador espartano enviou Platão à Ilha de Egina (Aigina), não longe de Atenas, a fim de ser vendido como escravo. Platão, por sorte, foi resgatado por um amigo, cujo nome não se conhece e este o reencaminhou para Atenas. Num dos subúrbios atenienses, nas imediações do parque e campo atlético de Hekdemos, Platão possuía essa casa de campo. Essa faixa de terra estava marcada a ser famosa na história em geral e na filosófica em particular, com o nome de Academia de Platão. Ali, com aproximadamente 40 anos, começou o célebre filósofo e político a reunir um grupo de amigos interessados em suas aulas e, portanto, em suas ideias e vieram de vários países, entre os quais figurou um jovem cientista, filho de médico, de Estageiros (Estagira), de nome Aristóteles da Macedônia, preceptor de Alexandre Magno. No ínicio Platão desenvolvia as ideias que discutira e assimilara com seu mestre Sócrates. Platão lançou o alicerce da Metafísica, ultrapassando o pensar socrático. Durante mais de 20 anos a casa larga, longa e confortável de Hekdemos, uma espécie de primeira Universidade no mundo antigo. A esse foco de saber, de cognição vária, acorreram homens quase sempre jovens do Império Romano, da Ásia e da África. O presidente americano Franklin Delano Roosevelt, tinha na sua escrevaninha um exemplar do Banquete, que lia constantemente e o inspirava. Dos grandes filósofos antes de Cristo, Platão é o único que tem suas obras completas. Einstein lia para sua irmã Maja, em doença terminal, trechos de obras platônicas.
a) Obras da mocidade de Platão: - Apologia de Sócrates e Kriton; - Íon trata de poesia e de inspiração artística; - Protágoras A virtude é ensinável ou não?; - Laches Virtude da fortaleza ou bravura; - Charmides Sobre a temperança; - Politéia I Primeira parte da República; - Euthyfron A virtude da piedade. Concepção inicial do platonismo ou Eidos Ideia. - Lysies A virtude da amizade. B) Obras de transição do socratismo: - Gorgias Essência e valor da retórica. - Menon A natureza da virtude em geral e a questão da docilidade. - Euthydemos Sátira sutil de certos vícios da época e da humanidade em geral, em política, sobretudo. - Hipias (duas partes): A Beleza, sua natureza e função na vida humana. - Cratylos Afinidade de Filosofia e Filologia, a questão se a língua humana é algo natural ou artificial
- Menexenos Oração fúnebre em homenagem aos soldados atenienses que morreram em guerra. C) Livros da maturidade - Symposion O Banquete Trata de Eros, o amor e sua formalidade e seu correlativo, a Beleza. - Phaidon (Fedon) Imortalidade e Metempsicose É um cosmorama das ideias atribuídas a Hermes Trimegisto, Pitagóras, Sócrates e outros gênios. Enfim, platonicamente, a vida individual deriva da Vida Universal, a vida volta de onde surgiu. Imortalidade é uma semi-vida de após morte, um parêntese para uma plenitude. É livro profundo. Por último, escreve Politéia 2, a segunda parte da República. Escreve Fedro (Phaidros), continuação do livro Fedon sobre a imortalidade. D) As obras finais são: Teeteto que se escreve em grego (Theaitetos), Parmenides, sophistes, politikos, Philebos, Timaios, Kritias, Nomoi (leis), Epinomes. Ressaltar que Parmenides, sophistes e Timaios tratam do aprofundamento do eidos, ideia. Emerson, filósofo americano diz que Platão viu o UNO desdobrando para o verso, a versatilidade, a variedade.
Germano Machado Fundador do CEPA Brasil das Academias Mater Salvatoris, da Academia Baiana de Educação, da Academia ALAS.