MOTORES Flex. Tadeu Cordeiro, M.Sc., D.Sc. Consultor Senior CENPES/PDAB/DPM. UFRJ Dezembro de 2012

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Transcrição:

MOTORES Flex Tadeu Cordeiro, M.Sc., D.Sc. Consultor Senior CENPES/PDAB/DPM UFRJ Dezembro de 2012

FLEX FUEL BRASILEIRO Permite a utilização de álcool hidratado (E100), gasolina (E22) ou qualquer mistura entre os dois com adaptação automática. Motor foi derivado de motor a gasolina modificado nas partes de contato com o combustível, devido à maior corrosividade do álcool; Foram desenvolvidos materiais mais resistentes para as sedes válvulas, devido à menor lubricidade do álcool; Incluído sistema de abastecimento a frio (partidas a menos de 15C); Catalisador instalado mais próximo ao motor (close coupled) para aumento de sua eficiência na partida a frio com o uso do álcool, devido a emissões de aldeídos e álcool não queimado na partida.

DIFICULDADES TÉCNICAS - Diferenças nas composições dos combustíveis Álcool apenas dois componentes (etanol e água) e gasolina mais de 400 componentes; - Para uma mesma vazão de ar, a Vazão de etanol é cerca de 50% > que a vazão de gasolina E22; Gasolina (E-22) 1 : Estequiometria: 13,0 : 1 Octanagem: ± 82 (MON) Pressão de Vapor 2 : ± 38 kpa Poder calorífico: 42 MJ/kg Calor de Vaporiz.: 101 kcal/kg Massa Específica a 20ºC: 750 kg/m³ Álcool Hidratado : Estequiometria: 8,4 : 1 Octanagem: ± 90 (MON) Pressão de Vapor 2 : ± 9 kpa Poder calorífico Sup.: 27,5 MJ/kg Calor de Vaporiz.: 201 kcal/kg Densidade a 20ºC: 810 kg/m³ (1) E22= Gasolina com 22%vol. de etanol anidro (2) Método segundo Grabner a 20ºC

PRINCIPAIS DIFICULDADES Taxa de compressão Valores elevados beneficiam o álcool, porém compromete o rendimento do motor com gasolina (detonação). Optado inicialmente por taxas de compressão intermediárias; Álcool com poder calorífico menor que a gasolina implicando em maiores consumos de combustível; Partida a Frio quanto maior a adição de álcool a gasolina, maior a dificuldade de partida e dirigibilidade a frio (temperaturas < ~15 C); Necessidade de adaptação rápida para diferentes valores de relação Ar/combustível estequiométrica, sendo que a homologação quanto a emissões deve ser com E22, E100 e E50%;

MOTOR FLEX-FUEL ESQUEMA COMPLETO

FUNÇÃO DA SONDA LAMBDA O sinal da Sonda Lambda é usado para determinar se a mistura queimada está rica (excesso de combustível) ou pobre (excesso de ar); Com isso a ECU mantém o motor funcionando sempre na mistura correta.

FUNCIONAMENTO DO FLEX: Mudança do comb. (e portanto da Estequiometria) Calcula a quantidade de combustível necessária para mistura correta: mcomb=mar/ Esteq Detecção da mistura incorreta Cálculo da quant. de combustível necessária p/ a correção Comparação das quantidades de combustível (nível do tanque) quando liga o carro: Nível Antigo x Nível Novo Determinação do novo combustível: reconhecimento pela ECU das novas caract. do novo combustível

SISTEMA AUXILIAR DE PARTIDA A FRIO A baixa pressão de vapor das misturas com alto % de álcool faz necessária a presença de um sistema auxiliar de partida a frio; Ao ligar a chave de ignição: Tempo de Injecao Gasolina ECU checa o último combustível registrado Teor Álcool > 80%? Sim Temp. Motor < 20 ºC? Sim Temperatura M otor Não Não é acionado o sistema auxiliar de partida Não Monitora a ocorrência da partida

SISTEMA AUXILIAR DE PARTIDA A FRIO Alterações no hardware do veiculo: Sistema de partida a frio Sistema de partida a frio: Garantia de partida a baixas temperaturas com misturas de alto % de álcool.

ALTERAÇÕES NO HARDWARE DO VEICULO Pré-conversor catalítico ( close coupled ): Rápido aquecimento do catalisador com qualquer combustível, para redução de emissões na fase fria; Pré-cat. Pós-cat. Pós-cat : Garantia de longevidade para o sistema de controle de emissões. A maioria dos novos veículos utilizam apenas um catalisador close couple

QUANDO RODAR COM ÁLCOOL? QUANDO RODAR COM GASOLINA? R$/km com Álcool R$/km com Gasolina 1,8 1,6 1,4 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 70% Vantagem rodar Vantagem rodar com álcool com gasolina 20 40 60 80 100 120 Preço Álcool / Preço Gasolina [%] Urbano Estrada

CONSUMO E EMISSÕES FLEX ALCOOL X GASOLINA E GNV

2007, 1.8L THC (g/km) CO (g/km) NOx (g/km) CO2 (g/km) Ald. (g/km) Urb. (km/l) Gasoline 0,045 0,230 0,025 195,075 0,0009 11,12 Ethanol 0,045 0,337 0,013 189,745 0,0036 7,04 2006, 1.8L COM KIT DE GNV THC (g/km) CO (g/km) NOx (g/km) CO2 (g/km) Ald. (g/km) Urb. (km/l) Gasoline 0,086 1,072 0,056 182,824 0,0006 11,77 Ethanol 0,074 0,705 0,112 172,672 0,0034 7,49 CNG 0,182 0,525 0,027 149,609 0,0003 12,84 2007, 2.0L THC (g/km) CO (g/km) NOx (g/km) CO2 (g/km) Ald. (g/km) Urb. (km/l) Gasoline 0,102 0,713 0,141 200,484 0,0012 10,80 Ethanol 0,191 0,539 0,101 191,597 0,0010 6,90 2007, 1.4L Emissions Tets Results RESULTADOS DE EMISSÕES Flex -- Gasoline x Hydrated Ethanol dados Lactec THC (g/km) CO (g/km) NOx (g/km) CO2 (g/km) Ald. (g/km) Urb. (km/l) Gasoline 0,026 0,460 0,061 185,990 0,0004 11,64 Ethanol 0,075 0,526 0,037 184,211 0,0027 7,56 CNG + Gasoline 0,113 0,606 0,179 150,086 0,0003 14,20 CNG + Ethanol 0,113 0,936 0,119 152,645 0,0015 9,07

GASOLINA C x ÁLCOOL Resumo Veículos Flex Relação de consumo km/l AEHC : km/l Gas.C Relação de Consumo (Álcool / Gasolina C) em Veículos Flex CETESB (2003-2007) 67% CENPES (2003-2007) INMETRO (2009) 68% 68% Mercado 70%

DESAFIOS Reduzir o excesso de Álcool na partida a frio, o que pode contaminar o óleo lubrificante e gera emissões elevadas de aldeídos e álcool não queimado. Melhorar a eficiência energética Foi lançado em 2008/2009 o programa de etiquetagem veicular no Brasil. No futuro veículos mais eficientes podem ter uma redução de impostos. Novas fases do PROCONVE que poderão incluir emissões de álcool não queimado e valores muito baixo de NOx.

Volkswagen lança o Polo E-Flex, primeiro veículo nacional adaptado com sistema de aquecimento para o álcool combustível. Desenvolvido pela Bosch, o sistema Flex Start dispensa o uso do reservatório auxiliar de gasolina ( tanquinho ) para partida a frio, utilizado em veículos abastecidos com álcool combustível. Uma resistência elétrica instalada próxima ao bico injetor aquece o álcool durante o processo de partida a frio e também no pós-partida, enquanto o motor opera em baixas temperaturas. Em locais com temperaturas de até -5ºC, o tempo necessário para o aquecimento do álcool é de 14 segundos. Se a temperatura ambiente for de 14ºC, o de aquecimento é reduzido para 2 segundos. Com isso, o combustível pode chegar à temperatura de 120ºC, o que torna a sua queima mais eficiente e, conseqüentemente, reduz o consumo.

Criado pela Bosch, o sistema FlexStar aplicado no Peugeot é acionado eletronicamente para controlar o aquecimento do álcool para a combustão. Ínicio o pré-aquecimento do etanol quando a porta do motorista é aberta, eliminando o tempo de espera de 6 segundos, quando a temperatura ambiente é de 5º C. Caso a chave de ignição seja inserida no contato antes do completo aquecimento do etanol, uma luz no painel ficará acesa, indicando que o sistema está em aquecimento. A partida só é permitida após a luz indicadora se apagar.

VEÍCULOS LEVES COM GÁS NATURAL (GNV) 2006 Lançado o Fiat Siena Tetrafuel. Gasolina E0 / Etanol / Gasohol / GNV -Funciona preferencialmente com GNV. -Injeta gasolina ou álcool nas acelerações bruscas. -Homologado pelo IBAMA para todos os combustíveis. Kit de conversão de 5 a geração