ESCATOLOGIA BÍBLICA
O Sexto selo Abalo no céu (sinais cósmicos) 12 Vi quando o Cordeiro abriu o sexto selo, e sobreveio grande terremoto. O sol se tornou negro como saco de crina, a lua toda, como sangue, 13 as estrelas do céu caíram pela terra, como a figueira, quando abalada por vento forte, deixa cair os seus figos verdes, 14 e o céu recolheu-se como um pergaminho quando se enrola. Então, todos os montes e ilhas foram movidos do seu lugar.
A resposta de Deus à pergunta até quando? dos mártires é tanto imediata quanto final. O fim iminente da história é representada primeiro no tradicional abalo do céu, que, com muita frequência, inicia o Dia do Senhor nas Escrituras. Assim, estamos no fim da história humana esses sinais cósmicos anunciam o retorno de Cristo.
O abalo do céu é repetido na sétima trombeta (11.13,19) e na sétima taça (16.18-21), e em cada caso a ênfase está na vinda de Deus em juízo (em resposta às orações dos mártires por justiça). A passagem se inicia com a expressão característica (vi) usada também em 6.2,5,8,9. Essa é a única passagem, porém, em que a expressão dá início à abertura de um dos selos, pois, em outras partes, ela aparece em uma seção destacando o aspecto que está por vir.
Novamente, é Cristo que abre o sexto selo. Logo depois do rompimento do selo, começa a terrível tempestade. Há uma série de textos do AT por trás dos sinais cósmicos desta passagem de Apocalipse (Is 13.10-13; 24.1-6, 19-23; 34.4; Ez 32.6-8; Jl 2.10,30,31; 3.15,16). Sendo Isaías 34.4 a predominante E todo o seu exército cairá, como cai a folha da videira e da figueira.
O terremoto ocorre sete vezes (6.12; 8.5; 11.13 (2x), 19; 16.18 (2x)). No discurso apocalíptico sinótico, o abalo dos céus acontece no retorno de Cristo (Mc 13.24-27). Esse evento demonstra a ação de Deus culminando para o fim da história da terra.
SINÓTICO Palavra derivada do grego sin = mesma (o) ótica = olhar
Em seguida, o sol se torna escuro e a lua fica vermelha como sangue. Os efeitos do escaton sobre os astros são vistos também na quarta trombeta e na quarta taça, quando o juízo divino é derramado sobre os habitantes da terra por meio do sol, da lua e das estrelas (8.12; 16.8,9).
O sol se torna escuro como saco de crina, que era um saco grosso feito de pelo preto de cabra, e era vestido geralmente em tempos de luto. O tema de lamento e luto é natural e prepara para o quadro de terror mortal em 6.15-17. É o dia da ira de Deus (6.17) e o mundo pranteará sua derrota.
A cena continua com a figura da lua se tornando como sangue, indicando vermelho como sangue, outra imagem para o juízo terrível. Em Joel 2.31 (citado por Pedro em At 2.17-21), O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor. O escurecimento do sol ocorre com frequência no AT como sinal de juízo (Êx 10.22; Is 13.10; Ez 32.7,8), e a transformação da lua em cor de sangue intensifica a cena.
Depois disso, as estrelas do céu caem sobre a terra (6.13). Aqui, temos mais uma imagem apocalíptica fundamental para o fim da história. O pano de fundo é uma intensa chuva de meteoros, mas a imagem, na verdade, é bem mais aterrorizadora.
Ela faz alusão a Isaías 34.4 E todo o exército dos céus se gastará, e os céus se enrolarão como um livro; e todo o seu exército cairá, como cai a folha da vide, como cai o figo da figueira. A segunda metáfora de Isaías para a queda das estrelas é intensificada aqui como figos verdes derrubados da figueira por um vento forte. Em Isaías, a imagem descrevia o juízo sobre as nações, ao passo que, em Apocalipse, apresenta o juízo final.
Essa metáfora aparece também no discurso escatológico de Jesus, em Mc 13.25, e faz referência ao abalo do cosmo na segunda vinda. A única outra passagem de Apocalipse em que as estrelas caem é a terceira trombeta (8.10,11), quando uma grande estrela, chamada Absinto (uma planta amarga que simboliza tristeza), cai sobre as águas e rios e fontes, contaminando-as. Da mesma maneira, essa imagem mostra que o grande Juiz está vindo.
Não poderia haver imagem melhor para o fim do mundo. Ela também vem de Isaías 34.4 e de Marcos 13.25 (paralelo a Mt 24.29), as estrelas cairão do céu, e os poderes que estão no céu serão abalados. A ideia do céu recolhendo-se como um rolo representa o universo como um enorme pergaminho desenrolado.
Assim, nos últimos tempos, a força que mantém o rolo aberto será retirada e ele tornará a se enrolar. No batismo de Jesus, o céu foi partido (Mc 1.10), o que também é um símbolo apocalíptico para o final da era, e aqui o céu será enrolado. A primeira vinda de Jesus inaugurou a vinda do reino e o fim dos tempos, este ato da vontade de Deus de recolher os céus finalizará esse período.
O evento apocalíptico final é a remoção das montanhas e das ilhas. Tal imagem deve ter sido um forte impacto, devido à importância das montanhas na vida religiosa das pessoas daquela época, e ao vasto número de ilhas que faziam parte da vida dos habitantes em volta do Mediterrâneo. Aqui, as ilhas e as montanhas podem ser movidas pela intensidade do grande terremoto de 6.12, mas, a luz do paralelo em 16.20, é provável que elas sejam removidas.