Pró-Reitoria de Graduação Curso de Física Trabalho de Conclusão de Curso COMPREENSÕES DE LICENCIANDOS EM FÍSICA SOBRE O CONHECIMENTO CIENTÍFICO

Documentos relacionados
Ideias sobre a natureza do conhecimento científico

As contribuições das práticas laboratoriais no processo de Ensino-Aprendizagem na área de Química

O USO DA HISTÓRIA DA MATEMÁTICA POR PROFESSORES NO ENSINO FUNDAMENTAL

Metodologia Científica. Construindo Saberes

DIFICULDADES RELATADAS POR ALUNOS DO ENSINO MÉDIO NO PROCESSO DE ENSINO DE QUÍMICA: ESTUDO DE CASO DE ESCOLAS ESTADUAIS EM GRAJAÚ, MARANHÃO 1

O PIBID-FÍSICA NA VISÃO DOS ALUNOS DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA PAULO ZIMMERMANN

A INTERDISCIPLINARIDADE COMO EIXO NORTEADOR NO ENSINO DE BIOLOGIA.

A Proposta Pedagógica em questão: caminhos e descobertas 1 Alunas do Normal Superior da Faculdade Montserrat

A IMPORTÂNCIA DA INSERÇÃO DE NOVOS METÓDOS DE ENSINO NO AUXILIO DA APRENDIZAGEM APLICADO NA MONITORIA

FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE BIOLOGIA E A INTERDISCIPLINARIDADE COMO POSSIBILIDADE NO ENSINO

PROJETO PROLICEN INFORMÁTICA NA ESCOLA : A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA E O ENSINO MÉDIO PÚBLICO

APRENDENDO E ENSINANDO NO ESTAGIO SUPERVISIONADO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DOS EXPERIMENTOS DEMONSTRATIVOS NAS AULAS DE QUÍMICA

O ENSINO DE BOTÂNICA COM O RECURSO DO JOGO: UMA EXPERIÊNCIA COM ALUNOS DE ESCOLAS PÚBLICAS.

AS RELAÇÕES CTSA NA VISÃO DE ESTUDANTES DO ENSINO TÉCNICO INTEGRADO

No dia 20/07/2007, 10 alunos responderam a um questionário investigativo sobre o conhecimento dos alunos na área da física Hidrostática.

O PAPEL DO PROFESSOR DE ESCOLA PUBLICA NO ENSINO DA LÍNGUA ESPANHOLA

A DISCIPLINA DE DIDÁTICA NO CURSO DE PEDAGOGIA: SEU PAPEL NA FORMAÇÃO DOCENTE INICIAL

NOVAS METODOLOGIAS DE ENSINO: UMA PESQUISA SOBRE O USO DO SOFTWARE GEOGEBRA NO PRIMEIRO ANO DO ENSINO MÉDIO

O USO DA EXPERIMENTAÇÃO DE CIÊNCIAS NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL EM TRÊS ESCOLAS DE BOM JESUS PIAUÍ

AVALIAÇÃO DA IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NOS PROFOP - PROGRAMAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES: UMA PROPOSTA DE MUDANÇA CURRICULAR.

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM DAS FUNÇÕES INORGÂNICA EM UMA ESCOLA ESTADUAL DO MUNICÍPIO DE ESPERANÇA- PB

FAMÍLIA E ESCOLA: UMA PARCERIA DE SUCESSO

OS RECURSOS TECNOLÓGICOS UTILIZADOS PELOS ALUNOS DO PEG

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA CAMPUS SÃO GABRIEL

CONSTRUÇÃO E AVALIAÇÃO DE UM JOGO DIDÁTICO PARA TRABALHAR O CONTEÚDO DE TABELA PERIÓDICA COM ALUNOS DO ENSINO MÉDIO

A experimentação e o ensinoaprendizagem

CURSO: LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS 2º PERÍODO

A formação e atuação dos egressos do curso de Licenciatura em Matemática do IFPI Campus Floriano

ABORDAGEM HISTÓRICA DA TABELA PERIÓDICA NO 9º ANO: PERCEPÇÔES NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO III

PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DE UMA ESCOLA DO MUNICIPIO DE SÃO JOÃO DA BOA VISTA SP, SOBRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL.

A IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO NA FORMAÇÃO DO LICENCIANDO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS: ANSEIOS E DIFICULDADES

A VISÃO DA ESCOLA SEGUNDO OS ALUNOS DO OITAVO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA VIVÊNCIA DO ESTÁGIO E PIBID

A FORMAÇÃO CONTINUADA DA PROFESSORA/DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA E OS REFLEXOS NA PRÁTICA PEDAGÓGICA

PESQUISAS ATUAIS EM ENSINO DE BIOLOGIA: TEMÁTICAS DISCUTIDAS NO CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

ARTICULAÇÃO PIBID E O CURSO DE CIÊNCIAS EXATAS LICENCIATURA: UM OLHAR PARA A ABORDAGEM DE TEMAS

O MÉTODO CIENTÍFICO: UM TEXTO INTRODUTÓRIO PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

A TECNOLOGIA NA ÁREA DE GEOGRAFIA

MÉTODOS E PROCEDIMENTOS NO ENSINO DE QUÍMICA

Thiago Jefferson de Araújo¹ Instituto Federal de Educação Ciência e tecnologia do Rio Grande do Norte

REFLEXÕES SOBRE A FORMAÇÃO PELA PESQUISA SEGUNDO PROFESSORES DO ENSINO MEDIO POLITÉCNICO 1

PRÁTICA PEDAGÓGICA SOBRE ROCHAS: UMA INTERVENÇÃO EXPERIMENTAL COMO PROPOSTA PARA O APERFEIÇOAMENTO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM.

Concepção dos Alunos de Ciências Biológicas Sobre as Atividades de Monitoria

A IMPORTÂNCIA DAS AULAS EXPERIMENTAIS E DE LABORATÓRIO NO PROGRAMA DE APOIO À FORMAÇÃO E AO ENSINO (PROAFE): CONCEPÇÃO DOS DISCENTES-MONITORES

Palavras-chaves: Ensino, Experimentos, Newton, Física. 1. INTRODUÇÃO

Eixo: 3 - Ciências Agrárias RESUMO

PIBID: Química no ensino médio- a realidade do ensino de química na escola Estadual Professor Abel Freire Coelho, na cidade de Mossoró-RN.

A Computação e as Classificações da Ciência

A INFLUÊNCIA DA MATEMÁTICA NOS BORDADOS

LABORATÓRIO DE MATEMÁTICA: UMA FERRAMENTA IMPRESCINDÍVEL PARA A APRENDIZAGEM DA DISCIPLINA

OS EGRESSOS DO CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DA PUC-Rio Marcelo Burgos

A CONCEPÇÃO DE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR NO ENSINO DA FÍSICA PELOS DOCENTES NA REGIÃO DO CURIMATAÚ ORIENTAL DA PARAÍBA

OFICINA DE PRODUÇÃO DE MAPAS NO ENSINO DE GEOGRAFIA

Palavras-chave: Ensino de Química, Metodologia, Didática da Química.

O RACIOCÍNIO PROPORCIONAL UTILIZADO PELOS ALUNOS DO 1 ANO DO ENSINO MÉDIO AO RESOLVER PROBLEMAS

APRENDER E ENSINAR: O ESTÁGIO DE DOCÊNCIA NA GRADUAÇÃO Leise Cristina Bianchini Claudiane Aparecida Erram Elaine Vieira Pinheiro

Interdisciplinaridade e mapas conceituais: uma aula de ecologia

A Importância da Iniciação Científica para os Acadêmcios dos Cursos de Engenharia Agrícola e Química da UnUCET-UEG

ATIVIDADES EXPERIMENTAIS DE BAIXO CUSTO COMO ESTRATÉGIA PARA UM MELHOR DESEMPENHO NO ENSINO DE FÍSICA.

22/08/2014. Tema 6: Ciência e Filosofia. Profa. Ma. Mariciane Mores Nunes. Ciência e Filosofia

ELETROMAGNETISMO: UMA AULA PRÁTICA COM USO DA EXPERIMENTAÇÃO PARA ALUNOS DO 3º ANO DO ENSINO MÉDIO

Paulo Borges Viríssimo dos Santos; Anna Cecília de Alencar Reis; Luís Paulo de Carvalho Piassi.

PERCEPÇÕES DOS FUTUROS PROFESSORES SOBRE O CURSO DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO (UFMA)-BRASIL RESUMO

ELABORAÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO INVESTIGATIVO COMO FERRAMENTA PARA O ENSINO EXPERIMENTAL DE QUÍMICA

TÍTULO: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO DO PERFIL EMPREENDEDOR DOS ALUNOS ADMINISTRAÇÃO DA FACULDADE ENIAC CATEGORIA: CONCLUÍDO

FATORES QUE INTERFEREM NA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA DOS ALUNOS DO 1º ANO DO ENSINO MÉDIO DO IFCE - CAMPUS IGUATU NA DISCIPLINA DE QUÍMICA

DIFICULDADES ENCONTRADAS PELOS ALUNOS EM RESOLVER QUESTÕES DE PROBABILIDADE

XX Encontro Anual de Iniciação Científica EAIC X Encontro de Pesquisa - EPUEPG

DIAGNÓSTICO DO ENSINO E APRENDIZADO DA CARTOGRAFIA NOS DIFERENTES NÍVEIS DE FORMAÇÃO

CONTRIBUIÇÕES DO PIBID NO DESEMPENHO DOS ALUNOS DE UMA ESCOLA PUBLICA EM AVALIAÇÕES EXTERNAS

INTRODUÇÃO

O CONCEITO INTERDISCIPLINARIDADE E A MATEMÁTICA: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES A PARTIR DE INTERAÇÕES COM PROFESSORES E ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO 1

CONCEPÇÃO DOS ESTUDANTES EM FORMAÇÃO NA LICENCIATURA EM QUÍMICA DO IFCE IGUATU- SOBRE A UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS DIDÁTICOS NO ENSINO DE QUÍMICA.

A QUÍMICA NO COTIDIANO, UM INCENTIVO A BUSCA PELAS CIÊNCIAS EXATAS

PERCEPÇÃO DAS VIVÊNCIAS INTERDISCIPLINARES DOS VOLUNTÁRIOS DO PROJETO DE EXTENSÃO PROGRAMA DE ATENÇÃO À SAÚDE DA CRIANÇA 1

ATIVIDADE LÚDICA "CRUZADA DOS PROTOZOÁRIOS": UMA ALTERNATIVA DIDÁTICA NO ENSINO DE BIOLOGIA.

Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) Centro de Ciências Exatas e Tecnologia (CCET) Curso de Licenciatura em Química

Palavras-Chave: Gênero Textual. Atendimento Educacional Especializado. Inclusão.

Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) Centro de Ciências Exatas e Tecnologia (CCET) Curso de Licenciatura em Química

A Prática Profissional terá carga horária mínima de 400 horas distribuídas como informado

O USO DE KITS EXPERIMENTAIS COMO FORMA DE CONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTOS

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM EM QUIMICA DE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO NA ESCOLA CÔNEGO ADERSON GUIMARÃES JÚNIOR

O PAPEL DO LABORATÓRIO NO PROCESSO DE ENSINO- APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA

CONHECENDO SUA PROFISSÃO III

MUSEU DIDÁTICO INTERATIVO: UMA PROPOSTA PARA O ENSINO DE QUÍMICA PARA O ENSINO MÉDIO

Girleane Rodrigues Florentino, Bruno Lopes Oliveira da Silva

AVALIAÇÃO: CONCEPÇÕES

A UTILIZAÇÃO DE JOGOS DE TABULEIRO NA EVOLUÇÃO DA APRENDIZAGEM

ETNOMATEMÁTICA NO GARIMPO: UMA PROPOSTA PARA O ENSINO DE MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

OFICINA TEMÁTICA: A EXPERIMENTAÇÃO NA FORMAÇÃO DOCENTE

A CONCEPÇÃO DO BOM PROFESSOR PARA OS BOLSISTAS DO PIBID SUBPROJETO EDUCAÇÃO FÍSICA

A TABELA PERIÓDICA NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO DE UMA ESCOLA PÚBLICA

TABELA PERIÓDICA: OS ALIMENTOS E SUAS COMPOSIÇÕES QUÍMICAS- MITOS E VERDADES

A IMPORTÂNCIA DO ENSINO RELIGIOSO E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A PRÁTICA DOCENTE

Resenha sobre o relato do Programa Instítucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) na2formação de professores de Física no estado de Rondônia

Palavras-chave: Subprojeto PIBID da Licenciatura em Matemática, Laboratório de Educação Matemática, Formação de professores.

APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA ATRAVÉS DA GESTALT NO ENSINO DE FÍSICA

LEVANTAMENTO DE DADOS SOBRE O USO DE CIGARROS POR ALUNOS DO ENSINO MÉDIO DE UMA ESCOLA PÚBLICA EM SOBRAL-CE

Formação inicial de professores de ciências e de biologia: contribuições do uso de textos de divulgação científica

Ana Maria de Jesus Ferreira DINÂMICA GRUPAL. No processo ensino-aprendizagem

Transcrição:

Pró-Reitoria de Graduação Curso de Física Trabalho de Conclusão de Curso COMPREENSÕES DE LICENCIANDOS EM FÍSICA SOBRE O CONHECIMENTO CIENTÍFICO Autor: Rodrigo Nunes Cavalcante Orientador: Profa. Roseline Beatriz Strieder Brasília - DF 2011

RODRIGO NUNES CAVALCANTE COMPREENSÕES DE LICENCIANDOS EM FÍSICA SOBRE O CONHECIMENTO CIENTÍFICO Artigo apresentado ao Curso de Graduação em Física da Universidade Católica de Brasília como requisito parcial para obtenção do Título de Licenciado em Física. Orientadora: Profª Roseline Beatriz Strieder. BRASÍLIA 2011

Dedico este trabalho a toda minha família e amigos, em especial à minha mãe Irene Marluce Neta Cavalcante e ao meu pai Davino Alves Cavalcante que sempre me deram força e incentivo nessa trajetória principalmente, nos momentos difíceis. Ao meu irmão, Rafael Nunes Cavalcante, pelo apoio e compreensão. Dedico também à minha professora e orientadora Roseline Beatriz Strieder que me deu força e apoio para que pudesse realizar a conclusão desse trabalho.

AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, por ter me dado está oportunidade de estar na Universidade, de estar alcançando mais essa vitória e por me iluminar todos os dias. Agradeço, também, aos meus pais, que sempre me incentivaram e deram apoio em todos os momentos da minha vida e, principalmente, nos mais difíceis, dando força para sempre continuar focado nos meus objetivos, com palavras de amor e carinho. Por fim quero agradecer a todos os professores da Universidade que de forma direta e indireta estiveram presentes ao longo desses anos, repassando os seus conhecimentos e experiência, sempre me motivando na busca de alcançar o meu melhor. E também a todos os amigos e colegas que estiveram presentes nessa jornada, tanto nos momentos de dificuldade quanto de alegria, proporcionando momentos inesquecíveis.

COMPREENSÕES DE LICENCIANDOS EM FÍSICA SOBRE O CONHECIMENTO CIENTÍFICO Aluno: Rodrigo Nunes Cavalcante Orientadora: Profª Roseline Beatriz Strieder Resumo: Neste artigo investigamos compreensões de licenciandos em Física sobre a construção do conhecimento científico. Para isso foi elaborado um questionário com quatro perguntas e aplicado para 29 alunos do curso de Licenciatura em Física da Universidade Católica de Brasília, matriculados nos primeiros e últimos semestres do curso. Com isso busca-se analisar os aspectos positivos e negativos que surgem durante a construção do conhecimento científico nessa área. Palavras-chave: Conhecimento científico; Física; Compreensões. Introdução Com o objetivo de descobrir o que fazem os cientistas, como conseguem convencer os outros de suas verdades, de onde eles tiram suas idéias e conclusões, ou que métodos utilizam e, para afirmar se a ciência tem ou não um efeito específico próprio ou é gerada pelas condições econômicas e sociais de um período é que surge a idéia de construção do conhecimento científico. Os termos Construção e Conhecimento são dois termos que demonstram continuidade, e os mesmos, juntos à ciência, vem reforçar a idéia de uma continua construção do conhecimento científico, pesquisado ao longo dos anos por vários estudiosos das áreas de ciência e filosofia, dentre outras, auxiliando os novos cientistas que surgirem. É possível dizer que a construção do conhecimento científico não é algo taxativo e rotulado, como já relatava em décadas passadas o mesmo entendimento, conforme transcrição do texto a seguir: Estamos conscientes da dificuldade de falar em uma imagem correta da construção do conhecimento científico, que parece sugerir a existência de um método científico universal, de um modelo único de mudança científica (ESTANY, apud PÉREZ et al, 2001). O que demonstra que há certa dificuldade em se dizer qual a maneira correta para construir o conhecimento científico e dessa forma, para formar um cientista.

Para tanto, analisando a obra de Chalmers, (1983), em O que é ciência afinal? cabe citar algumas visões de como vem sendo explicada a construção do conhecimento científico, de tempos remotos até os dias de hoje. São elas: Visão tradicional: essa é uma visão defendida no século XVII que fala do método empírico indutivista. Tal visão afirma que a ciência utiliza, unicamente, o método experimental para compreender os fenômenos que ocorrem no universo, através da observação e medida das grandezas envolvidas, relacionando-as com o objetivo de descobrir como os fenômenos acontecem. Visão falseacionista: essa visão foi proposta por Popper em 1935 e diz que as propostas científicas podem ser falseadas por fatos experimentais. Ou seja, as idéias científicas não podem ser provadas por experimentos como sendo verdadeiras, mas é possível provar que elas não são verdadeiras. Isso fez a ciência evoluir através de discussões, pois cada vez que uma que uma idéia era tida como falsa surgia uma nova teoria, ou uma antiga era adaptada. Visão contextualizada: proposta por Kuhn em 1962 apresenta a preocupação dos cientistas em comprovar as teorias existentes. Nessa visão busca-se encontrar os resultados de acordo com as teorias adotadas pela comunidade científica a qual o cientista pertença. Geralmente a comunidade científica é conservadora, e somente em casos especiais, substitui ou abandona uma teoria já aceita a longo tempo. Aquilo que não se adequa às teorias existentes logo é ignorado pelos cientistas e só é considerada ciência o que os cientistas aceitarem por consenso. Visão anarquista: proposta por Feyrabend em 1974, nessa visão o cientista não precisa seguir nenhum padrão para buscar o conhecimento científico, não existem métodos, pois existem várias maneiras de pesquisar e encontrar um resultado, deixando o cientista livre para adaptar qualquer método a sua pesquisa. De acordo com tal visão, essas violações são necessárias ao progresso da construção do conhecimento científico. Visão dialética: proposta por Bachelard em 1934, demonstra que para haver uma experimentação deve existir uma contextualização teórica anterior. Ou seja, faz uma união daquilo que é racional com o que é real, primeiro estuda, analisa e depois comprova. Contudo, todas essas visões são capazes de demonstrar o grau de dificuldade de se dizer qual a forma correta para construir o conhecimento científico. Além dessas, mais preocupadas com questões internas da construção do

conhecimento, é importante ressaltar a visão sociológica da ciência, que entende que o desenvolvimento científico é influenciado por problemas econômicos, técnicos, sociais ou políticos de cada época. Sendo assim, suas análises relacionam-se a como esses fatores externos à comunidade científica, influenciam na construção do conhecimento. Hoje é possível perceber o papel da ciência verificando quais pesquisas acadêmicas as agências financiadoras estão investindo mais recursos, ou seja, o meio social, e a política ainda estão muito ligados a ciência, influenciando de maneira positiva ou negativa, como é o caso nítido do avanço tecnológico, que gera muito dinheiro para as empresas que investem, mas que podem causar algum mal ao meio ambiente, por exemplo. Deste modo, conclui-se, que a construção do conhecimento científico na física é algo que continuará sendo discutido ao longo do tempo, pois não existe um padrão a ser seguido e as pessoas não irão construir a ciência da mesma forma. Mas pode haver uma concordância de pensamentos particulares e vinculados a comunidade científica. Cabe, porém, ressaltar que a Física é uma ciência que está bastante ligada à sociedade tanto na interdisciplinaridade com outras ciências como a Química e a Biologia auxiliando na conscientização do meio ambiente e nos avanços tecnológicos, quanto na educação, formando cidadãos críticos e capazes de compreender os fenômenos físicos em que estão incluídos, dentre outras diversas funções em que um cientista físico pode atuar junto à sociedade. Também é importante destacar o papel da matemática na construção científica, pois é com o auxílio dela que muitas teorias são corroboradas, seja através dos cálculos ou por meio das grandezas físicas que são medidas com instrumentos, ajudando nas observações e experimentos físicos. A observação, no entanto, exerce um papel muito especial para a construção do conhecimento científico, e a mesma ainda é bastante discutida no meio cientifico tentando descobrir se ela é o ponto inicial para a construção do conhecimento, como afirmam os indutivistas ou apenas mais uma ferramenta capaz de auxiliar a ciência. Os autores (Pérez, Montoro, Alís, Cachapuz e Praia; 2001) em seu trabalho Para uma imagem não deformada do trabalho científico dizem também que: Conseguir uma melhor compreensão do trabalho científico tem, em si mesmo, um indubitável interesse, em particular para os que são responsáveis, em boa medida

pela educação científica de futuros cidadãos de um mundo marcado pela ciência e pela tecnologia. Por isso é importante saber o que os futuros professores ou cientistas pensam a respeito da construção científica. Diante do fato de saber que a construção do conhecimento científico é algo continuo e complexo, esse estudo tem como objetivo verificar quais as compreensões de estudantes de Física sobre a construção do conhecimento científico na Física. MATERIAIS E MÉTODOS Amostra: A amostra foi composta por 29 universitários, sendo 83% do sexo masculino e 17% do sexo feminino, estudantes de diferentes semestres do curso de Licenciatura em Física da Universidade Católica de Brasília. Instrumento: Foi entregue aos participantes um questionário, constante no anexo I com quatro perguntas: 1. EM QUE CONSISTE O TRABALHO DE UMA PESSOA GRADUADA EM FÍSICA? 2. A FÍSICA É IMPORTANTE PARA A SOCIEDADE? POR QUÊ? 3. PARA QUE SERVEM AS EXPRESSÕES MATEMÁTICAS USADAS EM FÍSICA? 4. QUAL O PAPEL DA OBSERVAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO FÍSICO? A primeira pergunta foi feita aos estudantes a fim de saber, quais as áreas em que um graduado em Física pode atuar, para verificar até que ponto eles conhecem a área que estudam. A segunda pergunta foi elaborada para verificar como a Física está ligada a sociedade e se ela pode contribuir ou não para a sociedade. A terceira pergunta foi elaborada com o objetivo de verificar dos alunos do curso de Física, qual a visão a respeito da Matemática e como ela contribui para a construção do conhecimento científico na Física. Essa pergunta foi elaborada para verificar como a observação contribui na construção do conhecimento científico na Física, visto que a mesma exerce um

papel muito importante para a ciência, sem esperar que os alunos respondam de forma empirista ou indutivista. Procedimentos: O instrumento foi aplicado durante duas semanas, nas turmas de: Astronomia e Física Térmica, matérias do 1º semestre e de; Estagio I e Estagio II, matérias do 7º semestre do curso de Licenciatura em Física da Universidade Católica de Brasília. Para análise das respostas dos alunos, os questionários foram enumerados um a um e foi elaborada uma tabela na qual cada coluna corresponde a uma questão e cada linha representa a resposta de um aluno. Essa tabela encontra-se em anexo. Depois de elaborada a tabela, buscou-se destacar nas respostas dos alunos palavras e/ou compreensões semelhantes, para com isso, encontrar categorias de análise. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados serão apresentados seguindo a ordem das quatro questões. Questão1: Em que consiste o trabalho de uma pessoa graduada em Física? A maioria dos alunos observou que um físico pode atuar de maneira interdisciplinar com outras áreas como Química e Biologia como citam os alunos 1 e 9 por exemplo. Aluno 1: O físico tem várias áreas de atuação, ele pode atuar na área da saúde, em bancos, em conjunto com a química ou a biologia (fármacos, radiologia) e também na área da educação. Aluno 9: Pode ser baseado em diversas áreas, tanto na economia, química, biologia, medicina e atuar como professor. Também alguns alunos colocaram que um físico pode trabalhar, na área de Educação, seja através de pesquisas visando a sociedade e a tecnologia como destacam os alunos 13 e 24, ou seja, na área de docência, para esclarecer as

dúvidas dos alunos, tornando-os cidadãos críticos e capazes de compreender os fenômenos que os cercam como dizem os alunos 4, 5 e 14. Aluno 13: Licenciatura: reproduzir os conhecimentos adquiridos de forma a estimular o interesse dos alunos pela área. Bacharelado: desenvolver pesquisas que poderão melhorar a sociedade em áreas como (medicina, engenharia, geologia). Aluno 24: Ministrar aulas, desenvolver novos modelos experimentais para a ciência, analisar fenômenos naturais, pesquisar, viabilizar novas tecnologias etc. Aluno 4: Consiste em ajudar a compreensão de fenômenos físicos. E buscar uma maior compreensão do mundo que nos cerca. Aluno 5: Consiste em fazer pesquisas para facilitar a vida das pessoas e descobrir vários mistérios do universo. Aluno 14: Quanto professor auxiliar para uma mudança na percepção dos fenômenos, o estudante precisa aprender a ver tais fenômenos de forma crítica e participativa. Quanto pesquisador, auxiliar nos processos científicos para que haja benefícios em todas as áreas com as quais a física faz interface. É importante citar que mesmo os alunos percebendo o grande número de áreas onde um físico pode atuar, ainda esquecem ou desconhecem algumas áreas como a Física forense, por exemplo, que auxilia na resolução de crimes por meio da perícia criminal. Isso pode ocorrer pela falta de divulgação cientifica ou pelos simples desinteresse dos alunos pela área. E não há uma diferença significativa entre as respostas dos alunos do primeiro semestre relacionando com os alunos do último semestre. Questão 2: A Física é importante para a sociedade? Por quê? Todos os alunos responderam que a Física é importante para a sociedade sim, pois ela contribui na compreensão dos fenômenos da natureza, na

compreensão da realidade e no avanço do desenvolvimento tecnológico como citam os alunos 1,2,5,10,13, 24,27 e 28. Aluno 2: Sim, a física esta presente em nosso dia a dia e deveria ser mais demonstrada a todos de uma forma clara e objetiva. Aluno 10: Sim, é através dela que se explicam fenômenos e também é base para desenvolver equipamentos. Aluno 13: Sim. Pois as aplicações tecnológicas que tem como base os conhecimentos físicos facilitam e ajudam as pessoas no dia a dia. Aluno 27: É indispensável. Contribuição para o desenvolvimento tecnológico e pode simplesmente instruir a sociedade sobre o mundo físico que lhes rodeia. E formação de cidadãos críticos. Aluno 28: Sim porque tudo que se conhece sobre tecnologia são baseados nos conceitos da física. Os alunos 20 e 21 citam questões importantes em que a Física pode contribuir, como a compreensão de questões políticas e econômicas, fontes alternativas de energia e conscientização. Aluno 20: Consiste na formação de temas relacionados a divulgação científica, inovações tecnológicas e capacitação para uma macro compreensão de questões políticas e econômicas como fontes alternativas de energia, entre outros. Aluno 21: Sim, saber como o nosso sistema funciona fisicamente acaba trazendo uma conscientização mais correta com relação a vida. Por meio dessa questão pôde-se perceber que os alunos estão realmente atentos as implicações da ciência física para a sociedade, mas é necessário que eles vejam os malefícios que já foram causados ao longo do tempo por essa ciência, como por exemplo, a bomba atômica, fato esse que não foi citado por nenhum dos entrevistados, o que causa preocupação, pois é necessário que todos tenham conhecimento dos benefícios e malefícios causados pela ciência. Com essa pergunta não foi possível perceber diferenças significativas entre os alunos do início e do final da graduação.

Questão 3: Para que servem as expressões matemáticas usadas em Física? Grande parte dos alunos vê a Matemática como uma ferramenta que auxilia a Física a explicar os fenômenos da natureza, algo que prova experimentos por meio do cálculo, como dizem os alunos 7 e 8. Aluno 7: Explicar os fenômenos da natureza. Aluno 8: Provar experimentos através do cálculo, não só através da observação. Outros dizem que serve para ajudar a estruturar o pensamento científico como diz o aluno 17; provar ou dar base a algumas teorias como afirmam os alunos 18 e 19. Aluno 17: Sevem para estruturar o pensamento cientifico. Aluno 18: A física em si analisa os fenômenos relacionados à natureza. A matemática surge para unificar essas ciências e provar algumas teorias. Aluno 19: Dar base para as teorias e possíveis previsões. Mas outros já percebem a Matemática como algo muito importante como ocorre com o aluno 26 que a compara à Literatura, e de acordo com essa compreensão, a Física não é nada sem a Matemática. Aluno 26: A matemática e suas expressões tem a mesma importância para a física, que as palavras tem para a literatura. São muitas as visões que os alunos têm para as expressões matemáticas usadas em física, e isso pode estar relacionado ao fato de a importância do conhecimento matemático na construção da física não ser tratado a fundo durante o curso de física, o que faz a maioria dos alunos tratarem apenas como um mero instrumento que auxilia a física. Contudo, com as respostas dos entrevistados não é verificada nenhuma diferença significativa entre os alunos dos primeiros e os dos últimos semestres.

Questão 4: Qual o papel da observação na construção do conhecimento físico? Com essa pergunta é possível perceber que a observação é vista de diversas formas para os alunos, seja para entender melhor os fenômenos observados, para facilitar a aprendizagem, ou como algo extremamente importante como cita o aluno 13. Aluno 13: Fundamental, pois é através dela que todo o conhecimento é desenvolvido. A observação segundo grande parte dos alunos do 1º semestre é tida como um método empírico indutivista em que os fenômenos físicos são observados antes e só depois estudados, esses alunos colocam a observação como ponto de partida, como o inicio do desenvolvimento do conhecimento científico, como pode ser visto nas respostas dos alunos 1,3,4,10 e 11 por exemplo. Aluno 1: A observação é o primeiro passo para se ter algum entendimento do fenômeno. É observando que se percebem os padrões que descrevem as leis que estudamos. Aluno 3: Através da observação que nós conseguimos iniciar o método científico que é fundamental para o conhecimento. Aluno 4: A observação é a base, se não fosse a observação não teria o que estudar, os fenômenos físicos são antes observados e depois estudados. Aluno 10: É o ponto de partida para o desenvolvimento do conhecimento. Aluno 11: É a partir da observação que conseguimos chegar a alguma conclusão. Já alguns alunos de semestres como 6 e 7 percebem a observação de maneira diferente, vêem que a observação faz parte do conhecimento físico ou de boa parte dele, como o aluno 14, que diz: Aluno 14: é essencial. Através deste que se construiu o conhecimento desde os primórdios, mas é importante enfatizar

que a física vai além da observação, ainda que está seja parte inerente à construção do conhecimento físico. Outros alunos dizem que é importante a observação para construir modelos, como afirmam os alunos 17, 19. Aluno 17: A observação é muito importante pois estimula a curiosidade e possibilita a elaboração de modelos. Aluno 19: Ela faz parte do processo de conhecimento no âmbito de investigar e entender os processos para materializar depois. Já o aluno 26 destaca como algo importante, mas que não é único, no auxilio da construção científica. Aluno 26: A observação é uma das muitas ferramentas utilizadas pelos físicos para a construção do conhecimento físico. Foi possível perceber, com essa pergunta, que os alunos dos últimos semestres possuem uma visão mais madura a respeito da observação na construção do conhecimento cientifico, isso se deve ao fato de os mesmo já terem estudado disciplinas como Evolução dos conceitos da Física que os levou a perceber que a observação é apenas uma das maneiras para se obter o conhecimento científico. CONCLUSÃO A análise do trabalho demonstra que a maioria dos alunos do curso de Física, principalmente, os alunos dos primeiros semestres, tem uma visão indutivista da construção científica, pois destacam a observação como sendo o método experimental, capaz de compreender os fenômenos que ocorrem no universo. Fazendo da observação, algo sem a qual a Física não evolui, considerando esse método como ponto principal e inicial para a construção do conhecimento e dando pouca importância para os outros métodos de construção que a ciência possui.

Mas é possível perceber que existe um grupo de alunos que possui uma visão mais externa, voltada para relações com contexto social, ainda que seja, de certa forma, ingênua, por não destacar os aspectos ou implicações negativas que a construção do conhecimento científico na Física possa trazer. Contudo, é importante analisar essas incoerências ou inconsistências que surgem ao longo do curso de graduação para dar inicio a métodos educacionais mais eficazes e que demonstrem os aspectos positivos e negativos da construção da ciência para que os futuros físicos auxiliem cada vez mais e de maneira construtiva na evolução e construção do conhecimento cientifico na física.

REFERÊNCIAS CHALMERS, A. F. O que é ciência afinal?, tradução Raul Fiker, 1ª Ed. São Paulo: Brasiliense, 1993. CUNHA, Ana Maria de Oliveira. A mudança epistemológica de professores num contexto de educação continuada. Ciência & Educação. V.7, n.2, p.235-248,2001. HARRES, João Batista Siqueira. Uma revisão de pesquisas nas concepções de professores sobre a natureza da ciência e suas implicações para o ensino. Investigações em Ensino de Ciências v4(3), PP. 197-211,1999. KOSMINSKY, Luis; GIORDAN, Marcelo. Visões sobre Ciências e sobre o Cientista entre Estudantes do Ensino Médio. Química Nova na Escola. v.15, p.11-18, 2002. PÉREZ, Daniel Gil; MONTORO, Isabel Fernández; ALÍS, Jaime Carrascosa; CACHAPUZ, António. Para uma imagem não deformada do trabalho científico. Ciência & Educação. V.7, n.2, p. 125-153, 2001.