MUSEU DIDÁTICO INTERATIVO: UMA PROPOSTA PARA O ENSINO DE QUÍMICA PARA O ENSINO MÉDIO

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1 MUSEU DIDÁTICO INTERATIVO: UMA PROPOSTA PARA O ENSINO DE QUÍMICA PARA O ENSINO MÉDIO Daiana Dal Pupo daianadalpupo@gmail.com Alessandra Torrezan Sanches Dantas aletorrezan@gmail.com Resumo: Um dos conteúdos de Ciências Naturais do Ensino Médio que está presente em nosso cotidiano é a radioatividade, porém, o que se observa é que vem sendo trabalhado de maneira superficial e desinteressante. Cabe ao educador encontrar estratégias para tornar o ensino desse conteúdo mais atrativo a fim de promover uma aprendizagem significativa. Relatamos aqui, uma proposta realizada com os alunos do IFMT campus Sorriso, o projeto Museu pedagógico interativo da radioatividade, onde o estudante, guiado por um mediador entra em contato com vários estímulos com o intuito de promover o pensamento reflexivo e a construção de conhecimento. Observando a participação e interesse dos alunos, evidenciamos que a intervenção contribuiu para que o educando deixe de ser um sujeito passivo de sua aprendizagem, para um sujeito ativo e de postura crítica, relacionando os conceitos científicos com seu cotidiano. Palavras-chave: Radioatividade. Ensino de Química. Atividades Experimentais. 1 Introdução A Química é a ciência que estuda a matéria, as transformações por ela sofridas e as variações de energia que acompanham estas transformações. Para tornar o processo de ensinoaprendizagem mais significativo, de forma que desenvolva competências e habilidades que capacite o aluno para analisar e atuar criticamente em situações do cotidiano, é essencial estabelecer relações entre o contexto e o cotidiano, além de ser importante a associação da temática envolvida com a prática. É fato que, na maioria das vezes, as aulas de Química limitam-se a uma mera exposição de definições e leis, sem conexão com cotidiano e sem significado, assim, muitos alunos consideram a disciplina de difícil compreensão, distante da sua realidade e sem aplicabilidade, o que acaba tornando as aulas e a disciplina desinteressantes (LIMA ; ALVES,2016). Para Silva et al (2011), uma das grandes questões que envolvem o ensino de ciências é quanto à escolha da modalidade didática adotada pelo professor, sendo a aula expositivo-teórica a mais utilizada, muitas vezes a única, provavelmente por ser de fácil aplicação. Para mudar esta situação negativa do ensino, é preciso que haja uma mudança de atitude do professor, buscando metodologias diferenciadas que despertem o interesse e contextualizem os conteúdos levando o aluno a entender a importância do conhecimento e aplicá-lo na compreensão dos fatos que os cercam.

2 Um dos conteúdos de Ciências Naturais do Ensino Médio que indiscutivelmente está presente em nosso cotidiano é a radioatividade, tanto na geração de energia elétrica a partir de fissão nuclear, nas bombas atômicas, na medicina como tratamento de câncer e exames clínicos, na datação de fósseis, na radiação de alimentos para esterilização, na datação de fósseis e em várias outras aplicações. Sem deixar de citar também, os riscos oferecidos pela radiação, os acidentes nucleares, as contaminações que provocam sérias doenças e a produção de resíduos altamente perigosos. No entanto, o que se observa é que esse conteúdo vem sendo trabalhado de maneira superficial, sem relacionar os conceitos químicos com o contexto onde o aluno está inserido (PINTO e MARQUES, 2010). A história da radioatividade também acaba sendo suprimida, privando os alunos de terem uma visão de como foi construído o conhecimento com os poucos recursos disponíveis na época, as limitações e os desafios dos pesquisadores, sendo fundamental para ressaltar o papel da ciência como parte da cultura humana, acumulada ao longo dos séculos, com a qual a Educação Científica efetivamente emancipadora deve estar sempre preocupada (TRINDADE ; TRINDADE,2007). Partindo desses pressupostos, cabe ao educador encontrar estratégias para tornar o ensino de radioatividade mais atrativo a fim de promover uma aprendizagem significativa. Relatamos aqui, uma proposta realizada com os alunos do segundo ano do Ensino Médio Técnico Integrado em Alimentos e Técnico Integrado em Agropecuária do IFMT campus Sorriso, para o ensino da radioatividade, o projeto Museu pedagógico interativo da radioatividade. Nessas perspectivas o trabalho teve como objetivos (i) explicar conceitos relacionados à radioatividade de maneira atrativa (ii) entender a história da radioatividade e construir conceitos reais a respeito do assunto (iii) reconhecer as aplicações e discutir as consequências do uso radioatividade. 2 Metodologia A realização do projeto ocorreu por meio de uma exposição interna no IFMT- Campus Sorriso para alunos de quatro turmas do segundo ano do ensino médio. Participaram do planejamento e execução professores de Química, Física e Biologia e alunos bolsistas do projeto. O museu interativo foi preparado em uma sala escurecida, onde os conceitos eram explicados utilizando estratégias como: vídeos, músicas, jogos de quebra-cabeças, painéis (túnel do tempo), figuras, maquetes e experimentos. Ao final os alunos participavam de um jogo de perguntas sobre os conceitos expostos.

3 A figura 1 retrata algumas atividades e os assuntos abordados. Nas imagens A e C conceito e tipos de radioatividade; na imagem B o histórico; D a natureza das emissões; imagem E aplicações, fissão nuclear e bombas atômicas; F usinas nucleares e acidentes nucleares e na imagem G fluorescência. Figura 1 Atividades utilizadas no Museu Interativo da Radioatividade Os assuntos relacionados à radioatividade e suas implicações no mundo atual, foram abordados num processo de experimentação e contextualização, possibilitando um ensino mais significativo e interativo. Em grupos, orientados por mediadores, os alunos passavam por estações onde acompanhavam as atividades, o conteúdo era explanado de forma a aguçar a participação estimulando debates e discussões. Para isso, o mediador deve estar atento ao perfil do grupo visitante, dominar os conceitos que a exposição apresenta e estar aberto a ouvir e dialogar com o aluno para a construção de novos conhecimentos resultantes desta interação (BONATTO et al, 2009).Nas aulas subsequentes à exposição do museu interativo, os conteúdos foram revisados e para finalizar foi realizado um debate sobre a aplicabilidade da radioatividade nos dias atuais, suas vantagens e consequências. 3 Resultados e discussões Observando a participação e interesse das turmas, evidenciamos que a intervenção motivou e despertou o interesse dos alunos, atingindo um de nossos objetivos, ministrar uma aula atrativa. Foi notável por meio de seus questionamentos e proposição de hipóteses, que a ferramenta aguçou a criatividade, desenvolvendo a capacidade de observação e registro de informações. A grande maioria foi capaz de relacionar o resultado do experimento com o fenômeno natural abordado, construindo novas estruturas de significados de maneira significativa (MOREIRA,1999).Isso pode ser constatado pelas repostas dadas às indagações dos mediadores, como também na participação do jogo de perguntas e respostas, ficando

4 evidente que os conceitos ficaram claros e que os alunos se sentiram motivados a continuar o debate posteriormente em sala. 4 Considerações Finais É possível realizar práticas interdisciplinares e contextualizadas dentro do ensino de ciências que sejam verdadeiramente significativas para os alunos, pois quando o conceito é trazido de uma forma diferenciada, fora do ambiente formal, aliando diferentes formas de abordagem, o interesse e motivação dos alunos são evidentes, contribuindo para a aprendizagem do conteúdo. Contudo, o professor necessita assumir a responsabilidade de encontrar estratégias para aulas que sejam motivadoras e interessantes. No nosso caso, percebemos que as experiências que propusemos não foram auto-suficientes, elas precisaram de mediadores que participaram, instruindo e agindo intencionalmente na mudança ou melhor estruturação dos conceitos trazidos pelos alunos. Com a analise dos resultados,concluímos que a ferramenta utilizada foi eficaz para o entendimento da radioatividade contribuindo para que educando deixe de ser um sujeito passivo de sua aprendizagem, para um sujeito ativo e de postura crítica, relacionando os conceitos científicos com seu cotidiano. 5 Referências BONATTO, De O.M. P.; BEVILAQUA, D. V.; SILVA, A. C.; FREITAS, C. S.;MACEDO, A., GALVÃO, F. W.;NOGUEIRA, V. S. Iniciação a química no museu da vida, fiocruz: avaliando atividades experimentais interativas da bancada de Pasteur. Anais...VI Enpec.2010.Florianópolis. LIMA, J. O. G.; ALVES, I. M. R. Aulas experimentais para um ensino de Química mais significativo. Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia, v. 9, n. 1, p , jan./abr MOREIRA, M. A. Teorias de Aprendizagem. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária, PINTO, G. T.; MARQUES, D. M. Uma proposta didática na utilização da história da ciência para a primeira série do Ensino Médio: a radioatividade e o cotidiano. História da Ciência e Ensino: construindo interfaces. ISSN , v. 1, p , SILVA, F. S. S. ; MORAIS, L. J. O.. Dificuldades dos professores de Biologia em ministrar aulas práticas em escolas públicas e privadas do município de Imperatriz(MA). Revista Científica da Unisulma UNI, Imperatriz, p , 01 jul

5 TRINDADE L. dos S. P;TRINDADE, D. F. Os caminhos da ciência e os caminhos da educação em sala de aula: Ciência, História e Educação na Sala de Aula.São Paulo: Madras, 2007.