AS BOAS LEMBRANÇAS ESCOLARES: As relações entre alunos, professores e escola influem na construção de memórias felizes.

Documentos relacionados
PEDAGOGIA. Aspecto Psicológico Brasileiro. O Papel da Afetividade na Aprendizagem. Professora: Nathália Bastos

Grupo de Trabalho: GT03 CULTURAS JUVENIS NA ESCOLA. IFPR - Instituto Federal do Paraná (Rua Rua Antônio Carlos Rodrigues, Porto Seguro, PR)

Moniza Lopes Moura Alves. (Autora-Licenciatura em Pedagogia UFPI/CSHNB) Jusciléia da Silva Isidório. (Co-autora- Licenciatura em Pedagogia UFPI/CSHNB)

O JOGO COMO RECURSO METODOLÓGICO PARA O ENSINO DA MATEMÁTICA NOS ANOS INICIAIS

A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA VISTA POR UM OLHAR DIFERENCIADO

13 CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 1 O PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM A PARTIR DO DOCENTE

Resumo expandido A IMPORTANCIA DO DOCENTE NO PROCESSO EVOLUTIVO DO ESTUDANTE, NO CONTEXTO DE SUA APRENDIZAGEM

No entanto, não podemos esquecer que estes são espaços pedagógicos, onde o processo de ensino e aprendizagem é desenvolvido de uma forma mais lúdica,

LOGOS UNIVERSITY INTERNATIONAL DEPARTAMENTO DE PÓS GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM EDUCAÇÃO IDENTIDADE E PROFISSÃO DOCENTE

A AULA COMO FORMA DE ORGANIZAÇÃO DO ENSINO

APRENDENDO SEMPRE RESUMO

EDUCAÇÃO AMBIENTAL: A DIDÁTICA USADA POR PROFESSORES, REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

OS JOVENS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS EM BUSCA DA SUPERAÇÃO NO PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO

Olá! Nós somos a Viraventos,

AÇÕES COMPARTILHADAS NA ESCOLA

CONCEPÇÕES DE ALFABETIZAÇÃO, LEITURA E ESCRITA

Pedagogia da Autonomia Capítulo 1 Não há docência sem discência Paulo Freire. Délia Dilena Isabel Isaura Geovana Paulo Stéfany

EXPERIÊNCIAS VIVIDAS: APRENDENDO PELA PESQUISA NAS CIÊNCIAS DA NATUREZA 1 LIVED EXPERIENCES: LEARNING THROUGH THE RESEARCH IN THE SCIENCES OF NATURE

ESTÁGIO CURRICULAR DE GESTÃO EM AMBIENTE ESCOLAR: FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES

INVESTIGAÇÃO PROBLEMATIZADORA DOS CONCEITOS DE CALOR E TEMPERATURA

AS CONTRIBUIÇÕES DA RELAÇÃO PROFESSOR/ALUNO NA APRENDIZAGEM DOS ALUNOS DO 4º ANO DE UMA ESCOLA ESTADUAL DE LUCRECIA-RN

A avaliação no ensino religioso escolar: perspectiva processual

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA DOCENTE: ALESSANDRA ASSIS DISCENTE: SILVIA ELAINE ALMEIDA LIMA DISCIPLINA: ESTÁGIO 2 QUARTO SEMESTRE PEDAGOGIA

EDUCAÇÃO INFANTIL: UM CAMPO A INVESTIGAR. Leila Nogueira Teixeira, Msc. Ensino de Ciências na Amazônia Especialista em Educação Infantil

Aula 6 Livro físico.

BNCC e a Educação Infantil

EDUCAÇÃO E SUA ABORDAGEM ATRAVÉS DOS PROFESSORES

PIBID: UM AMBIENTE RICO PARA A FORMAÇÃO DOCENTE

A ALFABETIZAÇÃO E A FORMAÇÃO DE CRIANÇAS LEITORAS E PRODUTURAS DE TEXTOS¹. Aline Serra de Jesus. Graduanda em Pedagogia

ÁREA DE INFÂNCIA E JUVENTUDE. OFICINA DE LUDICIDADE

A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA E O BOM ENSINO DE HISTÓRIA: POSSIBILIDADE DE AUTONOMIA DOS DOCENTES E DISCENTES

23/08/2013. Pedagogia. Sete princípiosde diferenciaçãoda qualidade profissional docente conforme Pinheiro (2013):

SEDUC SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MATO GROSSO ESCOLA ESTADUAL DOMINGOS BRIANTE ELIANE CALHEIROS

CRIATIVIDADE E PRODUÇÃO TEXTUAL: PRÁTICAS DE INCENTIVO À LEITURA

INDICADORES DE QUALIDADE

A PRÁTICA PEDAGÓGICA PAUTADA NA COOPERAÇÃO

PROBLEMA, CURIOSIDADE E INVESTIGAÇÃO: DANDO SENTIDO A AÇÃO DOCENTE

O USO DO JOGO LABIRINTO RELATIVO COMO FERRAMENTA FACILITADORA NO ENSINO DE NÚMEROS INTEIROS

NARRATIVAS DE FORMAÇÃO: UMA PERSPECTIVA A PARTIR DO OLHAR DO FUTURO PROFESSOR

RELAÇÃO FAMÍLIA-ESCOLA: POSSIBILIDADES DE INTERVENÇÃO DO PSICÓLOGO ESCOLAR

ABORDAGEM TEMÁTICA E EXPERIMENTAÇÃO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Espaços educativos no século XXI - Representações midiáticas de professores Por Talita Moretto

Pensando a Didática sob a perspectiva humanizadora

Formação inicial de professores de ciências e de biologia: contribuições do uso de textos de divulgação científica

INFLUÊNCIA DO PROFESSOR NA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA DO ALUNO DURANTE E APÓS O ENSINO MÉDIO

PALAVRAS-CHAVE: Profissionalização, Aprendizagem, Desenvolvimento.

ENSINO DE GEOMETRIA NOS DOCUMENTOS OFICIAIS DE ORIENTAÇÃO CURRICULAR NO ENSINO MÉDIO: BREVE ANÁLISE

PRÁTICAS LÚDICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL: CONTRIBUINDO COM O PROCESSO DE INCLUSÃO NA ESCOLA

ATITUDES DO EDUCADOR: UMA REFLEXÃO TECIDA NO COTIDIANO

A CONCEPÇÃO DO BOM PROFESSOR PARA OS BOLSISTAS DO PIBID SUBPROJETO EDUCAÇÃO FÍSICA

APRENDER E ENSINAR: O ESTÁGIO DE DOCÊNCIA NA GRADUAÇÃO Leise Cristina Bianchini Claudiane Aparecida Erram Elaine Vieira Pinheiro

7. ORGANIZAÇÃO CURRICULAR

PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS. Educação infantil Creche e pré escolas

O USO DAS TIC S COMO INSTRUMENTOS DE MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA: REALIDADE E DESAFIOS DO PROFESSOR

O propósito geral do trabalho é investigar a percepção de professores - estudantes do curso de Pedagogia do PARFOR / UFPI com relação à contribuição

AS VOZES DOS ALUNOS E SUAS DEFINIÇÕES DE UM BOM PROFESSOR 1. Raylane Oliveira Silva (Autora) Licenciada em Pedagogia

FORMAÇÃO DE PROFESSORES ALFABETIZADORES: CONCEPÇÃO E PRÁTICA DE ALFABETIZAÇÃO EM QUESTÃO NO ÂMBITO DO PIBID

TAPETE DAS LIGAÇÕES: UMA ABORDAGEM LÚDICA SOBRE AS LIGAÇÕES QUÍMICAS E SEUS CONCEITOS

IV Seminário de Metodologia de Ensino de Educação Física da FEUSP Relato de Experiência

PRINCÍPIOS DA FORMAÇÃO

Unidades de Aprendizagem: refletindo sobre experimentação em sala de aula no ensino de Química

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO DE LEITURA E ESCRITA A PARTIR DO CONTEXTO CULTURAL DOS EDUCANDOS: APRENDENDO COM A EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA.

aprendizagem significativa

RELAÇÃO TEORIA E PRÁTICA: Docência e Prática pedagógica

Autonomia e o papel do tutor: sobre a responsabilidade

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DO EDUCADOR POPULAR NA MODALIDADE EJA

ÉTICA E PRÁTICA EDUCATIVA, OUTRA VEZ. Cipriano Carlos luckesi 1

O PAPEL DO PEDAGOGO NO CURSINHO PRÉ-VESTIBULAR DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DOS CENTROS ESTADUAIS DE TEMPO INTEGRAL CLIMA ESCOLAR. Professora: Mª da Conceição C. Branco Leite

HISTÓRIAS E MEMÓRIAS 1. Ana Luisa Klein Faistel 2.

PERCEPÇÃO DE PROFESSORES QUANTO AO USO DE ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA

Pedagogia de Jesus parte 2

AS RELAÇÕES INTERATIVAS EM SALA DE AULA: O PAPEL DOS PROFESSORES E DOS ALUNOS. Zabala, A. A prática Educativa. Porto Alegre: Artmed, 1998

EXPERIÊNCIAS E DESAFIOS DAS LICENCIATURAS EM EDUCAÇÃO DO CAMPO NO MARANHÃO RESUMO

TÉCNICAS ENSINO UTILIZADAS PARA TRABALHAR COM AS TECNOLOGIAS DIGITAIS MÓVEIS

Inquérito por questionário Alunos

CONHECENDO VIDRARIAS: UMA ATIVIDADE LÚDICA PARA ALUNOS DE QUÍMICA KNOWING GLASSWORKS: AN ACTIVITY FOR STUDENTS OF CHEMISTRY

A ESCOLA RECONHECENDO SEU PODER COMO ESPAÇO DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL. Géssica Dal Pont

A DISCIPLINA DE DIDÁTICA NO CURSO DE PEDAGOGIA: SEU PAPEL NA FORMAÇÃO DOCENTE INICIAL

Fechamento de Ciclos. Jay Reiss

Após um dia longo no trabalho, os pais ainda se veem diante de mais um compromisso: apoiar os filhos na realização da lição de casa. E o cansaço que s

CONSTRIBUIÇÕES DO PIBID NA FORMAÇÃO DOCENTE

LIBRAS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES: CURRÍCULO, APRENDIZAGEM E EDUCAÇÃO DE SURDOS

JOGO COOPERATIVO COMO ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA: UMA PERSPECTIVA DE INOVAÇÃO PEDAGÓGICA

ANÁLISE DOS MÉTODOS DE ENSINO EM PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA METALÚRGICA E DE MATERIAIS

A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL.

PLANO DE CURSO OBJETIVO GERAL DA ÁREA DE ENSINO RELIGIOSO

A IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO TEORIA E PRÁTICA NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO INFANTIL: DESAFIOS A ENFRENTAR NO CONTEXTO DA ESCOLA PÚBLICA 1

A RELAÇÃO DO ENSINO DE CIÊNCIAS/BIOLOGIA COM A PRÁTICA DOCENTE

FIGURAS PLANAS E ESPACIAIS

O DIÁLOGO DE SABERES NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM DA EDUCAÇÃO INFANTIL RIBEIRINHA NO CONTEXTO DO BAIXO AMAZONAS

AVALIAÇÃO FORMATIVA NA EDUCAÇÃO: UM PASSO PARA O SUCESSO

GESTÃO ESCOLAR: UM ESPAÇO DE AFETIVIDADE E DIALOGICIDADE 1

AGIR PARA MUDAR O MUNDO

Pedagogia da Autonomia. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000.

A ESCUTA E O DIÁLOGO COMO PRINCÍPIOS NORTEADORES DA FORMAÇÃO PERMANENTE DE PROFESSORES/AS

Contribuições do Pibid na construção dos conhecimentos específicos na formação inicial de professores de Ciências

Anais da Semana de Integração Acadêmica 02 a 06 de setembro de 2013

Planificação Anual Departamento 1.º Ciclo

OS HÁBITOS DE USO DAS TDIC POR ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS NO CONTEXTO EDUCACIONAL

Transcrição:

Revista Eletrônica da Faculdade Metodista Granbery http://re.granbery.edu.br - ISSN 1981-0377 Curso de Direito - N. 20, JAN/JUN 2016 AS BOAS LEMBRANÇAS ESCOLARES: As relações entre alunos, professores e escola influem na construção de memórias felizes. Ana Luísa Croce Guilhermino 1 Grasiele Pauline Ferreira de Faria 2 RESUMO O objetivo deste artigo é analisar a influência que ações positivas praticadas por professores e colaboradores escolares exercem na construção das boas memórias dos alunos. Através de pesquisa bibliográfica, destacando principalmente os autores Paulo Freire (1996), José Carlos Libâneo (1994) e Celso Vasconcellos (1992), e de nossa própria vivência, observamos que essa construção é pautada no diálogo, bom senso, afeto e respeito mútuos entre alunos e escola. Palavras-chave: Relacionamento aluno x professor. Lembranças. Bom senso. Diálogo. Afeto. ABSTRACT This article aims to analyze the influence that positive actions by teachers and school staff produces in the student s good memories. Through bibliographic research and our own experience, we were able to observe that this influence is based on dialogue, common sense, affection and mutual respect between students and the school. Key words: students x teachers relationship. Memories. Common sense. Dialogue. Affection. 1 Graduanda do curso de Pedagogia Instituto Metodista Granbery. Advogada Instituto Vianna Júnior. anaguilhermino@gmail.com 2 Graduanda do curso de Pedagogia Instituto Metodista Granbery. Coordenadora pedagógica Wizard. grasipauline@gmail.com

1 Introdução Quando questionadas sobre a qualidade do tempo que passaram na escola, a tendência das pessoas é relembrar os bons momentos vividos na infância. Essas memórias felizes, porém, vão além dos amigos, das brincadeiras e do tempo livre e despreocupado. O esforço dos colaboradores e educadores em manter a harmonia do ambiente escolar, dentro e fora de sala de aula, também constitui fator importante para a construção de boas lembranças. A recíproca desse relacionamento se aplica na medida em que, quanto mais o aluno se sente bem-vindo na escola que frequenta, mais prazer ele tem em frequentá-la, ou seja, quanto melhor for sua relação com a escola, melhor será sua relação com os sujeitos que a utilizam e melhores serão as lembranças que levará consigo a partir daí. A maneira com que o aluno trata a escola, seus professores e seus colegas, está, na maioria das vezes, diretamente ligada ao modo como o aluno é tratado por eles. 2 O relacionamento aluno / professor e o uso do bom senso A obra de Paulo Freire, Pedagogia da Autonomia (1996), explora a importância da relação entre alunos e professores. O autor demonstra que toda prática educativa demanda a existência de sujeitos, um que, ensinando, aprende, outro que, aprendendo, ensina [...] (FREIRE, 1996, p.77) fazendo inevitável comparação aos bons resultados obtidos na escola. A manutenção da boa relação entre alunos e professores é, então, o ponto chave para uma experiência escolar saudável. O professor Celso Vasconcellos defende que, para uma educação dialética, é necessário que os professores conheçam seus alunos, que os escutem e compreendam. O primeiro passo, portanto, do educador, enquanto articulador do processo de ensino-aprendizagem, deverá ser no sentido de conhecer sua realidade, ou seja, conhecer a realidade com a qual vai trabalhar. Para isto, inicialmente o professor tem que aprender com seus alunos. (VASCONCELLOS, 1992, p. 05 e 06) Quando os professores percebem a realidade de seus alunos, conseguem, de maneira mais eficaz, entender e solucionar os conflitos ou problemas que surgirem,

contribuindo para o bem estar e harmonia dos estudantes na escola. Paulo Freire argumenta que, para isso, é necessário o uso do bom senso por parte dos educadores. É usando o bom senso que os educadores devem perceber o comportamento dos alunos e tentar compreendê-los antes de recriminá-los, levando em conta a realidade em que o educando vive (FREIRE, 1996, p. 70). É o meu bom senso, em primeiro lugar, o que me deixa suspeitoso, no mínimo, de que não é possível à escola, se, na verdade, engajada na formação de educandos educadores, alhear-se das condições sociais culturais, econômicas de seus alunos, de suas famílias, de seus vizinhos. (FREIRE, 1996, p. 63) O aluno tende a sentir-se mais seguro quando percebe a escola como parte integrante da sociedade em que está inserido e não como algo distante da sua realidade, o que contribui para aumentar sua vontade em participar desse ambiente. 3 A relação com base no diálogo O educador deve procurar respeitar a dignidade dos alunos, suas identidades culturais e suas experiências de vida (FREIRE, 1996), para assim construir uma relação sólida e baseada no diálogo. Vasconcellos argumenta que o papel do educador é muito mais abrangente que apenas transmitir informações, sendo fundamental que ele esteja sensibilizado pelos alunos que ensina, pela sua própria posição e pelos objetivos que possui (VASCONCELLOS, 1992). O professor, então, deverá agir como "facilitador das relações" e "problematizador das situações". (VASCONCELLOS, 1992) O professor deve ouvir os alunos, compreendê-los, permitir que se expressem. É fundamental para um bom relacionamento entre professores e alunos e até mesmo entre os próprios alunos, que se saiba fazer uso do diálogo e estejam sempre dispostos a ouvir. Assim, nas palavras do professor José Carlos Libâneo: O professor não apenas transmite uma informação ou faz perguntas, mas também ouve os alunos. Deve dar-lhes atenção e cuidar para que aprendam a expressar-se, a expor opiniões e dar respostas. O trabalho docente nunca é unidirecional. As respostas e as opiniões dos alunos mostram como eles estão reagindo à atuação do professor, às dificuldades que encontram

na assimilação dos conhecimentos. Servem também para diagnosticar as causas que dão origem a essas dificuldades. (LIBÂNEO, 1994, p. 250) Quando o professor relaciona a visão de mundo do próprio aluno com os conteúdos que precisam ser ensinados, os alunos se sentem mais motivados a participar e a se envolver com o tema. A curiosidade é desperta e as aulas se tornam mais interessantes. [...] o bom professor é o que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma cantiga de ninar. Seus alunos cansam não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas. (FREIRE, 1996, p. 96) Para que isso aconteça, é necessário que o professor saiba ouvir seus alunos, de maneira que consiga, também, se comunicar com eles. Somente quem escuta paciente e criticamente o outro, fala com ele [...] (FREIRE, 1996, p. 127). Ao abrir a possibilidade do diálogo, há uma aproximação entre educadores e educandos, ensina-se o afeto, que surge de maneira natural e espontânea, indo muito além da relação aluno e professor apenas, já que se perde o medo de expressá-lo (FREIRE, 1996, p. 159). Quando os alunos aprendem a se querer bem, conquistam, então, o respeito e a harmonia, uma das principais causas de tantas lembranças felizes. Com essas ações, a escola contribui, de forma eficaz e definitiva, na construção de alunos em pessoas felizes. A minha abertura ao querer bem significa a minha disponibilidade à alegria de viver. Justa alegria de viver, que, assumida plenamente, não permite que me transforme num ser adocicado nem tampouco num ser arestoso e amargo. (FREIRE, 1996, p. 160). 4 Considerações Finais As escolas e professores que adotam esses princípios, são capazes de ajudar seus alunos a participar e a manter o respeito em sala de aula e fora dela. As práticas vivenciadas na escola durante a infância evidenciam o fato de que, todas as boas

lembranças do ambiente escolar, dos amigos feitos, dos bons momentos, se devem ao cultivo do bom senso, de um relacionamento saudável, da autonomia e confiança que são cultivadas, ensinando que harmonia e paz são conquistadas pelo diálogo. Dessa forma, inicia-se um ciclo de afeto, conhecimento e diálogo, o qual esses alunos manterão vivo, passando adiante esses mesmos ideais. REFERÊNCIAS FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. LIBÂNEO, J. C.. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.

VASCONCELLOS, Celso dos S. Metodologia Dialética em Sala de Aula. In: Revista de Educação AEC. Brasília: abril de 1992 (n. 83). Disponível em: <http://www.celsovasconcellos.com.br/textos/mdsa-aec.pdf>