III ESTUDO DAS POTENCIALIDADES DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DE PROPRIÁ-SERGIPE

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Transcrição:

III-047 - ESTUDO DAS POTENCIALIDADES DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DE PROPRIÁ-SERGIPE José Daltro Filho (1) Engenheiro Civil pela Universidade Federal da Bahia (1975), Doutor em Hidráulica e Saneamento pela EESC-USP, (1988), Professor Adjunto Doutor do Departamento de Engenharia Civil e do Curso de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Ismeralda Maria Castelo Branco do N. Barreto (2) Economista (UFPE) e Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente (UFS.2000). Endereço (1) : Rua AD, 91 Jardim Japiaçú Bairro Luzia CEP: 49045-510 Aracaju-Sergipe Fone: (0 79) 231-4322 - e-mail. jdaltro@ufs.br RESUMO No presente trabalho, trata-se da problemática dos Resíduos Sólidos da Cidade de Propriá, no Estado de Sergipe. No estudo, além do diagnóstico, que mostra a realidade da Limpeza Pública naquela cidade, avaliase a potencialidade dos resíduos lá gerados, com o fim de comercialização na região, através da mão de obra de catadores. PALAVRAS CHAVE: Lixo, Resíduo Sólido; Potencialidade; Catadores; Cooperativa. I - INTRODUÇÃO O continuado e acelerado processo de crescimento da população no mundo, tem despertado preocupações a todos, em razão das necessidades de demanda que esse aumento requer. Portanto, existirá aumento considerável pelo uso das reservas do Planeta, para a produção e o consumo de bens, trazendo como consequência a crescente geração de resíduos. Por conseguinte, tem-se o sobrecarregamento do meio ambiente através da degradação do solo, da poluição das águas e do ar, e, naturalmente trazendo reflexos negativos à qualidade de vida da população e dos ecossistemas. No Brasil, boa parte das administrações municipais não sabe o que fazer com os resíduos sólidos urbanos e nem tão pouco conhecem a constituição dos mesmos. Essa situação provoca um descontrole de toda ordem, pois de uma forma ou de outra poderá onerar os custos destinados aos serviços, principalmente, quando não são consideradas as medidas adequadas de dispositivo final dos resíduos e a preservação dos recursos naturais. Em Sergipe, a situação não é muito diferente da Nacional. Aqui o que existe sobre o conhecimento da problemática dos resíduos sólidos restringe-se aos levantamentos realizados pela Administração Estadual do Meio Ambiente (ADEMA), em 1979 e o realizado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente, em 1998 (SERGIPE, 1979 e 1998). O objeto central do presente trabalho é conhecer a problemática dos resíduos sólidos urbanos da cidade de Propriá, identificando-se os pontos positivos e negativos, e, a partir destes traçar os caminhos que permitam a sua sustentabilidade. II - METODOLOGIA: A cidade de Propriá, situa-se ao norte do Estado de Sergipe, na região Nordeste do Brasil e à margem do rio São Francisco (Figura 01). Na atualidade a cidade abriga uma população superior a 21.944 habitantes. ABES Trabalhos Técnicos 1

O trabalho foi desenvolvido levando-se em consideração o reconhecimento da área, a aplicação de questionários ao órgão municipal de limpeza pública e à população (amostragem de 10% dos domicílios); identificação do roteiro e prática de coleta, e, o estudo de caracterização física (gravimétrica) dos resíduos sólidos urbanos. Estes parâmetros foram levantados segundo métodos e práticas já consagradas e fundamentadas em textos de Daltro Filho et ali (1994); Jardim (1995), Calderoni (1998), entre outros. III A POTENCIALIDADE DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DE PROPRIÁ 3.1 Operacionalização do Serviço de Limpeza de Propriá. As atividades de limpezas pública em Propriá está ao encargo da LIMPURB, que é uma divisão da Secretaria de Obras, Transporte e Urbanismo. Essas atividades compreendem: a coleta; o transporte e destinação final dos resíduos sólidos da cidade. Em 1997, coletava-se, diariamente, 14 toneladas de lixo. A freqüência da coleta dos resíduos sólidos é diária e sempre no turno matutino, cuja cobertura de atendimento alcança 89,8% dos domicílios da cidade, cujo roteiro da coleta, apresenta-se na figura 02. Para estas atividades eram utilizados, na época, 1998, um caminhão compactador; um trator tracionando um reboque; carroça de tração animal; um caminhão com carroceria de madeira e uma caçamba. De um modo geral, a prática da coleta e da varrição, na cidade de Propriá caracterizava-se pela ausência de técnicas operacionais consistentes, o que de uma forma ou de outra onera o serviço sem a eficiência desejada. 3.2 Percepção da População quanto ao Serviço Prestado pela LIMPURB Para analisar este aspecto, foi realizado consulta à população, levando-se em consideração os três segmentos sociais (classe Alta, Média e Baixa) e os resultados obtidos apontaram que 40%; 52,8% e 64,5% respectivamente para as classes alta, média e baixa, consideram os serviços satisfatórios. Em função dos resultados da satisfação da população quanto ao Serviço de Limpeza Pública, questionou-se o que poderia ser feito para melhorá-lo. Desse modo, a melhoria nos serviços é apontado pela comunidade na seguinte ordem: Campanhas educativas; maior freqüência na coleta; aumentar o número de pessoas na variação; disposição de recipientes em locais apropriados e reciclagem. Questionou-se a população sobre a forma de acondicionamento do lixo nas habitações, e os resultados obtidos, para os três segmentos sociais, demonstraram o predomínio do saco plástico, 93,3% classe alta, 72,2% classe média e 60% da classe baixa, muito embora estes sacos não sejam específicos para esta prática, porque decorrem do aproveitamento dos sacos utilizados para o transporte de mercadorias dos supermercados. Além dos sacos plásticos, outros sistemas de acondicionamento têm sido utilizados, como; vasilhames de pneu, balde plástico, entre outros. Também ouviu-se a população quanto a interesse pelo reaproveitamento de componentes dos resíduos sólidos e ficou constatado o alto interesse pela recuperação. Por exemplo, para a classe alta 73,3% dos seus representantes aceitam essa tarefa. O grupo representante da classe média indicou 63,9% e o de baixa renda 64,4%. 3.3 A Composição Gravimétrica dos Resíduos Sólidos Urbanos O levantamento dos componentes dos resíduos sólidos em Propriá, segundo as três classes sociais, apresentou os seguintes resultados. 2 ABES Trabalhos Técnicos

Figura 01 Localização da área de estudo com divisão municipal, Propriá, Sergipe. Fonte: IBGE, 1999 (dados básicos) (Barreto, 2000) Figura 02 Roteiro de coleta e focos de lixo, Propriá, Sergipe Fonte: Pesquisa de Campos, 1997 e 1998 (Barreto, 2000) ABES Trabalhos Técnicos 3

Composição Gravimétrica dos Resíduos Sólidos Urbanos de Propriá Componentes Participação percentual (%) em peso por classe de renda Alta Média Baixa Média Geral Matéria orgânica 55,91 60,17 50,40 55,49 Plástico duro 5,18 5,48 3,56 4,74 Plástico mole 5,45 4,74 5,72 5,30 Papel 8,64 6,05 4,07 6,26 Papelão 0,91 1,04 1,53 1,16 Vidro 1,36 0,46 0,51 0,78 Metal 2,27 1,04 0,12 1,14 Absorv. + Fralda 5,10 1,04 1,14 2,43 Ossos 1,82 1,11 0,63 1,19 Trapos 2,27 1,04 3,69 2,33 Coco verde 8,91 15,85 1,65 8,80 Restos + Inertes 0,0 1,98 26,98 9,65 Hospitalar 2,18 0,0 0,0 0,73 Total 100 100 100 100 Peso Absoluto (kg) 100 108,02 98,22 - Fonte: (Barreto, 2000) Pelos dados, percebe-se claramente que o forte dos componentes nos três segmentos sociais é a parcela orgânica, além da presença destacante do papel e do coco verde. Potencial de reciclagem dos resíduos sólidos urbanos de Propriá demonstrou que para a classe alta chegaria aos 79,72%, para a média 78,98% e a baixa 65,91%. De toda essa capacidade vê-se que em média a parcela orgânica é a responsável por 55,49% e as inorgânicas 19,38%, para um total de rejeitos de 25,13%. Composição da Potencialidade de Reciclagem Componentes Participação percentual (%) em peso por classe de renda e média geral Alta Média Baixa Média Geral Matéria orgânica 55,91 60,17 50,40 55,49 Plástico duro 5,18 5,48 3,56 4,74 Plástico mole 5,45 4,74 5,72 5,30 Papel 8,64 6,05 4,07 6,26 Papelão 0,91 1,04 1,53 1,16 Vidro 1,36 0,46 0,51 0,78 Metal 2,27 1,04 0,12 1,14 Potencial reciclável 79,72 78,98 65,91 74,87 Rejeitos 20,28 21,02 34,09 25,13 Fonte: (Barreto, 2000) Comparando esse potencial de reciclagem com a média nacional, há grande diferença entre os componentes papel/papelão e plástico, entre as duas composições, como se apresenta a seguir. Componentes % em Peso (Propriá) (1) % em Peso (Brasil) (2) Matéria Orgânica 55,49 65 Papel/Papelão 7,42 25 Plástico 10,04 3 Vidro 0,78 3 Metal 1,14 4 Fonte: (1) (Barreto, 2000) (2) (Jardim, 1995) 4 ABES Trabalhos Técnicos

Outro aspecto, que também foi analisado no presente estudo, diz respeito à classificação dos resíduos urbanos de Propriá, segundo os critérios de BOWERMAN. Assim, conforme a classificação de Bowerman, os resíduos de Propriá, podem ser assim agrupados: Componentes % em peso, base úmida Facilmente Degradáveis 55,49 Moderadamente Degradáveis 7,42 Dificilmente Degradáveis 25,52 Não Degradáveis 11,57 Total (%) 100,00 Fonte: (Barreto, 2000) Os critérios utilizados por Bowerman estão fundamentados não apenas no tipo de resíduo, mas também no tempo de decomposição, ou seja, cada material tem um grau de absorção e reintegração; outros não participam desse processo e permanecem por tempo indeterminado e até indefinidamente na natureza. Pelos dados levantados e analisados, fica determinante o potencial de reaproveitamento de parte dos resíduos urbanos de Propriá, como forma de utilizar uma menor quantidade de matéria prima e portanto, os recursos naturais e energia. Desse modo, vislumbra-se a possibilidade de aproveitamento de 74,87% das 14 toneladas diariamente coletada na cidade de Propriá, ou seja, 10.482 kg, cujas parcelas dos componentes são: Componentes % Peso (ton.) Matéria Orgânica 55,49 7,769 Papel/Papelão 7,42 1,039 Plástico 10,04 1,405 Vidro 0,78 0,109 Metal 1,14 0,160 Total (%) 10,482 O município, em política apropriada para segregação, nos domicílios, dos componentes, secos e úmidos do lixo, em muito favorecerá ao aproveitamento mais rápido das parcelas supra citadas. Assim, os componentes Papel/Papelão; Plástico; Vidro e Metal, podem ter aplicação imediata, através de catadores que operam na cidade. Durante o desenvolvimento do trabalho, em 1999, existiam na cidade cerca de 30 catadores, que forneciam os materiais separados a sucatarias de Aracaju, Maceió e Arapiraca-Al. Essa mão de obra poderá ser melhor organizada através de cooperativa, inclusive com a criação de um galpão para triagem com o apoio da própria Prefeitura Municipal. De igual maneira, pode-se aproveitar o componente orgânico, para a produção de compostos (adubo orgânico). Em termos gerais, os possíveis custos a serem auferidos diariamente com a segregação feita por catadores, podem ser assim resumidos: Componente Peso (ton.) Preço (*) unit. R$/ton. Preço Total R$ Papel/Papelão 1,039 90 93,51 Plástico 1,405 150 210,75 Vidro 0,109 45 4,905 Metal 1,14 60 68,40 (*) Preços de SET/OUT-00 do CEMPRE, praça de Salvador-Bahia. R$ 377,57 ABES Trabalhos Técnicos 5

IV CONCLUSÃO De conformidade com o levantamento de dados junto à comunidade e a caracterização física (composição gravimétrica) dos resíduos sólidos urbanos de Propriá, pode-se concluir que: A limpeza pública em Propriá não é diferente do que ocorre em outras comunidades brasileiras, onde se prioriza somente a coleta, cuja cobertura de atendimento chega aos 89,80%; Os três segmentos sociais consultadas avaliaram de forma diferenciada a satisfação com o Serviço de Limpeza Pública de Propriá. Contudo, apresentaram sugestões praticamente idênticas, para a melhoria do Serviço. Inclusive com a prática da coleta seletiva entre os munícipes; No que se refere aos componentes dos resíduos sólidos urbanos de Propriá, os valores médios confirmaram que 55,49% é de matéria orgânica, 4,74% de plástico duro; 5,30% de plástico mole; 6,26% de papel, entre outros: A composição gravimétrica dos resíduos sólidos indicou resultados com potenciais de reciclagem compatíveis à realidade nacional. A cultura da catação existe na cidade, o que pode ser estimulada e oficializada pela Prefeitura Municipal, através da criação de Cooperativa e de um galpão para a segregação do Lixo. V REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. BARRETO, I. M. Castelo Branco do N. A. Sustentabilidade Sócio Ambiental dos Resíduos Sólidos Urbanos da cidade de Propriá, Sergipe. (Dissertação de Mestrado). PRODEMA/UFS. Aracaju-SE. 2000. 158p. 2. CALDERONI, Sabetai. Os Bilhões Perdidos no Lixo, 2ª ed. São Paulo: Humanistas Editora, 1998. 348p. 3. DALTRO FILHO, José et al., Caraterização do Lixo Doméstico da Cidade de Aracaju-SE. Projeto de Pesquisa. Aracaju. UFS, 1994. 51p (Relatório Final). 4. DALTRO FILHO, José. Gerenciamento do Lixo Municipal. DEC/CCET/UFS. Aracaju, 1997. 56p. (mimeog). 5. JARDIM, Nilza Silva et. Al. Lixo Municipal: Manual de Gerenciamento Integrado, 1ª ed. São Paulo: IPT/CEMPRE, 1995. 278p. 6. SERGIPE. Diagnóstico de Resíduos Sólidos (lixo) no Estado de Sergipe. Aracaju: Sudene/Adema, 1979. 52p. 7. SERGIPE. Projeto de Destinação Final do Lixo. Aracaju: Secretaria de Estado do Meio Ambiente, 1998. 10p. (mimeog.). 6 ABES Trabalhos Técnicos