Notas de aula - Procedimentos Metodológicos da pesquisa Profa. Gláucia Russo 1

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Transcrição:

Notas de aula - Procedimentos Metodológicos da pesquisa Profa. Gláucia Russo 1 Os procedimentos metodológicos na pesquisa respondem as perguntas: como? Com quê? Com quem? Onde? Diz respeito ao caminho a ser percorrido na pesquisa e aos meios com que se percorre esse caminho. Como parte do processo de planejamento os procedimentos metodológicos ou metodologia deve ser entendida como um conjunto de métodos e técnicas científicas a serem executadas ao longo da pesquisa, de forma que se consiga encontrar respostas para o nosso problema, ou, dito de outra forma, para que se possa atingir os objetivos que nos propomos a alcançar. A aplicação dos instrumentos e técnicas se dá em decorrência de um processo metodológico e refere-se a um fundamento epistemológico que sustenta e justifica a metodologia praticada. É que a ciência é sempre o enlace de uma malha teórica com dados empíricos, é sempre uma articulação do lógico com o real, do teórico com o empírico, do ideal com o real. Toda modalidade de conhecimento realizado por nós implica uma condição prévia, um pressuposto relacionado a nossa concepção da relação sujeito/objeto (SEVERINO, 2007, p. 100). Nesse momento as preocupações essencialmente lógicas e teóricas da pesquisa cedem lugar aos problemas voltados para aspectos mais práticos. Existem diferenças significativas no modo de se praticar a investigação científica, em decorrência da diversidade de perspectivas epistemológicas que se podem adotar e de enfoques diferenciados que se podem assumir no trato com os objetivos pesquisados e eventuais aspectos que se queira destacar. Do ponto de vista formal, nesse item deve-se: Explicitar o método que norteará a pesquisa; Delinear a natureza do estudo que se está construindo (qualitativo ou quantitativo, no caso da pesquisa social). Justificando-se o caminho seguido; Indicar o tipo de pesquisa que se irá trabalhar: bibliográfica, documental e/ou de campo, justificando o porque da escolha; Indicar as modalidades da pesquisa científica a que nossa pesquisa se vincula, se for o caso (pesquisa ação, pesquisa participante, história de vida, 1 Notas de aula elaboradas como subsídios para a disciplina Seminário de Monografia, ministrada no curso de Serviço social, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Mossoró-RN, no primeiro semestre de 2014.

história oral ou estudo de caso), explicando o porque de se trabalhar com essa modalidade específica; Apresentar os instrumentos de produção de dados que iremos utilizar, com quem e onde o faremos, explicitando o porquê da escolha de tal ou tais instrumentos; Indicar a forma de análise dos dados. Como em outros momentos tivemos a oportunidade de fazer uma discussão sobre método, aqui passaremos a dialogar um pouco mais sobre os demais aspectos. Sobre o qualitativo e o quantitativo Com relação à pesquisa quantitativa é preciso lembrar que a mensuração dos fatos sociais depende de distinções qualitativas, de uma categorização do mundo social. Para entendermos melhor podemos considerar o seguinte exemplo: Se alguém quer saber a distribuição de cores num jardim de flores, deve primeiramente identificar o conjunto de cores que existem no jardim; somente depois disso pode-se começar a contar as flores de determinada cor. O mesmo é verdade para os fatos sociais (BAUER; GASKELL, 2008, p. 24). Assim, com relação à pesquisa quantitativa é preciso saber que esta: É importante para dimensionar os problemas com os quais se trabalha; Possibilita construir grandes retratos da realidade; Invisibiliza seus informante, pois eles são transformados em sujeitos ocultos, por meio de números, gráficos e estatísticas; Busca coletar informações e descrevê-las, cotejando-as com outros dados já existentes. A pesquisa qualitativa possibilita: Conhecer mais profundamente os sujeitos com os quais dialogamos; Perceber as concepções dos sujeitos (como pensam sua problemática, quais significados atribuem as suas experiências ou como vivem suas vidas); Trazer a tona o que os participantes pensam a respeito do que está sendo pesquisado; O contato direto com os sujeitos da pesquisa; Trabalhar com fatos localizados, próximos aos sujeitos e que repercutem diretamente na sua vida. Considerar a experiência social do sujeito, pois se vale de fonte oral e busca os significados de vivências para estes;

Aprofundar o conhecimento, tendo em vista que se trabalha com um pequeno número de sujeitos; Conhecer as trajetórias de vida, as experiências pessoais dos sujeitos; Que pesquisadores e pesquisados sejam sujeitos da pesquisa; Busca os significados, as interpretações, os sujeitos e suas histórias. A pesquisa quantitativa lida com números, usa modelos estatísticos para explicar os dados, e é considerada pesquisa hard. [...]. Em contraste, a pesquisa qualitativa evita números, lida com interpretações das realidades sociais, e é considerada pesquisa soft (BAUER; GASKELL, 2008, p. 22-23). Tanto a pesquisa qualitativa como a quantitativa podem ter um enfoque crítico. Não é a natureza da pesquisa que determina isso, mas todo o seu corpus, seu processo e forma de análise e apresentação dos dados. A prontidão dos pesquisadores em questionar seus próprios pressupostos e as interpretações subseqüentes de acordo com os dados, juntamente com o modo como os resultados são recebidos e por quem são recebidos, são fatores muito mais importantes para a possibilidade de uma ação emancipatória do que a escolha da técnica empregada (BAUER; GASKELL, 2008, p. 35). Sobre o tipo de pesquisa Para indicar o tipo de pesquisa com que se irá trabalhar, é preciso saber a que se refere cada uma delas e qual sua importância para desvendar seu objeto, assim: Pesquisa Bibliográfica é desenvolvida por meio de material bibliográfico já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Quase todos os estudos exigem uma pesquisa bilbiográfica, mas há alguns que trabalham especificamente com ela. A pesquisa bibliográfica permite ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que a que a se poderia pesquisar diretamente. Esta pesquisa é indispensável nos estudos históricos. Em muitos casos, não há outra maneira de conhecer os fatos passados senão com base em dados secundários. Por outro lado, muitas vezes as fontes secundárias podem apresentar dados coletados ou apresentados de forma equivocada, o que exige um grande cuidado por parte dos pesquisadores. Essa pesquisa utiliza-se das contribuições de diferentes autores sobre determinado assunto. Documental assemelha-se a pesquisa bibliográfica, a diferença está entre a natureza das fontes, a pesquisa documental vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico. O primeiro passo consiste na exploração das

fontes documentais. Existem documentos de primeira mão, que não receberam qualquer tratamento analítico e de outro existem documentos de segunda mão que de alguma forma já foram analisados, como é o caso de relatórios de pesquisa, tabelas estatísticas, etc. De campo procura o aprofundamento das questões propostas. O objeto/fonte é abordado em seu meio ambiente próprio. A produção dos dados é feita no espaço dos sujeitos a serem trabalhados. Indicar as modalidades da pesquisa científica a que nossa pesquisa se vincula. Há várias modalidades alternativas de pesquisa, abaixo indicaremos algumas delas: Pesquisa participante O pesquisador compartilha a vivência dos sujeitos pesquisados, de forma sistemática e permanente, ao longo do tempo da pesquisa. O pesquisador coloca-se numa postura de identificação com os pesquisados. Passa a interagir com eles em todas as situações, acompanhando as ações praticadas pelos sujeitos. Este tipo de pesquisa procura incentivar o desenvolvimento autônomo e a independência dos sujeitos. Tanto a pesquisa participante quanto a pesquisa-ação se caracterizam pelo envolvimento dos pesquisadores e pesquisados no processo de pesquisa. O observador e seus instrumentos desempenham papel ativo na coleta, análise e interpretação dos dados. Pesquisa-ação A pesquisa ação vem crescendo como método alternativo de pesquisa em diversas áreas, inclusive no campo das pesquisas tecnológicas e das engenharias. O conceito remonta aos anos 40 (1946), num contexto de pós-guerra, tendo sido cunhado pelo professor alemão Kurt Lewis. Desde o seu reconhecimento a pesquisa-ação se orientou para a solução dos problemas surgidos pelo crescimento industrial, modernização e outros. Na América Latina, a pesquisa-ação adquire força em fins da década dos sessenta, contextualizada por uma forte crítica à suposta unidade do método entre ciências sociais e naturais. Além de compreender questões teóricas, visa intervir na situação com vistas a modificá-la. O conhecimento articula-se a uma finalidade intencional de alteração da situação pesquisada. Assim, ao mesmo tempo que realiza um diagnóstico e a análise de uma determinada situação, a pesquisa-ação propõe ao conjunto de sujeitos envolvidos mudanças que levem a um aprimoramento das práticas analisadas (SEVERINO, 2007, p. 120).

Segundo Thiollent (1985, p. 14), [...] é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos do modo cooperativo ou participativo. Assim, podem-se distinguir vários tipos de pesquisa ação, dentre estas destacamos: a colaborativa (a busca de transformação é solicitada pelo grupo); a crítica (transformação percebida como necessária por todos os sujeitos, a partir da inserção inicial dos pesquisadores) e; estratégica (transformação previamente planejada pelo pesquisador). A pesquisa-ação é essencialmente voltada para a pesquisa orientada em função de objetivos e condições de ação. A relação entre conhecimento e ação está no centro da problemática metodológica da pesquisa ação. a relação entre pesquisa social e ação consiste em obter informações e conhecimentos selecionados em função de uma determinada ação de caráter social (THIOLLENT, 2008, p. 43). Passa-se da situação está assim..., para temos que fazer isso ou aquilo para alterar a situação. Nesse sentido deve haver algum tipo de relacionamento entre a descrição de fatos e normas de ação dirigida em função de uma ação sobre esses fatos, ou de uma transformação dos mesmos (THIOLLENT, 2008, p. 43). Estudo de caso O termo estudo de caso vem de uma tradição de pesquisa médica e psicológica, e refere-se, a uma análise detalhada de um caso individual que explica a dinâmica e a patologia de uma doença dada; o método supõe que se pode adquirir conhecimento do fenômeno adequadamente a partir da exploração intensa de um único caso. Adaptado da tradição médica, o estudo de caso tornou-se uma das principais modalidades de análise das ciências sociais (BECKER, 1997, p. 117). Em Ciências sociais o caso estudado é de uma organização ou comunidade, esse estudo tipicamente é realizado através do uso da observação participante em uma de suas variações, muitas vezes em ligação com outros métodos. O pesquisador não precisa se limitar apenas a observação, ele pode entrevistar os membros do grupo, os documentos, por sua vez, tem que ser examinados cuidadosamente (como foram criados, por quem, seguindo que procedimentos e com que propósitos), devendo ser analisados a luz dessas considerações.

O estudo de caso se concentra em um estudo particular, considerado representativo de um conjunto de casos análogos, por ele significativamente representado. O caso escolhido para pesquisa deve ser significativo e estar apto a fundamentar uma generalização para situações análogas, autorizando inferências. Caracteriza-se pelo estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira a permitir um conhecimento amplo e detalhado. O estudo de caso é um estudo empírico que investiga um fenômeno dentro do seu contexto, quando as fronteiras entre o fenômeno e o contexto não são claramente definidas e no qual são utilizadas várias fontes de evidência. Os estudos de caso servem a pesquisa com diferentes propósitos, tais como: explorar situações da vida real cujos limites não estão claramente definidos; descrever a situação do contexto em que está sendo feita determinada investigação; e explicar as variáveis causais de determinado fenômeno em situações muito complexas que não possibilitam a utilização de levantamentos e experimentos. História Oral Possibilita reflexões sobre o registro dos fatos na voz dos próprios protagonistas. Tem importante papel na interpretação do imaginário e na análise das representações sociais. Segundo Freitas (2006) é um método de pesquisa que utiliza a técnica da entrevista e outros procedimentos articulados entre si, no registro de narrativas da experiência humana. Pode ser dividida em três gêneros distintos: tradição oral; história de vida e história temática. Nela se faz a reconstituição do passado por meio da oralidade e da recuperação das experiências e lembranças do sujeito. A história oral oportuniza recuperar testemunhos relegados pela história. História de vida Resgata o indivíduo como sujeito no processo histórico. A história de vida compartilha com a autobiografia a sua forma narrativa (história), seu ponto de vista na primeira pessoa e sua postura subjetiva. Busca-se encarar os fatos do ponto de vista dos seus autores. A imagem do mosaico é útil para pensarmos sobre este tipo de empreendimento científico. Cada peça acrescentada no mosaico contribui um pouco para a nossa compreensão do quadro como um todo. Quando muitas peças já foram colocadas, podemos ver, mais ou menos claramente, os objetos e as pessoas que estão no quadro, e sua relação uns com os outros. Diferentes fragmentos contribuem diferentemente para a nossa compreensão: alguns são úteis por sua cor, outros porque realçam os contornos de um objeto (Becker, 1997, p. 104). Pela sua riqueza de detalhes ela pode ser importante quando uma área de estudo se mostra estagnada, quando apesar da pesquisa ter se dedicado a sua investigação essa área

tem recebido incrementos minguantes de conhecimento. A história de vida, mais do que qualquer outra técnica, pode dar um sentido a noção de processo. Retrata experiências vivenciadas, bem como as definições fornecidas por pessoas, grupos ou organizações. Permite ao informante retomar sua vivência de forma retrospectiva. É um olhar cuidadoso sobre a própria vivência ou sobre determinado fato. Nele podemos encontrar o reflexo da dimensão coletiva a partir da visão individual. Divide-se em: completa (abrange o conjunto da experiência vivida por uma pessoa, grupo ou instituição) e tópica ou temática (dá ênfase a determinada etapa ou setor da vida ou focaliza acontecimentos específicos). Pode ser escrita ou verbalizada, combina observações e relatos introspectivos de lembranças. É fundamental combinar a história de vida com outros métodos de abordagem. Apresentar os instrumentos de produção de dados a serem utilizados: Outro elemento que deve estar presente nessa parte do projeto é a questão do universo e da amostragem a ser trabalhada com os instrumentos de produção de dados. É importante situar que o universo diz respeito ao conjunto da população ou a situação total a ser estudada e a amostragem fornece uma base lógica para o estudo de partes da população sem que se percam informações. Como pode o estudo de uma parte ser um referencial seguro para o todo? É essa questão que se coloca para a pesquisa e a chave da resposta está na ideia de representatividade. A amostra representa a população se a distribuição de algum critério é idêntica tanto na população como na amostra (BAUER; GASKELL, 2008, p. 41). Os cálculos são feitos por meio de estimativas e quanto maior a amostra, menor a margem de erro. Na pesquisa quantitativa a amostragem se refere a um conjunto de técnicas estatísticas para se conseguir representatividade. A lógica da amostragem representativa é útil para muitas pesquisas sociais, mas não se presta para todas as situações. No caso da pesquisa qualitativa a amostra deve permitir cercar o seu objeto de pesquisa. Deve-se, portanto buscar informantes que sejam representativos do grupo. Uma amostragem para ser realmente representativa precisa conseguir a melhor descrição possível de uma população, embora pesquise apenas uma parte dela. Vale salientar, que nem a natureza, nem os tipos de pesquisa se excluem, mas podem ser usados de forma concomitante. A escolha do tipo de pesquisa, dos instrumentos ou modalidades de pesquisa estão ligadas ao problema que se busca estudar.

Indicar a forma de análise dos dados De forma breve você deve descrever como pretende trabalhar os seus dados, nesse sentido o método é fundamental, pois ele apresenta o caminho a ser seguido. Referências BAUER, Martin W.; GASKELL, George. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som. Um manual prático. Tradução Pedrinho A. Guareschi. 7. ed. Petropólis-RJ: Vozes, 2008. BECKER, Howard S. Métodos de Pesquisa em Ciências Sociais. (Tradução Marco Estevão e Renato Aguiar). 3. ed. São Paulo-SP: Hucitec, 1997. GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo-SP: Atlas, 2006.. Pesquisa Social. Métodos e Técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo-SP: Atlas, 2006. SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. revista e atualizada. São Paulo: Cortez, 2007. SORIANO, Raúl Rojas. Manual de pesquisa social. Tradução Ricardo Rosenbusch. Petropólis-RJ: Vozes, 2004. THIOLLENT, Michel. Metodologia da Pesquisa-Ação. São Paulo: Cortez, 1985.. Metodologia da pesquisa-ação. 16. ed. São Paulo-SP: Cortez, 2008. (Coleção temas básicos de pesquisa-ação).