TRIBUNAL MARÍTIMO PROCESSO N0 20.217/03 ACÓRDÃO



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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA 1ª VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE CRICIÚMA SC

Transcrição:

TRIBUNAL MARÍTIMO PROCESSO N0 20.217/03 ACÓRDÃO N/M "RUBENS". Colisão com terminal de granéis sólidos. Falha do motor propulsor, devido a avaria do diafragma da válvula termo eletromagnética do motor propulsor. Arquivamento. Vistos os presentes autos. Consta que no dia 20 de outubro de 2002, por volta de 11h, o navio graneleiro convencional, de bandeira maltesa, denominado "RUBENS", de propriedade de Rio Express Maritime Limited, colidiu com o Terminal de Granéis Sólidos do porto de Vila do Conde, durante a manobra de atracação, advindo danos de pouca expressão às instalações portuárias e arranhões no costado de proa do navio, na altura da bochecha de bombordo, sem notícias de vítimas pessoais. No inquérito instaurado pela Capitania dos Portos da Amazônia Oriental, foram ouvidas seis testemunhas. Dos depoimentos, depreende-se que o navio graneleiro convencional, carregado com aproximadamente 28 mil toneladas métricas de fertilizante, fundeou ao largo do porto de Vila do Conde, por volta de 10h20min, do dia 18 de outubro de 2002, ficando no aguardo da ordem de atracação prevista. No dia 20 de outubro de 2002, por volta de 9h30mim, embarcou o prático a fim de efetuar a manobra de atracação do navio, que içou a âncora que estava na água e começou a se aproximar do cais. Foi lançado o cabo de proa para o cabeço. Segundo as testemunhas a máquina estava inerte, ocasião em que o prático solicitou a Vanclin Inanov Iliev (primeira testemunha e capitão do navio de bandeira maltesa) que pedisse máquina a ré a toda força, porém a máquina também não obedeceu fazendo com que o navio deslizasse para cima do píer, sofrendo apenas arranhões de aproximadamente dois metros na pintura na proa do lado de bombordo.

Juntado aos autos os documentos de praxe da embarcação. O laudo de exame pericial conclui que o navio se encontrava atracado em condições normais de flutuação e navegabilidade. Todos os demais instrumentos de navegação, comunicação, governo e propulsão foram encontrados funcionando normalmente e quando da ocorrência dos fatos, existia boa visibilidade, corrente de maré enchente e ventos fracos. Na análise dos fatos contribuintes, verifica-se que não houve acidentes pessoais, pois o fator humano, sob o ponto de vista de aspecto biológico, não contribuiu. Já o fator material, contribuiu, haja vista a existência de avarias no diafragma da válvula atuadora de partida para o motor principal, o que impediu que a ordem dada para que o motor atuasse muito devagar atrás fosse cumprida, contribuindo assim para o acidente; e o fator operacional, contribuiu, uma vez que existia a alternativa de execução manual da manobra de máquinas, que, possivelmente, foi decorrente da falta de adestramento e/ou exercícios pertinentes. O encarregado do inquérito, em seu relatório, concordou com as conclusões do laudo de exame pericial, não tendo apontado o possível ou possíveis responsáveis pela ocorrência em apreço, capitulado nos casos de acidente da navegação (colisão) listados no art. 14, letra "a", da Lei nº 2.180/54, em face do mesmo se prefigurar como resultante de força maior. A D. Procuradoria requereu o arquivamento dos autos por entender que por tudo o que consta nos autos, considerando que não foi possível evitar o acidente, que ocorreu, não por deficiência de manutenção, mas por motivo de força maior (inoperância do motor principal causada pela avaria no diafragma da válvula atuadora de partida), não havendo, por conseguinte, responsáveis a apontar, e considerando que os danos dele decorrentes foram de pouca relevância, tanto para o porto, quanto para o navio, que praticamente nada sofreu. Publicada nota para arquivamento.

Prazos preclusos sem a manifestação de possíveis interessados. Consta dos autos que no dia 20/10/2002, cerca de 10h50min, durante manobra de atracação do N/M "RUBENS", de bandeira maltesa (porto de registro Valleta), de 21.499 AB, casco de aço medindo 191,34m de comprimento total e 25,43m de boca, batimento da quilha em 1977, equipado com um motor propulsor de hélice simples B&W7K676F, de 13.500 BRP e 150 rpm, desprovido de bow thruster, de propriedade de Rio Express Maritime Limited, sob o comando do CLC Iliev Ivanaov Venelin, de nacionalidade búlgara, agenciado por Brazshipping Marítima Ltda., no berço nº 102 do Terminal de Granéis Sólidos do porto de Vila do Conde, Terminal ALBRAS, para ali descarregar 28 mil toneladas métricas de fertilizante, sendo a manobra orientada pelo prático Geraldo Majela Peixoto Vasconcelos, ocorreu a colisão do constado de proa do navio, na altura da amura de BB, com o píer, no setor dos cabeços 3 e 4. Em conseqüência do encostamento, parte do revestimento de concreto da viga do parâmetro do cais restou fragmentada, enquanto que o navio sofreu apenas alguns arranhões na pintura do costado (v. fotografias às fls. 06). Do acidente não resultaram vítimas nem danos ao meio ambiente. Consta, também, que a manobra estava sendo executada sob condições favoráveis de tempo e de mar, sem o auxílio de rebocadores, por não haverem rebocadores disponíveis naquele porto. De acordo com os depoimentos do comandante, do prático e dos tripulantes mais diretamente envolvidos na manobra, quando o navio já se encontrava relativamente próximo ao cais, com um dos cabos da amarração já passado para terra, o sistema de propulsão não funcionou, apesar de seguidas tentativas, ao ser concretizada a atracação, tornando-se a colisão inevitável, mesmo tendo sido arriado o ferro de BE, a para de outras providências adotadas em caráter de emergência. Declara o 1º oficial de máquinas do navio, Ivan Ivanov Neycheva, búlgaro, às fls. 18/19, que, em determinado momento, durante a execução da manobra de atracação,

informou ao passadiço, através do telégrafo, que o motor propulsor estava inoperante. Segundo ele, houve uma perfuração no diafragma de uma das válvulas termo eletromagnéticas do motor propulsor, devido as desgaste do mesmo. A perícia realizada por inspetores navais (laudo às fls. 75/77), inclusive nos aparelhos de governo e propulsão do navio, constatou a avaria no diafragma da válvula atuadora de partida, que é a responsável pela operação de outras válvulas de ar para a movimentação dos cilindros do motor principal, que impediu que a ordem dada pelo passadiço para que o motor atuasse muito devagar atrás fosse cumprida, contribuindo, assim, para a ocorrência do acidente. Pelo exposto e por tudo o que consta dos autos, considerando que não foi possível evitar o acidente, que ocorreu, não por deficiência de manutenção, mas por motivo de força maior (inoperância do motor principal causada pela avaria no diafragma da válvula atuadora de partida) é de se deferir o requerido pela PEM e mandar arquivar os autos. Assim, A C O R D A M os Juízes do Tribunal Marítimo, por unanimidade: a) quanto à natureza e extensão do acidente: colisão com terminal de granéis sólidos; b) quanto à causa determinante: falha do motor propulsor devido a avaria (perfuração) do diafragma da válvula termo eletromagnética do motor propulsor; c) decisão: concordar com o requerido pela PEM e mandar arquivar os autos. P.C.R. Rio de Janeiro, RJ., em 2003. de JOSÉ DO NASCIMENTO GONÇALVES Juiz-Relator

WALDEMAR NICOLAU CANELLAS JÚNIOR Almirante-de-Esquadra (RRm) Juiz-Presidente